— Atenção todos. - Zuko falou e o silêncio reinou. - Houve um acidente com uma das alunas que estão hospedadas no hotel. - As pessoas se entreolharam preocupadas. - Tenten Mitsashi está internada em estado grave no hospital da cidade, ela corre risco de vida...
...
Momentos antes:
 O grupo ria e conversava sem se preocupar com as coisas ao redor, mas Tenten não sentia que aquilo era certo, aquela diversão que ela achava sentir naquele momento, aquilo estava errado. Não era justo.
— Eu vou ao banheiro. - Tenten falou se levantando da rodinha.
 Lee a encarou, havia certa preocupação no olhar do garoto, mas a preocupação sumiu quando ela soltou um sorrisso mostrando que estava tudo bem.
 Ela se distanciou do grupo, mas não foi ao banheiro, e sim em direção a saída do hotel.
 Caminhou por alguns minutos na praia, enterrava seus pés na areia para depois mergulha-los no mar, havia soltado os cabelos, se sentia perdida. Sozinha. Triste. Queria seu pai.
 Lágrimas começaram a descer por seu rosto e ela parou para encarar o mar. O modo como as ondas se formavam e se desfaziam era poético, seu pai sempre falava isso.
 Tenten levou as mãos ao rosto e secou as lágrimas. Encarou o céu.
— Sinto sua falta pai...
 Ficou mais algum tempo observando o céu, não sabia ao certo quanto, não tinha relógio e o celular havia ficado no quarto do hotel. Mas ela não se importava, queria ficar mais um tempo sozinha, mas já havia ficado tempo demais na praia e aquilo estava fazendo mal para ela.
 Caminhou em direção a cidade, já era tarde, mas a cidade que cercava a praia estava cheia, famílias, casais perambulavam pela orla e pelos quiosques. Ela olhou ao redor até pousar os olhos em uma família,  um homem e uma mulher iam de mãos dadas com uma menininha, a menininha estava no meio dos dois, os cabelos e olhos castanhos e o sorriso travesso no rosto, Tenten estava se vendo há anos atrás. Exceto pela mãe.
 A mãe de Tenten nunca havia andado com ela assim, muito menos teria apostado uma corrida com ela para em seguida comprar uma casquinha de sorvete para a filha, que era exatamente o que aquela mulher fazia naquele momento.
 Tenten observava tudo do outro lado da avenida, por que ela não teve a sorte daquele menina? Uma mãe que a amasse pelo que ela era. Por que seu pai tinha que partir?
 Tantas perguntas ecoavam pela cabeça dela, tantos anseios, insatisfações que ela não percebeu ao atravessar a avenida o carro que vinha em alta velocidade sendo jogada a metros do lugar onde estava momentos antes.
 Algo quente escorreu pela sua cabeça, viu um amontoado de pessoas em cima de si e várias discando algo no celular, vozes ficaram confusas, a visão estava embaçada, ela não sentia seu corpo e não percebeu quando a visão escureceu e ela apagou no meio do asfalto.

...

Atualmente:
 Lee foi o primeiro a ficha cair e a entrar em desespero. Chorava e soluçava desesperado. Logo em seguida as meninas receberam o choque da notícia, Temari era a mais calma, e Hinata a mais desesperada, a Hyuuga tremia sem parar e Neji que estava em estado de choque não podia fazer nada, sobrando para um Naruto confuso aparar Hinata.
 Gaara tentava manter Lee calmo, o que estava sendo difícil já que o moreno começou a desenterrar histórias do fundo do baú para contar, Kiba tinha o olhar perdido em um lugar qualquer e Shikamaru tentava conforta-lo. Neji por sua vez era confortado por Deidara, o que não estava dando muito certo já que o loiro estava em prantos. Sakura e Ino se perguntavam e se culpavam pelo acontecido.
 Temari foi atrás de informações.
— Professor Kakashi. - Ela seguiu o homem assim que o viu passando.
— Temari...
— O que ela tem? Quando vamos vê-la?
— Ela bateu a cabeça muito forte, pelo que eu soube, fraturou alguns ossos. Mas o problema maior está na cabeça, ela está em coma e corre risco de não voltar.
— E quando podemos vê-la? - Temari perguntou e Kakashi negou com a cabeça.
— Não sabemos, não temos muitas informações, já entramos em contato com a mãe dela que está a caminho.
— Eu quero ir pro hospital.
— Temari você não é da família, mesmo que vá até lá é provável que não te deixem entrar.
— Não me importo, eu quero ir e pronto. E os meus amigos também. - Ela apontou para o grupo que chorava.
 Kakashi coçou a nuca.
— Okay, Gai está indo para o hospital agora, você e Lee vão com ele. Eu vou dar um jeito dos outros irem em seguida.
 A loira assentiu e foi na direção de Lee qua ainda chorava desesperado.
— Lee. - Ela tocou o ombo do rapaz que a encarou. - Você e eu vamos com Gai para o hospital agora, Kakashi vai dar um jeito de levar o resto em seguida. - O moreno não se mexeu, mas mais lágrimas escorreram por seu rosto. - Vem Lee. 
 Temari o puxou pela mão, o garoto levantou cambaleante e encarou Gaara, Lee estendeu a mão pra ele que segurou.
— Obrigado. - Lee acariciou a mão de Gaara.
 O ruivo soltou um sorriso fraco.
— Vem Lee, vamos logo. - Temari falou puxando o moreno. - Gaara. - Ela encarou o irmão. - Cuide deles. - Ela falou para em seguida pousar o olhar em Shikamaru que a encarava preocupado a sabe-se lá quanto tempo, ela acenou com a cabeça e saiu.
...
 O hospital central da cidade era um prédio de dez andares com uma enorme recepção, que eram onde estavam os amigos de Tenten naquele momento. Lee havia cochilado no ombro de Gaara depois de tanto chorar. Sakura e Ino também haviam pegado no sono depois das três da manhã. Hinata estava acordada mas o choro havia passado, Naruto dormia em seu ombro. Deidara havia ficado no hotel sob os cuidados de seus colegas de quarto, Neji andava de um lado pro outro se perguntando como aquilo havia acontecido. Temari falava com a recepcionista tentando há mais de uma hora conseguir entrar para ver a amiga e Shikamaru a observava de longe.
— Moça a mãe dela ainda vai levar algumas horas para chegar. Eu sou amiga dela, me deixa entrar. - A loira pedia inutilmente.
— Eu não posso, são regras do hospital, o horário de visitas já passou e nenhum de vocês é da família.
— Ela passa mais tempo com a gente do que com a mãe.
— Eu já falei senhorita, são regras do hospital.
 Temari estava perdendo a paciência.
— Olha aqui moça. - Temari se debruçou na bancada e apontou o dedo no rosto da mulher. - A minha amiga tá correndo risco de vida. Você sabe o que dizem sobre pessoas em coma? DIZEM QUE ELAS TÊM QUE OUVIR AS VOZES DE PESSOAS QUE GOSTAM. PORQUE ISSO AJUDA A SAIR DO COMA. - Temari berrou fazendo Shikamaru se levantar bruscamente e ir na direção da menina.
— Olha senhorita, são regras do hospital, eu sei que está preocupada, mas eu posso perder meu emprego se te deixar entrar, quando o amigo dela passar por aqui você fala com ele.
— Quem é o médico dela?
— Doutor Yamato.
— Tá. Obrigada. - Ela falou virando as costas e dando de cara com Shikamaru.
 Eles se encararam por alguns segundos até ela o abraçar forte e deixar as lágrimas caírem. Shikamaru não sabia o que fazer, tinha tentado inutilmente consolar Kiba, mas não havia adiantado muita coisa, e agora a garota que ele tinha uma relação de amor e ódio estava o abraçando e chorando e ele não sabia o que fazer, o que falar.
 Ela soluçava pelo choro, era óbvio que mais cedo ou mais tarde choraria, afinal ela se manteve firme e forte desde que haviam recebido a noticia, mas Temari não era de ferro, amava Tenten, amava as outras meninas também, mas Tenten acabou se tornando sua melhor amiga, e doía saber que a amiga estava em coma e não poder fazer nada.
— Vai ficar tudo bem. - Shikamaru falou acariciando os cabelos bagunçados de Temari.
— Acredita mesmo nisso? - Ela afastou o rosto do peito dele para encara-lo.
— Claro, ela é forte. É a Tenten, vai dar tudo certo. Ela tem o fogo da juventude.
— Fogo da juventude... - Temari falou baixinho encarando Lee que dormia apoiado em seu irmão. - Tem razão. - Ela falou limpando as lágrimas. - Vai dar tudo certo. 
 Ela se desvencilhou do abraço dele e o encarou serenamente.
— Obrigada.
 Ele mordeu o lábio inferior, coçou a nuca.
— Ah que isso, to aqui pra isso... 
 Shikamaru ia falar mais alguma coisa mas foi interrompido pelo melhor selinho que já havia recebido em toda sua vida. Não que já tivesse recebido muitos selinhos em sua vida, mas aquele era de longe o melhor.
— Não seja um babaca ok? - Ela falou separando seus lábios.
— Pode deixar. - Ele sorriu bobamente e acompanhou com o olhar ela indo se sentar perto do irmão.

...
 Assim que chegou ao hospital com os amigos, Kiba se sentou numa cadeira ao lado de Shikamaru, o Nara falava algumas coisas para consolar o amigo, mas não adiantou muito, Shikamaru nunca foi bom em lidar com momentos sentimentais, ainda mais um como aquele.
 Era óbvia a preocupação de Shikamaru com a situação e com os amigos, ele só não sabia como agir. E Kiba no estado em que estava preferiu ir ao banheiro para ficar sozinho.
 E era lá que estava naquele momento, há quanto tempo estava lá? Ele não tinha a mínima ideia, e também não se importava. Quando entrou no banheiro e constatou que estava vazio, entrou em uma das cabines, sentou no vaso e começou a chorar. 
 Ele não havia chorado até aquele momento, não gostava de chorar, nunca foi disso, então mesmo querendo soltar as lágrimas ele não o fez, segurou-as até sentir que era o momento de deixa-las livre. Ele chorou como nunca antes, os cotovelos estavam apoiados nas pernas e as mãos seguravam o rosto molhado.
 Kiba queria gritar, tirar todo aquele sentimento de dentro de si, queria que ela acordasse o mais rápido possível para ele dizer que estava completamente apaixonado por ela e beija-la em seguida. Mas ele sabia que quando ela acordasse isso não aconteceria, sua falta de coragem e o medo de ser rejeitado o impediriam de fazer isso. E ainda tinha aquela maldita aposta que havia feito com Neji sobre quem ficaria com ela, como se arrependia da aposta naquele momento, como foi tão imaturo a esse ponto, Tenten não era um prêmio e nunca seria. Era uma garota, uma bela e incrível garota que havia roubado seu coração.
...

 Neji havia acordado há pouco tempo e decidiu ir tomar um ar fora do hospital. Ele não imaginava ter um sentimento tão forte pela garota até o momento em que recebeu a notícia. Ele a amava e agora isso estava óbvio.
 Entrou em estado de choque com a notícia, não conseguia respirar direito, tremia... Ele nunca havia se apaixonado em sua vida, teve pequenos interesses amorosos, mas nada demais. Tenten foi a primeira, diversas vezes se pegou pensando como seria namorar com ela, e por vezes até casar com ela. E agora ela estava em coma se mantendo por aparelhos eletrônicos.
 O mundo dele caiu, estava desolado, não sabia o que fazer nem sentir, já havia chorado o suficiente, mas talvez todo o choro do mundo não fosse o suficiente para demonstrar sua enorme tristeza. Ele estava mais tranquilo pois havia se fiado na ideia de que ela estava viva e a qualquer momento voltaria com seu sorriso travesso e seus cabelos presos em coques para a alegria de todos.
 Assim como Kiba estava arrependido, aquela aposta idiota ainda estava rolando e quando a morena descobrisse não iria gostar nada. Usaram ela como um prêmio em um momento de atrito entre dois amigos. Como foram idiotas, teriam que dar um jeito nisso, como? Essa era a grande questão. Mas primeiro, Neji queria que ela acordasse o mais rápido possível, para tomar coragem e finalmente dizer o que sentia.