Ode aos desafortunados escrita por Angelina Dourado


Capítulo 35
Os Regulares e os Seculares


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Olha que coisa mais bonitinha, 83 acompanhamentos e 83 comentários! Meu lado perfeccionista amou kk Mas podem comentar ainda mais, a autora fica feliz hehe
Espero que gostem do capítulo, boa leitura! ^-^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754466/chapter/35

 

‘’Acha que Deus se arrepende de Vossa criação?’’ Emily indagara com o semblante vazio, os olhos tomados de uma dor profunda enquanto acendia uma vela do altar.

‘’ Ele é somente o Perdão e a Misericórdia, nunca sua razão. ‘’ Havia lhe explicado, mas ela apenas lhe olhou com o canto dos olhos claros, da mesma forma que uma criança faria ao ouvir os pais contando uma fantasia da qual já sabia não ser real.

‘’É engraçado como vocês sempre têm as respostas na ponta da língua. ‘’ Ela deu um sorriso resignado, antes de lhe estender a mão para que a pegasse como já haviam feito antes. Adrian franziu os lábios, hesitante e em dúvida, acabando por se colocar sobriamente ao lado da mulher, negando o pedido silencioso.

 

 

Adrian só queria poder controlar as próprias memórias, quem sabe assim sofreria menos pelos que nunca mais encontraria.

— É ainda mais pesado do que parece, tens de usar toda a força dos braços. – Irmão Bartolomeus explicou com calma, acordando Adrian de seus próprios pensamentos e lembranças. O frade mais experiente pegou a corda robusta, fazendo um sinal com a cabeça para que o imitasse. – Juntos.

O bronze realmente era muito pesado, mas depois de dois puxões que exigiu das mãos dos dois frades, o sino retumbou por toda a região, tão alto que Adrian sentia o próprio corpo retumbar em sincronia com sua batida que atingia até muito fundo de seus tímpanos. Ao soltar a corda acabou colocando as mãos queimadas nos próprios ouvidos devido ao som ensurdecedor, enquanto ele e o outro irmão desciam as escadas de madeira da torre.

— Por que não há um sineiro nesse lugar? – Indagou inconformado, ainda sentindo as orelhas pulsando e as mãos queimando. Bartolomeus deu um riso curto.

— Os sineiros sempre acabam ficando surdos em alguns poucos meses.

— E isso não é favorável á eles? – Adrian perguntou sério, não entendendo por que o irmão riu novamente de seu comentário. Rir abre portas ao pecado pensou indignado.

— Bem, de certa forma, mas creio que cria muitas outras dificuldades. Por isso acho criativa a forma como o mosteiro lidou com isso, sempre alternando os irmãos a puxarem a corda do sino.

Adrian não retrucou mais, ficando apenas com o cenho carrancudo de sempre. Ao menos havia sido acompanhado por frei Bartolomeus, um dos poucos monges da qual havia simpatizado um pouco naqueles primeiros dias no mosteiro de São Columba – ou Columcille como os irlandeses chamavam – por ser assim como ele um estrangeiro vivendo naquele lugar, compreendendo melhor seus sentimentos de estranheza com aquele ambiente novo.

O irônico era como um monge marroquino parecia ter se habituado com mais facilidade no país diferente do que o inglês que ainda se sentia deslocado naquele lugar novo que não era tão diferente do próprio reino. Mas frei Bartolomeus era um homem diplomata e simpático, sempre estampando um sorriso brilhante em contrate com a pele escura a receber todos ao redor. Dificilmente Adrian se dava bem com pessoas assim, mas Bartolomeus ao vê-lo sozinho pelos cantos do mosteiro acabou quase que o apadrinhando como uma choca faria com qualquer filhote perdido. E apesar de ranzinza como sempre, Adrian até apreciava sua companhia, ficando encantado com suas traduções em árabe e estando interessado nos livros novos que ele havia trazido para trocar entre os mosteiros. Até por que, apesar das diferenças, havia certas coisas da qual eles concordavam em não entender sobre aquele lugar...

 – Bom dia, irmãos. – Cumprimentou Padre Amadeus ao passar pelo corredor do pátio em que passavam, com um sorriso solene no rosto enrugado pela idade. Vestido em uma bela túnica vermelha e bordada em dourado por baixo da batina branca, em contraste com as vestes grosseiras dos monges.

— Bom dia padre. – Bartolomeus disse, dando uma sutil cotovelada em Adrian para que fechasse a boca aberta e falasse também.

— Bom dia. – Disse um tanto transtornado. – Padre.

Os frades não puderam conter seguir o clérigo com o olhar, atônitos, enquanto Amadeus passava por eles, ficando em um silêncio a adornar tamanha estranheza.

— Como eles conseguem? Eu não entendo esse lugar! – Frei Bartolomeus exclamou. – Porém, até acho admirável tamanha harmonia entre os dois cleros daqui, seria melhor para todos se os regulares e seculares se entendessem de vez.

— Não é harmônico irmão, é falso. – Adrian retrucou afiado e com a tez franzida. – Dividindo os espaços incentiva o povo a colaborar com a Igreja, pois enquanto nós os alimentamos e cuidamos de suas feridas, eles os guiam e aconselham. É estratégico frei Bartolomeus. Aposto que em suas casas fúteis e ostentosas ainda devem maldizer de nós em meio a copos e mais copos de vinho italiano, assim como ouço os outros irmãos cochichando pelos cantos sobre os padres e fazendo iluminuras satíricas deles com as vergonhas expostas.

— Admito irmão Adrian, já senti pena desse teu jeito rancoroso, mas dessa vez creio que devo concordar com tua dose constante de racionalidade. – Declarou frei Bartolomeus com um suspiro pesaroso devido aquela rivalidade ferrenha entre as duas porções existentes do clero que nunca concordavam um com o outro, uma disputa tão enraizada no meio da Igreja e que há centenas de anos não parecia ainda haver um consenso entre suas filosofias.

Chegaram à catedral para a missa de domingo, se colocando perto dos outros monges e observando o povo preenchendo a igreja aos poucos, enquanto os padres se organizavam no altar e o púlpito ao meio.

— Olhe quem resolveu aparecer por fim. – Adrian ouviu um dos irmãos cochichar para outro, em um tom repleto de zombaria e com o sorriso afiado.

— O exorcista? Pensei que já havia sido enclausurado em outro mosteiro. – Adrian acabou virando os olhos para onde eles olhavam, observando a figura esguia de padre Isaaces, o único vestido de negro entre os seculares dos pés a cabeça, onde apesar do bom tecido aveludado, não possuía maiores adornos comparado aos outros clérigos ao seu redor.  Apresentado assim de forma proposital provavelmente, visto que sua função era considerada mais baixa que a dos outros padres.

Adrian só o havia visto algumas poucas vezes, mas reconhecia os cabelos escuros espiralados, o bigode fino lhe desenhando os lábios pequenos, os olhos cinzentos baixos de cansaço – ou ressaca – por trás dos óculos, com a pele já cinzenta de tão pálida e tomada de veias visíveis. Muitos eram os boatos e comentários de escárnio quanto ao seu óbvio exagero com a bebida, sendo basicamente o motivo de vergonha dos outros padres e o alvo de muitas das conversas zombeteiras dos monges. Os frades não sabiam se seu distanciamento era voluntário ou feito pelos outros padres para que não os constrangesse tanto, mas havia algo nos olhos vazios dele que Adrian por algum motivo podia dizer com quase certeza que era ele próprio quem se isolava, onde pelo seu olhar desgostoso Adrian podia deduzir que ele também havia sido trazido na cerimônia à força.

Um padre que se nega ir á missa. Que mais falta nesse lugar antes que eu recorra ao Vaticano?

— E que Abade aceitaria aquilo? – O irmão retrucou dando um risinho baixo acompanhado pelo outro frade, fazendo o rosto de Adrian começar a enrubescer de raiva.  Hereges, frades falsários! Nem na casa de Deus podem conter o próprio vício do gracejo.

— Quiçá por fim exorcizou o próprio demônio. – Mais um comentou.

— Aquele já não exorciza coisa alguma, só a bebida das garrafas. – Alguém mais do fundo disse, fazendo todos conterem os risos mais escandalosos tapando a boca com as mãos, mas ainda criando certo burburinho que tirava a pouca paciência de Adrian.

— Mais respeito na casa do Senhor! Como querem ganhar o respeito do povo portando-se assim na frente deles?! – Os repreendeu de forma ríspida e severa, conseguindo fazê-los se conter e calarem-se envergonhados. Adrian sentiu uma pontada de orgulho a lhe massagear o ego, com a satisfação lhe preenchendo.

— Darias um bom Abade. – Frei Bartolomeus disse ao seu lado, fazendo com que acabasse sorrindo, provavelmente o seu primeiro sorriso em meses, achando quase estranha aquela sensação de contentamento no peito sempre pesado de melancolia. – Oh, o que é essa coisa nova em teu rosto?

— Nada. – Disse resmungando, fechando o rosto á força enquanto o irmão ao lado lhe olhava com gracejo.

                 A missa seguiu-se como de praxe, com a única diferença que desde que havia se mudado de mosteiro Adrian não quis mais fazer parte do coro, pois havia perdido o pouco ânimo que ainda lhe restava para tal. Só o fazia nos cânticos matinais entre os irmãos, mas não se aperfeiçoaria mais para cantar á uma plateia. Até haviam insistido para que fizesse parte, visto que em São Jerônimo era o melhor tenor, mas Adrian não se sentia mais tão orgulhoso por isso como um dia foi. Já havia deixado de ser a mesma coisa quando não estava mais em conjunto com seus irmãos mais próximos como Bernard ou Friedrich, mas sem qualquer outra companhia conhecida? O encanto havia se ido por inteiro, onde sequer o louvor ao Altíssimo conseguia convencê-lo a retornar á atividade.

Se aquele ‘’castigo’’ que Abade Edon havia lhe imposto tinha como objetivo fazê-lo valorizar mais a própria família – a clerical obviamente, de que lhe valia o antigo nome nobre se nunca haviam se importado com ele? –, estava funcionando.

Adrian franziu o cenho, não de insatisfação por incrível que fosse, mas de incredulidade, quando percebeu que quem faria a leitura da palavra seria padre Isaaces, possivelmente numa tentativa de integrá-lo novamente ás atividades paroquiais. Com o canto dos olhos, pode perceber os olhares em expectativa dos irmãos ao seu lado, que tornavam-se risonhos novamente ao verem o cambalear ébrio do secular, fazendo Adrian revirar os olhos.

Perdoe-os Pai, eles não sabem o que fazem.

Contudo, o baque ecoando pela igreja de Isaaces caindo no chão após tentar subir a breve escadaria do púlpito, não ajudou nem um pouco a situação. Se o padre com sua mera presença já parecia ser vexado, agora se encontrava completamente humilhado em meio aos risos contidos dos presentes.

Adrian não sabia ao certo o que sentiu naquele instante repleto de embaraço, não era exatamente pena, era mais para... Desprezo. Tratava-se de um secular de toda forma, da qual já não possuía grande simpatia pelo grupo. Ver um deles agindo daquela forma apenas confirmava suas ideias sobre eles. Porém, mesmo assim Adrian não conseguia encontrar graça nenhuma naquele vexame, permanecendo sério como sempre.

Isaaces foi acudido por um diácono e levado para fora aos tropeços, com padre Amadeus tentando retomar a atenção dos fiéis e prosseguir a missa normalmente, com um seminarista sendo colocado de última hora para fazer a leitura. Mas de toda forma, o estrago já estava feito e só havia um único assunto compartilhado entre todos ao final da missa, nada relacionado com a palavra do Senhor.

Adrian não quis acompanhar os demais irmãos, se dirigindo sozinho até a biblioteca. Infelizmente, não era mais o bibliotecário como em São Jerônimo, apenas o ajudante, coisa que havia sido há mais de cinco anos atrás. Sentia-se humilhado em ter o cargo rebaixado, mas não tinha voz alguma para reclamar da escolha de seus superiores. Com isso, apenas torcia que o lugar estivesse vazio, ou pelo menos calmo, visto que queria arrumar melhor os escritos que havia trazido de seu antigo mosteiro e juntá-los para que não os perdesse. Os livros ainda eram a sua paixão de toda forma, e quem sabe sentiria menos falta de casa ao arrumar os velhos rascunhos de irmão Friedrich com as iluminuras de Aedan.

                 Quiçá Ele se arrependa.  Pensou rancoroso, olhando com repulsa a imagem de Padre Isaaces vomitando escorado a um paredão de pedra em plena luz do dia.

                  Permaneceu na biblioteca trabalhando o máximo de tempo que podia até a última reza antes do jantar, cobrindo-se com a poeira dos livros enquanto os guardava, reorganizava, costurava suas páginas soltas e reformava suas capas com couro novo, por vezes chamando algum copista para que fizesse uma nova cópia de uma página já muito desgastada e, obviamente, lendo. Os únicos lugares da qual conseguia se sentir em paz e fazer sua cabeça funcionar de forma produtiva eram a nave de uma igreja ou os corredores de uma biblioteca. Não era atoa que Adrian podia ser sempre facilmente encontrado em qualquer um desses dois ambientes e dificilmente em qualquer outro, visto que raramente apreciava a companhia alheia, mas também nunca se sentia seguro para se deixar sozinho com os próprios pensamentos, então buscava se não a companhia divina, a das palavras.

Estava muito habituado a ser o principal comandante das estantes, tendo que se conter muito para acabar não discutindo com frei Christofle, o bibliotecário. Precisou aceitar a forma como o outro organizava os livros e os catalogava, se frustrando com a muita liberdade que ele dava aos outros frades de escolherem e pegarem os livros. Descobriu que a melhor forma de lidar com seu superior, era evitá-lo.          

                 Assim, isolou-se em um canto do scriptorium, tomando o lugar de um dos copistas que não estava presente e se pôs a terminar de costurar os velhos escritos de São Jerônimo, os separando em livros distintos dependendo do que falavam. Conseguindo separar de forma concisa um Evangelho de Lucas, um pequeno livro de alquimia e um tratado de anatomia bem ilustrado. Os últimos dois da qual não possuíam nome, visto que seu escritor e ilustrador nunca tiveram a chance de fazê-lo, tendo Adrian que quebrar a própria cabeça para pensar num possível título.

                 Mas havia uma porção dos velhos escritos de irmão Friedrich que mão se encaixavam em lugar algum. Fossem os pensamentos filosóficos, as anotações de frases de pensadores e livros diversos, ou até mesmo relatos totalmente desconexos, súplicas e lamentos de um frade solitário tentando entender a própria maldição.

‘’ Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona eis requiem.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona eis requiem.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona eis requiem sempiternam.

Dai-me o descanso eterno, dai-me o descanso eterno! Dai-me a paz que me foste negada! Tende piedade, piedade de Vosso servo! Orare pro me ad Dominum Deum Nostrum, cura-me de minha mácula, de meu pecado, de minha maldição! Torne-me o homem que outrora foste predestinado a ser Vosso fiel por toda vida, Agnus Dei miserere.  ‘’

 

      Adrian preferia não ter lido as lamúrias do antigo frade, visto que ficaram lhe assombrando pelo restante do dia. Lembrando-se daqueles dias em que frei Friedrich permanecia sozinho com o constante olhar de pavor e súplica quando toda a ajuda lhe foi negada. Quando ele próprio ao invés de lhe oferecer a piedade, jogou-o na fúria divina.

      Não havia espaço algum para aqueles escritos, mas Adrian continuou a guarda-los como um fardo.

               Evitou ter que retornar para sua cela de todas as formas, permanecendo mais tempo no jantar do que sua pouca e quase ausente fome sentia, prestando atenção em toda a leitura da Palavra – coisa que apesar de teoricamente ser padrão, a minoria dos monges o fazia, aproveitando o momento para conversarem aos sussurros uns com os outros. – Mas às oito horas teve que retirar-se, e ao fechar a porta do próprio refúgio, sentiu um vazio que ia muito além do físico, mas da alma.

Esperava que pudesse simplesmente conseguir rezar até pegar no sono, ao invés de enfrentar mais uma noite de insônia. Mas antes das rezas noturnas e de seu descanso, se pôs a refazer a tonsura da cabeça, coisa que tinha de fazer uma ou duas vezes na semana para raspar os fios que cresciam na porção raspada. Sempre havia deixado da forma mais clássica, apenas uma fina linha dos cabelos loiros a circundarem seu crânio, deixando o restante completamente raso, tal como Bernard também fazia, sendo que antigamente até auxiliavam um ao outro no corte.

Contudo, nos últimos meses Adrian havia negligenciado um pouco a própria aparência, deixando a auréola mais grossa e a tonsura menor, tal como Aedan costumava ter, tendo os cabelos encaracolados tão revoltos que ao olhá-lo de frente sequer parecia frade. Lembrava-se de como os cachos se moviam com leveza quando ele andava, de como saltavam quando ele ria, ou pela manhã em que ele cochilava na mesa, se recostando em suas palmas a mergulharem entre os fios, Adrian se perguntava como seria se um dia tivesse tido a chance de tocá-los e...

Não! Isso de novo não seu estúpido! Já não lhe bastou a meretriz?!

Sentiu um vergão no topo de sua cabeça, afastando rapidamente as mãos e encarando a lâmina que segurava. Havia sangue na navalha e um filete rubro escorria do topo de sua cabeça, trilhando até tocar na auréola de cabelos loiros e os manchando. Adrian passou os dedos pela ferida, encarando atônito o próprio sangue.

Não pense nisso. Disse para si, já pensando exatamente no que queria evitar. Lavou as mãos rapidamente enquanto sentia o peito pesado e a pele lhe comichando por um beliscão, uma pontada, um pequeno corte, qualquer coisa que pudesse lhe ferir e fazer mais daquele sangue escorrer. Pegou-se encarando a mesma navalha de antes, a tentação lhe percorrendo cada centelha de seu ser, a ânsia quase que dolorosa de precisar ser castigado de alguma forma, de fazer o pecado sair de seu corpo de uma vez só, com uma voz cruel dentro de si o persuadindo a acreditar que se sentiria melhor daquela forma.

Pegue o rosário e reze. Era o que pensou e sabia ser o mais certo a fazer.

Porém, acabou pegando a navalha novamente.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso alguém tenha estranhado a presença de frei Bartolomeus na história, saiba que a ideia de povos totalmente homogêneos, seja na Europa ou qualquer outro continente do período, é um mito enorme daqueles. Descobri isso depois de perceber que nas iluminuras que pesquiso muitas vezes possuem uma diversidade de pessoas desenhadas que no início eu não esperava. Por exemplo, os copistas miniaturistas (galera que desenhava iluminuras) adoravam representar os três reis magos com cada um sendo de uma etnia diferente para representar todos os povos do mundo, mas lá pelo século XVI isso se perdeu e só foi retornada tal dinâmica há pouco tempo. Com isso fui pesquisar melhor e percebi que a ideia de etnias e raças durante a idade média era totalmente diferente da que começou a aparecer a partir do século XV com os primeiros conceitos de escravidão e do racismo que conhecemos hoje.

Na época, seria difícil você encontrar um árabe ou africano em uma vilazinha pequena no meio da Inglaterra, mas se você fosse para Londres, Paris, Florença, Constantinopla ou qualquer grande cidade, dificilmente você não iria se deparar com todo tipo de gente. E os mosteiros então, nem se fala! Os monges vinham de lá para cá e de todos os lugares para trocar informações, se tinha uma coisa que a Igreja Católica possuía no período era tudo que era mosteiro pelo mundo para ficar sempre ligada nas notícias e conseguir mais fiéis. Basicamente, o pensamento da época era ''Se você é católico, então tudo bem.''

Agora, Seculares e Regulares.... O clero católico possuía essa grande intriga entre eles, visto que a linha dos padres, bispos e cardiais (Seculares) possuíam ideias muito diferentes da dos frades (Regulares), principalmente no que tange a riqueza e posses da igreja. Meio que a galera só começou a se entender depois da reforma protestante para ''se unir contra um inimigo comum'', por que antes era o pau comendo solto entre eles kk Hoje em dia essa intriga não existe mais praticamente, mas na época era farpa e indireta para tudo que é lado.

Sei que vocês sentem saudades do casal nesses capítulos e que ''Todo mundo odeia o Adrian'', mas para o plot esses capítulos são necessários e logo tudo fará sentido ;) Comentem o que acharam e nos vemos no próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ode aos desafortunados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.