Como Domar o seu Eu Interior escrita por Tyr


Capítulo 2
Tomo I - O Conselho


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo a cada dois anos, até o fim do século eu termino essa história!



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O ar que soprava dos interiores do salão era quente, abafado, envolvia o corpo como se fosse uma casaca de lã, contrastava com o inverno nunca dantes visto que se projetava sobre a pacata ilha. O céu do inverno, majoritariamente escuro, parecia apenas refletir a tristeza que reinava nos corações daqueles que sobreviveram ao Drago, que agora procuravam meios de sobreviver o pós-guerra.

Os cinco mensageiros se encontravam na parte do fundo do Grande Salão, obviamente não queriam ser vistos, agiam como sombras que se projetavam sobre as mesas que se encontravam sentados. Havia, junto deles, o conselho político de Berk, formado, também, de cinco membros das famílias mais influentes do território, não possuíam o poder de liderar em si, apenas refletiam o poder que emanava da figura do chefe da Ilha. Isto é, até o fim  da era Stoico.

Após o trágico final da batalha, eles se encontravam com um problema em mãos, Soluço se recusava a assumir interinamente, o que havia dado a liberdade quase total ao conselho agir como quisessem, o que não seria um problema, se soubessem como agir.

A política da ilha caminhou incerta nesses últimos meses, sem atitudes necessárias tendo sido tomadas. Dadas as proporções do estrago da guerra, os conselheiros, instintivamente deram tudo de si para reconstruir a ilha, mas não eram políticos natos, toda sua experiência era ofuscada pela sabedoria de liderança do grande chefe que havia sido Stoico. Suas ações haviam tido ajuda de todo o tipo dos aliados, e até mesmo diferentes ilhas que nem se quer haviam se comunicado antes com Berk, mas ao ouvir sobre os rumos da guerra, e como ela se desenrolou, se prontificaram a ajudar com toda a bondade possível!

Assim pensavam os ingênuos conselheiros.

Nem todos possuem a bondade imanente em seus corações, nem todos que a possuem, consegue mantê-la em seus corações quando se trata de jogos de poder. Primeiramente, todos aceitaram de bom grado a grande ajuda que vinha de todos os cantos, afinal, a vida em comunidade assim se desenrolava, quando algum membro passa por algum problema, todos se prontificam a ajudar. É natural que pessoas que se prezam se ajudem.

Foi então que se lembraram que o arquipélago de ilhas na qual Berk fazia parte não formava uma comunidade.

Haviam tratados de comércio, sim, mas nada que caracterizava algo além disso. O comércio existia porque precisavam dele para sobreviver, ele existia entre as ilhas, e das ilhas para o continente e no desenrolar de algumas semanas, as ofertas de ajuda chegavam mais e mais, de cantos dos quais nunca haviam se comunicado antes! Todos passaram a estranhar como, aparentemente, a ilha havia se tornado o centro de convergência de todas as vilas! E quanto mais aumentava a dita 'bondade', mais o conselho passava a estranhar tal comportamento.

A ajuda que convenientemente chegava de todos os cantos, não podia porém, ter reconstruído toda a ilha por si, o que levava a ilha também a gastar horrores para levantar as casas que haviam sido derrubadas, levantar a vida das pessoas que haviam perdido tudo e com isso, a reserva de ouro que possuía a ilha, que é de onde realmente vem o poder, passava aos poucos a se esvair.

E com isso, o fantasma da crise começava a crescer sobre o Conselho.

***

Soluço se sentava agora perante dez membros, cinco deles desconhecidos, os tais mensageiros, em uma mesa qualquer do grande salão. Os membros haviam, de forma suspeita, pedido aos conselheiros que pudessem deliberar de portas fechadas, ou seja, que se proibisse a entrada, de qualquer um que não fizesse parte do pequeno grupo que ali agora estava, ao Grande Salão.

Seu peito pesado com ansiedade e, acima de tudo, medo, recebia o ar do último suspiro dado antes de começar a dita reunião.

"Declaro aberta a décima quinta sessão secreta do Conselho Político de Berk", disse ele, timidamente, olhando rapidamente todos os presentes que representavam a Ilha. Eram eles, Bocão, Spitelout, Sven, Egil, e Hoark. O jovem chefe havia notado o quão sombrios estavam todos, o que contribuía ainda mais para a sua crescente apreensão.

Todos os olhos voltaram então, em silêncio para os cinco mensageiros que estranhamente se portavam nas cadeiras das mesas, cada qual havia um traje diferente, aparentemente representando uma parte do arquipélago. Seus trajes, ricamente ordenados, indicavam que eram pessoas de muita posse, talvez de grande poder, dado o grande mistério feito sobre sua presença na ilha.

"Saudações jovem chefe de Berk", disse um deles finalmente, se levantando.

"Passamos por grandes dificuldades para que nós, que nos auto-intitulamos representantes dos cinco cantos do arquipélago, pudéssemos aqui estar", gesticulando para os outros quatro membros, continuou. "Os acontecimentos recentes que culminaram na mais trágica morte de seu querido Pai, nos mostrou o quanto que as nossas ilhas precisavam de um centro político e como tal, esse centro político tem, naturalmente se virado para a grande protagonista que debelou todo o mal que emanava de Drago, com sua força e seus gloriosos dragões..", o ar da conversa passava a ficar cada vez mais bizarro, enquanto seu discurso continuava, os membros de Berk se entreolhavam discretamente, incrédulos.

"O povo clama por um centro, nossas Ilhas não podem mais ser apenas coadjuvantes da história do continente, todos concordamos que a antiga organização tribal não mais funciona para os moldes atuais de nossas sociedades!", as palavras utilizadas por eles tiraram toda a dúvida que possuía Soluço quanto ao fato de serem ou não homens de posse. "Viemos aqui, através dessa comissão montada, como representantes das cinco vilas, que hoje são quase cidades, as mais importantes do nosso conjunto de ilhas.."

Enquanto o pronunciamento discorria, um pensamento ocorreu a Soluço, esses homens pareciam ter um plano trabalhoso montado para resolver o problema que tinham agora, como haviam conseguido juntar todo esse apoio no tempo de dois a três meses que se seguiu do final da guerra?

O discurso continuou e chegava ao seu fim. "Os habitantes de Driva, Bera, Eira, Gyda, Alvor, e não só delas, clamam para que dentre nós, possamos ter um centro político, um centro de poder, um centro de ações, que nos torne uma só comunidade, que seja forte suficiente para evitar anomalias que se apresentam como Drago!", o orador fez uma pausa, depois de tanto falar precisava de um pouco de ar. "Todos nós clamamos por um Rei", após a pronúncia dessas palavras o conselho começou a conversar entre si em voz baixa.

"E os recentes acontecimentos naturalmente gravitaram em direção à ti, Soluço III", o murmurinho passou a ser uma conversa de voz alta, quiçá indignada, e o discurso continuou.

"O grande domador de dragões e salvador dos povos! As ilhas querem um Rei, e nada mais majestático que seu nome perante as tribos!", finalizou ele, com um ar triunfal, se sentando e fitando a conversa que agora se emaranhava entre os cinco membros de Berk.

O jovem chefe não possuía nada a dizer, nem aos mensageiros diante de si, nem para os conselheiros que agora discutiam em voz alta, muito menos para o seu interior. Não era esse tipo de mensagem que esperava que eles o trouxessem, apenas os fitava e não sabia como digerir todas essas informações ao mesmo tempo.

O conselho por fim, se acalmou, e Bocão se levantou.

"Isso é absurdo!", disse indignado, batendo com força na mesa, tudo o que havia sobre ela havia por instantes ficado no ar. "Não temos por tradição reis e rainhas, nossas tribos são, há 300 anos, organizadas por chefes! Vocês querem levar a gente por um caminho perigoso para que possam tirar proveito da situação!", o que foi seguido por exclamações de apoio dos outros conselheiros.

Um outro mensageiro levantou-se. "Como podíamos tirar proveito de vocês se estamos sugerindo que Soluço seja o nosso Rei?", por mais simples que essa pergunta possa ter sido, ninguém sabia responder. Bocão se sentou, enquanto que o mensageiro passava a fitar Soluço.

"Então, jovem chefe? O que nos diz?"

O que foi seguido por Spitelout repentinamente se levantando. "Não é para o chefe que vocês tem que fazer essa pergunta! É para nós! Nós somos os regentes!", esse comportamento dele não era para Soluço um espanto, ele de tudo fazia para diminuir o jovem chefe. "Nós é que decidiremos sobre esse assunto, o chefe, não tem nenhum poder!".

"Eu exijo que se declare Soluço III como chefe imediatamente!", disse o mensageiro, ainda em pé, perante Spitelout.

"Como ousa!", respondeu o conselheiro indignadíssimo. "Não tem poder algum para fazer exigências por aqui!".

"Achei que o conselho tinha me chamado aqui e dito que não queria mais liderar Berk", disse repentinamente da cabeceira da mesa, o jovem líder, que calou a discussão em que se batiam os dois. Sentaram-se imediatamente e todos os olhos se voltaram para Soluço.

O primeiro orador, que havia feito o discurso, se levantou estendendo a mão à soluço.

"Então sire? O que nos diz?"


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Notas finais do capítulo

Estou de volta, pretendo terminar essa história, espero que gostem :)



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