Como Domar o seu Eu Interior escrita por Tyr


Capítulo 1
Tomo I - A Mensagem


Notas iniciais do capítulo

Olá, sou novo por aqui. Essa é a primeira história que posto, espero que gostem.



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O ar gelado tomava conta da atmosfera de Berk.

O vento que descia das montanhas cortava o rosto de quem estivesse ao relento, estava abaixo das temperaturas suportáveis até mesmo para os moradores da ilha. Talvez era apenas um efeito das grandes perdas que todos sofreram, o frio ficava mais frio, a escuridão, mais escura, a ilha, mais triste. Assim caminhava o destino de Berk, cada vez mais, seus moradores pareciam se perder em meio a depressão pós-traumática da batalha que sucedera meses antes.

Berk estava sendo reconstruída havia alguns meses, após a invasão de Drago, a vitória estava do lado deles porém, a destruição tomou conta não só da ilha, mas do arquipélago inteiro. Inúmeras negociações foram feitas para que comerciantes de todos os cantos atracassem aos portos algumas vezes por semana, o material necessário não era pouco, a ajuda que chegava à ilha também não. Aliados do arquipélago, e fora dele, chegavam ao local para ajudar na reconstrução, aos poucos, as casas ressurgiam, agora mais bonitas, com ornamentos e detalhes minuciosamente pensados. Berk merecia, afinal, foram eles que derrotaram e expulsaram o maníaco da Besta Implacável para longe.

Boa parte da vila já havia sido reconstruída, porém, tinha ainda, muito a se fazer, os vikings disponíveis andavam por todos os lados, carregando tábuas de madeiras, pedras, todo tipo de material. O povo estava unido, trabalhando.

Por cima, pairava o único dragão negro de Berk. O Fúria da Noite.

***

Soluço voava por cima de toda a ilha, contemplava à tudo e à todos contentemente. Faziam retornar a vila à sua forma original, mas ainda mais bonita. Os trabalhos tinham começado havia dois meses.

Dois meses.

E não conseguia, ainda, esquecer o que havia se passado. O vento gelado que acariciava sua face fazia jus aos sentimentos que retornavam ao seu íntimo. Valka havia voltado, após vinte anos! A alegria de rever sua mãe após longos anos se misturavam ao fato de que seu pai acabara de partir eternamente em direção aos portões de Valhalla.

Voava na altura das nuvens, contemplava o pôr-do-sol que, distante, parecia acender de volta a luz que se apagava dentro do jovem líder. Tal luz, o lembrava do compromisso que, por razões do destino, teve de assumir assim que Stoico se foi, tão repentinamente quanto a volta de sua mãe.

Distraidamente, soluço passava a mão na cabeça de Banguela. "Pois é amigão", disse tristemente.

"Nossos vôos agora têm sido raros né?", o dragão respondia igualmente triste com um grunhido. "Astrid ainda pode voar com você", bufando, o fúria da noite apenas consentiu, indiferente.

E ainda tinha Astrid.

Antes de Stoico partir, Soluço havia feitos planos para pedir a benção de seu pai, para que pudessem se casar. Ainda pensava em tal ideia, mas em meio ao turbilhão e confusão de acontecimentos e pensamentos nos últimos meses, o plano foi adiado. Mesmo que o jovem viking admitisse para si mesmo, e ainda não diretamente à ela, gostava verdadeiramente dela, se conheciam desde pequenos e o sentimento sempre esteve lá, pulsando no interior do seu ser.

Direcionando as rédeas em direção ao centro de Berk, Soluço pousou seu dragão ao lado da ferraria de Bocão, que estava mais quente do que o usual. O ar em volta do lugar estava em uma temperatura insuportável, franzindo o cenho e saltando da sela, foi para dentro do estabelecimento.

Bocão, que estava definitivamente ocupado nos últimos dias, terminara de forjar mais uma espada para o arsenal da ilha, haviam perdido boa parte dele na luta com a "Besta Implacável" e agora, passava mais tempo no seu trabalho por causa da falta de Soluço para ajudá-lo na tarefa.

Pendurava ele, a mais nova espada na parede forrada de outras espadas, prontas para serem levadas ao depósito de armas.

"Olá Bocão", disse Soluço, passando as mãos pelo rosto, enquanto sentia o próprio suor escorrer. "Um pouco quente aqui, não?".

Bocão que estava de costas, virou-se para encarar o dono do Fúria da Noite. "Olá Soluço", disse ele, com uma aparência um pouco mais sombria que o esperado para alguém tão comumente alegre.

Soluço, de cenho franzido, tentando entender o que se passava, perguntou: "O que houve, Bocão? É o Grump de novo?", com um sorriso forçado, que desapareceu ao ver que tal sorrido não foi recíproco.

"Mensageiros. Apareceram por aqui de manhã.", respondeu, sério. "Soluço...", hesitou por um momento, olhando em volta e pensando se devia ou não mencionar o que procuravam. "Eles estavam atrás... de seu pai".

O ar nos pulmões do novo chefe de Berk pareceu faltar. Não esperava e não queria que mencionassem seu pai por um longo período e se fosse, não queria que tivesse algo a ver com política. Agora também com rosto sério, encarava Bocão, esperando que continuasse com o que havia acabado de dizer.

O ferreiro, que compreendia a reação de Soluço esperou um tempo para continuar, respirando fundo, explicou: "É um assunto antigo. Eles provavelmente sabiam da morte de Stoico e mesmo assim vieram procurar por ele.", Bocão considerou as próximas palavras cuidadosamente. "Soluço está na hora de aprender a lidar com política".

O garoto apenas encarava o seu antigo mentor. Nos últimos dois meses, os vikings que faziam parte do conselho, entre eles, Bocão, foram os que tomaram conta da ilha. Entendiam que o mais novo líder não tinha experiência nem condição pra assumir tão rapidamente, Soluço era o chefe oficial, mas quem comandava até aquele momento era o conselho.

Processando as palavras que acabavam de ser ditas, disse: "Onde quer chegar, bocão?", com ar sombrio.

Bocão, colocou as ferramentas que estavam em suas mãos em cima da mesa de madeira da ferraria e virou-se para Soluço novamente, suspirando.

"O conselho não quer mais ficar a frente da ilha".

"E o que querem esses mensageiros, Bocão?".

Com um ar que remetia a tristeza, o ferreiro respondeu. "É uma longa história, filho", pausou por uns instantes, pensativo.

"É melhor você vir comigo ao Grande Salão".

O garoto apenas assentiu, estava mais abalado do que esperava estar. Embora já houvesse passado dois meses da morte de seu pai, não esperava ter que lidar com assuntos sérios da ilha tão cedo. Saiu da ferraria, observando o movimento da praça principal de Berk, esperando por Bocão.

Assim que ele saiu, Banguela, que também esperava do lado de fora, fez menção de se levantar. "Banguela, fique", ordenou Soluço, que foi obedecido por um Fúria da Noite que voltava a seu tão estimado sono.

Os dois prosseguiram em direção às escadarias do Grande Salão, por algum motivo, o jovem líder não esperava que tudo ocorresse bem, havia algo que apertava o seu peito após a conversa com o seu velho amigo. Algo que não conseguia explicar, que simplesmente ressoava em seu íntimo um alerta, para que tomasse cuidado.


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Notas finais do capítulo

Eu já escrevi umas partes do resto da história, e tenho uma ideia de como será o resto. Mas sugestões são bem vindas!
Espero que tenham gostado!



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