Como Domar o seu Eu Interior escrita por Tyr


Capítulo 16
Tomo I - Spitelout




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O ar bufado e respirado diversas vezes por vikings nada satisfeitos, que advinha de dentro das portas do Grande Salão, era a única força física gentil, naquele momento, que atravessava toda a extensão dos interiores do salão e acariciava o rosto dos que se encontravam amontoados perto das gigantescas portas ancestrais que protegiam o grande centro de reuniões da pequena porém, grande em importância ilha de Berk. Ar esse, que talvez tão quente estava quanto o leve calor que trazia o sol, que brilhava num céu sem nuvens.

Mesmo quando as nuvens não estavam no meio do caminho entre o sol e a ilha, o calor por ele trazido era quase insuficiente quando comparado ao fogo da lareira ao qual, talvez, todos os moradores se aconchegavam nas noites majoritariamente frias do clima polar. 

Talvez era apenas uma questão de tempo para que o ar do salão se tornasse tão quente como o de uma lareira.

Spitelout estava se sentindo sufocado.

Sim, não havia nem mesmo dentro de sua mente espaço para se quer tentar negar o fato de que, poderia ter evitado ir diretamente em direção a confusão que tomava corpo, e tal qual uma chama que se espalha sobre a terra coberta de palha seca, crescia rapidamente, correndo o risco de se tornar um grande fogaréu. E admitia que havia ido de escolha própria para o meio da confusão.

Porém, nem todas as coisas que o velho conselheiro tenta planejar, saem como esperado.

Sua enorme satisfação de ter ao menos gerado um leve incômodo à Astrid, trazendo à tona o fato de que ela teria uma posição, no mínimo, invejável no novo reino, durou por apenas alguns breves minutos. Ele sabia que os acontecimentos haviam se passado num ritmo tão alucinante para uma ilha que antes vivia num ritmo tão pacato...

Bem... 'pacato' não é a melhor palavra para se usar quando se lidavam com dragões atacando a tudo e a todos quase que semanalmente, mas enfim, as mudanças eram lentas e demoradas, nunca acontecia nada que se espantasse ou que precisasse de mais de um dia para compreender toda sua extensão, era isso que queria dizer.

O que definitivamente não era o caso da 'nova era' da ilha.

Tudo aconteceu tão rápido e de forma tão inesperada, que qualquer detalhe, mesmo que fosse muito importante, com certeza seria facilmente ignorado, e Astrid.. digamos que apenas teve dias muitos cheios para que parasse para pensar muito sobre si mesma. Agora estaria, certamente, ocupada com seus novos pensamentos, e junto com Soluço, dariam um pouco de paz à ele por uns dias, assim esperava.

Mas de paz em si, nada conseguiu alcançar, dada a situação que se encontrava.

Após a jovem general, e quem sabe futura rainha, ter se limitado a ignorar Spitelout, e se dirigir à uma direção incógnita enquanto bufava e gritava de raiva, o velho conselheiro reuniu seus guardas e partiu em direção às portas do salão de Berk, ofuscado e distraído por alguns instantes pela sombra da Nadder azulada que voava em direção às florestas. Portas essas, que se encontravam amontadas de diversos tipos de pessoas, ao que parecia, quase toda a ilha havia resolvido se juntar à multidão que havia chegado, e um repentino interesse parecia ter sido despertado em todos em relação ao como ia se organizar o novo reino, algo que nunca havia acontecido antes! Pelo menos não que lembrasse um conselheiro que havia sido parte do conselho desde a sua criação!

E estavam realmente todos muito animados com isso.

Spitelout havia alcançado os últimos degraus da escadaria do salão rapidamente, seu pequeno grupo de guardas logo atrás, vestidos com leve armadura de couro, com detalhes de lã em algumas partes específicas, nada diferiam de um viking normal carregando uma espada, se não fosse pela capa que agora passaram a usar, por ordem do conselho, com o brasão de Berk. Vendo toda a bagunça que se encontrava diante dele, a situação se clareou aos seu olhar, vikings de várias ilhas diferentes gritando e pedindo por diversas coisas enquanto os outros conselheiros e os mensageiros se encontravam encurralados lá dentro.

O velho conselheiro tomado subitamente de raiva pela 'injustiça' da situação, gritou da forma mais ameaçadora que conhecia, afinal, era parte do Conselho, e seria respeitado! "SAIAM DA FRENTE, SEUS MISERÁVEIS!", todos os olhares dos que se encontravam na porta viraram-se para ele, num misto de surpresa e indignação. "Abram espaço para eu passar, ou eu mesmo abrirei", o que, para sua surpresa, foi respondido imediatamente, todos os que se amontoavam na plataforma, como que se houvesse sido ensaiado, sacaram de uma vez suas espadas, um belo show de metal refletido sobre o sol que teimava em brilhar sobre a tempestade que armava debaixo de si.

O conselheiro, tomado de surpresa, recuou enquanto seus guardas faziam o mesmo, espadas em punho.

Estavam prontos para derramar sangue quando ainda não havia o reino nem terminado de ser criado.

"Pode entrar se quiser conselheiro", disse um deles de forma ameaçadora, vestido com armadura de alguma outra ilha, desconhecida à Spitelout. "Mas os guardas ficam aqui fora", o desdém notável em cada palavra sua, enquanto gesticulava com sua espada.

"Muito bem", disse o velho conselheiro, expondo as palmas de suas mãos, em sinal de paz, se recompondo. Nunca haveria passado por sua mente que de tal forma seria tratado, em sua própria ilha, mesmo ocupando ele uma posição de 'comando'. "Não vamos derramar sangue por nada", disse, tentando acalmar os ânimos, enquanto várias espadas ainda estavam apontadas em sua direção. "Eu entro, e os guardas ficam aqui", respondeu finalmente, e, uma a uma, as espadas abaixavam lentamente, enquanto que os guardas atrás de si faziam o mesmo. Respirando aliviado, tentou sorrir forçadamente em direção aos que seriam os súditos de Soluço. Em verdade, nem sabia exatamente de onde eram, ou o que queriam.

Ainda sorrindo, o que não foi correspondido pelos que estavam na sua frente, puxou o guarda que estava mais perto dele, por trás e sussurrou em seu ouvido, quase disfarçadamente, quase de forma suspeita. "Procure por Melequento, rápido, e diga pra ele juntar a academia de dragões", sua voz tão perceptível quanto sua respiração, não chegou aos ouvidos de ninguém além do guarda, mas mesmo assim, ganhou alguns cenhos franzidos em sua direção.

Ignorando-os, prosseguiu em direção ao Salão. Por alguns breves momentos se arrependendo profundamente do fato de ter mandado Astrid para longe.


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Notas finais do capítulo

Olá! Demorei bastante pra postar esse capítulo, peço desculpas, embora eu demore, eu pretendo terminar essa história sim.
Espero que tenho gostado! :)



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