As crônicas de Animadria. "Guerras no Norte." escrita por Lord JH


Capítulo 3
Dubaldor.


Notas iniciais do capítulo

O rei Kimerion toma uma decisão que pode trazer severas consequências para as terras do Norte.



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O ar estava frio nas altas montanhas Dubaldor no Norte. Em seu trono de ferro e prata, o rei Kimerion, senhor dos anões da montanha, conversava com dois velhos amigos vindo das planícies geladas próximo do mar de gelo.

— Suilik! Melnior! Como estão os meus velhos amigos do Nortel? — Perguntou o rei anão de longos cabelos negros e barba cheia e grossa.

— Estamos bem, velho amigo. Viemos até Dubaldor para negociar alguns trenós repletos de peixe e algumas ferramentas e artesanatos feitos na ilha Dullr. — Respondeu Suilik o homem de olhos puxados das planícies de gelo.

— E como está a ilha de Dullr? Se eu não me engano a sua irmã mora lá, certo? — Perguntou o rei curioso pela bela ilha que ficava no meio de um mar congelado.

— Sim, ela se casou com um dos homens da ilha. Ela mora na cidade perto do lago central. — Respondeu Suilik ao puxar uma cadeira de madeira e se sentar.

— Que bom. — Falou o rei contente. — Da próxima vez que passar por lá mande as minhas saudações para ela. Sempre quis conhecer aquele lugar, mas o meu pai nunca me permitiu sair da montanha. — Confessou o rei inconformado.

— E por que vossa senhoria não visita a ilha agora? Pelo o que os pássaros contam o vosso pai já faleceu. — Indagou Melnior, a gaivota.

O rei gostou do pensamento da ave e ao concordar com o seu querido amigo de penas, falou — Você tem razão Melnior. Talvez eu faça uma visita para a ilha Dullr quando esse inverno acabar. Por hora estou mais preocupado com os relatos que vem do Oeste. — Segredou o rei com uma voz de preocupação.

— Era sobre isso que queríamos perguntar. — Falou Suilik ao mover a cadeira de madeira para mais perto do trono. — É verdade que vários predadores estão se reunindo nos rochedos? — Perguntou Suilik curioso e preocupado.

— Ao que parece, sim. — Respondeu Kimerion preocupado. — Ao menos é o que os pássaros contam a minha conselheira. — Assumiu o rei sincero.

— A sua conselheira? Está falando de Velnia, a elfa negra? — Perguntou Suilik enojado.

— Sim, ela mesma. Ela até pode ser um pouco estranha e sombria, mas sempre dá bons conselhos. Ela aconselha a minha família desde o tempo do meu avô. — Explicou Kimerion bastante contente.

Melnior pareceu não se importar, mas Suilik balançou a cabeça e falou — Escute Kimerion você sabe que o meu povo sempre foi desconfiado. Não gostamos muito de pessoas que nos dizem o que fazer; além do mais quando esses seres usam magias ou feitiços antigos. — Segredou Suilik em voz baixa.

— Tem medo de feitiços, Suilik? — Perguntou uma elfa negra que surgia por detrás das sombras de um enorme pilar de pedra que junto a vários outros sustentavam o teto de pedra e ouro da caverna.

— Não muito. — Respondeu Suilik diretamente. — Meu povo consegue sobreviver muito bem sem usar magia pesada. — Completou o homem desdenhosamente.

 — É mesmo? Bom para vocês. Já nós elfos, e elfos negros usamos a magia para curar e nos ajudar em tarefas importantes no dia a dia. Como prever se esse vai ser um inverno longo e difícil. — Explicou a bela elfa negra de pele negra-roxeada, cabelos brancos, roupa semitransparente, e corpo bastante sensual.

— E o que as suas previsões e feitiços élficos tem a dizer sobre esse inverno que se aproxima? — Perguntou Suilik desafiador.

Velnia sorriu e ao se aproximar lentamente do rei e seu convidado, falou — Será um inverno rigoroso, mas nada que não conseguiremos lidar aqui, nessa montanha. —

— De fato Dubaldor aparenta ser um lugar bastante confortável para se passar o inverno. — Concordou Melnior com a bela elfa negra de cabelos brancos.

— Sim, mas não é com o inverno que eu estou preocupada. E sim com os predadores que se reúnem nos rochedos. Mulkia, a coruja branca avistou mais uma alcateia de lobos gigantes partindo em direção aquela montanha. — Segredou a elfa com voz lenta e sensual.

— E por acaso esses pássaros são cegos para não saberem ou conseguirem enxergar o que está acontecendo naquelas montanhas? — Perguntou o rei Kimerion furioso e inconformado.

— Aparentemente não é tão fácil se aproximar dos rochedos como era antes, meu senhor. As rochas estão sendo vigiadas por águias e falcões. Muitos pássaros que ousam se aproximar bastante são caçados e perseguidos. E aqueles que se juntam, não podem deixar a montanha por dias. — Explicou Velnia ao balançar o seu cabelo e fitar os seus belos olhos violetas nos convidados.

— É verdade senhor. — Falou Melnior. — Muitas gaivotas que eu conheço foram e não retornaram daquelas montanhas. E as que tentaram... Bom, não chegaram muito bem. — Segredou Melnior abatido.

— Sim, alguns ursos brancos da neve e leões das cavernas foram avistados movendo-se naquela direção. Quando perguntado pelas gaivotas ou outros pássaros pelo motivo da mudança, eles apenas respondiam: — “Promessas de carne e uma vida farta e melhor”. — Falou Suilik em concordância.

— E seus informantes estão certos. — Falou uma coruja branca que pousara silenciosamente em cima de uma estátua de um rei anão do passado.

— Mulkia. Que bom que você chegou. Que novidades trazes do mundo lá fora? — Perguntou Kimerion contente ao rever a sua fiel informante.

A coruja concordou com um pio e ao olhar desconfiada para os convidados, falou — Trago uma notícia que pode agradá-lo senhor. —

O rei ficou eufórico ao ouvir as palavras da coruja, e ansioso, falou — Então diga, e eu lhe recompensarei com algo feito exclusivamente para você. —

— Obrigado, meu senhor, mas você já foi bastante generoso comigo ao me presentear com aquelas garras douradas em recompensa pelo caso do orc ladrão. — Falou Mulkia extremamente agradecida.

Ansioso o rei apenas balançou a cabeça e falou — Não se preocupe com os presentes, apenas me fale o que você viu ou ouviu. —

Mulkia concordou com a cabeça e após girar o pescoço para ver se alguém de fora estava ouvindo ou observando, a coruja falou — Os mamutes e alguns rinocerontes irão fazer uma reunião de batalha no círculo de pedra do Leste. Muitos outros seres sobreviventes foram convidados. —

— Reunião de batalha? Mas batalha contra quem? — Perguntou Velnia curiosa.

— Contra os predadores dos rochedos. — Respondeu Mulkia rapidamente.

— Mas por qual motivo? Os rochedos ficam no Oeste, não no Leste. — Indagou Suilik para a coruja.

— O motivo foi um ataque ocorrido ao clã de Laina. Dizem que quase todo o grupo foi dizimado. Apenas um jovem sobreviveu, mas morreu logo depois de encontrar um grupo de elfos da cidade mista do lago Leste. — Explicou a coruja ao responder o pescador humano.

— Elfos da minha cidade... — Sussurrou Velnia ao ouvir as palavras da coruja.

— Eu sabia! Eu sabia que tinha algo de errado. — Falou o rei ao se levantar. — Da última vez que os filhos dos Nanders ousaram se levantar contra mim, eu os expulsei e os esmaguei com o meu machado. — Gabou-se o rei ao fechar o punho e mostrar a sua luva de prata brilhante e resistente. — Você lembra Velnia? Os malditos Urukianos vieram da ilha deles para tentar roubar as minhas riquezas. Para o azar deles eu estava preparado e junto com o meu exército de anões, eu os derrotei e os expulsei do continente. — Falava o rei com um olhar nostálgico de guerra.

— Eu me lembro bem, meu senhor. Eu também lutei nesta batalha, ao seu lado. — Respondeu Velnia com uma voz doce.

— Sim! Eu ainda me lembro de como você ficou bela naquela armadura negra com algumas partes douradas. Naquele dia eu pude comprovar que você é tão boa guerreira quanto conselheira. — Assumiu o rei bastante orgulhoso.

— Obrigado, meu senhor, mas eu não acho que os predadores do rochedo desejem o seu ouro como os Uruks fizeram. — Opinou Velnia com segurança.

— E por que não? As riquezas dessa montanha já atraíram inúmeros dragões, orcs, prineves e humanos. Por que não atrairiam aquela corja suja das montanhas? — Perguntou o rei confuso.

— Porquê diferente dos Nanders que partiram para a ilha de Uruk, as tribos das montanhas dos rochedos não dão valor a ouro e riquezas. Apenas a carne e sobrevivência. — Respondeu e explicou a elfa negra com sabedoria.

— Faz sentido, Kimerion. Do que serve ouro para seres que tomam tudo a força? — Perguntou Melnior em concordância.

— Pode até ser, mas eu não confio em aglomerações de povos. Quando tantas espécies diferentes se juntam só pode significar duas coisas: Ou desejam fazer uma cidade só para elas, ou desejam guerra. — Falou Kimerion ao se sentar novamente no trono.

— Então o que faremos? — Perguntou Velnia em tom de servidão.

— Mulkia, voe até o círculo de pedra do Leste e assista a reunião de batalha. Se o resultado for positivo e os mamutes e os outros marcharem em guerra contra o rochedo, diga a eles que o rei Kimerion unirá forças a ele na margem sul do grande lago central. — Declarou o rei com confiança.

— Certo, meu senhor. Mais alguma mensagem? — Perguntou Mulkia antes de abrir asas e se preparar para voar.

— Não. Apenas aceite esse singelo presente e parta. — Falou o rei ao olhar para uma bela anã de cabelos loiros que trazia uma pequena corrente de ouro com um pingente de prata em forma de face de coruja.

— Obrigada senhor. Mas não mereço tal presente. — Agradeceu a coruja enquanto a anãzinha prendia a correntinha em seu curto e estranho pescoço.

— Não diga isso, pois você merece sim. Agora, vá e leva a palavra de Kimerion de Dubaldor até o conselho dos mamutes anciões. — Falou o rei antes de Mulkia bater asas e voar.

— Você acha sábio entrar em guerra tão próximo do inverno, Kimerion? Você pode não sair muito de sua montanha, mas eu e Melnior vivemos nas planícies geladas. Nós sabemos muito bem, como um vento frio pode congelar a alma de um ser. — Alertou Suilik preocupado.

— Não se preocupe, meu velho amigo. Nós anões somos resistentes demais para morrermos para um pouco de neve. Eu mesmo estava com vontade de sair um pouco dessa montanha. Caso tudo saia como planejado eu mesmo liderarei o exército. — Falou o rei ao se levantar e ajeitar a sua cinta de prata e ouro.

— Tudo bem. Se você que tem 147 invernos vividos acha que pode, quem sou eu para falar alguma coisa com apenas 57? — Brincou Suilik ao se levantar da cadeira e apertar a mão do rei.

— Não se preocupe, Suilik. — Falou Velnia sorridente. — Eu tenho 314 invernos vividos e já lutei inúmeras vezes. Eu protegerei o rei de qualquer perigo. — Falou a elfa negra com um sorriso de honra no rosto.

— Hahahaha... Ouviu isso Melnior? Eu agora preciso de minha conselheira para me proteger de um bando de feras fedida! Eu enfrentei gigantes, trolls e orcs durante a minha juventude inteira. Não preciso de uma elfa negra para me proteger agora. Fique e governe no meu lugar Velnia. — Falou o rei um pouco incomodado com o comentário da bela conselheira.

— Que assim seja, meu senhor. — Concordou Velnia com o seu olhar neutro e belo.

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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