A noite estava fresca e bem iluminada pelo brilho da lua e das estrelas, e na grandiosa e pacifica cidade de Animadria, Elduin bebericava um delicioso vinho doce enquanto esperava seu convidado especial chegar.

— Espero que ele traga boas notícias.... — Murmurou o elfo ao olhar para os vários documentos que ele teria que avaliar para saber se era realmente seguro partir para uma guerra naquele exato momento.

— Elduin, estou aqui. — Falou Eruitiel ao adentrar pela enorme janela do aposento e pousar no tapete vermelho e caro do nobre elfo.

— Erui, finalmente você chegou. E então? O que os outros líderes disseram sobre a minha proposta? — Perguntou o curioso elfo ao arrumar outra taça e servir vinho para o belo e forte ser alado.

— Bem, Babagu, Gandor, Venert e Bacuba aceitaram a proposta de imediato e sem questionar. Porém, Magair, Daidu e outros líderes como Tisifo questionaram que nós não poderíamos abandonar a guerra contra o trio das montanhas ao Norte e ir até o Oeste resgatar outros povos e deixar os nossos lares desprotegidos. — Respondeu e explicou o belo e respeitável anjo antes de dar um elegante e suave gole na bebida doce oferecida.

— Maldito ciclope! — Praguejou Elduin antes de dar um longo gole em sua bebida. — Nunca confiei nele e naquele minotauro que sempre o acompanha para todo lado. —

— Berelef é líder e representante dos minotauros da cidade. — Comentou Eruitiel com sua voz calme e pacata de sempre. — Se você pretende ir para a guerra, o apoio dele, assim como o de Tisifo, é bastante importante. —

Elduin então permitiu-se acalmar um pouco mais e ao olhar para o belo e decorado espelho que jazia pendurado em uma parede no seu quarto, o elfo perguntou — Inael já fez a sua escolha? —

Eruitiel então corou um pouco mais que o normal e ao dar um outro gole na doce bebida, respondeu — Digamos que eu consegui convencer ela de alguma maneira. —

Elduin percebeu que aquelas palavras significavam muito mais do que apenas o que havia sido dito e ao perceber a vermelhidão no rosto de seu amigo anjo, perguntou — Você dormiu com ela para que ela deixasse os anjos lutar do nosso lado? —

Eruitiel apenas escutou a pergunta que ele mais temia ouvir e ao dar outro gole no restinho final de bebida que sobrara na taça de ouro, o alado respondeu — Sim, a rainha dos arcanjos e querubins nunca permitiria que os guardiões abandonassem os seus postos no Leste para lutar no outro lado do continente. Peço para que me entenda Elduin, eu fiz o que era necessário para te ajudar. —

O elfo então apenas gargalhou alto antes de jogar a sua taça de vinho no chão e falar — E que difícil sacrifício você fez, não? Eu imagino quão torturante foi ter que colocar sua boca naqueles belos seios e ter que beijar aquela linda anja nos lábios, estou certo? — Indagou Elduin com ciúmes bastantes evidente na voz.

— Elduin, você sabe que é a você quem eu realmente amo. Então por favor, não torne isto mais difícil do que realmente foi. — Pediu o anjo com muita sinceridade e dor nas palavras.

— Ah, tudo bem, vou tenta esquecer que isto tudo aconteceu.... Mas me diga, você não me falou que também existiam guardiões no lado Oeste do continente? — Questionou o agora impaciente elfo ainda bastante incomodado com a revelação de seu melhor amigo e amado.

Eruitiel então apenas concordou com a cabeça e ao colocar a sua taça agora vazia em cima de uma pequena mesa de prata, falou — Meu irmão Taguriel ficou responsável pelo treinamento dos guardiões daquela região, e pelo o que eu soube meu sobrinho Ismir e minha sobrinha Ariel fazem o possível para manter a paz naquela região. —

— Ótimo! — Exclamou Elduin de imediato. — Ao menos você terá reforços assim que chegar lá antes da gente. —

— Sim, meu senhor. Mas me esqueci de avisar que o centauro Faluir perguntou por que você não compareceu à reunião de hoje; e ele também falou que só se juntará a batalha se você lhe der os campos de algodão que ele tanto almeja faz tempo. — Relatou o belo anjo com sua voz encantadora e extremamente cativante.

— Impossível. — Respondeu o elfo de imediato. — Aqueles campos de algodão pertencem aos trolls e aos orcs. Baruguia e Téteu nunca me perdoariam se eu desse sequer uma parte daqueles campos para os centauros. Mesmo se o pedido vier do líder representante dos mesmos. O máximo que eu posso fazer por Faluir é pedir algumas mudas das plantas para Baruguia e que eles plantem em outro lugar. — Finalizou o elfo ao ir até a taça de ouro caída no chão e pegá-la.

— Eu creio que isso já deixaria Faluir bastante feliz, meu senhor. — Comentou e concordou Eruitiel bastante calmo e controlado.

— Que bom. Agora me diga o que você disse para os outros líderes quando eles perceberam que eu, que nunca faltei a uma reunião sequer, não estava presente na defesa do meu próprio pedido? — Perguntou Elduin bastante curioso sobre o caso.

— Bem, as reações foram diversas. — Respondeu o anjo de imediato. — Alguns perguntaram se você estava doente, outros se você havia viajado e outros até mesmo se você havia morrido. — Finalizou o nobre anjo ao ir até o espelho e olhar para o próprio reflexo e perceber que estava mais atraente do que ele mesmo esperava.

— Hahahaha.... — Gargalhou alto o elfo — E você o que respondeu? —

O anjo então olhou diretamente para os olhos alaranjados do belo elfo de lábios azuis e cabelos violeta e falou — Eu disse que você estava preparando os elfos para a batalha e convocando quais deles gostariam de ir. —

Elduin então ficou satisfeito com a decisão de palavras tomada pelo belo anjo e ao se aproximar do mesmo e abraçá-lo, o de lábios azul falou — Até que você não me decepciona tanto assim…. Agora eu quero que você cante para mim com essa sua voz maravilhosa até que eu caia no sono. —

— Sono? — Perguntou Eruitiel com uma voz indagadora — Eu pensei que não iriamos dormir hoje. —

— E nós não iriamos. — Concordou o elfo. — Mas como você me enraiveceu o suficiente por esta noite, hoje nós iremos apenas dormir.  E talvez amanhã, quando acordemos, nós podemos rever o seu pedido. — E então arrastou o belo anjo até a cama onde os dois sempre dividiam o seu afeto.