A trilha escondida e estreita que cortava o bosque das cores servira muito bem para o avanço silencioso e discreto do enorme exército do Norte que avançava pela floresta indo em direção ao Oeste logo após assassinar e destruir uma vila inteira de humanos e prineves.

Muitos javalis, ogros e trolls viviam naquela parte da floresta, mas grande parte deles foram encontrados e assassinados pelos batedores do Norte, que em sua grande maioria eram felinos, orcs, aves de rapina gigantes e caçadores humanos experientes.

— Ulrk, os felinos e os humanos encontraram uma grande estrada um pouco mais a frente! Eu pedi para os ursos, gigantes, dragões e outros seres pararem um pouco para descansar enquanto eu trazia esta informação para vocês. — Falou Albu, o puma branco e de olhos vermelhos que chegara acompanhado de Turuk, o tigre branco e de Laina, a bela leopardo das neves de olhos extremamente claros e acinzentados.

— Devo chamar Merania? — Perguntou Kurokuma, o urso das cavernas de cor negra e tamanho invejável.

— Sim. — Respondeu Ulrk — Talvez a nossa senhora conheça essa estrada. — Comentou o alto e forte homem ao olhar de longe para a bela elfa negra que andava acompanhada pela bela, jovem e ruiva filha de Ulna.

— Então eu vou lá. — Falou o grande urso antes de se mover e andar pesadamente em direção a sua destemida e sábia líder.

Merania porém estava bastante distraída observando os pequenos cogumelos roxos com bolinhas brancas espalhadas pelo topo, que também cresciam bastante numerosos nas raízes das arvores daquele local; já que aquela terra recebera o nome de bosque das cores devido à enorme quantidade dos mais variados tipos de fungos e cogumelos coloridos que poderiam ser encontrados naquela parte da floresta.

— Ela me beijou com tanta paixão.... — Sussurrou Merania ao se lembrar da bela anja Ariel, cuja morte viera pelos lábios envenenados da elfa que utilizara aqueles mesmos fungos para cometer assassinato contra a pessoa que apenas se rendera aos seus encantos e toques.

— O Escanor quase á matou quando a viu sangrando pelo nariz. — Comentou Trivia que não saia do lado da elfa momento algum.

Merania então direcionou seu olhar para a bela e jovem humana ruiva e ao acariciar o seu sardento rosto, falou — Sorte minha que você desobedeceu às minhas ordens e me seguiu até a casa. Só não sei se fez isso por preocupação pela minha vida ou porque queria ver tudo o que estava acontecendo lá. —

Trivia logo corou forte ao se lembrar das cenas de afeto que a jovem humana presenciara entre a bela elfa negra e a encantadora e hipnotizante anja; mas ao se lembrar que fora surpreendida por Escanor enquanto espiava o tal ato, a vermelha caçadora exclamou — Eu não vi muito! Digo, minha senhora. Pois o humano me pegou espionando e me chamou para conversar com ele na beira do lago. E bom.... O resto a senhora já sabe. — Completou Trivia ainda bastante vermelha pela insinuação de sua mestra.

— E enquanto eu estava ocupada com a Ariel antes dela sangrar? O que vocês dois fizeram no lago? — Questionou Merania com um olhar bastante sugestivo para com a mais jovem.

— Conversamos sobre o meu arco e as estrelas. — Respondeu Trivia rapidamente —  Mal sabia ele que acabaria com uma flecha minha enfiada em sua cabeça pouco tempo depois. — Sussurrou a garota ruiva com certo pesar na voz, que logo foi notado pela esperta elfa.

— Você se arrepende de tê-lo matado? — Perguntou Merania com a mais pura e sincera curiosidade que a elfa já tivera antes.

Porém a resposta da humana veio mais rápido do que a elfa negra esperava em um alto e claro “não”, que logo foi dito pela caçadora antes de complementar explicando — Ele percebeu que vossa senhoria era a culpada pela morte de sua cunhada. Se eu não o tivesse matado ele poderia ter lhe atacado. —

Merania então apenas aceitou a resposta sincera de sua fiel e corajosa amiga, e ao perceber que o grande urso Kurokuma estava se aproximando, sussurrou — Obrigada, minha doce e brava Trivia. Um dia eu ainda tenho que lhe agradecer adequadamente. —

A jovem humana conseguiu escutar bem as sussurradas palavras, mas antes que pudesse falar alguma coisa, Kurokuma exclamou — Minha senhora! Albu e os outros felinos encontraram uma grande estrada adiante. Devemos seguir por ela ou atravessá-la? —

Merania então percebeu que seus batedores provavelmente encontraram a estrada que daria na cidade do lago azul e que batalhar e tentar tomar aquela cidade só atrasaria e gastaria o tempo precioso que a elfa desejava economizar antes de chegarem no próximo esconderijo.

Então ao olhar para trás e avistar um dos dragões caminhando pesadamente por entre as arvores, a bela elfa se virou para o grande urso e falou — Diga para Ulrk, Albu e todos os outros que devemos atravessar a estrada e não seguir o caminho dela até o sul. Mande as aves e felinos primeiro, e peça para alguns falcões e águias vigiarem os dois lados da estrada para que em caso de avistamento de algum ser pensante, eles avisem ao líder mais próximo e que esse dê um jeito de capturar e matar o mesmo. Pois não podemos permitir que todas as cidades e vilas da região saibam onde está o nosso paradeiro exato o tempo todo. —

Kurokuma apenas acatou e concordou com as ordens, enquanto Trivia se permitiu questionar e perguntar — Foi por isso que você nos mandou atacar a vila perto da mina de carvão ao Leste? Para despistar nosso paradeiro? —

Merania então sorriu ao perceber que a jovem, ignorante e inocente humana que ela conhecera antes estava se tornando mais esperta a cada dia que se passava, e então ao concordar com a cabeça e ordenar que Kurokuma fosse logo entregar a mensagem, a negra elfa falou — Você está ficando bastante sagaz, minha preciosa humana de pelugem vermelha. E sim, foi por este motivo mesmo. Mas agora, já que você está tão esperta e inteligente assim, você poderia por favor chamar sua mãe e os outros chefes das tribos humanas aqui? —

Trivia se sentiu bastante lisonjeada com as palavras de sua mestra, mas ao perceber o estranho pedido da elfa, ousou perguntar — Chamarei sim, minha senhora, mas posso saber porque apenas os lideres humanos? —

Merania então apanhou uma pequena e bela flor rosa que estava plantada no chão verde daquele mesmo local, e ao prender no meio de seus próprios belos e outrora longos cabelos negros, já que a mesma os havia cortado devido ao calor de outro dia, a elfa negra respondeu — É porque precisarei de bastantes seres onívoros quando chegar no lago Magawa. —