As crônicas de Animadria. "Guerras no Norte." escrita por Lord JH


Capítulo 21
O lago.


Notas iniciais do capítulo

Merania e Trivia se banham em um lago onde conhecem uma bela e misteriosa anja.



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  O dia estava bastante ensolarado para uma manhã de outono, enquanto Merania, Trivia, um urso chamado Tegerb e um carcaju chamado Loganio, esperavam o retorno da falcão Astucia, que voara para reconhecer terreno mais ao sul seguindo a pequena estrada de barro que Merania havia encontrado.

O dia estava mais quente do que se era esperado para aquela época do ano, o que fez com que Merania começasse a tirar toda a roupa enquanto esperavam.

— Minha senhora! — Exclamou Trivia surpresa com o ato de sua líder. —Você não acha perigoso ficar sem roupas em um lugar tão.... Imprevisível? —

— Hahahaha... — Gargalhou Merania gostosamente. — Ah, minha doce e bela Trivia.... Ás vezes eu me esqueço que você nasceu e cresceu nas terras gélidas e inóspitas do Norte.... Lugar onde sua mãe deve ter lhe dito que se você ficasse sem roupa por um dia você com certeza congelaria e morreria. —

Trivia então concordou com a cabeça e ao olhar para as roupas negras da elfa que agora estavam jogadas no chão, a ruiva falou — Sim, minha senhora. Minha mãe sempre me disse isso. —

Merania então sorriu e ao se aproximar da jovem mulher, lhe tocou o seu rosto extremamente sardento e falou — E sua mãe estava certa, florzinha. Mas agora estamos no Sul, e aqui, em dias quentes, nenhum ser com pouco pelo precisa se preocupar em usar roupas ou qualquer tipo de vestes para se cobrir. —

Os olhos de Trivia então brilharam de curiosidade, e ao perceber o quão belo era o corpo da elfa negra totalmente despido, a humana indagou — Isso significa que eu também poderia.... —

— Sim, minha princesinha. Tire todas as suas roupas e sinta como é bom sentir o vento suave da brisa tocar todo o seu corpo. — Falou e aconselhou Merania como se aquela frase fosse uma ordem.

Trivia então ficou com um pouco de vergonha, mas ao perceber que ela era a única ali que realmente ainda estava usando alguma coisa, deixou a vergonha de lado e começou a retirar todas as suas peles e roupas que usava para se aquecer em sua terra natal.

Logo, Tegerb, Loganio e Merania puderam observar e admirar a bela humana em sua forma mais natural.

Seus pelos vermelhos e suas sardas se espalhavam em várias partes do seu jovem, belo e esbelto corpo, seus olhos verdes como a grama brilhavam forte devido ao reflexo da luz solar que neles batiam e seus longos cabelos ruivos, nunca cortados antes e vermelhos como um rubi, caiam soltos até a parte de trás do joelho da mesma.

Todos os três seres ali presente ficaram encantados com a aparência natural da jovem humana, mas antes que qualquer um deles pudessem falar alguma coisa, Astucia retornou de sua averiguação aérea e falou — Minha senhora Merania, voei até o fim da estrada, e tudo o que pude ver foi uma casa de madeira próxima a um pequeno lago um pouco mais a frente e uma pequena mina aparentemente abandonada antes de se chegar em uma pequena vila de Prineves e humanos. —

— Bom, se a vila ainda está habitada, logo a mina ainda deve servir. — Sussurrou Merania enquanto pensava consigo mesma.

— O que devemos fazer, senhora? — Perguntou Loganio curioso.

Merania então interrompeu o seu pensamento e ao olhar para o urso e o carcaju, falou — Loganio e Tegerb, vocês irão até essa mina e checarão o que tem dentro dela, lembrem-se de não comerem ou atacarem ninguém enquanto estiverem por lá, pois não quero que vocês atraiam atenção desnecessária. Já você, Astucia, quero que você voe até Ulrk e lhe conte o que você avistou, diga a ele para me esperar até eu retornar e que prepare o exército para partir para o sul daqui há três dias.  —

Loganio e Tegerb concordaram com as ordens da elfa e logo seguiram a estrada, porém Astucia, que era bastante observadora e inteligente, logo perguntou — Mas minha senhora, e você e Trivia? Ficarão aqui sozinhas e desprotegidas? —

Merania então riu gostosamente e ao apontar para os dois arcos e as aljavas cheias de flechas carregadas sempre por Trivia e pela elfa negra, respondeu — Sozinhas sim, mas desprotegidas nunca! Agora você pode ir e fazer como lhe foi dito, enquanto Trivia e eu iremos desfrutar de um belo e delicioso banho de lago. — Completou a elfa com um sorriso de felicidade jamais visto antes.

Astucia então apenas concordou de vez e voou em direção ao Norte, onde Ulrk aguardava próximo ao castelo do vampiro Luciferio.

Percebendo que finalmente estavam em paz, Merania falou para Trivia pegar suas armas e deixarem as roupas das duas escondidas nos galhos de uma arvore próxima, para somente então seguirem pela estrada calma e pacata.

Não demorou muito até as duas avistarem o pequeno lago, onde agora uma bela, nua e alta mulher “humana” com enormes asas brancas, se banhava alegremente.

— O que é aquilo? — Perguntou Trivia bastante admirada com tal ser.

Merania então apenas sorriu e ao jogar e esconder as suas armas em uma moita próxima, respondeu — É um anjo, seres alados bastantes raros nos dias de hoje. Existem pouquíssimos no Norte, porém por aqui eles são mais comuns. Vamos, jogue as suas armas no mato e me acompanhe com calma. — Ordenou Merania ao se mover na direção do lago.

Trivia assim o fez sem questionar ou hesitar.

Então, ao se aproximarem do lago e serem percebido pela anja que logo se levantou e preparou as asas molhadas para o voo, Merania falou — Não tema, nobre e bela amiga. Me chamo Neviria, e esta é minha jovem amiga Trivia. Estamos apenas de passagem e pedimos vossa permissão para nos banharmos um pouco neste dia tão quente para uma manhã de outono. —

A bela anja então olhou para Merania e ao também observar a idade e a aparência jovem da aparentemente inofensiva humana, decidiu que as duas não se tratavam de uma ameaça.

— Podemos entrar? — Perguntou Merania em relação ao lago.

A bela anja então concordou com a cabeça e ao fazer uma pequena reverência com a mão direita, falou — Fiquem à vontade, nobre e belas viajantes. Mas me digam, para onde estão indo? —

Merania então adentrou na água límpida e refrescante do lago, e ao molhar o rosto com um pouco de água que a elfa juntara com as palmas da mão, a elfa negra respondeu — Nós estamos indo até a vila ao sul daqui e de lá pretendemos achar um caminho bom até o vale dos elfos.  —

A anja então observou a entrada da jovem humana na água e ao perceber que as duas não portavam nada além de pulseiras rusticas e alguns finos colares que enfeitavam os seus corpos, perguntou — E vocês não estão levando suprimentos ou armas com vocês? —

Trivia então pensou que a farsa agora estava arruinada, mas Merania, esperta e sábia como só ela, apenas sorriu e apontou para a estrada antes de dizer — Nossas armas e suprimentos estão escondidas bem próximas daqui. Afinal, nunca sabemos quem podemos encontrar no caminho, certo? —

A bela anja então raciocinou que a elfa e a humana apenas esconderam as suas armas e suprimentos para não a assustar ou correrem o risco de perder comida ou outros itens para uma total estranha.

— Peço perdão pela minha indagação, belas e nobres viajantes. Mas nós estamos vivendo tempos perigosos ultimamente. Vários seres pensantes vêm sendo assassinados desde que, segundo alguns boatos, um exército vindo de algum local do Norte chegou em nossas terras. — Falou e explicou a bela anja com sinceridade.

— Nós também ficamos sabendo desses boatos, e por isso nos precavemos em esconder nossas coisas de você, antes de sabermos se era seguro. — Replicou Merania dando mais solidez a sua versão.

— Hihihihi... — Riu a bela anja. — Agora não precisam se preocupar mais, belas e nobres amigas. Vocês agora estão na casa de Ariel, e aqui sempre tem hospitalidade para quem passa à procura de refúgio nas terras, até então, mais seguras do sul. —

Merania então agradeceu com um gesto, e ao se sentar ao lado de Trivia que já sentara um pouco antes, falou — Ariel é um belo nome, mas você não acha que é perigoso demais morar sozinha em um lugar tão movimentado e perigoso como este? —

Foi então que Ariel apenas riu novamente, e ao apontar para a casa, falou — Eu não moro sozinha por aqui. Divido a casa com meu irmão e seu parceiro humano, que agora está exatamente lá dentro, cozinhando um belo ensopado de ervilhas com tomate e tomilho. —

Merania quase pôde sentir o gosto da comida a qual não degustava há tanto tempo, mas ao conter sua vontade de pedir um pouco, perguntou — Seu irmão é um guardião? —

Trivia ficou extremamente confusa com aquela pergunta, mas Ariel apenas concordou com a cabeça antes de falar — Assim como o meu pai antes dele e meu tio que está na própria cidade de Animadria. O meu pai preferiu ficar aqui para proteger o lado oeste, já que é a parte mais desprotegida e selvagem do continente. —

— Além de ser a mais distante de Animadria. — Completou um humano que se aproximara despido por detrás da elfa e de Trivia, que só perceberam a sua presença quando o mesmo falou.

— Escanor! Você não devia assustar nossas convidadas assim. — Reclamou Ariel ao perceber o susto que Trivia e Merania haviam tomado.

— Hahahaha... — Riu e gargalhou o belo e jovem humano branco de cabelos loiros cacheados e corpo forte e esbelto, antes de dizer — Peço perdão, minha cunhada e convidadas, mas quando percebi que haviam estranhos em nosso território, dei a volta por trás da casa e me aproximei por aqui para ver se havia algo de errado ou se existiam outros seres observando escondidos. —

— Bastante esperto, senhor Escanor. — Falou Merania com certa admiração e respeito na voz.

— Muito obrigado e novamente, peço desculpas pelo susto. Porém, como um pedido de desculpas melhor, peço para que provem de meu ensopado que eu fiz para o almoço. Eu garanto que está delicioso. — Se desculpou e ofereceu Escanor com bastante educação.

Merania logo se viu tentada ao aceitar a generosa oferta do esperto e belo humano, mas ao perceber a vergonha desconfortável que o rosto vermelho de Trivia demonstrava ao ver um humano macho nu pela primeira vez em sua vida, a elfa negra falou — Eu agradeço bastante, mas temo que não possamos nos demorar muito, pois ficamos de encontrar outros viajantes mais ao sul daqui. —

Ariel então se aproximou mais das “viajantes” e ao apontar para a estrada, falou — Se você fala de um urso e um carcaju, eles passaram por aqui pouco tempo antes de vocês chegarem. —

Merania então percebeu que seria arriscado demais negar qualquer conhecimento sobre os dois e depois ser exposta, talvez até pelos mesmo, mas também não poderia assumir o risco de aparentar possuir uma grande intimidade com eles. Então, depois de perceber como Trivia olhava discretamente para o corpo definido e bastante atraente de Escanor, falou — Ah, aqueles dois galanteadores. Nós os conhecemos faz pouco tempo em nossa viagem, mas depois de conhecê-los um pouco melhor percebemos que apesar do que são, eles aparentemente vivem dentro da lei. Mas não é com eles que precisamos nos encontrar, e sim com alguns humanos e prineves que nos esperam um pouco mais ao sul. —

Escanor então aceitou a recusa das duas viajantes, mas ao deixar o lago e ir em direção a casa, gritou — Deixem-me ao menos presenteá-las com alguns bolinhos de cebola para a viagem! Eu os fiz ontem e ainda estão bem gostosos. —

Merania apenas percebeu que seria muita indelicadeza rejeitar uma segunda oferta e apenas aceitou respondendo — Já que você insiste, nós levaremos um pouco sim! — E logo voltou a sua atenção para a bela anja que agora estava mais perto dela do que antes.

— Algum problema? — Perguntou a elfa negra sem entender o motivo da bela anja está lhe observando de tão perto.

Ariel então percebeu que estava agindo de maneira invasiva e desviou o seu olhar para a garota ruiva, antes de dizer — Peço perdão, Neviria, é só que eu nunca tinha avistado uma elfa negra antes. E você é tão bonita que eu mal consegui desviar o olhar. — Assumiu a anja com certa vergonha corando em seu rosto branco.

Merania então sorriu ao perceber que causara admiração até em um dos seres mais belos daquela terra; e ao colocar sua mão esquerda no rosto macio e delicado de Ariel, e acariciá-la carinhosamente, falou — Muito obrigada, Ariel. Suas palavras me deixam realmente lisonjeada. —

Ariel então corou mais do que antes, e ao se sentir bastante quente por dentro, a anja voltou o seu olhar para os olhos azuis-gelo da elfa e falou — Espero poder vê-la novamente, algum dia. —

A bela elfa apenas concordou com o olhar, e ao retirar a mão da face agora quente e avermelhada da anja, falou — Talvez um dia, Ariel, talvez um dia. — E se levantou para depois sair do lago com a água pingando e escorrendo pelas belas e delineadas curvas de seu corpo negro-arroxeado.

Trivia então a seguiu, acompanhada depois pela anja, que continuou conversando com as duas até que Escanor retornou com uma pequena bolsinha de cânhamo repleta de bolinhos de cebola dentro.

— Muito obrigada. — Falou e agradeceu Merania ao receber o presente aparentemente delicioso que Escanor preparara.

— Por nada, bela e nobre elfa. Eu gostaria de poder oferecer mais, mas ainda vou ter que sair hoje à procura de trufas e cogumelos, então só posso oferecer isso e o ensopado por agora. — Falou e explicou Escanor agora vestindo uma calça.

— Isto aqui já é o suficiente, gentil amigo. Agora eu e Trivia temos que recuperar nossas coisas que escondemos próximo a estrada e apreciaremos um pouco de seus bolinhos. Até algum dia, nobre Escanor e bela Ariel. — Falou a elfa antes de fazer uma humilde reverência e se afastar acompanhada da jovem humana que ainda estava bastante vermelha e nervosa depois de toda aquela situação.

Merania então decidiu brincar um pouco com a vergonha da mais jovem e ao olhar para o rosto da humana, perguntou — Esse nervosismo todo é por causa de nossa aproximação ou porque você nunca havia visto um adulto nu antes? —

Trivia então corou muito mais do que antes, e ao desviar o olhar dos olhos azulados e inquisidores da elfa, respondeu — Um pouco dos dois, acho. —

Merania apenas riu com a vergonha e a sinceridade da ruiva e ao colocar o braço esquerdo por sobre o ombro da mais jovem, falou — É uma pena que ele já possuía um parceiro. Pois garanto que com a sua beleza vermelha, homem ou mulher alguma se recusaria a se entregar ou tentar resistir aos seus encantos. —

Trivia apenas se manteve em silêncio diante ao claro elogio de sua mestra e ao parar para recuperar as suas armas que estavam escondidas ali no mato, a ruiva sussurrou — Até mesmo a senhora? —

Merania então apenas sorriu ao conseguir ouvir o sussurro da mais jovem, mas ao perceber que a mesma já estava bastante envergonhada com tudo aquilo, decidiu parar de provocar ainda mais e de maneira bastante direta falou — Sim, até eu admiro sua beleza, Trivia. — E pôs-se a andar na direção de onde as duas haviam escondido as roupas mais cedo.

Mais tarde, quando Tegerb e Loganio retornaram e contaram para a elfa que a mina se tratava de uma mina de carvão mineral, a elfa negra apenas analisou a pacata estrada um pouco mais e falou — Este caminho é mais escondido e menos habitado que a estrada ao sul do castelo de Lucifério.... Porém precisamos lidar com dois anjos e um humano primeiro. —

— E como faremos isso, sábia elfa? — Perguntou Loganio com certa curiosidade.

Merania então olhou para o chão na base de uma arvore velha, onde próximo as raízes haviam pequenos cogumelos roxos com bolinhas brancas espalhadas pelo topo. E então, ao se aproximar do local e apanhar alguns cogumelos, falou — Vocês três esperam aqui até o amanhecer de amanhã. Enquanto eu vou procurar por uma erva que vai me manter viva enquanto eu fizer algo bastante perigoso hoje à noite. —

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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