As crônicas de Animadria. "Guerras no Norte." escrita por Lord JH


Capítulo 16
Seres antigos.


Notas iniciais do capítulo

Evelet e seus amigos descobrem informações reveladoras.



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Evelet seguia tranquilamente pela estrada entre as montanhas de Arlot e o grande lago Magawa. Acompanhada por Vetut, a doninha, a garota humana levava um livro contendo todas as informações e escritos encontrados nas ruinas do velho reino que dava origem ao nome daquelas pequenas montanhas.

— E quando Marulzete, a marta, brigou com Balbuquin, o mangusto, foi Tengu, o furão, que chamou Cerovar, a civeta protetora do vale das fuinhas, para resolver a situação. — Comentava Vetut, enquanto pegava carona no ombro da humana que pouco prestava atenção ao conto e mais se importava em olhar para as runas escritas no livro que estava em suas mãos.

— Puxa, muito interessante mesmo, Vetut... — Murmurou Evelet sem nem fazer a menor ideia sobre o que a sua amiga doninha estava falando.

Vetut balançou a cabeça em concordância e ao dar um pulinho de alegria, continuou — Não é? E pensar que naquele momento eu estava.... Ei, aquele ali não é o Teru? — Perguntou a doninha ao avistar um grande minotauro descendo pela trilha estreita da montanha.

Naquele momento Evelet fechou o livro e o guardou na sua pequena bolsa de cânhamo que carregava consigo para todos os lugares, e ao levantar o braço esquerdo, gritou — Ei, Teru! Está voltando para o vilarejo de Bulgar ou Dundor? —

O branco minotauro parou ao ouvir a voz familiar de sua amiga de conversas, e ao se aproximar da humana e da doninha, falou — Olá Evelet, e olá Vetut, vejo que vocês ainda continuam passando bastante tempo juntas. —

— O motivo é que não tem muita coisa para se fazer no vale das fuinhas, então prefiro passar o meu tempo com a Evelet, fuçando e procurando velharias naquelas ruinas antigas. — Respondeu Vetut rapidamente.

— Ainda investigando o antigo reino élfico, Evelet? Pensei que você já havia descoberto tudo que havia para se saber daquele lugar. — Indagou Teru ao cruzar os braços e olhar para o rosto branco da humana que agora avermelhava um pouco por causa da vergonha de seu passatempo favorito.

— A verdade é que por lá sempre se tem algo novo para aprender, Teru. E a cada vez que eu retorno, os morcegos e os roedores que moram por lá, sempre me falam sobre novos lugares inexplorados entres os salões abandonados do velho reino. — Respondeu Evelet extremamente conformada.

Teru apenas balançou a cabeça em concordância e ao segurar firme o enorme saco de cânhamo que trazia em sua mão esquerda, falou — Entendo, não sou eu que posso julgar o seu passatempo. Até porque a minha ocupação é muito mais arriscada e perigosa que a sua. —

— Sim, com certeza é. E por falar nisso.... De onde você vem e para onde vai? — Perguntou Evelet com os olhos brilhando discretamente com curiosidade.

Foi então que Teru levantou a sacola para a altura da visão de Evelet e respondeu — Venho do topo da montanha Arlot. Eu finalmente encontrei o esconderijo de Suçuarana, o maldito puma que matou o chefe castor Bieber do dique do lago Magawa. O covarde estava escondido em uma caverna no ponto mais alto da montanha. Eu passei a noite toda rastreando as suas pegadas e seus rastros, e hoje ao amanhecer eu finalmente o encontrei. — Falou Teru ao retirar e empunhar o seu enorme machado duplo que estava preso por uma corda as suas costas.

— Você o matou!? — Perguntou Vetut curiosa e ansiosa sobre a situação.

Teru sorriu de leve e ao afixar o machado novamente as suas costas e respondeu — Sim. Os castores me pagarão quarenta peixes pela cabeça do monstro que matou o ente mais querido deles. E aqui estou eu com a cabeça decepada do assassino. —

Os olhos de Vetut brilharam com a demonstração de coragem e força do minotauro, mas Evelet apenas conteve um impulso de vomitar e falou — Teru, você não acha que devia abandonar essa vida de caçador de predadores? Você sabe que caçar aqueles que caçam para comer.... Um dia sempre acabará em morte. — Indagou a humana tentando ser o mais gentil o possível com as palavras.

— Evelet, eles são monstros sem piedade por ninguém! Eles podem muito bem se alimentar de peixes ou qualquer outra coisa que não seja um ser pensante, mas eles preferem matar pais de famílias e filhotes assustados.  Se não existirem pessoas como eu que caçam e protegem os seres mais fracos do terror desses monstros, o mundo estaria vermelho de sangue em cada passo de grama. — Respondeu Teru convicto de seus próprios termos.

— Então quer dizer que ele não sangrou quando você arrancou a cabeça dele e destroçou o seu corpo? — Indagou Evelet enojada.

Teru apenas balançou a cabeça em descrença e respondeu — Sim, sangrou, mas é diferente. Sabe, tem momentos que até parece que você defende os predadores! — Acusou Teru indignado.

— E defendo. — Respondeu Evelet com firmeza. — Você pode até não lembrar, mas no passado muitos do meu povo também eram assassinos de seres pensantes. E na verdade alguns dos seus também eram! E até o povo da Vetut massacravam ratos e outros pequenos roedores antes da criação de Animadria. — Completou Evelet com informação.

— E até hoje alguns dos nossos fazem isso! Entende? Você, eu e Vetut somos das mesmas espécies que eles, mas não matamos inocentes! Isso é um ato que apenas verdadeiros monstros fazem. — Contra argumentou Teru usando sua lógica e razão.

Vetut começou a balançar a cabeça em concordância com Teru, enquanto Evelet apenas deixou escapar o sussurro que disse — Se os peixes gritassem.... —

Mas antes que Teru pudesse continuar a discussão, um pequeno ser bípede e verde se aproximou do grupo e falou — Ei Teru, como vai? E olá Evelet, olá Tuvet. O que fazem por aqui? — Perguntou Zogobor, o duende.

— Ah, oi Zogobor, eu estava indo até o dique dos castores concluir um trabalho e receber a minha recompensa. Já as garotas estavam voltando das ruinas. E você, o que faz aqui? — Perguntou Teru um pouco mais calmo ao rever o seu pequeno amigo.

— Eu também estou indo até o dique, tenho que entregar o unguento que a minha irmã preparou para Galurna, a garça, aparentemente ela pegou algum tipo de fungo no bico. Então como a minha irmã ainda está muito ocupada cuidando da irritação de pele de Belfidio, o porco, ela me pediu para levar esse unguento até Galurna.  Já que você também está indo para lá nós podemos ir juntos! O ninho de Galurna é ao lado do dique dos castores. — Explicou Zogobor contente.

— Sim, podemos. — Concordou Teru em alegria. — Vocês vêm conosco garotas? Ou vão retornar para a vila de Bulgar? — Perguntou o minotauro educadamente.

— Eu vou com vocês! — Respondeu Vetut ao pular rapidamente no ombro de Teru e olhar para Evelet que ainda estava pensando sobre a resposta.

— E você, Evelet, vem? — Perguntou Zogobor empolgado.

Evelet não estava muito disposta a acompanhar o grupo, mas ao perceber o olhar de alegria de Zogobor, acabou aceitando o convite.

E então, depois de alguns minutos de caminhada, o pequeno grupo chegou no ponto sul do lago Magawa, onde puderam avistar o maior dique de castores já construído naquelas terras.

Na margem do lago cisnes, patos, castores, garças e gansos conversavam e gargalhavam ouvindo as histórias do dia a dia. Um pequeno grupo de filhotes de castores escutavam atentamente os contos de uma velha tartaruga terrestre chamada, Gulgor, cuja idade de vida já superava mais de cem invernos.

— Olhe Zogobor! Ali está Galurna. Você pode ir falar com ele enquanto eu entrego a cabeça de Suçuarana para os castores. — Falou Teru ao apontar para uma graça cinza que conversava com dois patos verdes.

— Certo Teru, eu vou entregar o unguento. Vocês vão acompanhar quem garotas? — Perguntou Zogobor totalmente descontraído.

— Nós vamos ficar aqui esperando vocês enquanto ouvimos os contos de Gulgor. — Respondeu Evelet rapidamente antes que Vetut pudesse sequer abrir a boca.

— Got! Nos esperem aqui então. — Falou Zogobor ao ir saltitando até a garça cinza.

— Volto logo. — Falou Teru ao ir em direção aos castores que conversavam com os cisnes e gansos.

E então, depois de Vetut retornar a subir no ombro de Evelet, as duas jovens fêmeas se aproximaram da velha tartaruga que falava sobre a aventura de uma Harpia e uma sirene que juntas voaram da ponta do extremo oeste até a ilha Caldur no estremo leste.

— E ao chegarem na ilha elas conheceram um velho Kappa que lhes ofereceu uma bebida fermentada bem estranha... — Falava a tartaruga com a sua voz lenta, calma e arrastada.

— Puxa, deve ser muito bom poder voar. — Falou um dos filhotes de castor ao olhar para o céu.

— Sim, deve ser mesmo.... Mas só alguns seres são agraciados com essa habilidade. Como esses dois pardais que se aproximam agora. — Falou a tartaruga ao virar o pescoço e avistar dois pequenos pássaros brigando no ar enquanto balbuciavam alguma coisa sobre algo importante.

— Sou eu que vou contar a ele! — Gritou um dos pardais ao pousar no casco de Gulgor.

— Não, sou eu que vou dizer! — Gritava o outro tentando derrubar o seu semelhante de cima do casco.

Gulgor apenas balançou a cabeça em discordância, e ao virar o pescoço para olhar para os pequenos pássaros, falou — Calma meus jovens, os dois juntos podem me contar sobre o que aconteceu.

Os dois pássaros então se acalmaram, e ao posar um ao lado do outro, falaram — A velha arvore acordou e está falando! —

— A velha arvore? — Perguntou Evelet curiosa.

— Sim, a que mora na passagem dos dois morros! O velho Gulgor sempre falou que aquela arvore andava de vez em quando, mas nós nunca acreditamos, mas pelo visto é verdade. Já que hoje cedo ela abriu os olhos! — Explicou o pequeno passarinho extremamente empolgado com a descoberta.

— Bigur acordou? Mas que noticia maravilhosa. Faz mais de trinta invernos que ele não abria os olhos. Por favor senhorita humana, se não for muito incomodo, vossa gentileza poderia me levar até a passagem dos dois morros? Eu sei que não é muito longe, mas sabe como é... Sou uma tartaruga e o meu povo não costuma ser dos mais velozes. — Pediu Gulgor com educação e humildade.

— Posso sim, senhor Gulgor. Mas preciso esperar os meus amigos retornarem antes. Eles foram resolver algumas coisas com os castores e uma garça. — Explicou Evelet com um doce e belo sorriso no rosto.

— Não precisamos esperar mais, veja! Evelet, eles acabaram de chegar. — Falou Vetut ao apontar com focinho para o minotauro e o duende que chagaram juntos carregando sacos de cânhamo agora repleto de peixes.

— Ótimo, então agora eles também poderão ir. — Falou Gulgor contente.

— Nós poderemos ir para onde? — Perguntou Zogobor curioso e empolgado.

— Ver a arvore que acordou e anda! Vamos, temos que ir todos juntos. — Respondeu Vetut mais empolgada que os filhotes de castor.

— Arvore que anda? Vou sim! Você também vai, não é Teru? — Perguntou Zogobor mais empolgado que antes.

Teru pensou um pouco sobre o convite, mas ao perceber que todos estavam extremamente empolgados para ir, falou — Se não for muito longe, eu vou. —

E então, depois de Evelet colocar Gulgor carinhosamente nos braços, o pequeno grupo de sete filhotes de castores, um minotauro, dois pardais, um duende, uma humana, uma tartaruga e uma doninha, se moveram até uma passagem estreita entre dois morros de pedra e terra marrom.

Ao chegarem lá o grupo avistou um ser que mais parecia uma velha arvore com quatro braços e quatros pernas, cercada por pássaros, esquilos e outros animais curiosos que pararam ali para ver e conversar com aquele ser estranho.

— Mas ainda ontem você era uma arvore! — Indagava uma ovelha totalmente descrente com o que estava vendo.

— Hahahaha.... Eu já falei, minha querida shaggyfriend, eu não sou uma arvore. Sou um ent. — Respondeu a criatura com um certo sotaque e um modo de falar estranho.

— Sim, e é um ent que eu não vejo a muito tempo. — Falou Gulgor ao ser colocado no chão em frente ao ser por Evelet.

A criatura meio arvore observou atentamente as novas criaturas que ali chegaram, e ao perceber a velha tartaruga no chão, falou — É incrível como a cada vez que eu acordo uma nova criatura surge enquanto outras desaparecem. Hôhôhoho.... —

— Ei, Bigur! Você se lembra de mim? Nós dois conversamos bastante na última vez em que você acordou. — Falou Gulgor com a sua voz lenta e arrastada.

— Da última vez? Ah sim.... It was you.... Foi você que me falou sobre os dragões estarem raros não foi? — Perguntou o velho ent enquanto forçava a memória.

— Sim, e durante esse tempo todo em que você esteve dormindo apenas um dragão foi avistado. E tudo o que temos são os boatos das codornas do deserto, que dizem ter avistado um, e em algumas versões talvez até dois, sobrevoando as montanhas secas ao sul do grande deserto. — Explicou Gulgor baseado em sua boa memória.

— Bobagem, os dragões foram extintos, todo mundo sabe disso. — Falou Teru extremamente convicto.

— Não foram não! Um pelicano amigo meu disse que avistou um sobrevoando os mares do Sul, bem próximo a cidade das sereias. — Falou um pequeno pintassilgo de cabeça rosa.

Teru gargalhou audivelmente, e ao espirrar após perder o controle de suas gargalhadas, indagou — Pequeno e fofinho pássaro, quantos invernos você e o seu amigo pelicano já viveram? —

O pequeno passarinho pensou durante alguns segundos e respondeu — Bom, ele eu não sei, mas eu só vivi um. —

— Ótimo, eu já vivi cinquenta e sete invernos, e em todos eles eu andei por essas terras caçando monstros predadores, enquanto você voou para o sul acompanhado de seus amigos e família. E acredite, eu nunca vi sequer um rastro de dragão. — Explicou Teru mais convicto ainda.

— Hôhôhôho.... Você é muito engraçado, senhor Touro. — Falou o velho ent em meio a sua risadinha abafada.

— É Teru, senhor ent. Teru, não touro. — Corrigiu Teru rapidamente.

— Me perdoe senhor Teru. Eu não queria ofender-te. Não hablo mui bem pois fiquei inúmeras estações adormecido em sono profundo. E nesses períodos de letargia, muitas coisas mudam sem que eu perceba...  Sabe quantas vezes tive que reaprender a falar? Hôhôho.... Inúmeras vezes eu acordei e a língua única havia sido modificada. Hôhôhoho.... Es difícil cambiar tanto las palavras assim sabe? Mas se tem uma coisa que eu sei é que eu nunca vi um boi que anda em duas patas. — Falou Bigur curioso.

— Boi? Mas eu não sou um boi! Eu sou um minotauro! Do povo das ilhas do Sul! — Esbravejou Teru extremamente ofendido.

— Calma Teru. O nosso amigo pode nunca ter visto alguém do seu povo antes. — Falou Zogobor tentando amenizar a situação.

— Exato, meu nobre ser. O seu amigo gobblin está certo. Eu nunca avistei um minotauro antes. Ou se já vi, não me lembro.... — Respondeu Bigur enquanto procurava em sua memória se já havia avistado um ser daquele antes.

— Gobblin? Você me chamou de gobblin!? — Esbravejou Zogobor furioso.

— Sim, — Respondeu Bigur — Você não é um gobblin? — Indagou o ent ao olhar atentamente para o pequeno bípede verde e orelhudo.

— Eu sou um duende do povo de Duendain! Gobblins é uma palavra antiga e muito depreciativa usada só por aqueles que odeiam o meu povo. Hunf! — Respondeu e resmungou Zogobor bastante ofendido e irritado.

— Oh, me desculpe, pequeno amigo. Da última vez que eu vi alguém do seu povo eles não se importavam de ser chamados por esse nome antigo. Na verdade, o ultimo que eu encontrei estava mais preocupado em esfolar o coelho que ele havia caçado do que em conversar comigo. — Explicou Bigur com calma.

— Espera, ele era um duende assassino!? — Perguntou Vetut extremamente chocada.

— Ah sim, ele era! Na verdade, todos o gobblins, quer dizer.... Duendes, eram assassinos na época em que eu os conheci. Even, a palavra gobblin, veio da palavra gobbler, que significava “devorador” na primeira língua única. — Explicou Bigur com precisão.

— Você está dizendo que os duendes surgiram na era do conto de Driagari? — Perguntou Evelet perplexa.

— Ah sim, os gobblins, digo, duendes, já existiam um bom tempo antes de Driagari unir todos os povos para a batalha final. — Respondeu Bigur com convicção.

— Driagari? Batalha final? Do que ele está falando? — Perguntou Vetut confusa.

— Ele está falando sobre a era da escuridão ou era das trevas. Um conto de fadas e gnomos antigo. — Explicou Teru de maneira direta.

— Não é apenas um conto de fadas e gnomos, Teru. São relatos de povos mais antigos que os nossos. — Retrucou Evelet inconformada com o desrespeito de seu amigo com os relatos no qual ela tanto acreditava.

— Conto de fadas e gnomos? Mas eles nem sequer existiam naquela época! — Exclamou Bigur extremamente confuso.

— Como assim não existiam? É de conhecimento comum que os gnomos e fadas já existiam no início da era da ruína. — Indagou Evelet confusa.

— Mas isso é mentira! Todos os antigos sabem que esses dois povos só surgiram no final da era da ruína. E fomos nós, entes que contamos os fatos do passado para eles. — Explicou Bigur desconfiado.

— Hêhêhe... — Riu Gulgor de maneira lenta e abafada — Então hoje aprendemos que nem sempre se pode confiar em sabedoria popular. —

— Espera um momento! — Falou Teru — Você diz que os gnomos e fadas surgiram depois do que eles dizem, mas diz que o povo de Zogobor já estava lá quando esse tal de Driagari salvou o mundo. Então porque os duendes nunca falaram nada sobre o assunto? — Perguntou Teru extremamente desconfiado.

Mas antes que Bigur pudesse sequer abrir a boca, Zogobor falou — Eu creio que seja culpa do meu povo, Teru. Meu Tataravô sempre disse que meu povo nunca se importou em conservar contos e canções sobre nossa cultura. —

— Exato. Já se você for até a cidade de pedra do deserto, você verá que os Saurotropos conservaram muito bem a sua cultura. — Comentou um pica pau que estava ouvindo a conversa próximo do grupo.

— Sim, mas eles não costumam deixar outros povos entrarem em seus salões culturais... — Lamentou Evelet com certa tristeza no olhar.

Bigur concordou com o pequeno pássaro e ao balançar o seu corpo e deixar cair algumas folhas que estavam presas aos seus ramos, falou — Os Saurotropos... Those lizards foram de grande ajuda naquela batalha. —

Evelet percebeu então que Bigur seria a melhor fonte de informação que ela teria na vida, e logo decidiu perguntar — Senhor Bigur, o senhor poderia me responder algumas perguntas? —

O velho ent se balançou um pouco mais e ao dar a sua risada característica, respondeu — Posso sim, minha querida humana. Porém peço que seja rápida. Ainda tenho que visitar um outro amigo ent que mora em um bosque ao sul e dizer a ele que se quisermos achar dragões teremos que ir até as montanhas secas do deserto. E como já somos entes bastante velhos, se não formos rápidos acabaremos voltando a dormir antes de chegar lá. Hôhôhôho... —

— Você tem que idade senhor Bigur? — Perguntou um dos filhotes de castor curioso.

— Ah, meu pequenino ser peludo. Eu nasci antes mesmo da grande pedra de fogo cair do céu. Antes mesmo dos seres tentarem falar uma língua só. Hôhôhô.... Eu nasci no final da primeira era da ruína. The dried age! Como ficou conhecida na primeira língua única. — Respondeu Bigur com certa nostalgia na voz.

— Isso quer dizer que você pode ter visto o Driagari vivo? — Perguntou Evelet fascinada.  

— Driagari? Ah sim, eu o vi uma vez.... Eu lutei contra os demons junto de gobblins, gaulirts, saurotropos e alguns lagartos gigantes.... E também havia outros seres voadores que eu não me lembro mais o nome.... E quando Berudin, o golem que estava nos liderando, falou que um grupo de triceros estavam precisando de ajuda para derrotar um darkner que havia aparecido em um bosque próximo, Driagari apareceu acompanhado por dois desses outros seres voadores que eu esqueci o nome, e pediu o apoio dos seres voadores que estavam no nosso grupo para enfrentar os demons voadores que estavam se aproximando daquele sítio. — Falou Bigur tentando se lembrar do momento.

— Triceros, darkner? Sobre o que ele está falando? — Perguntou Vetut em um sussurro para Evelet.

— Acho que devem ser nomes de seres antigos Vetut. Seres que já foram extintos. Agora fica quieta e escuta com atenção. — Pediu Evelet fascinada com o aprendizado.

— E como era a aparência do Driagari? — Perguntou Zogobor bastante empolgado.

Bigur fechou os olhos e forçou ainda mais a memória, antes de responder — Ah, ele era muito belo. Guapo como só um dragon poderia ser. Possuia escamas brilhantes de cor branca com listras negras... E asas que eram tão belas que qualquer ser poderia ficar mirando por dias se ele não se quitarse. —

— Quitarse? Ele fala palavras tão engraçadas. — Comentou Vetut em um sussurro novamente.

— Sim, palavras antigas eu creio... — Murmurou Evelet mais para si mesma do que para a sua amiga doninha.

— Bom, meus amigos viventes. Tenho que ir agora, se os pássaros desejarem me acompanhar por mais algum tempo eu posso contar sobre quando eu fui convocado para julgar o canto mais bonito de um certo bosque. — Falou Bigur ao se virar e começar a andar em direção ao sul.

Mas antes que ele pudesse se afastar, Evelet gritou — Espere! Senhor Bigur! —

O velho ent parou e ao se virar e encarar a jovem humana, perguntou — O que houve minha bela jovem? —

Evelet corou um pouco com elogio do velho ser e ao retirar alguns fios de seus cabelos loiros da frente de sua roupa de seda branca, falou — Eu posso fazer apenas mais uma pergunta? —

O velho ent deu a sua risada característica mais uma vez e falou — Mas é claro que sim, minha grande macaquinha. Até porque você não fez pergunta alguma, já que os que fizeram eram seus amigos e não você. —

Evelet ficou bastante feliz com a gentileza do velho ser, e de maneira rápida e direta perguntou — Os entes também morrem? —

Os lábios grossos do velho ent se contorceram em um sorriso fraco e cansado e após se balançar mais um pouco e derrubar algumas folhas no chão, ele respondeu — Apenas os golens e os titãs não perecem ao tempo pelo o que eu sei. Um dia, eu vou fechar os meus olhos novamente.... E em alguns desses futuros sonos eu nunca mais irei acordar.... —

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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