Hart escrita por Ste


Capítulo 6
Dia 23




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A ideia era realmente simples. O dono da casa tinha um perfume que, segundo ele, poderia trazer sentimentos "nostálgicos" ao garoto e, quem sabe, algumas memórias juntamente.

— Está esperando que eu lembre de quê, exatamente? — Aart murmurou quando o outro apareceu com o perfume e um lenço vermelho.

— Não sei, — coçou a cabeça. — qualquer coisa. — sentou-se na frente do outro. — eu li que bloquear um sentido pode potencializar outro. — explicou quando Aart olhou interrogativo para o tecido. — Com licença. — falou baixo enquanto inclinava-se para tapar os olhos do jovem.

O cheiro não era exatamente forte, mas também não era de todo leve. Algo como madeira, Aart suspeitou. Cheiro de terra, aconchego, abraço, café e suspiro. A mão direita do garoto segurou a do homem a sua frente e o impediu de continuar. O laço nem fora atado. O perfume impregnado no pulso direito do outro rodopiou na cabeça de Aart.

— Espere. — o jovem sussurrou. Virou a cabeça para o lado e fungou mais intensivamente. Aquele cheiro fez suas bochechas corarem e seus pelos se arrepiaram. Aart fechou as duas mãos no braço do dono da casa, escorregou as narinas pela extensão daquele membro e parou no ombro, cravou o rosto no local e seu coração bateu tão forte que o jovem não conseguia ouvir mais nada exceto pelos batimentos acelerados; sua boca salivou quando seus lábios arranharam o tecido da roupa e aquele cheiro parecia preencher todo o seu ser, toda a sua cabeça, todas as suas veias e todo o seu calor. Era, definitivamente, inebriante. Não era mais dono de sua mente, tampoco dos seus atos. Com os olhos ainda fechados, moveu a cabeça para o pescoço do homem e encostou os lábios e o nariz lá. Nostálgico. Mais que nostálgico. Consumia-o. Mordia os lábios pelas sensações trazidas e pela boca do estômago retorcida e dada às borboletas. Aart levou as duas mãos para o maxilar do outro e elevou o rosto até o dele, o ar que estava saindo de seus lábios entreabertos era quente e batia no rosto do garoto como um silencioso reconhecimento. Não era uma posição desconhecida. Porém, foi só quando os lábios ansiosos se roçaram levemente que um suspiro aberto saiu da garganta de Aart: — Sjors. — gemeu abrindo os olhos. — Sjors. — agora encarou aquele que enfim fora nomeado. A mente de Aart trabalhava constantemente a procura de um significado para aquele nome, qualquer que fosse, serviria, serviria tanto. Buscou ávido por todo o rosto do outro. Entretanto, nada. Só o gosto de saudade na ponta da língua. — Não somos só amigos... somos? — ele desejou ardentemente por uma resposta.

Sjors abaixou os olhos e se afastou.

— Desculpe, Aart. — pigarreou. — Acho melhor te deixar em casa.


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