Accomplished Woman escrita por AliceFelton


Capítulo 2
Capítulo 2




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Austen era um ótimo vilarejo. Até mesmo eu admitia isso. Tínhamos um dos melhores climas da Inglaterra, com mais sol do que Londres. Nossos campos eram vastos, as plantações fartas. E ainda haviam as mansões nas redondezas, que traziam um frescor ao ambiente com suas constantes trocas de moradores.

O grande problema eram as pessoas. De mentes menores que a própria vila, os habitantes de Austen faziam questão de segregar qualquer um que não seguisse o estilo de vida que os convinha. Ao andar pela rua, eu sentia os olhos me observando e me julgando, como se cantassem em conjunto celebrando minha diferença.

Mesmo assim, andar na rua naquele dia específico era melhor do que ficar em casa, ouvindo minha mãe e Petúnia tramando planos para conseguirem a atenção dos recém-chegados. Se as duas botassem em prática metade das ideias mencionadas, eu tinha certeza que logo o Sr. Potter venderia a mansão e fugiria para longe.

Depois de tantos anos vivendo em Austen, eu já havia aprendido alguns truques para evitar o contato direto com as pessoas. Quando eu tinha quinze anos, eu descobri que as pessoas evitavam pessoas que lessem. Evitavam mulheres que lessem. Desde então era muito mais simples andar pela rua com o nariz enfiado em alguma história, me garantia sossego. O único problema, porém, era quando eu esbarrava com alguém. Ou quando alguém esbarrava comigo.

Meu livro foi parar longe depois do impacto. Levantei os olhos e vi um sorriso presunçoso conhecido.

— Lucius, nós não temos mais nove anos. - bufei

Lucius Malfoy e eu nos conhecíamos desde crianças. Havíamos sido amigos, no passado, mas a adolescência havia transformado Lucius em um jovem bruto, mal-educado e imaturo.

Ele havia sido o primeiro a pedir minha mão em casamento, porém. Filho do ferreiro, Lucius era um dos jovens mais cobiçados de Austen. Sua beleza e força pareciam cegar certas moças em relação aos seus defeitos.

— Você deveria olhar para onde anda. - ele desdenhou, e voltou para a ferraria, de onde ele havia saído apenas para me atazanar.

Respirei fundo e me virei na direção em que meu livro foi lançado, mas me deparei com alguém o estendendo para mim.

— Eu acredito que isso seja seu. - ouvi uma voz aveludada dizer.

Levantei meus olhos do meu livro para a pessoa que o segurava e vi um jovem, não muito mais velho do que eu. Ele tinha cabelos escuros, que pareciam relutar para sairem do penteado. Seus olhos, castanhos como uma avelã, me observavam com curiosidade.

— Obrigada. - murmurei

Ele assentiu.

— Ele é sempre assim? - ele sorriu, apontando com a cabeça para a ferraria.

— Ficou pior depois que eu recusei seu pedido de casamento. - ri - Vocês, homens, são muito talentosos no que se trata de lidar com rejeições.

Ele riu e deu de ombros.

— Jane Eyre? - ele comentou, lendo a capa do meu livro.

— Um dos meus livros favoritos. - murmurei - É ótimo que as mulheres estejam finalmente publicando livros.

Ele deu uma risadinha.

— Você não acha que mulheres deveriam estar escrevendo? - perguntei

— Eu acho que qualquer pessoa com talento deveria estar escrevendo. - ele disse, com sinceridade. - Infelizmente, Charlotte Brontë não possui nenhum.

Ri.

— Ela é incrível! - protestei - A tragicidade profunda dos personagens?

Ele negou com a cabeça.

— É muito superestimada.

— E quem teria talento, na sua humilde opinião? - perguntei, cruzando os braços.

— Eu terminei As Viagens de Gulliver, há alguns dias. - ele disse - Jonathan Swift conseguiu capturar as particularidades do espírito aventureiro.

— Então você é um aventureiro? - perguntei

— Não somos todos? - ele sorriu

Nos encaramos por alguns segundos, em silêncio.

— Eu tenho que ir. - eu disse, rapidamente.

Ele assentiu com a cabeça e eu me afastei.

— Você deveria ler As Viagens de Gulliver! - ele gritou

— Você deveria reler Jane Eyre! - respondi

Ele riu e revirou os olhos, e eu me peguei rindo também.

 

 

Eu estava sentada no balanço do quintal enquanto Remus dava comida e cuidava das galinhas. O sol brilhava, mas um vento frio indicava a aproximação de nuvens de chuva.

Me lembrei do meu encontro com o rapaz da feira. Nunca nada assim havia acontecido comigo, provavelmente nós dois éramos os únicos leitores ávidos em um raio de quilômetros.

— Eu conheci alguém hoje. - eu disse

Remus parou abruptamente e me encarou. O sol batia nos seus cabelos castanho claros e no sorriso travesso que ele agora me lançava.

— Você conheceu alguém? - ele perguntou – Alguém sendo um homem que não te faz revirar os olhos ininterruptamente? 

Ri. 

— Ele me fez revirar os olhos. - protestei - Mas ele era diferente. 

— Diferente como? - Remus quis saber

— Nós conversamos sobre livros. - eu disse - Ele tem um péssimo gosto, inclusive. As Viagens de Gulliver! Imagine só! 

Remus deu uma risada. 

— E qual é o nome dele? - ele perguntou

Dei de ombros. 

— Eu não perguntei. - murmurei

— Você conheceu sua alma gêmea e não se lembrou de perguntar o nome dele? - exclamou Remus

Joguei um punhado de terra em sua direção, rindo. Remus desviou rapidamente. 

— Por que você acha que nunca o viu antes? - perguntou ele

Dei de ombros. 

— Ele deve ter vindo com o cortejo do importante Sr. Potter. - sugeri - Ele deve ter trazido milhares de empregados familiarizados com suas tarefas imbecis, como afofar os travesseiros. 

Remus riu. 

— Você deve ter conhecido o afofador de travesseiros oficial de Potter. - ele disse

— Um homem honrado. - sorri

Nós dois caímos na gargalhada. 

— Não fale nada com mamãe. Ou Petúnia e Rose. - pedi - Você as conhece tão bem quanto eu. Se elas ficarem sabendo, mamãe vai começar a preparar o casamento. Eu nem sei se vou vê-lo novamente. 

Remus assentiu. 

— Eu não vou dizer nada. - ele me assegurou. 

Sorri e me levantei. 

— A janta não vai se preparar sozinha, não é mesmo? - eu disse

— Eu não acredito que finalmente alguém fisgou o coração frio de Lily Evans! - Remus murmurou

— Não exagere. - eu revirei os olhos, e me dirigi para nossa casa.

— Muito apaixonada! - ele gritou - Atingida pela flecha do cupido!

Entrei na cozinha e minha mãe me olhou, de esguelha.

— Quem foi atingida pela flecha do cupido? - ela perguntou

— Alice. - respondi rapidamente - Ela e Frank querem marcar o casamento.

Alice Fortescue havia sido uma de minhas amigas de infância. Ela conhecera Frank Longbottom há algumas primaveras, e os dois haviam se apaixonado instantaneamente.

Minha mãe bufou.

— Já não era sem tempo. - ela disse - Os dois estão juntos há anos! Não me admiraria se o Sr. Fortescue os obrigasse a casarem ainda neste verão.

Assenti. Eu havia aprendido há muito tempo que, ao conversar com minha mãe, concordar era sempre a melhor opção.

Petúnia entrou na cozinha, e se jogou na cadeira dramaticamente.

— Túnia, aquele jovem, Valter Dursley, esteve aqui de novo. - disse minha mãe - Ele me pareceu bem determinado a falar com você, apesar de estar sendo ignorado.

Minha irmã bufou.

— Ele é fofo. - ela disse - Mas nada que se compare a James Potter ou Sirius Black.

Ri.

— Você conheceu o Sr. Potter e o Sr. Black, então? - perguntei

— Não. - ela disse, irritada. - Mas eu não preciso. Eles moram na Mansão Darcy.

Revirei os olhos.

— O amor verdadeiro sempre vence. - murmurei, mas Petúnia escutou mesmo assim.

— Você pode continuar acreditando no amor verdadeiro dos seus livros, Lily. - ela disse - Mas vai ser por isso que você nunca vai se casar e eu vou me mudar para Darcy em menos de um ano.

Ela se levantou e saiu. Minha mãe me encarou.

— Talvez você possa conhecer Valter? - ela sugeriu.

Bufei e saí da cozinha.


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Notas finais do capítulo

Ai gente, nesse comecinho da fanfic me ajudaria muito se vcs comentassem o que estão gostando, o que acham que precisa melhorar! Obrigada!!! Espero que continuem acompanhando!



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