Accomplished Woman escrita por AliceFelton


Capítulo 15
Capítulo 15




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Fui diretamente para o meu quarto, que felizmente estava vazio. Afinal, Petúnia e Rose estavam ocupadas. Eu mal conseguia enxergar o que estava na minha frente, por causa das lágrimas que insistiam em cair. Sentei na minha cama e tentei respirar fundo.

Eu não conseguia entender o que meus olhos tinham acabado de ver. Eu achava que todos os comentários de Petúnia sobre James estar perdidamente apaixonado por ela eram apenas ilusões, mas eu estava errada. Eu não conseguia acreditar na mente do crime de James, que foi capaz de enganar nós duas. Ele havia me perguntado, mais cedo em Darcy, se eu estaria em casa naquele dia e eu achei que fosse para me ver. No entanto, mais uma vez, eu estava errada.

Respirei fundo até conseguir me acalmar e tive uma ideia.

Engatinhei para debaixo da minha cama e peguei o único item que eu deixava lá, a minha mala de viagem. Eu a havia comprado em uma feira, em Austen, pouco antes da chegada de James à cidade. Eu estava esperando a resposta da minha tia, sobre Londres.

Coloquei a mala em cima da cama e fui até a minha cômoda, tirando a maioria das minhas roupas das gavetas. Rapidamente, as coloquei para dentro, assim como meus sapatos e itens da escrivaninha.

Ouvi uma batida fraca na porta e Remus entrou. Não me incomodei em parar com o que eu estava fazendo para falar com ele.

— O que James veio fazer… - ele começou

Seu olhar caiu sobre a minha mala e meu rosto, inchado.

— O que você está fazendo? - ele perguntou

— Eu vou para Londres. - murmurei - No primeiro trem amanhã.

— O que?! - ele exclamou

— Não venha me julgar agora, Remus. - bufei

— Eu não estou te julgando! - ele protestei - Eu só não entendo porque você está fazendo isso.

Respirei.

— Você sabe que Londres sempre foi o meu sonho. - eu disse

— Eu pensei que algo houvesse mudado. - ele disse

Neguei com a cabeça.

— Não. - murmurei

— Onde você vai morar? - ele perguntou - Tia Minerva disse que estava ocupada…

Suspirei e o entreguei a carta de minha tia, que eu havia deixado em cima da cama. Ele leu o seu conteúdo e arregalou os olhos, incrédulo.

Cara Lily, é claro que você pode vir…— ele começou - Você poderia ter ido esse tempo todo?

Eu não consegui responder.

— Lily… - ele começou

— Remus, não. - interrompi

— O que aconteceu? - ele perguntou

— Pela primeira vez na vida, Remus, pare de fazer tantas perguntas! - eu explodi - Londres é o meu sonho! Eu vou para Londres, é isso!

— Então por que parece que você está fugindo de alguma coisa? - ele perguntou

Sentei na minha cama e comecei a chorar novamente. Ele fez menção de se sentar ao meu lado, mas eu neguei com a cabeço.

— Por favor, só vá embora. - suspirei

Visivelmente chateado, Remus assentiu e se foi.

 

 

Depois do jantar, pedi para conversar com meus pais, em particular. Nós fomos até o escritório de papai e eu lhes disse sobre os meus planos para o dia seguinte. Eu não estava pedindo permissão, propriamente dita. Eu queria, que pela primeira vez na vida, eles levasse em consideração o que eu desejava, não o que eles pensavam ser o melhor para mim. Por mais que eu fosse extremamente grata por tudo que eles haviam feito por mim, eu já tinha 20 anos.

— Eu não entendo… - meu pai repetia sem parar

Embora eu desejasse, mais do que tudo, que eles compreendessem minha viagem, mesmo sem saberem os motivos para que ela fosse decidida tão subitamente, eu sabia que iria para Londres, de qualquer forma.

Se eles dissessem que não, eu fugiria.

Não havia nenhuma possibilidade de ficar em Austen, com James perambulando pelas ruas com seus olhos doces e seu cabelo macio. Sua inteligência e seu sarcasmo.

Minha mãe, estranhamente, ficou quieta.

Ela sempre era a primeira a me dizer que eu estava errada, na maioria dos contextos. Ela dizia que sabia o que era o melhor pra mim.

— Mãe. - murmurei, com lágrimas saindo dos olhos - Por favor, diga alguma coisa.

— Eu entendo. - ela disse - Londres é o seu sonho, minha querida.

Assenti.

Ela veio até mim e me abraçou.

— Eu fiz tudo que estava em meu poder para que você tivesse uma vida feliz, até agora. - ela disse - Mas eu sei que você não é feliz aqui, em Austen. Eu também sei que você deu uma chance à vida que você poderia ter tido.

A encarei.

— Sua tia também me mandou uma carta, confirmando sua ida. - ela sussurrou - Você não imagina qual foi o tamanho da minha surpresa quando você disse que não iria, mas agora você precisa ir. E eu entendo.

 

 

Saí do escritório após milhares de recomendações e conselhos sobre a vida, me deparando com meus três irmãos na minha frente.

— Você vai para Londres? - perguntou Rose, segurando o choro.

Assenti.

— Amanhã de manhã.

— Já? - perguntou Petúnia - Fique mais alguns dias, faremos uma despedida para você.

— Eu não posso. - suspirei

Rose começou a chorar e eu a abracei.

— O que aconteceu? - ela perguntou

— Rosie… - sorri - Eu preciso priorizar os meus desejos. Agora, eu só quero ir pra Londres. É o meu sonho. Sempre foi.

Remus me encarava, com os olhos cheios mas os braços cruzados.

— Vocês podem me visitar sempre que quiserem. - eu disse - E eu prometo que vou trazer Tia Minerva para Austen no natal, com muitos presentes.

Petúnia riu.

— Eu vou sentir tanta falta de vocês. - eu disse

Petúnia me abraçou e, logo, todos nós estávamos nos abraçando.

É muito estranha essa história de ter irmãos. Vocês se irritam o tempo todo e, mesmo os irmãos com relações incríveis, brigam frequentemente. Quando você é criança, vocês brigam por qualquer coisa: roupas, brinquedos, atenção. Eu precisava escapar da companhia dos meus próprios toda hora, mas ali estava eu, chorando com a perspectiva de não vê-los por alguns meses.

Subimos para o quarto e fizemos algo que não fazíamos desde que éramos bem pequenos. Nós juntamos as camas do quarto das meninas e dormimos todos juntos. Quando fazíamos isso, sempre sobrava espaço na cama. Dessa vez, porém, ficamos espremidos e foi uma das melhores noites da minha vida.

 

 

Quando finalmente fiquei pronta, fui para a sala de estar, onde minha família me aguardava. Me despedi de cada um, já que não fazia sentido todos me levarem para a estação de trem, meu pai e Remus me acompanhariam.

Abracei Rose e pedi para que ela cuidasse de Remus. Pedi para Petúnia ajudar mamãe na cozinha com mais frequência. Pedi a mamãe que me escrevesse cartas semanalmente, me contando as novidades da nossa casa e de Austen.

— Eu estou pronta. - eu disse a meu pai

Me dirigi para a porta mas uma mão segurou meu braço.

— Lils… - disse Remus - Eu acho que prefiro ficar em casa.

O encarei, incrédula.

— Eu preciso dar de comer para as galinhas e os cavalos. - ele disse - Preciso ajudar mamãe com o almoço, também.

Senti vontade de cair no choro com mais uma rejeição. Remus poderia cuidar dos animais assim que voltasse, mas eu sabia que ele ainda estava bravo comigo por causa da briga do dia anterior. Eu quis gritar com ele, dizer que só nos veríamos dali a meses, mas assenti e o abracei.

— Eu vou sentir tanto a sua falta. - sussurrei - Tanto, tanto, tanto.

Ele assentiu e me abraçou com mai força.

— Eu te amo. - ele disse

— Eu te amo também. - sorri

Ele me soltou e limpou as lágrimas de sua bochecha. Meu pai segurou minha mão e pegou minha mala, para colocá-la na carruagem. Dei um último aceno e saí de casa, sentindo o maior aperto que já havia sentido no meu coração.

Na estação, o trem estava praticamente vazio, marcado para partir às onze horas em ponto. Nenhum trem nunca se atrasava na Inglaterra. Era preciso uma grande catástrofe para fazer com que isso acontecesse.

— Você quer que eu espere com você? - perguntou meu pai - São nove e meia.

Neguei.

— Acho que eu preciso ficar um pouco sozinha. - eu disse

— Você está com o endereço de Minerva anotado? - ele perguntou

Assenti.

— Está com todos os documentos?

Assenti mais uma vez.

— Está com um livro para ler na viagem?

Ri.

— Eu estou com tudo, papai. - o confortei

Ele sorriu e me abraçou.

— Aproveite tudo que Londres tem para te oferecer, mas saiba que você sempre pode voltar para casa. - ele disse - Nós te receberemos com braços abertos e uma grande panela de cozido.

Dei uma risada.

— Eu volto em dezembro. - afirmei - Eu prometo.

Ele assentiu e me soltou do seu abraço.

— Até dezembro, minha filha. - ele disse

— Até. - murmurei

O observei saindo da estação até o momento em que nossa carruagem se tornou um pequeno pontinho na cidade.

Respirei fundo, com o peso da minha decisão finalmente recaindo sobre meus ombros. Eu estava me mudando para Londres. Sozinha. E eu também estava fugindo de James. Seria muito doloroso permanecer. É preciso saber a hora de se retirar do que está te fazendo mal, por mais que isso possa parecer ainda pior.

O trem estava parado na plataforma. A locomotiva vermelha já estava se preparando para a partida. Subi no meu vagão e sentei em um dos lugares próximos da janela, imaginando o cenário urbano que veria em algumas horas. Prédios, pontes e a construção do que diziam que seria um grande relógio, bem às margens do Tâmisa.

Daquela janela, eu veria o meu futuro.


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Notas finais do capítulo

E agora, José?
Obrigada a todos que leram até esse capítulo, mas venho informar que esse (15) é o penúltimo. Já estou avisando logo para vocês conseguirem preparar o psicológico pro próximo. 
MAS, como eu sou um anjinho, também quero dizer que vamos ter um capítulo BÔNUS, que não vai ser uma continuação do último, mas que eu acho que vocês podem gostar.
Obrigada por confiarem em mim para contar histórias para vocês.

Até!!



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