O tempo passava muito devagar, cada minuto parecia uma eternidade. Me estômago se revirava com a perspectiva de partir para Londres em poucos minutos.

Eu sabia que precisava partir, mas eu havia esquecido do quanto sentiria falta da minha família. Eu havia passado todos aqueles anos me sentindo um pouco deslocada deles, apenas para perceber que eles eram a melhor coisa que eu tinha no mundo. As expressões tristes de todos eles, enquanto eu me preparava para partir, estavam estampadas na minha memória.

Eu olhei para as pessoas da plataforma, para tentar me distrair. A maioria delas se despedia de seus entes queridos. Abraços apertados e beijos apaixonados cobriam minha visão. Eles faziam com que eu me sentisse feliz, por incrível que pareça. Era bom ver todas aquelas emoções humanas em conjunto.

Vi um homem correr em direção ao trem quando o relógio marcava três minutos para a partida. Ele corria como se sua vida dependesse daquele trem, embora o próximo saísse apenas na hora seguinte. Quando o homem se aproximou o bastante para que eu o visse com clareza, vi que ele era o próprio James Potter.

Ele abriu os braços, exasperado, e pulou no meu vagão.

— O que você está fazendo? - ele perguntou, parando ofegante ao meu lado.

— Me deixe em paz, James. - eu murmurei

Ele riu.

— Nem pensar! - ele disse

— Eu vou para Londres. Esse era o plano inicial. - eu disse

— Mas você ficou, por mim. - ele disse, sugestivamente.

O encarei.

— Como você poderia saber… - suspirei - Remus?

Ele assentiu.

— Ele foi correndo para Darcy. - James disse - Ele deve achar que você está cometendo um grande erro. Eu concordo com ele.

Dei uma risada sarcástica.

— James, por favor. - eu disse - Vá embora.

— Me diga porque você está indo embora dessa forma. - ele disse - Se você realmente quiser ir, eu pulo desse trem mesmo se ele já estiver em movimento e nunca mais tento te encontrar.

Suspirei e senti lágrimas saindo dos meus olhos.

— Eu te vi com Túnia. - eu disse - Foi por isso que você me perguntou se eu iria ficar em casa, não foi? Para você se encontrar com ela.

— Petúnia me beijou. - ele explicou - Eu não a beijei.

Bufei.

— Ah, então tudo bem. - murmurei, sarcasticamente .

— Foi um mal entendido. - ele continuou - Eu não beijaria Petúnia, porque ela não é você. E você é a única pessoa que eu quero beijar pelo resto da minha vida.

O encarei, ainda sem saber o que pensar.

— Eu te perguntei se você iria ficar em casa porque eu precisava falar com seu pai. - ele disse - Eu estava pedindo a sua mão.

Abri a boca, em choque, e ele assentiu, com um sorriso fraco.

— Petúnia estava ouvindo a conversa e achou que eu estava pedindo a mão dela. - ele disse - Ela não fez por mal.

Dei uma risada fraca e ele sorriu.

Ele ajoelhou ao lado do meu banco e segurou as minhas mãos.

— Eu não queria fazer isso dessa forma. - ele começou - Eu queria que fosse mais romântico, mais calmo…

Ele mordeu o seu lábio inferior.

— Mas eu gostaria de lhe dizer o que eu sinto. - ele disse - Eu te amo. Ardentemente. Os últimos meses foram um tormento, pois eu sabia que te amava desde o primeiro dia, quando eu ainda nem sabia o seu nome, apenas o seu mal gosto literário.

Suspirei.

— Cada um dos dias da minha vida, desde que te conheci, foi dedicado a ganhar um pouco da sua afeição. - ele disse - Mesmo quando você era teimosa e grosseira.

Ri.

— Me desculpe… - murmurei

— Não tem problema. - ele sorriu

Suspirei novamente.

— Bom, então. - ele disse, nervoso - Elizabeth Evans, você aceita se casar comigo? Nada me traria mais felicidade e honra nesse mundo. Eu prometo que vou fazer de tudo para te fazer feliz até o fim de nossas vidas.

Encarei cada pedacinho do seu rosto. Seus cabelos bagunçados, seus olhos castanhos como avelãs, seus traços milimetricamente perfeitos. Sua boca.

— Sim. - eu disse

Ele me puxou para si e, em questão de segundos, sua boca estava na minha. Beijar James era melhor que um banquete de natal, sentir o sol na pele após um longo inverno, melhor do que reler o meu livro favorito.

O trem soltou um longo apito e começou a se mexer, o que fez com que eu e ele quase caíssemos. James me segurou com mais firmeza e deu uma risada.

— Acho que a nossa viagem para Londres chegou um pouco antes do planejado. - ele disse, nos sentando novamente no banco.

Ri, com seus lábios ainda nos meus.

— Não vale desistir do casamento depois que você conhecer minha mãe. - ele provocou, beijando vários pontos do meu rosto.

— Você não desistiu depois de conhecer a minha. - eu disse

— Eu não desistiria por nada. - ele disse.

Eu sorri. Ele me encarava com encanto em seus olhos.

Eu nunca havia amado alguém tanto quanto eu amava o homem sentado ao meu lado. Nenhum dia em sua companhia havia sido sem graça e entediante. James acendia em mim o mesmo sentimento que os livros acendiam. Na sua presença, eu podia estar em qualquer lugar que parecia uma grande aventura.

— No que você está pensando, querida? - ele perguntou

— Não me chame de querida. - eu ri - É como meu pai chama minha mãe quando ele fez alguma besteira.

James riu.

— Como você quer que eu te chame?

— Lily, na maior parte do tempo. - sorri - Meu amor, aos domingos.

— E Sra. Potter? - ele perguntou

— Apenas quando você estiver extremamente, incrivelmente e inacreditavelmente feliz. - eu disse

Ele assentiu, sorrindo.

— Sra. Potter - ele murmurou e deu um beijo em minha testa.

Sorri.

— Sra. Potter - ele repetiu, beijando minha bochecha.

Acariciei seu rosto.

— Sra. Potter. - ele disse mais uma vez, beijando minha boca.

Fim.