Dias de Maroto - 1ª Temporada escrita por grangerpwr


Capítulo 4
Capítulo 4 - Morangos




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~James P.O.V ON

“Ela fez o quê?” Sirius pergunta, indignado.

Estávamos de volta ao dormitório do sexto ano, todos nós quatro. Eu estava deitado em minha cama, enquanto Sirius andava e Pedro e Lupin estavam encostados nas paredes das janelas. Eles pareciam tão confusos quanto eu estava. Desde o momento em que ela saíra da sala de História da Magia, eu passei a conversa inteira em minha cabeça, lembrando-me de cada palavra que eu havia dito para achar algo que eu poderia ter feito sem perceber e a magoara.

Infelizmente, eu não achava nada, até por que, eu não havia feito nada de errado.

“Pontas, você tem certeza que não disse nada além disso?”

“Tenho” afirmo pela sétima vez.  “Eu não fiz nada de errado! Não disse nada de errado! É como se a cada tentativa que eu fizesse para ficar amigo dela me afastasse de Lily ainda mais! Tô ficando de saco cheio disso!”

Tiro meu pomo de ouro de meu bolso e deixo-o voar pelo quarto. Sempre que ele passava perto de mim, eu o capturava e o soltava de novo. Sirius veio em minha direção e se apoiou na ponta de minha cama.

“Cara, eu não faço ideia do que ela está fazendo.”

Remo ainda pensava no que eu tinha acabado de contar e Pedro tinha se perdido no começo da história Todos me olhavam. Isso era mais doloroso para mim do que eu aparentava. Eu era apaixonado por Lily, desde o quinto ano. Eu adorava sua voz doce e firme, seus cabelos ruivos sedosos e brilhantes, que se enrolavam nas pontas. Eu simplesmente a amava, de verdade, mas ela sequer falava comigo. Por isso, eu convencera todos ao meu redor que eu tinha seguido em frente, tentando me convencer disso também. Mas nos últimos meses isso estava ficando cada vez mais complicado. Eu não conseguia controlar minha vontade de falar com ela e ficar perto dela, e toda vez que ela dava uma de indiferente comigo, ou dizia que não sem importava, que eu era apenas mais um garoto ali em Hogwarts, era como se alguém me desse um soco no estômago. Um atrás do outro, desde os 14 anos.

 

~James P.O.V OFF

~ Sirius P.O.V ON

 

Era tenso ver James naquela situação. Eu realmente sentia pena dele. Ele gostava demais de Lily e era óbvio. Ele até tinha tentado nos convencer que ela já era passado e que tinha muito peixe no mar, mas toda vez que alguém mencionava o nome dela, ele se animava igual a um filhote de cachorro. Eu nem me atrevia a zoá-lo muito porque se eu falasse algo sobre ela, a coisa ficava feia.

Ele ainda estava deitado na cama brincado com o pomo. Afrouxo minha gravata e pego a jaqueta da equipe de Quadribol da Grifinória. Pego também duas varinhas de alcaçuz em minha gaveta e vou em direção as escadas.

“Onde você vai, Almofadinhas?” ouço todos perguntarem.

“Encontrar Marlene” grito já no meio da escadaria.

Ela estava me esperando perto da lareira, como ela sempre fazia. Meu lance com Marlene era complicado. A gente saía junto desde o quarto ano, quando teve o baile, mas eu não achei que fosse dar em alguma coisa. E não deu, ou quase. Éramos amigos, ponto. Nada a mais que isso, e, novamente, ou quase. Era divertido. Eu e ela sempre nos demos muito bem, mas, depois do quarto ano, as coisas começaram a ficarem mais interessantes.

Nosso lance sempre foi sem compromisso, até porque eu não podia me prender, e muito menos ela. Nós só nos divertíamos juntos, mas eu não podia negar que eu curtia muito passar meu tempo com ela. Saíamos e bebíamos whisky de fogo e só deus sabe o que acontecia depois que já estávamos bêbados. Já tínhamos nos metidos em diversas detenções por causa disso. E era de se esperar que isso acontecesse.

Marlene era simplesmente uma das mais gatas de Hogwarts. Lily também se enquadrava nessa “categoria”. Ela sabia o que fazer para me deixar aos seus pés. Saíamos para conversar com bastante frequência até, quando nossos horários batiam.

Chego por trás dela e a dou um susto, ou pelo menos eu tento. Ela apenas me dá um olhar irritado e saímos juntos do Salão Comunal. Ela estava alegre hoje. Tínhamos trocado bilhetes durante História da Magia tirando sarro de James por mandar as flores. Ela sabia que tinha sido ele que mandara. Na verdade, acho que todos sabiam. Era bem a cara dele fazer aquilo. E as poesias, é claro.

Marlene me fazia rir com facilidade. Ela era natural, diferente da maioria das meninas em Hogwarts, e eu com certeza entendia das meninas de lá. Eu já tinha saído com praticamente todas, e seus namorados me odiavam. Marlene era igual. Não conseguia ficar presa à ninguém, a não ser à mim, como ela odiava admitir. Coloco meu braço direito sobre seus ombros e puxo para mais perto enquanto caminhamos.

“Rosas brancas” digo rindo – ele se superou dessa vez.

“É... Não imaginava que ele fosse fazer isso. Quer dizer, ela levou ele até o hospital, mas achei que ele não daria muito valor a isso.”

“HOSPITAL?” Eu estava perplexo.

“Sim. Ele não te contou?” Faço que não com a cabeça. “Ele caiu da escada no Salão Comunal e quebrou o pé, ou o tornozelo, sei lá. Aí Lily o levou até Madame Pomfrey para ela curar ele.”

“Ah” digo. Como James poderia não me falar algo assim?

“Bom, eu achei muito romântico ele mandar rosas para ela. Sempre sonhei em receber rosas de alguém...” Ela falava em um tom sugestivo, sorrindo para mim.

“Vai esperando” digo, sarcástico. “O máximo que vai receber de mim é uma garrafa de whisky de fogo e uma noite inesquecível.”

“Eu sei, Almofadinhas” e nós dois rimos.

“Mas, continuando, você acha que ela gostou do presente? Quero dizer, ela é sua melhor amiga e tal. Ela disse alguma coisa depois disso?” Pergunto.

“Não. Ela estava bem quieta depois da aula. Não quis conversar muito sobre o que tinha acontecido. Ela me parecia confusa.”

“Então ela não te contou o que aconteceu depois que saímos?”

“Como assim?” Agora ela que não sabia dos detalhes.

“Depois que a gente saiu, e o resto do pessoal também, James foram falar com ela” conto enquanto saímos do castelo, indo até os campos de morangos.

Conto toda a história a ela, do jeito que James tinha contado para mim, e pergunto o se ela entendia por que Lily tinha agido daquele jeito. Ela me ouve e fica quieta depois que termino. Continuamos andando por um tempo, sem dizer uma palavra. Umas garotas acenam para mim de longe, e outras dão risadinhas. Retribuo-as com sorrisos e piscadelas. Elas adoravam isso.

“Eu não sei” diz ela por fim.

“Eu também não. Pontas está todo tristinho no quarto, brincando com aquele pomo de ouro dele. Não sei nem se ele vai ir jantar hoje.”

“Nossa...” Ela diz. Marlene deveria saber de algo que eu não sabia. Eu sentia isso.

“Você sabe de mais alguma coisa?”

“Lily continua afirmando que odeia ele, mas eu tenho certeza que ela só diz isso para tentar convencer a si mesma. É difícil ler as expressões dela quando ela fala de James. É tudo muito confuso. Acho que é assim que ela se sente.”

Concordo com ela. Era difícil analisar os dois. Era tudo cheio de altos e baixos, brigas e raiva e amor – pelo menos por parte de Potter. Sento-me na grama e Marlene me acompanha. Pegamos alguns morangos nos morangueiros e logo depois ela de deita, apoiando sua cabeça em meu colo.

“Quando você vai queres começar a fazer o trabalho do Slug?”

“A gente tá aqui, sentado, aproveitando o resto de dia que ainda tem e você vem me falar do trabalho de Poções? Quem é você, Marlene?” Ela ri.

“É que eu quero acertar na Polissuco. Imagina o que a gente não pode fazer se tiver um frasco perfeito daquilo em mãos! Tantas possibilidades. Imagina ver como é o Salão Comunal da Sonserina ou da Corvinal, ou como deve ser legal sair de Hogwarts e ir tomar whisky de fogo no Três Vassouras.”

Eu apenas a olho.

“Você sabe que eu já fiz isso milhares de vezes, não é?” Pergunto. Ela me olha com desdém.

“Não é porque você fez que eu não vá querer fazer. Aliás, você nunca me leva nas suas escapadas. Eu tenho que ficar presa aqui no castelo.”

“Até parece que a gente não se diverte...” Digo maliciosamente.

“É” ela confirma, também maliciosa. “A questão é, Sirius” ela coloca ênfase em meu nome “eu adoraria sair com você para Hogsmeade uma noite dessas...”

“A gente pode se divertir antes do jantar” sugiro. “Aqui mesmo no castelo.”

“Ah é?” Desafia ela.

“E tem dúvida?” Pergunto.

Nos levantamos e saímos correndo de volta para o castelo, de mãos dadas. Esse era uma das qualidades de Marlene que eu mais gostava: ela sempre topava fazer as loucuras que eu sugeria. Subimos as escadas para o sétimo andar e entramos no Salão Comunal. Ela pede cinco minutos para se arrumar e eu aproveito para tocar os meninos do dormitório.

“Ei” digo eu, ofegando. “Saiam... Do… Quarto… Por… Favor…” Vejo-os me olhando, curiosos . Apenas digo uma palavra “Marlene...”

Eles se levantam das camas e saem, reclamando. James me dá um tapa nas costas e sorri. Sorrio de volta enquanto tento recuperar o fôlego, sabendo que eu com certeza o perderia novamente.

 

~ Sirius P.O.V OFF

~Lily P.O.V ON

 

“Detenção para os dois” digo. “E não quero ouvir mais uma palavra sobre isso, OK? Agora, vão para os seus Salões Comunais. Vocês receberão um bilhete dizendo o dia e a hora das detenções.”

Os dois garotos segundanistas saem e eu fico sozinha ali no corredor do quarto andar. Passo os dedos por meus cabelos e os prendo num coque alto. Volto para o dormitório, devagar. Eu tinha muito no que pensar. Tudo o que acontecera naquela tarde e mais tudo o que me deixava confusa. Passo pelo retrato da Mulher Gorda e subo as escadas. Chegando lá, tiro meu sapatos e me jogo na cama. As meninas tinham saído. Olho para a roseira em meu criado mudo. Eu tinha que admitir que ela era realmente linda.

James tinha agido diferente hoje, como se fosse outra pessoa. Não fora o James ‘sei que sou perfeito e todos me amam’ que eu odiava, e por um momento, e um momento apenas, minha raiva por ele tinha passado. Naquele instante que ele agradecera, eu me esquecera de tudo o que ele já havia feito que eu não suportava. Mas no segundo seguinte, eu me lembrara. É claro que eu me lembrara. Eram tantos momento de antipatia que ficava difícil ignorar. Além do fato de ele me chamar de Lily toda a hora.

Certo, Lily é meu nome, OK. Porém, o jeito e a facilidade como ele dizia, como se tivesse a posse do meu nome me deixavam muito incomodada. Ele dizia com clareza e suavidade, como se ele treinasse em frente ao espelho várias vezes ao dia, enquanto desarrumava os cabelos pretos.

O pior de tudo era que Marlene, Alice e Dorcas viviam me falando de como ele era perfeito e bonito e sei lá mais o que. De como eu devia dar uma chance a ele. Uma chance do quê? De ele ter a oportunidade de me levar ao Três Vassouras, dizer algumas palavras bonitas para me ganhar e passearmos pelos campos de Hogwarts como ele fazia com todas as outras garotas? Nem pensar que eu cairia nessa.

Se bem que Alice tinha razão. Ele estava se controlando e sendo gentil e cavalheiro comigo nos últimos tempos, apesar de continuar a mexer nos cabelos frequentemente.

Me viro na cama e olho para o teto. O coque se desfaz em meus cabelos, mas não dou atenção. Tamborilo os dedos na cama e escuto os alunos começarem a ir para o jantar. Continuo deitada e repasso toda a conversa da aula do Binns em minha cabeça e lembro-me do olhar que James me dera. Talvez eu tenha sido dura demais com ele, e a meninas estivessem com a razão. Ou, talvez, eu estivesse me deixando levar pela opinião delas que em algum momento, seja agora ou no passado, morrera de amores por ele.

Ouço alguém entrar no dormitório e sento-me na cama. Marlene entra e caminha até sua cama, procurando sua escova de cabelos.

“O que aconteceu?” Pergunto, já imaginando a resposta dela. Ela dá um sorriso malicioso.

“Sirius...” Conta, enquanto penteia os fios morenos. Levanto-me e arrumo minha saia. “Jantar?” Pergunta.

“É claro” digo, sem emoção.

 

~Lily P.O.V OFF


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Notas finais do capítulo

Até sexta que vem!
Estou sempre no twitter: @grangerpwr



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