— Bom dia, gostosa. – Sussurrou Cláudio quando Gabriela finalmente acordou. A garota ainda estava sem roupas, deitada nos ombros dele.

— Bom dia. – respondeu Gabriela esfregando os olhos. – Já é de manhã? – Cláudio fez que sim com a cabeça, fazendo-a saltar da cama.

— O que foi? – o rapaz perguntou assustado. – Fiz algo errado?

— Não é isso... – respondeu procurando as próprias roupas. – Minha mãe vai me matar! Ela deve ter me esperado a noite toda e... Meu Deus, hoje é segunda feira! – ela pegou o celular e constatou que não daria mais tempo de ir ao colégio. – Droga! Por que não me acordou?

— Não quis te incomodar, você estava tão serena dormindo... – respondeu puxando-a para cama de novo. – Fica mais um pouco comigo?

— Cláudio, eu preciso ir para casa. – disse tentando se livrar dos beijos do rapaz. – Por favor, me larga!

— Ok, acho que não gostou da noite. – murmurou deixando-a se levantar.

— Não é isso. – Gabriela suspirou e sentou-se ao lado dele. – Eu adorei, mas é que não estou bem com minha mãe e não quero dar mais um motivo para ela me odiar.

— Ei. – ele pegou no queixo dela. – Qualquer coisa eu converso com ela. Ana sempre gostou de mim, vai adorar me reencontrar.

— Hoje não. – Gabriela sorriu e o beijou. – Realmente preciso ir.

— Posso pelo menos te deixar em casa?

— Claro. – ela sorriu e ele a puxou, deitando-a novamente na cama.

Depois de muitos beijos e caricias, Cláudio e Gabriela finalmente se ajeitaram, tomaram café da manhã e saíram. Checando as mensagens do celular, Gabriela se assustou com a quantidade de mensagens e ligações perdidas. Por incrível que pareça, a maioria das notificações e recados desaforados não pertencia a Ana e sim a Edgar.

— O que foi? – perguntou Cláudio notando a careta que ela fez ao ler as mensagens do amigo. – Está tudo bem? Sua mãe disse algo ruim?

— Não. – respondeu suspirando. – É o Edgar. Acredita que me ligou mais de quarenta vezes? – Cláudio arregalou os olhos.

— Uau, isso é realmente muita coisa... Será que ele gosta de você?

— Claro que ele gosta, eu sou a melhor amiga dele. – ela revirou os olhos.

— Não falei nesse sentido... – Cláudio parou de caminhar e pegou a mão dela. – Será que ele não está com ciúmes pois queria estar no meu lugar?

— Eu não sei... – ela fez uma careta e voltou a caminhar. – O Edgar é estranho, sabe? Já pensei nisso e perguntei a ele sobre, mas ele negou.

— Claro, ninguém iria assumir desse jeito!

— Olha, pode ter certeza que o Edgar não sente nada além de amizade em relação a mim. Eu o conheço, é impossível não notar quando ele fica apaixonado. Sei que ele sente ciúmes de mim, mas é devido a nossa amizade e não a um possível caso amoroso.

— Se você diz... – ele murmurou ainda sem acreditar nas palavras dela.

— Quando você conhece-lo, vai ver. Mas... Eu não entendi uma coisa.

— O quê?

— Como ele soube que dormi em sua casa? – ela fez uma pequena pausa e parou um pouco para pensar.  – Droga! Mas é claro! Como não pensei nisso?

— Em quê, exatamente?

— Ontem você me disse que estava tendo a sensação de que estávamos sendo observados, não foi? – ele afirmou com a cabeça. – Tenho certeza que o Edgar me seguiu! Antes de sairmos juntos, eu mandei uma mensagem dizendo para ele onde iriamos.

— Ok, isso é estranho. – a voz de Cláudio deixou a suavidade e ficou um pouco mais pesada. – Gabi, sei que ele é seu amigo, mas não gosto dessa situação.

— Muito menos eu! – ela cerrou os punhos. – Deixe comigo, vou resolver isso com aquele idiota.

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— Gabriela, onde você estava?! – gritou Ana quando a garota finalmente chegou. – Eu já estava a ponto de chamar a policia! Sorte que liguei para o Edgar e ele me disse que você estava bem! Você dormiu com um garoto desconhecido de novo?!

— Não precisa se preocupar. – resmungou Gabi se jogando com brutalidade no sofá. – Usamos preservativos.

— Gabriela! – ela gritou colocando as mãos na cabeça. – Você enlouqueceu?!

— Por quê? Eu só transei, não foi nada de mais.

— Nada de mais?! Você pelo menos conhecia o cara ou deu para qualquer um mais uma vez?!

— Quer saber? Estou cansada de aturar você controlando minha vida!

— Enquanto você ainda for minha filha, eu a controlarei! – disse ela juntando-se a filha no sofá. – Eu só quero seu melhor! Se você aparecer grávida...

— Mãe, eu não sou irresponsável, ok?! – perguntou fazendo Ana arquear a sobrancelha. – Pelo menos não em relação a isso.

— Com quem foi dessa vez, Gabriela?

— Relaxa, não foi com nenhum desconhecido.

— Foi com quem então?

— Irá saber quando for o momento certo.

— O que está me escondendo? Você está namorando?

— Calma! Ainda não temos nada sério, mas pode ser que role algo.

— Com quem?! Não me diga que é com aquele seu amigo novo... O tal Daniel? – Ana perguntou apavorada.

— Claro que não! – gritou. – Ficou maluca?

— Ainda bem! - disse respirando aliviada. – Você merece muito mais do que um adolescente com surtos psicóticos.

— Como você sabe que o Daniel teve surtos de raiva? – perguntou irritada. – Ele é uma pessoa maravilhosa, não é nenhum maluco.

— Eu averiguei quando você me contou que estava virando amiga dele. – Gabriela fez uma careta.

— Você investigou o passado do meu amigo? O que deu em você?

— Querida, isso não vem ao caso agora. Espero que fale comigo sobre esse possível namorado depois...

— Já disse que vou falar. – resmungou. – Mas saiba que o Daniel teve apenas uma crise e já faz muito tempo! Ele contou que foi apenas uma vez. - disse levantando-se do sofá e indo até o banheiro.

— Tanto faz. – disse Ana seguindo a garota. – João ligou procurando por você. Ele falou que vem aqui pela noite, provavelmente vai lhe buscar para conhecer a Lúcia.

— Grande coisa. – falou Gabriela trancando a porta e indo tomar banho.