Domingo havia chegado com tudo, principalmente com o sol que há muito tempo não aparecia. Apesar de já ter passado bastante tempo, Ana e Gabriela ainda estavam brigadas e evitando uma à outra, o que fez Gabriela desistir de mandar o endereço para Cláudio, achando melhor encontra-lo em outro lugar bem distante de sua mãe.

— Como irei reconhecer ele? – perguntou a si mesma enquanto sentava em uma mesa da lanchonete onde aconteceria o encontro.

— Reconhecer quem? – a garota olhou para o lado e viu um rapaz de olhos azuis e cabelos bem cacheados. - Nem acredito que é você!

— Está atrasado. – respondeu carrancuda.

— Senti tanto sua falta!

— Eu também! – falou deixando o mau humor de lado e abraçando-o. – Você está igualzinho! Um pouco mais bonitinho, mas com a mesma cara! – Cláudio riu.

— E você está mais do que linda! – Gabriela corou. – Gostei do seu novo visual, esse ruivo te deixou ainda mais radiante.

— Obrigada... – respondeu tímida enquanto pegava o cardápio. – Bom... O que vamos comer?

— Acho que deveríamos pedir uma torta de morango para relembrar a velha infância. – respondeu sorrindo, deixando-a ainda mais envergonhada.

— Como eu poderia esquecer? A gente explorava a sua empregada para que ela fizesse torta de morango todos os fins de semana.

— Acho que ela cuspia no bolo!

— Então o cuspe dela era bem gostoso! – Falou fazendo-o gargalhar. – Eu fiquei bem triste quando mudei de escola. Não tinha amigo nenhum, ficava me lembrando de você o tempo todo.

— Deixou de lembrar? – perguntou pegando na mão da antiga amiga.

— Claro que não... – mentiu. – Na verdade, eu deixei sim.

— Você não mudou nada... – ele riu novamente. – E seus novos amigos?

— Conheci o Edgar depois de algumas semanas... Desde então viramos melhores amigos. – falou. – Até minha mãe ficou amiga dos pais dele.

— Ele parece ser legal.

— Ele é. – ela sorriu. – No inicio desse ano conhecemos o Daniel, outro amigo muito legal. Faz pouco tempo, mas você precisa ver... Ele é incrível!

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— Ali estão eles, rindo como se estivessem planejando uma cerimonia de casamento. – falou Edgar irritado. Ele tinha convencido Daniel a ajuda-lo a espiar o encontro da melhor amiga. - Percebeu que ele não tira os olhos dela?

— Deve ser porque eles estão em um encontro. – disse Daniel mal humorado. – Tem certeza que isso é necessário? Por que não deixamos a Gabriela em paz?

— Cala a boca! - resmungou espiando mais uma vez pelo binoculo. – Temos de proteger a Gabriela desse brutamonte! Por que eles estão rindo tanto? – Edgar rosnou.

— Oh meu Deus! – gritou Daniel tomando o binoculo da mão do amigo.

— O que foi?! – perguntou Edgar assustado.

— Aquela torta de morango é a coisa mais linda que já vi! – respondeu quando viu o garçom entregar o pedido para Cláudio e Gabriela.

— Você é um idiota. – Edgar resmungou dando um tapa na cabeça de Daniel.

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— Essa torta está realmente incrível! Sinto nostalgia em cada mordida... – Disse Cláudio pegando mais uma fatia.

— Realmente, é uma das melhores que já comi! – Gabriela enfiou um pedaço gigante na boca. - Sabe quem adora torta de morango? – perguntou ainda de boca cheia.

— Quem?

— O Daniel. – respondeu fazendo Cláudio deixar de sorrir. – Que foi?

— Nada. – mentiu. – É que você fala bastante desse Daniel.

— É? Desculpa, nem notei.

— Você sente algo por ele? – perguntou fazendo Gabriela se engasgar.

— Eu? – ela riu. – Claro que não! Que ideia mais sem noção...

— Ótimo. – ele sorriu. – Sabe Gabi, eu gostaria muito de ficar mais um pouco com você. – Gabriela aproximou-se dele e sorriu. – Seu sorriso é um dos mais belos que já vi.

— E a sua voz é a mais sedutora... – respondeu ela fazendo-o corar.

— Quer dar um passeio comigo? – perguntou limpando a boca dela que estava suja de torta.

— Eu adoraria. – respondeu sorrindo. – Mas antes quero fazer uma coisa.

— O que você quer? – então Gabriela o agarrou.

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— Você não vai gostar de ver isso. – murmurou Daniel quando viu o beijo.

— Ver o que? – perguntou Edgar pegando novamente o binoculo. – Mas o que é isso?!

— Eu avisei...

— Precisamos dar uma lição nele! – Edgar continuou. – Olha como ele está quase a engolindo!

— Você está maluco? – Daniel falou puxando o amigo. – Não iremos dar jeito em ninguém! Deixa a Gabi se divertir...

— Você não entende! Ele irá se aproveitar da pureza dela!

— Pureza? – riu Daniel. – A Gabriela é mais maldosa que nós dois juntos! Além do mais, se ela descobrir que estamos aqui...

— Eles estão se levantando! – gritou interrompendo-o. – Oh, estão de mãos dadas! Está mais grave do que pensei!

— Você deveria parar de cuidar da vida dela! Não a vejo se intrometendo em sua vida amorosa...

— Não entende que estou fazendo isso por nós dois? – Edgar perguntou chacoalhado o amigo. – É quase impossível suportar a Gabriela quando ela está apaixonada!

— Ela não deve ser pior que você. – Daniel riu.

— Você só fala bobagens.

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— Adorei a noite.  – Gabriela falou enquanto caminhava ao lado de Cláudio. – Tem tempo que não me divirto assim com alguém...

— Eu também, mas... – respondeu ele. – Por favor, não quero que me ache estranho. – ele suspirou. – Mas sinto como se alguém estivesse seguindo a gente. – Gabriela franziu a testa.

— Está falando sério? – Cláudio fez que sim com a cabeça. - Ok, isso é realmente muito estranho. Por que você não me beija de novo e esquece essa besteira? – perguntou ficando de frente para ele.

— Tudo bem... – respondeu Cláudio beijando-a novamente. - Nunca pensei que você beijasse tão bem.

— Tenho meus truques.

— Quer ir para minha casa? – perguntou fazendo Gabriela se afastar bruscamente dele.

— O que pensa que sou?! – berrou.

— Nada! – respondeu envergonhado. – Desculpa, não quis ofender... Eu só pensei que...

 - Cala a boca e me leva logo! – respondeu ela dando risada. “Você me deixa muito confuso...”, pensou Cláudio enquanto chamava um táxi.