Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 4
Conselhos Amorosos.




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— Eu estou tão magoado! – gritou Edgar chacoalhando Daniel. – Eu nunca levei um fora antes!

— Isso faz parte da vida. – respondeu tentando consola-lo.

— Sei que só nos conhecemos há dois meses, mas já te considero um irmão! – disse Edgar o abraçando.

— Fico lisonjeado... – Daniel tentou se livrar dos braços do amigo, mas não conseguiu já que Edgar é muito maior e mais pesado. - Cara, tem certeza que você está bem?

— É notório que não. – Gabriela segurou o riso. – Ele deve estar bêbado.

— Não estou não. – Edgar contestou.

Só fazia dois meses desde o primeiro dia de aula e Edgar já estava apaixonado por uma garota do segundo ano chamada Júlia. Apesar de ter conversado com ela apenas uma vez, o garoto havia cismado que ela seria sua nova namorada.

— Eu não aguento mais ser solteiro! – resmungou ele. – Já não lembro a ultima vez que beijei na boca! O que tem de errado comigo?

— Você não tem culpa, como iria adivinhar que ela é lésbica? – perguntou Daniel. - Não é o fim do mundo, você irá se apaixonar por outra pessoa cedo ou tarde.

— Eu não me apaixonei pela Julia! – resmungou ele.

— Então por que está tão irritante? – Gabriela perguntou impaciente.

— Eu levei um fora! – respondeu assoando o nariz na blusa de Daniel.

— Droga Edgar! – esbravejou ele. – Que nojo!

— Ela mexeu comigo, me deixou cheio de cicatrizes e foi embora... – continuou ignorando completamente o amigo.

— O que vocês estão fazendo aqui? – Caio, o porteiro da instituição, se aproximou do trio que estava reunido no pátio da escola. – O sinal já bateu, precisam voltar para casa.

— Tio, estou sofrendo! – Edgar abraçou o velho e começou a acariciar a cabeça do mesmo. – Sua careca é tão brilhante...

— Desculpa. – Gabriela falou tirando Edgar dos braços do senhor de idade. – Ele tem muitos problemas.

— Certo, mas devem resolver isso bem longe daqui. – resmungou Caio.

— Não posso, tenho um encontro com a Márcia. – Edgar falou enxugando as lagrimas.

— Você não estava sofrendo?! – Gabriela perguntou irritada.

— Da um tempo a ele. - Disse Daniel revirando os olhos. - Ele deve estar com gases.

— Vocês irão arranjar problemas para mim. – Caio falou abrindo o portão. – Eu não quero ser demitido! Vamos logo!

— Ok! – Gabriela gritou com rispidez.

Como Edgar se negava a andar, Daniel e Gabriela tiveram de arrasta-lo por praticamente todo o caminho. Irritado, Daniel respirou fundo e lutou com todas as forças para não jogar o novo amigo na frente de um caminhão. “Será que ele não vai calar a boca?”, pensou enquanto Edgar falava sem parar em como Júlia o magoou.

— Onde estamos indo, exatamente? – perguntou Daniel.

— Deixar essa tralha em casa. – respondeu Gabriela referindo-se a Edgar. – Vamos seu idiota, deixe de drama e ande!

— Qual o sentido da vida se não posso beijar ninguém? – perguntou cabisbaixo.

— Chega! – Daniel gritou largando o braço de Edgar, fazendo-o tropeçar e quase cair por cima de Gabriela.

— O que deu em você? – gritou a garota. – Esse mamute quase me derruba!

— Ei! – gritou Edgar. – Vocês são péssimos amigos, sabiam?!

— Ninguém liga! – disseram Gabriela e Daniel ao mesmo tempo.

— Obrigado, me sinto amado de verdade. – resmungou Edgar. – Ninguém parece gostar de mim... Ai! – gritou quando Daniel o deu um tapa na cara.

— Foco, homem! – gritou. – Pare com esse teatro de novela mexicana! Você não tem um encontro hoje com a Maria?

— Márcia. – corrigiu. – Ok, vocês têm razão, afinal sou um homem maravilhoso, engraçado, talentoso...

— E egocêntrico. – resmungou Gabriela. – Agora que sua autoestima já voltou ao normal, quer fazer o favor de mexer essa bunda? O sol está escaldante!

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Após deixar Edgar em casa e acompanhar Gabriela até a residência dela, Daniel finalmente pôde pegar um taxi e atravessar a cidade até o bairro nobre onde morava. “Onde esse garoto se meteu?”, pensou Paola enquanto esperava o filho em um dos restaurantes mais finos da região.

— Aí está você! – falou quando viu Daniel se aproximar. – Ainda de farda? Achei que já tinha passado em casa e tomado pelo menos um banho!

— Desculpa. – respondeu Daniel sentando-se à mesa. – Precisei ajudar meus novos amigos.

— Compreendo. – Paola sorriu bebendo um gole do seu caríssimo vinho. – Então... Vejo que está melhor, não é?

— Melhor? – Daniel perguntou confuso.

— Sim, querido. – ela pegou nas mãos dele. – Das crises de raiva, lembra? Por isso mudamos você de escola.

— Ah... – ele até pensou em responder algo, mas preferiu manter-se em silencio.

— Desde sempre soube que o CAP seria o melhor lugar para você! – ela comemorou. – Fico tão feliz em saber que já está fazendo novos amigos!

— É... Eu também. – ele deu de ombros. – Obrigado. – disse para o garçom que tinha acabado de entregar o cardápio.

— Essa escola é maravilhosa! Realmente encantadora!

— Verdade, o melhor lugar para adolescentes rebeldes, problemáticos e... – o sorriso de Paola desapareceu.

— Não gosto quando fala assim. – disse interrompendo-o. - Fica parecendo que seu pai e eu o colocamos em uma espécie de reformatório.

— Mas é exatamente isso. – ele respondeu carrancudo.

— Querido, achei que gostasse do novo colégio.

— E gosto. – ele suspirou. – É só que odeio a forma que você tenta mentir para si mesma e para mim.

— Mentir?

— Sim, mãe. Tenta se convencer que sou um garoto normal que estuda em uma escola normal... Olha para você! Odeia que eu diga o significado da sigla CAP!

— Não odeio não! Só acho desnecessário dizer que...

— CAP significa Colégio para Adolescentes Problemáticos? – perguntou interrompendo-a.

— Que tal mudarmos de assunto? – perguntou Sérgio aproximando-se e juntando-se a eles. – E aí filhão, como foi seu dia? – perguntou enquanto sentava-se ao lado do filho.

— Ótimo. – respondeu seco. – Podemos adiantar? Tenho vários trabalhos para fazer e prometi ligar para um amigo pela noite.

— Mas ainda está de tarde! – Paola falou chateada.

— Eu sei, mas é que tenho muitos trabalhos mesmo. – mentiu Daniel.

— Tudo bem... – Sérgio suspirou. – Se quiser ir para casa, sua mãe e eu levaremos seu almoço.

— Obrigado, pai. – Respondendo forçando um sorriso. – Até mais tarde.

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Daniel estava cochilando quando o celular começou a tocar. No inicio, o garoto apenas ignorou o aparelho, porém, a persistência do toque acabou tirando-o do sério, fazendo-o finalmente atender o telefonema.

— Alô? – perguntou de mau humor.

— Poxa cara, estou te ligando há uma década! – resmungou Edgar do outro lado da linha. – Pensei que iria me ligar!

— Ah, oi. – disse depois de bocejar. – Desculpa, acabei pegando o sono. Mas e aí? O que aconteceu lá com a Márcia?

— A mesma coisa de sempre... – respondeu Edgar.

— Que mesma coisa? Você comeu lasanha?

— Por que eu faria isso?

— Você sempre está comendo lasanha... – ouve uma pausa.

— Ok, eu comi lasanha, mas não aconteceu apenas isso, ok? Eu troquei alguns beijos com a Márcia.

— Finalmente esqueceu a Júlia?

— Júlia? Quem é essa? Nem conheço mais! – ambos riram. – Continuando, estávamos trocando uns beijos quando do nada a Márcia me disse que os pais dela estavam no trabalho. Então colocamos um filme e...

— Que filme? Quero assistir também!

— Sei lá Daniel! Eu estava distraído pensando nela pelada. – respondeu o garoto. – Mas voltando ao assunto... Continuamos nos beijando enquanto o filme rodava e eu fiquei impaciente! Falei tudo na lata para ela, que eu queria algo a mais, então ela deu um sorrisinho e foi trancar a porta do quarto. Posso afirmar que foi a tarde mais louca de minha vida!

— Nossa, que excepcional. – falou sonolento. – Bom para você.

— Você está tão animado que chega a me dar sono. – resmungou Edgar. – Acho que está precisando arranjar uma namorada para deixar de ser tão entediante.

— Bem, eu sou um cara de família, não conheço tantas garotas quanto você... – Daniel riu. – Talvez eu precise de um pouco de experiência.

— Eu concordo! Como conseguiu ficar com apenas três meninas em toda a sua vida?

— O que posso dizer? Acho que elas não me acham atraente.

— Deixe de coisa! Você sabe que é lindo! O problema está em sua forma de agir! – Edgar respondeu animado.

— Você me acha lindo? – Daniel deu risada.

— Claro! Se eu fosse uma garota...

— Ok, não precisa continuar. – disse interrompendo o amigo. – Mas não é apenas beleza... Você acha que tenho um papo legal?

— Claro que sim! – respondeu. – Tenho de admitir que às vezes você fala muita besteira, isso afasta as garotas.

— Talvez você tenha razão... Mas o que posso fazer?

— Ficar calado? – Ed perguntou rindo. – O que estou dizendo é: Você tem de ter mais atitude, entendeu?

— Sim, mas como irei convencê-las?

— Nada de conversas sobre você mesmo ou sobre sua família... Você tem de falar de coisas que as interesses até o papo ficar mais quente.

— Você fala como se fosse um jogo de vídeo game.

— Claro, está obvio que eu sou o ultimo lançamento do The Sims 4 e você é o The Sims 1.

— Você joga The Sims?

— Claro, é meu jogo favorito!

— Vivendo e aprendendo. – riu Daniel. – Obrigado pelos conselhos.

— Por nada! Tenha uma boa noite.

— Você também...

— Desliga primeiro.

— Não, desliga você. – respondeu Daniel revirando os olhos.

— Os dois juntos, ok? – Edgar perguntou cheio de expectativa.

— Ok. – Daniel suspirou. – Um, dois e... – os dois garotos desligaram os celulares juntos.


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