Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 39
Desejo.




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Edgar estava mais do que feliz ao acordar com Ana em seus braços. A noite tinha sido perfeita e mesmo com alguns momentos desajeitados, ele estava feliz por finalmente ter conseguido arrancar as roupas da noiva. Com cuidado para não acordar a menina que dormia profundamente ao seu lado, Edgar levantou para se aprontar para mais uma maratona no hospital.

— Que roupa devo vestir? – ele estava indeciso, afinal queria parecer maduro o bastante para que o segurança não percebesse que estava entrando no hospital com um cachorro manco na mochila. – Preciso ficar sério... O que acha Tripé? Não... Eu também não gostei muito! – Ele jogou a camisa bege que seu avô havia o presenteado em seu ultimo aniversário no chão. – Acho até que pode roer isso... Eu não vou usar nunca mesmo. E essa?! – Tripé latiu. – Shiiii! Tenha educação! Não vê que tem uma mulher linda e nua dormindo em minha cama?! – O cachorro encolheu as orelhas e saiu do quarto levando a camisa que o menino jogou no chão. – Tem gosto para tudo...

— EDGAR! EDNEY!– Berrou Janaina com aquela voz fina e irritante que só ela parecia ter licença para usar. - EDGAR! EDNEY! 

— Que é, demônio? Vou ter de colocar uma focinheira em vo... AI MEU DEUS! – Ele não conseguiu descer as escadas, tamanha foi a tremedeira em suas pernas. Na porta de sua casa estava Daniel abraçado a Tripé!

— DANIEL! – Edney foi o primeiro a demonstrar reação, descendo as escadas correndo e se jogando de encontro ao modelo. Ele beijou a boca do rapaz tamanha era sua emoção, mas assim que isso aconteceu, ambos se afastaram com cara de nojo.

— Estava com saudades de mim? – perguntou Daniel enquanto limpava a boca com um lenço de bolso.

— Claro que não... – disse o outro ainda se recuperando.

— Eu estava! – disse Janaina – Também posso ganhar beijo na boca?!

— Janaina! – berrou Edney dando um murro na parte superior da cabeça da menina.

— Não me bata! Ele não é seu namorado! – respondeu ela dando um soco nos ovos do irmão. – Idiota!

— Daniel... – disse Edgar se aproximando, ignorando a confusão dos irmãos que estavam se embolando no chão, com gritos, murros e pontapés. Daniel abriu os braços para receber um abraço, mas o que veio foi um murro bem em seu olho direito. – COMO PODE ESCREVER UMA CARTA INTEIRA SÓ PARA A GABI E ME ENGLOBAR EM UMA JUNTO COM O TODO MUNDO?

— Daniel! – Ana Carolina, agora vestida, estava descendo as escadas rapidamente. – Você acordou! Quando aconteceu? Como aconteceu?!

— Não vê que estamos resolvendo uma coisa mais importante?! – perguntou Edgar bruscamente.

— Eu... – Daniel começou.

— Não quero saber! Aqui está! – disse entregando um bloco de papel e uma caneta na mão do rapaz. – Escreva uma carta para mim!

— Não é hora para isso... – disse Ana.

— Calada! – rosnou Edgar – Eu nunca fui tão humilhado! Como pode tentar se matar e nem mesmo deixar o seu X Box para mim?! Em vez dos CDs, cartão de credito e jóias, o que ele me dá?! Um vira-lata sujo e traiçoeiro!

— Edgar! – Ana gritou. – Senta Dani, saia da porta...

— Ele não vai a lugar nenhum enquanto não escrever minha carta! Acho bom que comesse escrevendo um pedido de desculpas!

— Desculpe Ed, mas meu corpo está doendo muito e não quero escrever!

— Não fale nunca mais comigo! – Edgar esbravejou saindo da sala.

— Achei que ele ficaria feliz em me ver. – riu Daniel.

— E me devolva isso! – Edgar entrou novamente e arrancou a corrente da amizade que tinha dado ao rapaz. – Peça um a Gabriela! – e saiu novamente.

— Ele... – disse Ana – É sempre assim?!

— Pior. – respondeu. – Daqui a algumas horas ele me devolve o cordão com um sonoro pedido de desculpas, não se preocupe.

— Ah... – disse ela sentando-se perto dele. Ele parecia outra pessoa, alguém mais leve, mais feliz e muito mais maduro e responsável. – E então?

— Bem, estive no hospital esse tempo todo. Dá para acreditar que não me deixaram comer um hambúrguer bem gordurento?! Aqueles incompetentes querem até que eu deixe de comer torta... Espero que tenha guardado petiscos do casamento para mim!

— Ah... Não nos casamos, o Ed e eu decidimos esperar.

— Criaram juízo! Mas não foi por minha culpa, não é?

— Claro que não! Embora estivéssemos muito tristes pelo que aconteceu... Sabe, sinto muito por seu irmão, ele deveria ser uma pessoa maravilhosa.

— Sim, ele era. Ele realmente merecia viver.

— Tenho certeza que sim... – Ana tocou a mão dele. – Como está se sentindo?

— Bem. – respondeu dando de ombros. Ana Carolina se encolheu com medo de ter entrado em um assunto que só dizia respeito à família e amigos mais próximos, mas precisava que ele soubesse que podia contar com ela para superar.

— Daniel, eu pensei melhor e cheguei à conclusão que pode ficar com o colar se me pedir desculpas! Não precisa nem ajoelhar! – disse Edgar entrando novamente sala. Ana começou a rir, mas Edgar a censurou com os olhos.

— Me desculpe por estar mal, Edgar. – disse Daniel estendendo a mão para tomar sua corrente.

— Sei que não estava pensando direito... Por isso te perdoo, mas dá próxima vez que se entupir de remédios, por favor, escreva uma carta de despedida bem melosa para mim!

— Não vai haver próxima vez. – anunciou o rapaz com vergonha de suas atitudes. Ele não queria que as pessoas ficassem analisando seus atos, com pena dele, ou medindo as palavras para não magoarem seu coração.

— Então ficarei sem carta?!

— Posso te mandar um belo cartão postal...

— Cartão postal?! Vai viajar?

— Vou voltar para Califórnia... – disse ele dando de ombros. – Preciso fazer uma coisa.

— Mas você volta pro Brasil? – perguntou Ana. – Ou está pensando em morar lá?!

— Claro que ele não está pensando em morar lá! – disse Edgar mal humorado. – Você faz cada pergunta!

— Bem... – começou o menino. – Ainda não sei se volto para o Brasil. Fui convidado para estrelar como dançarino em uma turnê. Penso em aceitar o convite.

— Turnê? Eu nem sabia que você era dançarino profissional! – gritou Edgar. - Quando você se inscreveu? Você não pode fugir sempre que alguma coisa sair de controle!

— O Edgar tem razão... – murmurou Edney parando de brigar com Janaina. – Não precisa ir!

— Calma pessoal. Eu me inscrevi quando vocês estavam me dando gelo e aí fui aceito. É uma boa oportunidade já que não sou bom em mais nada. Pode ajudar na profissão de modelo também.

— Fala sério! - rosnou Edgar.

— Além disso, tenho uma outra coisa muito importante para fazer lá...

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— Gabi? – Daniel estava parado no portão da casa do pai de Gabriela com um sorriso enorme na cara, acompanhado de Edgar, Ana e Edney. 

— Daniel! – respondeu a garota correndo para o abraçar. Ele puxou-a para mais perto de si.

— Me desculpe por ter sido tão idiota... 

— Sei como se sente, mas não precisa fazer isso! – ela se afastou e o olhou nos olhos. – Não precisa ficar comigo por pena, ou remorso.

— Pare de me dizer como me sinto. E pare com isso também.

— Isso o quê? - Ela riu.

— De mexer no meu cabelo.

— Eu estava mexendo na sua nuca. Gosto de sua nuca. – para provar, a menina passou os dedos mais uma vez na nuca do rapaz, fazendo com que os outros sentissem vontade de vomitar com tanta melação.

— Não gosto dessa aproximação! – disse João aos berros em advertência ao comportamento perturbador que via na filha. – Ouviu mocinha?!

— Sim. – Ela chegou mais perto de Daniel. – Melhorou?  - perguntou ao pai. Daniel sentiu um frio na barriga e um pouco de insegurança. Não sabia o que fazer, mas aproveitou a brecha para beija-la.

Gabriela arregalou os olhos com a atitude impulsiva do amigo, mas quando sentiu finalmente os lábios dele nos dela, relaxou e aproveitou aquele momento tão esperado. Sentiu vontade de chorar, mas não queria encher a boca de Daniel de catarro.

Gabriela suspirou quando o beijo terminou, notando que os olhos de Daniel brilharam antes de se fecharem, na paixão quente e palpitante dos lábios antes que se tocassem mais uma vez.

Ele queria mais, ela queria mais, porém por hora bastava saber que o sentimento estava sendo gratuitamente correspondido.


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