Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 28
Ultimo Suspiro.




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— Daniel! – gritou Ana quando o rapaz apareceu no escritório de seu pai, como combinado. Ele olhou para os lados procurando com quem a mãe de Gabriela estava falando, mas eles estavam sozinhos.

— Ana! – respondeu ele animado se perguntando quando Ana tinha começado a gostar dele.

— Seu pai ainda está em reunião. Mas como você está?

 

— As coisas andam difíceis. Estou meio que sem tempo, com os ensaios e sessões de fotos.

— Ah... Eu queria te pedir um favor se não for incomodo.

— Ficarei feliz em ajudar.

— Será que você pode passar lá em casa mais tarde?

— Está me chamando para um encontro? – Daniel deu uma piscadela e um sorriso encantador, fazendo a mulher corar.

— Na verdade, gostaria que me ensinasse a dançar! – respondeu sorrindo.

 

— Que horas fica melhor para você?! – ele gritou puxando a mulher para seus braços, fazendo-a arregalar os olhos. – Te garanto que dançará tão bem quanto eu! – Ana fez uma careta. – Irá arrebentar nas boates e atrairá machos com sua dança do amor! – ele a rodopiou tão rápido que a deixou tonta. – Será eleita a melhor dançarina da terceira idade! – Ele a carregou jogando-a para cima.

— AHHHHH! – Ana gritou se debatendo enquanto caia feito uma jaca dura, porém, Daniel foi mais rápido e a segurou na hora H. – Ficou doido?!

— Você será a deusa, a estrela que todos esperam! Terá de dar autógrafos, tirará fotos com seus ídolos, irá posar ao meu lado em todas as revistas do Menino Devasso... Irá ser a Ana Super Star! – ele a jogou no sofá. Nesse mesmo momento, Sérgio entrou na sala de boca aberta.

— Daniel? O que está fazendo?! – perguntou catatônico. – Ana... O que está acontecendo aqui?

— Pai! – Daniel gritou sorridente. – Vim vê-lo! Como está?

— Bem, mas...

— Senhor, a Shirley ligou para o senhor, disse que tinha de conversar contigo e que era urgente! – Ana disse se sentando corretamente no sofá.

 - Quem é Shirley? – Dani perguntou parando de sorrir.

 - A advogada de sua mãe... – Sérgio falou tristonho. – Acabamos de fechar o divorcio, pelo que me foi dito, sua mãe está na França agora... Espera um pouco filho, tenho que ir até a minha sala... Ana, ligue para a Shirley e passe a chamada para mim.

  - Ok, senhor. – respondeu ela indo até o telefone.

 - Não sabia que tinha começado a trabalhar com meu pai. – disse Daniel analisando a mulher.

— Sabe como é... Seu pai paga muito melhor do que meu antigo chefe. – Ana sorriu. – Pode me dar licença agora? Preciso fazer essa ligação.

— Tudo bem. – respondeu se retirando do prédio.

Daniel estava sem falar com Paola fazia dois meses, ela nem havia se preocupado em saber como ele estava, que tipo de mãe ela era?! Aflito, Daniel voltou para casa e se trancou no quarto, juntamente com Tripé.

— Ninguém me ama... – lamentou-se ele. – A Gabriela não está mais falando comigo, o Edgar me ignora... O que faço, Tripé? Parece que só você se importa comigo de verdade!  – o cachorro deu uma lambida generosa no rosto do dono. – Seria melhor se eu tivesse morrido daquela vez... Eu não mereço viver, não tem sentindo continuar aqui! Não entendo porque Deus foi tão injusto... Eu deveria ter morrido naquele dia! Eu deveria ter morrido, Tripé! – o rapaz começou a chorar desesperadamente, lembrando-se do sonho que estava tendo por todos esses dias.

 “Ele ainda lembra.”, uma sombra dizia enquanto se aproximava dele no sonho. “Ninguém irá esquecer, ele nunca terá a paz, ele lhe vê, só estava esperando o momento certo para descontar a sua raiva! Você pagará, você será o sacrifício!”.

 Daniel tentou parar de chorar, mas não conseguiu. Analisando, a sombra dos seus pesadelos tinha razão. Ele tinha de pagar, tudo foi culpa dele. Ele tinha de ser o sacrifício, somente ele.

 - Está na hora de parar de ser covarde, Tripé. – disse severamente olhando para o cãozinho que estava preocupado. – Agora eu entendo porque não funcionou quando tentei me matar com a faca... – ele riu entre as lagrimas. – Não era assim que as coisas tinham de ser! Eu entendo isso agora! Já sei como acabar com tudo isso, Tripé... Sei como devolvê-lo a paz! – ele abraçou o cachorro e depois saiu correndo. Tripé foi atrás, curioso, até que chegaram ao lado de fora da casa. – Antes da vida, teve lugar para nós, e na morte também haverá! Me perdoe, você não está só, estou indo por você... – ele gritou para o nada. – ESTÁ ME OUVINDO?! – sem pensar duas vezes, o garoto se jogou na piscina e ficou lá, com os olhos abertos e tentando se manter no fundo d’água. 

 Os latidos de Tripé estavam abafados e mal dava para ouvi-los de lá, o que fez Daniel se sentir um pouco aliviado. Sentiria falta do seu amiguinho, mas eles também se encontrariam do outro lado. Passou-se um minuto, tempo exato em que os olhos de Daniel se arregalaram e seu ar escapou por inteiro. Sem escolha, tentou respirar inutilmente, fazendo com que uma dor insuportável começasse em seus pulmões. “Não vou conseguir...”, ele pensou desistindo da morte e tentando chegar à superfície em total desespero, mas já era tarde. Algo o puxou para baixo, fazendo com que seu coração batesse forte, afinal, estava sozinho na piscina.

 Foi quando ele o viu sorrindo diabolicamente enquanto o prendia lá embaixo, tirando qualquer possibilidade de vida que Daniel ainda tinha. Ele estava como no sonho, pálido e muito magro, com olhos tristes e raivosos ao mesmo tempo. “Deixe-me ir!”, Daniel suplicou enquanto se debatia sufocado pela água, mas a aparição apenas fez que não com a cabeça.

Você me prometeu.”, respondeu fazendo Daniel engolir litros e litros de água. “Me perdoe... Não queria que nada disso acontecesse! Eu te amo!”, pediu novamente. “Você é o sacrifício e eu o odeio, sempre irei odiar.”, a aparição tornou a dizer. Em pânico, Daniel tentou lutar contra aquela criatura, queria sair daquela maldita piscina, mas estava sem forças. Tudo parecia tão... Branco.

  Sua dor nos pulmões estava começando a parar, seu sofrimento também e já não escutava mais Tripé. Uma luz branca se aproximava lentamente dele enquanto seu coração batia cada vez mais devagar, seu corpo estava totalmente paralisado. “Não prenda o seu ultimo suspiro... Venha para mim... Desista.”, a voz disse suavemente. “Eu não quero.”, respondeu ele. “Não tem escolha! Eu não tive, você sabe disso! Você também vai morrer!”, ele começou a apertar sua garganta. “Agora você sabe o que senti, Daniel... E todo o meu sofrimento foi por sua culpa. Estamos quites agora.”.

E então tudo acabou. Dani finalmente soltou seu ultimo suspiro e começou a flutuar na água gelada da piscina, até que chegou boiando a superfície. Tripé o cheirou chorando e soltou um uivo de dor. Ele estava morto.

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— DANIEL! – Sérgio berrou sacudindo o rapaz. – ACORDE! – o menino despertou molhado de suor e ofegante. Estava de volta em seu quarto, deitado na cama com Tripé ao seu lado. – Está na hora do jantar...

— Eu... – ele respirou fundo e percebeu que tudo não passou de um sonho. Nunca saiu daquele quarto, nunca foi até a piscina e nunca viu aquela aparição. – Estou vivo!

— Claro que está, o que deu em você? – Sérgio riu. – Aconteceu alguma coisa?

— Não, apenas me lembrei que o Tripé estava sem ração. – mentiu ele tentando disfarçar o mal estar.

— Ok, agora levante-se! Ana está te esperando na casa dela para as aulas de dança... – Sérgio riu se retirando do quarto do filho, que continuava perplexo.


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