Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 27
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Edgar estava se sentindo entre a cruz e a espada, afinal sua melhor amiga estava furiosa com o seu melhor amigo. Mas como não ficar ao lado de Gabriela?! Daniel só trazia problemas e há dias não aparecia em sua casa para jogar conversa fora. Mas não conseguia ter raiva dele, nem pena. Afinal, quais problemas Daniel poderia ter para querer se matar?!

Ele tinha tudo que um adolescente podia querer: roupas caras, aparência formidável, dinheiro... Ele até tinha um iate! Mas mesmo assim, continuava arrastando as pernas enquanto andava, quase não falava e estava consideravelmente mais magro.

Sérgio chegou a ligar algumas vezes para Ed pedindo que fosse visitar seu filho, mas ele não foi. Não sabendo bem o motivo de estar tão chateado com o melhor amigo, preferiu evitar a proximidade e deixar a poeira baixar.

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— Gabi! – Joaquim chamou a garota depois da aula de educação física.

— Oi? – ela respondeu não muito animada.

— E então? Vamos sair hoje à noite?

— Ah, claro.

Ela não gostava de Joaquim. Não o achava legal e nem atraente, mas como ele sempre demonstrava que era afim dela, Gabriela resolveu usa-lo para esquecer Daniel.

 

— Que tal as nove da noite? - perguntou enquanto forçava um sorriso.

— Feito! - o rapaz respondeu dando um beijo na bochecha dela.

— O que está feito?! – perguntou Daniel aproximando-se e sorrindo para os dois. –  Vocês estão... Tipo namorando?

— O que isso tem a ver com você? – perguntou Joaquim com grosseria. 

— Absolutamente nada. - Daniel deu de ombros. - Mera curiosidade.

— Pois então saiba que estamos ficando e você não faz parte disso. - resmungou Joaquim inflando o peito. A verdade é que ele sempre se sentiu ameaçado por Daniel e agora não queria demonstrar fraqueza ali na frente de Gabriela.

— Ainda bem, né? Ou seriamos um estanho casal de três e você nem faz meu tipo. - riu Daniel.

— Então ela faz?! – sibilou Joaquim enciumado. – Pena que você não faz o tipo dela, mauricinho!

— Mauricinho e modelo. – murmurou Daniel dando de ombros. Joaquim serrou os punhos querendo atingir o rapaz, afinal, Daniel era sempre o mais bonito, o que dançava melhor, o mais perfeito atleta. Joaquim queria ser melhor do que ele e não admitiria que aquele maluco tirasse onda com sua cara.

 

— Olha só playboy, da pra vazar daqui? Estamos ocupados e você está atrapalhando o lance. – Daniel olhou para Gabriela na expectativa que a garota dissesse algo, mas ela apenas desviou o olhar e continuou em silencio.

— Entendi. – disse ele por fim, se afastando.

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— Cara, você não vai acreditar no que descobri!  – começou Daniel se aproximando da mesa que Edgar estava sentado.

— E nem me interessa! – respondeu Edgar recolhendo suas coisas para se retirar.

— Sabe aquele tal de Joaquim?

— Será que não percebe que eu não quero falar com você? Eu cansei de suas loucuras, suas crises e de seu cachorro!

— Quê? Como assim, cara?

— Eu preciso de um tempo, Daniel! E acho que você não está incluído nele. – era muito doloroso para Edgar falar aquilo, mas ele não pôde se controlar. Olhando firmemente para Daniel, Edgar se levantou e retirou-se, deixando o amigo sozinho.

— Mas... – Daniel sentiu raiva de Edgar, pensou em ir atrás dele e soca-lo, mas decidiu deixar para lá. Chateado, começou a berrar por Gabriela pelos corredores do colégio. Ele não conseguia entender o motivo pelo qual seus amigos estavam o tratando assim. Enquanto isso, Edgar suspirava pensando no que tinha acabado de fazer.

Temendo que Ed e Gabi tivessem descoberto seu segredo e não entendessem seu passado, Daniel se trancou no banheiro e começou a chorar. Ele não era idiota, sabia que as coisas estavam diferentes, mas nunca passou pela cabeça do rapaz que Edgar e Gabriela pudessem abandoná-lo sem nem ao menos escutá-lo. Mas isso foi bom, afinal ele não estava pronto para assumir a culpa, ele não podia relembrar o passado e explicar as mentiras, ele não podia ser ele mesmo, não podia esquecer.

Ele nunca se permitiu esquecer, nem mesmo conseguia parar de lembrar dos acontecimentos e somente em raras ocasiões se permitia ter outros pensamentos e isso apenas acontecia quando compartilhava momentos próximos a Gabriela e Edgar, seus únicos amigos reais e humanos. 

Ele também tinha o novo Smurff, que tentava entender sua mente em busca do segredo, mas ele não podia e nem iria contar nada para aquele psiquiatra enxerido. O que Anderson pensaria se descobrisse?! Daniel gostava de ir às consultas principalmente porque o médico conseguia ver nele o que ninguém conseguiu, nem mesmo seus pais, que por sinal brigavam todas as noites desde que ele tentara suicídio.

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— Filho? – perguntou Sérgio assim que o menino entrou em casa. - Precisamos conversar.

 - Precisa ser agora? - Sérgio respondeu que sim com a cabeça. - Ok,  mas não demora.

 - Tudo bem. – o homem suspirou e sentou-se no sofá. - Sua mãe vendeu os filhotes da sua hamister.

— Vendeu?! – ele gritou correndo até a gaiola onde Rafina e os bêbes ratinhos ficavam. - Como ela teve coragem de vender os próprios netos?! Eles eram como filhos para mim!  Aquela bruxa má fez com eles o que nunca conseguiu fazer comigo!

 - Não diga bobagens, sua mãe te ama! Apenas achou que tínhamos muitos roedores em casa...

— Eles não eram roedores comuns! Eram da família! Como vou explicar a Rafina que a avô dela vendeu seus filhos para o mercado negro?! Como vou conseguir dormir sem eles fazendo barulho na rodinha?! Por que a mamãe me odeia tanto?

— Sua mãe não o odeia, Daniel!

— Não, pai! – berrou respirando com muita dificuldade. – Ela não se conforma com o que aconteceu! Ela me odeia e deixa claro pelo jeito como me olha!

— Filho, não vamos ficar revivendo o passado...

— Será que não entende?! Nunca vai ser passado! Nossa família morreu há nove anos e por minha culpa!

— Dani... Eu... – Sérgio observou silenciosamente enquanto seu filho saia chorando. Como ele poderia lidar com aquilo?! Daniel estava transtornado, quebrou tudo que viu em sua frente inclusive seu notebook.

— Droga! – gritou esmurrando a parede. Depois de um tempo de crise, o rapaz se deitou na cama e tentou respirar fundo, ficou pensando em tudo por um longo período até que se levantou bruscamente e desceu as escadas. - Pai, será que pode me emprestar seu notebook?

— O que aconteceu com o seu? – perguntou Sérgio mais calmo.

— Caiu. – mentiu o menino dando de ombros.

— Claro, eu fiz pipoca. Sinto muito pelos ratos, ok?

— Tudo bem, nós vamos superar. Por que está me olhando desse jeito estranho?

— Melhor não falarmos sobre.

— Deixe de ser medroso, pai! – disse Daniel abraçando-o.

— Tudo bem. Acho que você deve ser o primeiro a saber...

 - Vamos ter um bebê?!

 - Na verdade, sua mãe e eu decidimos que nossas vidas estão entrando em conflito, não estamos nos dando bem e... Vamos nos separar.

— Vocês enlouqueceram?! – choramingou ele. – Vocês se amam!

— Nós simplesmente não conseguíamos continuar com isso...

— É por culpa minha?

— Filho, lógico que não!

— Não minta para mim, sei que ela me odeia e que pediu milhares de vezes para que eu fosse internado em uma clinica ou mandado para um internato! Ela... Onde ela está?!

— Viajou... Ela recebeu uma oferta de trabalho em Milão e... – Sérgio não conseguiu terminar.

— Eu sinto muito! – disse o menino.

— Você é a coisa mais importante para mim... Mas eu preciso que você entenda que nada disso foi sua culpa e que a Paola te ama.

— Ama?! Foi embora na primeira chance e nos abandonou! Nem se despediu de mim! Nem uma ligação... Nada!

— Talvez seja melhor assim! – disse ele querendo soar mais positivo do que parecia.

Sérgio sabia que no fundo, Daniel tinha razão. Mesmo que todo o problema com Paola fosse culpa do amor que sentia pelo único filho, não podia culpá-la por não o querer por perto. Era doloroso de mais olhar para o menino e não lembrar do que aconteceu.


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