Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 26
Rejeição.




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— O que vamos fazer hoje?! – perguntou Daniel chegando por trás de Gabriela enquanto ela conversava com um grupo de meninas. Esse gesto despreocupado dele faz com que Gabriela perdesse o ar. – Há quantos dias não toma banho?!

— Você está de volta! – disse ela sorrindo.

— Não totalmente.  Posso conversar com você em particular?

— Claro. - Gabriela se despediu das garotas e puxou Daniel para um lugar mais reservado da escola. – E então?

— Eu quero me desculpar por aquele dia. – ele suspirou e olhou para baixo na tentativa de não olha-la nos olhos. – Eu menti para você.

— Eu sei, o Ed me contou.

— Imaginei...

— Mas por que fez isso?

— Não quero falar aqui... Que tal irmos pescar?

— Tudo bem. – disse ela dando de ombros.

— Devo chamar o Ed?

— Não... – respondeu ele para a surpresa de Gabriela. – Deixa só entre nós dois, certo?

— Como quiser.

Depois das aulas, Gabriela e Daniel caminharam lado a lado em completo silêncio até chegarem ao lago. Daniel levou o pequeno barco de madeira até a água e subiu a bordo, estendendo a mão para que Gabriela fizesse a mesma coisa. Sorrindo, a garota largou sua mochila perto das coisas do amigo e aceitou a mão que ele lhe oferecia. Era a primeira vez que iam até ali sozinhos, na verdade, era a primeira vez que ignoravam Edgar, que estava na porta da escola com lagrimas nos olhos, olhando para todos os lados em busca dos amigos perdidos.

— Então?! – perguntou ela enquanto ele remava.

— Esquecemos as varas de pescar! – disse ele rindo.

— O que queria me falar?

— E que... Na verdade preciso te fazer algumas perguntas. – ele suspirou – Quero saber se você já mentiu para mim alguma vez.

— Isso não foi uma pergunta!

— Responda. – resmungou ele.

— Claro que já menti! – respondeu se perguntando onde exatamente aquilo iria dar.

— Sério?

— Sim. – ele parecia abatido, triste e desesperado.

— Você gosta de mim? – tornou a perguntar fazendo Gabriela corar.

— Claro que gosto de você! Na verdade eu acho que te amo... – Daniel levantou os olhos na direção da menina e sorriu, não do jeito que todos estão acostumados a ver, mas de uma maneira tímida e cativante.

— Mas mesmo assim mentiu para mim... Por quê?!

— Porque não podemos falar tudo o que pensamos para as pessoas, ou podemos magoá-las... Mas isso não diminui o meu carinho por você.

— Mentiu quando disse que me amava?

— Não. – murmurou sem jeito.

— Como vou saber se não está mentindo para mim agora?

— Por que não estou! – Gabriela se levantou e sentou-se ao lado dele no barco. Daniel parou de remar e por um momento estudou sua companheira de viagem.

— Gabi... – murmurou ele – Eu amo você também, mas...

— Mas?!

— Não sei se você vai continuar me amando quando descobrir a verdade...

— Que verdade? – o rapaz não conseguiu conter a emoção e acabou caindo no choro. - Calma! Seja o que for tenho certeza que vou continuar te amando... Você é meu amiguinho, cabeça oca!

— Jura?

— Juro! – disse ela rindo e limpando as lagrimas do rapaz.

— Nem se descobrir que sou um assassino?! – ponderou ele segurando as mãos da menina.

— Nem se eu descobrir que você... Espera, matou alguém?! Daniel, já disse que não foi sua culpa ter matado aquela barata! – ele fez uma careta como se estivesse sentindo uma dor profunda.

— Eu... Eu só quero saber se você continuará me amando. Gabi, você é importante de mais em minha vida para que eu te perca! Eu não posso te perder, entende?! Não posso!

— Não vai, ok? Estou aqui, não estou? Do seu lado, segurando sua mão e limpando suas lagrimas... Então desencana!

— Você não entende! Eu não aguento mais isso! Eu não posso viver se você e o Ed me virarem as costas! Gabi eu... Eu preciso saber o que sente de verdade. – Gabriela suspirou e, talvez por ouvir o desespero nas palavras e no modo como Daniel vinha se portando, ela resolveu demonstrar o que vinha sentindo há algum tempo.

Antes de pensar duas vezes, o beijou. Ele não se afastou, nem retribuiu o beijo, ficou parado tentando controlar as lagrimas. Suas mãos tremiam e suavam, sua barriga doía e seu coração estava apertado.

— É assim que eu te amo. – sussurrou ela. – Te amo como nunca pensei em amar ninguém... Eu... – ele se afastou bruscamente. – Desculpa, não queria te assustar!

— Não assustou. Até fico lisonjeado, mas... Não sou a pessoa certa para você. Sinto muito... – Foi à vez dela se sentir triste e desprotegida. – Eu...

— AÍ ESTÃO VOCÊS! – berrou Edgar da margem fazendo com que os dois tomassem um susto e caíssem na água fria, emborcando o barco. Levou algum tempo para que Daniel conseguisse voltar para acima do nível do mar, a água estava fria e ele teve bastante dificuldade para desvirar o barco.

— Vocês estão bem?! – berrou Edgar.

— Gabi?! Gabriela?! – Daniel berrava procurando-a. Gabriela fez de tudo para continuar no fundo da água, não queria sair dali, não queria olhar para Daniel. Em puro desespero, o rapaz mergulhou de olhos abertos para tentar localizar a amiga e quando a viu, foi até ela que estava encolhida tentando economizar o ar e encostou-se a ela.

Por um momento a garota achou que ele a beijaria, mas Daniel apenas passou os braços pela cintura dela e começou a puxa-la para a superfície.

— Nunca mais faça isso! – gritou ele jogando-a em terra firme, próximo aos pés de Edgar. – Nunca mais, está ouvindo?!

— Você está bem?! – perguntou Edgar olhando para a menina enquanto ela observava o outro correr para longe deles.

— Não. – respondeu ela. – Eu sou uma idiota!

— O que estavam fazendo sozinhos?! Por que me abandonaram?! Por que se assustaram e por que diabos está chorando?! Água não faz tanto mal assim!

— Eu me declarei... Eu me declarei para ele... – ela choramingava.

— Para o Dan? Como assim? Você gosta dele?! Você gosta dele! – Edgar colocou as mãos na cabeça. - Com tanto homem no mundo você vai e se apaixona pelo Daniel?! Não é a toa que o cara tentou se matar!

— Eu... Eu estou perdidamente apaixonada por ele. – confessou. – Mas ele me dispensou! Disse que não era a pessoa certa para mim e me pediu desculpas! Desculpas!

— Caraca... – Sentindo pena da amiga, Edgar sentou-se ao lado dela e a abraçou. – Sinto muito.

— Eu nunca mais quero ver aquela gazela em minha frente! Eu estou oficialmente me afastando dele!


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