Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 24
Mais Problemas.




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— Olá. – Gabriela falou entrando no quarto de Daniel. Ele já havia recebido alta, mas ainda não estava curado. Segundo o médico, o rapaz precisaria ficar mais duas semanas de cama até poder retornar as suas atividades normais.

Daniel estava com uma aparência péssima. Seus olhos pareciam mais obscuros, mais tristes. Os curativos pelo corpo, as olheiras, a palidez e o emagrecimento tornavam seu aspecto ainda mais doloroso de ver.

— Oi. – ele respondeu com a voz fraca. Gabriela se aproximou da cama e sentou-se mais perto dele.

— Trouxe as atividades da escola. Posso te ajudar para você não ficar prejudicado.

— Obrigado. – respondeu ele sorrindo e tentando se sentar com muito esforço. – Como estão as coisas pelo CAP?

— Chatas como sempre... Os professores estão nos pressionando mais já que a época dos vestibulares está cada vez mais perto... Falando nisso, já sabe o que quer fazer?

— Não tenho a mínima ideia. – ele fez uma careta. – Estava pensando em continuar com a carreira de modelo, mas depois do que aconteceu não sei se alguma empresa ainda vai me querer.

— Você é lindo, tem jeito para essas coisas. – Daniel sorriu fazendo com que Gabriela corasse. - Está precisando de algo? – ela perguntou querendo mudar o assunto.

— Seria muito legal se alguém bondoso me fizesse uma bela massagem.

— Está querendo se aproveitar da minha bondade? – Gabi sorriu olhando nos olhos dele. Depois de tudo, era estranho pensar que Daniel poderia estar morto agora, era difícil imaginar como ela estaria se ele tivesse falecido. – Você é um doido, sabia?

— Você já me disse isso umas mil vezes. – respondeu ele. – E o lance da massagem é serio! – Gabriela revirou os olhos e começou a massagear o braço do amigo. – Será que o Tripé está feliz?

— O Ed está tomando conta dele como se ele fosse filho.

— Se aquele safado acha que vai roubar meu filhinho de mim, está muito enganado! Assim que eu sair dessa maldita cama, irei buscar o meu cãozinho!

— Sabe, o Tripé nem parece o mesmo cachorro de quando você o adotou. Ele está tão gordo, saudável, brincalhão...

— Eles crescem tão rápido! Isso... Que massagem boa!

— Tenho uma coisa para te contar! – falou ela sussurrando no ouvido dele. – O Ed está apaixonado!

— Eu já sabia.

— Já? – ela parou a massagem e o encarou. – Desde quando?

— Ele me contou há muito tempo... Mas a Ana Carolina não dá bola para ele, o Ed já fez de tudo, só que ela simplesmente o ignora.

— Ana Carolina? Pensei que ele estava apaixonado pela Heloá!

— Claro que não! – Daniel riu. – Ele não te contou, não foi?

— Mais ou menos... A gente estava conversando há alguns dias e ele meio que falou algo relacionado.

— Então não diga a ele que te contei.

— Ok, mas por que sempre sou a ultima a saber de tudo?

— Sei lá, acho que sou mais legal.

— Eu vim antes de você, seu bobo.

— Isso não muda nada. – ele sorriu. – Agora continue a massagem.

— Se você não estivesse doente... – rosnou ela.

— Não sei se devo estranhar, mas você está boazinha de mais nesses últimos dias. – ele a fitou por alguns segundos. – Está diferente.

— Talvez seja porque você tentou suicídio. – Gabriela murmurou tentando esconder sua chateação. Daniel pegou na mão dela, fazendo-a olha-lo nos olhos. – Eu ia esperar até você melhorar, mas não consigo parar de pensar no motivo. Por que fez isso? – perguntou passando os dedos pelas cicatrizes que o garoto tinha na barriga e no peito.

— Não posso... – ele suspirou e se calou novamente.

— Por que não? Poxa, eu não mereço saber? Sou sua amiga! Sabe como é horrível tudo isso? – Diante das perguntas dela, Daniel sentiu um gosto amargo na boca e soltou a mão da amiga. – Eu me sinto culpada dia e noite por não ter notado sua tristeza antes, por não ter conseguido evitar isso de alguma forma e...

— Foi por causa da Amanda. – falou rapidamente. Isso não era verdade, mas ele queria fazer Gabriela se calar e parar de encher o saco.

— Amanda? – a garota franziu a testa. 

— A gente discutiu, eu a expulsei e então fiquei triste...

— Você só pode estar brincando! – Gabriela se levantou e começou a andar de um lado para o outro. – Está dizendo que quase te perdi por causa daquela vaca?!

— Eu...

— Não acredito! Você tem noção do quanto isso é estupido?! Você ia se matar por causa de um namorico bobo?!

— Calma! Não precisa ficar gritando para os quatro cantos da terra!

— Como posso ter calma?! – Ela colocou as mãos na cintura e o fuzilou com o olhar. – Eu deveria ir na casa daquela piranha e ensinar uma lição a ela! Eu avisei que aquela imbecil não prestava, mas ninguém me ouviu!

— Eu sei, Gabi...

— Você nunca me escuta! Eu avisei diversas vezes, mas você ignorou tudo! Aí quando descobre que aquela cretina não vale nada, da uma de doido, quebra a casa toda e tenta se matar! Aquela égua me paga!

— Gabi...

— Você só pode estar de brincadeira... – ela piscou os olhos varias vezes para evitar que as lagrimas caíssem ali na frente de Daniel. – Será que ela é assim tão importante para você ao ponto de querer morrer por ela? – Daniel não respondeu, fazendo-ficar ainda mais triste. – Esquece!

— Não fica triste, ok? – ele perguntou, mas foi a vez dela de não responder. Em silencio, Gabriela apenas se retirou do quarto e foi para casa.

Chateado com toda aquela situação, Daniel se levantou com dificuldade e foi até o jardim da mansão. Estava se sentindo sozinho e não queria que Gabriela tivesse ido embora. Pensou em ligar para ela e contar toda a verdade, mas sabia que não podia.

— Filho! – a voz de Sérgio surgiu atrás dele. – O que está fazendo fora da cama?! Você não pode fazer esforço físico!

— Oi pai. Desculpa, é que eu estava entediado. Pensei em dar uma volta.

— Você enlouqueceu?! Você ouviu os médicos! Precisa ficar mais umas semanas de cama!  

— Eu sei, mas não aguento mais ficar trancado naquele maldito quarto!

— Sua amiga não estava com você?

— Estava, mas ela já foi para casa. – ele deu de ombros.

— Que tal vermos um filminho enquanto comemos pipoca?

— Quero andar um pouco, ver coisas diferentes.

— Infelizmente isso não vai ser possível.

— Tudo bem. – ele deu um grande suspiro. - Pode ligar para o Ed e pedir que ele venha dormir comigo essa noite?

   - Me promete que não vai fazer nada que possa colocar sua recuperação em risco?

— Palavra de escoteiro.

Depois de se certificar que o filho estava instalado decentemente na cama, Sérgio ligou para Edgar.

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— Acho que estou amaldiçoado... – começou Edgar. - Como posso me apaixonar logo por uma freira?

— Ela não é freira, é evangélica! – disse Daniel rindo. – Se realmente gosta dela, deveria tentar conquista-la.

— Ela nem me deixa chegar perto dela!

— Como vocês se conheceram?

— Na fila da padaria.

— Nossa, que romântico. – Ironizou Daniel. – E por que ela te odeia tanto ao ponto de não querer que você se aproxime dela?

— A Ana descobriu de alguma forma que eu estudo no CAP. Sabe que nossa escola não tem uma popularidade boa, não é? Todos nos acham criminosos.

— Já tentou mostrar que você é um cara legal? Podia mandar uma mensagem, carta, sei lá.

— Já tentei de tudo, mas nada faz ela mudar de ideia em relação ao meu caráter!

— Por que não começa a fazer trabalho voluntario?

— Você ficou doido? – ele riu. – Eu não tenho jeito para essas coisas!

— Se você ama alguém, então é capaz de fazer loucuras... Até mesmo virar alguém que você não é só para se sentir um pouco mais perto, sabe?

 - De quem estamos falando exatamente?!

 - De ninguém em especial. – ele suspirou com os olhos cheios de lagrimas.

  - Sério isso? Desde quando começamos a ter segredos? – Daniel sorriu melancolicamente. – Todo mundo resolveu ficar apaixonado nessa bosta?

  - Todo mundo? Como assim?

— Isso não vem ao caso agora!  A Gabriela me contou que você tentou suicídio por causa da Amanda... É ela que faz seu coração bater mais forte? – Daniel colocou a mão na cabeça e deu um longo suspiro.

 - Não. 

— Então você mentiu? – Daniel fez que sim com a cabeça. - Por quê? Sabia que a Gabriela ficou realmente triste com isso?

— Eu sei, mas realmente precisei mentir. Tudo isso está me sufocando, sabe? Eu preciso parar de pensar nele...

— Espera aí... Nele?

— Sim...

— Quem foi o desgraçado que partiu seu coração? Conta para o Ed que eu prometo que vou matá-lo! – Daniel deu um grito horrível de dor e Sérgio invadiu o quarto no mesmo instante.


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