Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 23
Fantasmas.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos! Fiquei muito feliz com os comentários dos capítulos anteriores e me sinto muito grata pelo carinho de vocês!
Espero que não me odeiem pelo que acontecerá a seguir! Adoro vocês ♥



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— Caramba! – disse Edgar quando chegou perto da mansão dos Vasconcelos e ouviu um choro estridente de cachorro. – Será que o Dani está matando aquele pulguento?

— Serão dois cadáveres, pode apostar! – disse Gabriela apertando a sirene. – Eu não acredito que aquele idiota está ignorando nossas mensagens e ligações!

— Com certeza ele tem uma justificativa.

— Será que não se toca, Edgar? A única justificativa dele se chama Amanda Forbes!

— Ele não seria capaz de nos trocar por ela!

— Então por que faz quase dois dias que o Daniel nos ignora completamente? – ela gritou apertando a campainha novamente.

— Talvez ele não esteja em casa.

— Não tem nenhum empregado trabalhando nessa droga de mansão?

— Os pais dele viajaram para a Barcelona, lembra? Eles deram folga aos empregados nesse fim de semana.

— Que droga! – a garota bateu no portão. - Só sairei daqui quando entrarmos!

— Como? As janelas estão fechadas, a porta é impossível de arrombar e sem contar os milhares de alarmes de segurança... – começou Edgar.

— Olá. – Edney apareceu pegando-os de surpresa. – O que estão fazendo aqui?

— Nós é que te perguntamos! Por que está aqui, estrume? - Edgar perguntou olhando de cara feia para o irmão.

— Eu trabalho para o Daniel. – ele deu de ombros.

— Como assim? – Gabriela perguntou.

— Não acredite nele, Gabi! Esse idiota adora mentir! – Edgar cruzou os braços.

— Se eu estivesse mentindo, como teria a chave da casa dele? – o rapaz pegou o objeto do bolso e abriu o portão da mansão.

— Desde quando?! – perguntou Edgar e Gabriela ao mesmo tempo, ambos irritados.

— Ele me contratou mês passado. 

— Para quê ele te contratou?! – Edgar perguntou vermelho de raiva.

— Eu alimento os bichos de estimação dele todos os domingos pela manhã enquanto ele da aula de dança no centro da cidade.

— Ele da aula de dança? – Gabriela e Edgar perguntaram ao mesmo tempo.

— Vocês não conhecem o Daniel muito bem, não é? – Edney riu.

— Cala a boca! – Edgar rosnou. – Se o que essa bosta falante diz é verdade, então o Dani não está em casa. – falou olhando para Gabriela.

— Vamos esperar ele voltar então. – ela respondeu. 

Após atravessarem o enorme jardim da mansão, Edney finalmente abriu a porta de acesso à sala principal. Assim que abriram a porta, Tripé veio correndo na direção deles, ignorando o fato que não podia correr tão rápido por falta de uma perna.

— Nossa, ele está desesperado! – observou Edgar – O que foi pulguento? – O cachorro mordeu seu pulso e puxou com força. Ninguém sabe como o animal conseguiu reunir equilíbrio e força, mas Tripé arrastou relutantemente Edgar para a cozinha. – Ai meu Deus! – gritou ele quando viu uma faca cheia de sangue em cima da mesa e o amigo deitado no chão inconsciente. – Gabriela, liga para a emergência!

— O que foi? – perguntou indo até Edgar. - Meu deus! – ela se jogou de joelhos ao lado de Daniel enquanto seus olhos se enchiam de lagrimas. 

Ouvindo a confusão na cozinha, Edney foi até lá e chocou-se com a cena. Rapidamente, chamou uma ambulância sem conseguir descrever direito tudo o que estava vendo. Tripé lambia a testa de Daniel na tentativa de acordá-lo enquanto Edgar e Gabriela tentavam estancar os diversos cortes localizados pela barriga e peito de Daniel.

Ninguém conseguiu entender o que havia acontecido. A cozinha estava completamente destruída, muitos móveis quebrados e muito sangue nas paredes, como se tivesse ocorrido uma luta intensa.

Quando a ambulância chegou, levaram Daniel ao hospital mais próximo. Edney, Edgar e Gabriela acompanharam o amigo ferido e depois foram até a delegacia para deporem sobre o caso.  Assim que souberam do acidente, Paola e Sérgio pegaram o primeiro voo para casa.

— O que aconteceu? – Paola perguntou quando chegou ao hospital.

— Senhora Vasconcelos, seu filho foi encontrado inconsciente na cozinha da casa de vocês. – disse o médico. – Por sorte os amigos dele encontram-no. O Daniel já está fora de perigo, mas muito debilitado. Por sorte nenhum órgão foi atingido pelas facadas que ele aparentemente disparou contra o próprio corpo.

— Facadas? – a mulher colocou as mãos na boca enquanto Sérgio tentava consola-la. – Posso ver meu filho?

— Claro, mas ele está sedado.

Paola não podia acreditar naquilo. Daniel nunca fazia mal a ninguém, muito menos a ele mesmo. Tudo bem que o rapaz nunca poderia ser considerado um filho mentalmente equilibrado, mas ele era único. Sérgio era quem mais sentia falta do filho, ele o amava enlouquecidamente e apostava que um dia ele seria motivo de muito orgulho.

Ele não acreditava nas limitações do filho, ele sabia que Daniel era muito mais do que aparentava ser e estava determinado a ajudá-lo a se recuperar, ajudá-lo a viver de forma convencional.

— Não acredito que ele escondeu essa aberração nessa casa esse tempo todo! – Paola berrou quando voltou para casa e viu Tripé correr de um quarto para outro.

— E nós nem desconfiamos! – respondeu Sérgio irritado e orgulhoso ao mesmo tempo. – Pelo menos, agora sei que não era ele que andava comendo meus sapatos.

— Quer dizer que você concorda com isso? Esse menino sempre pode fazer o que quer e você nem mesmo lhe dá uma punição?!

— O que quer que eu faça? Que eu expulse o nosso menino de casa por causa de um cachorro?! Paola, o Daniel tentou se matar! Não imagino porque disso tudo, mas ele tentou se matar!

— Isso é ridículo! E ele é um jovem inconsequente! E você contribui para isso! O que ele pode querer? Ele tem absolutamente tudo! Até conseguiu um contrato milionário com a marca Menino Devasso... Isso tudo vai virar um escândalo! A impressa vai destruir o nome da nossa família!

— Ele é nosso filho! 

— Estou cansada de ver o Daniel saindo impune de tudo que apronta! Eu realmente estou farta do Daniel!

— O que quer que eu faça? Me diga, o que eu posso fazer?! Nada do que fizermos vai mudar o que aconteceu! Nada! – Talvez, para acalmar um pouco os ânimos, a campainha tocou.

— Doutor Anderson? – perguntou Paola quando atendeu a porta.

— Boa noite.  Vim conversar com vocês sobre o Daniel.

— Descobriu o que aquele moleque egoísta tem? –  Paola perguntou de forma ríspida.

— Na verdade é muito mais complexo do que qualquer caso que já tratei... – Anderson suspirou enquanto se sentava. – E por diversas vezes tentei entrar em contato com vocês, mas...

— Não temos os dias vadios para nos dar o luxo de ir até o seu consultório ouvir o que já sabemos! – disse Paola nervosa. – Já gastamos muito dinheiro com suas consultas, não é possível que não tenha um diagnostico!

— Sem querer ser rude, senhora Vasconcelos, o que pode ser mais importante do que seu filho?! – perguntou Anderson.

— Sem querer ser rude, mas eu te pago para cuidar da saúde mental do Daniel! E o que acontece? Ele tenta se matar! – a mulher gritou extremamente nervosa. – Vou processa-lo e você vai perder sua licença para exercer sua maldita profissão!

— A culpa não é minha, senhora! – Anderson esbravejou se defendendo. - Fiz tudo o que tinha ao meu alcance para ajudar o filho de vocês, testes e mais testes, perguntas e mais perguntas e até hoje só sei que ele se sente sozinho e acredita que vocês não o amam! Não tenho culpa se o Daniel sempre é superficial nas respostas!

— O nosso filho passou por muitas coisas... – começou Sérgio.

— Ele passou? Ele passou? – Paola estava descontrolada – Ele foi o motivo!

— Paola... – suspirou Sérgio, mas a mulher saiu de casa. – Desculpe doutor... O Daniel sempre foi um assunto delicado nessa família e talvez não seja um bom momento para termos essa conversa.

— Mas...

— Eu preciso ir ao hospital ver se temos novas noticias. - ele abriu a porta para que Anderson saísse. - E preciso me livrar desse cachorro.

— Não faça isso! – Anderson fez um carinho na cabeça de Tripé antes de caminhar até a saída. – Seu filho ama esse animal! Ele fala dele com tanto carinho.

— Vou pensar sobre.

— Olhar. - Anderson olhou Sérgio nos olhos. - Sei que as coisas estão sendo difíceis e não sei porque seu filho tentou se matar, mas soube que alguma coisa estava errada quando ele me ligou chorando. Se você e sua esposa me deixarem ajuda-los...

— Sinto muito Anderson, não sou eu seu paciente. – disse Sérgio – Mas obrigada por me alertar sobre o cachorro. Acho que posso cuidar desse problema canino com alguns antialérgicos.

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— Ele acordou? – perguntou Edgar indo conferir. – Ele acordou!

— Oi! – disse Gabriela aparecendo logo em seguida - Dani! Como está se sentindo?

— Ele não me parece muito bem. – murmurou Edgar. – Ele balbuciou alguma coisa?

— Sei lá... Não entendi o que ele quis dizer!

— Maçã... – sibilou Daniel quase sem fôlego.

— Ele disse maçã? – perguntou Edgar – Você não pode estar falando sério! Com tantas coisas para nos dizer... Você diz maçã?!

— Não encha a cabeça oca dele com suas preocupações. – reclamou Gabriela – Se ele quer uma maçã, providenciaremos uma!

— Eu não vou fazer isso até que ele diga que sente muito!

— Porque ele deveria fazer isso?!

— Porque ele é egoísta! – berrou Edgar – Porque ele tentou se matar sem se preocupar comigo!

— Não diga que ele é suicida na frente dele! Isso pode piorar as coisas... – reclamou Gabriela.

— Desde quando passou a ser a responsável?! Sem desculpas, sem maçã! – ele cruzou os braços e fez um bico. Daniel estava se sentindo tonto, como se estivesse em qualquer outro lugar que não fosse a terra. O ar estava quase escasso e sentia uma pontada dolorosa toda vez que se mexia. Ele não se lembrava de muita coisa, a não ser de ter ouvido muita choradeira.

Mesmo se sentindo como se tivesse sido atropelado por um caminhão, ele não podia deixar que Edgar se sentisse culpado ou triste. Não queria magoar ninguém, mas vezes o sentimento de dor que sentia tornava-se insuportável e os fantasmas voltavam para assombrá-lo.

Sem saber o que fazer e torcendo para que o amigo não o castigasse tanto a ponto de não realizar o seu desejo comestível, ele buscou a mão de Edgar e tentou fazer uma espécie de carinho.

— Desculpa. – disse quase em um sussurro. Sabia que tinha soado estranho, mas não se importava afinal ali era o Edgar, seu melhor amigo.  – Maçã?

— Tudo bem seu interesseiro de uma figa, eu consigo a sua maldita maçã! – respondeu Edgar. – Mas só porque sou um cara legal, vou te perdoar por tentar morrer sem mim.

— Edgar! Para de se sentir traído e consegue logo a droga da fruta!

— Eu não acabei, Gabriela! Eu não vou fazer isso porque você merece, eu vou trazer essa fruta porque eu te amo! - falou olhando nos olhos tristes de Daniel. - Mas que fique claro que se tentar morrer de novo, eu mesmo te mato!


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