Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 22
Vaca Maldita.




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— Oi! – Daniel falou quando abriu a porta de sua casa e deu de cara com Gabriela.

— Oi... – disse ela sem jeito.

— O que é isso? – ele perguntou olhando para um grande embrulho nas mãos da amiga. Gabriela corou e tentou pensar em algo para dizer.

— É pra você. – Daniel abriu o embrulho e viu que dentro tinha uma torta mal decorada e que aparentava ser de maçã.

— Obrigado, mas por que me deu uma torta? – perguntou sorrindo.

— Sabe... Estive... Com vontade de fazer bolo, aí lembrei que você gostava de torta de maçã e resolvi trazer pra você.

— Foi você que fez? – o sorriso desapareceu do rosto dele.

— Sim.

— Ah... – ele olhou para o bolo e sentiu uma dor na barriga. – É... Você quer entrar?

 - Achei que não ia perguntar! – ela riu bagunçando o cabelo dele.

 - Tire os sapatos, Tripé adora comer meias.

— Seus pais já descobriram sobre ele? 

— Não, mas eu o solto quando estou sozinho em casa.

— Está sozinho? – Gabriela perguntou se sentando no sofá. Daniel andou até a cozinha e colocou o bolo perto da lixeira.

— Sim. – respondeu ele voltando para a sala. – Onde está o Edgar?

— Como é que vou saber?

— Você nunca vem aqui sem ele.

— Isso não é verdade. Não vai comer a torta? – perguntou sonhadora.

— Estou sem fome. – Mentiu enquanto se sentava ao lado da amiga. A verdade, é que ele iria jogar a torta fora depois que ela fosse embora, afinal, todos sabiam que Gabriela cozinhava terrivelmente mau.

— Ah... - Neste mesmo momento, alguém bateu na porta.

— Espera rapidinho. – Dani foi até a porta e abriu, dando de cara com uma Amanda sorridente. – Oi!

— Olá meu neném! Olha o que eu trouxe para o meu chuchuzinho! – Amanda amostrou uma linda torta de maçã para o rapaz, fazendo Gabriela se encher de raiva.

— Não acredito! Obrigado! – respondeu ele pegando a torta da mão da garota e agarrando-a logo em seguida. Gabi desviou o olhar e ficou encarando a parede enquanto pensava de qual maneira deveria matar Amanda. - Entre!

— Quem é essa? – Amanda perguntou quando viu Gabriela sentada no sofá.

— Essa é a Gabriela, minha melhor amiga. Já falei dela para você, lembra?

— Ah, claro. – respondeu Amanda analisando a garota.

— Bom, como sei que você não come torta por causa da dieta, vou colocar um pedaço para mim. Gabi, você quer?

— Não. – Gabriela respondeu de forma seca.

— Sobra mais para mim! – Daniel voltou com um pedaço enorme de bolo nas mãos e com a boca toda suja. – Delícia!

— Eu que fiz! – Amanda disse dando um beijo na bochecha do rapaz.

— Vaca maldita... – murmurou Gabriela baixinho.

— O que você disse? – Amanda perguntou.

— Falei que já vou. – mentiu enquanto se levantava do sofa.

— Mas você acabou de chegar! – Daniel falou se aproximando dela. – Abre a boquinha!

— Não quero... – disse, mas Daniel a ignorou, enfiando um pedaço enorme na boca dela.

— Agora mastigue. 

— Que droga!

— Que foi? Não gostou? – Amanda perguntou, mas Gabriela apenas saiu bufando da casa do amigo.

Sem querer voltar para casa, onde Ana provavelmente faria perguntas que ela não queria responder, Gabriela ficou um longo tempo andando sozinha pela rua, até que decidiu ir até a casa de Edgar.

— Gabriela! – Edson abraçou a menina apertando e sufocando-a – Que bom ver você por aqui! Entre querida, entre! – Para surpresa da menina, a casa estava silenciosa.

— Onde estão todos?

— Foram ao cinema... Estou rezando para que o carro capote! – disse ele esperançoso. – O Edgar está no quarto.

— Obrigada. – murmurou indo em direção ao quarto do amigo. Ao abrir a porta, viu Edgar dançando uma espécie de rock estranho em frente ao espelho. – Está tudo bem? – ela perguntou fazendo Edgar notar a presença dela.

— Estou ensaiando uma coreografia para a Heloá.

— Está indo muito bem... – mentiu ela. – Então o lance com a  Heloá é serio?

— Ah, não tanto quanto eu gostaria. Na verdade, a Heloá é legal, mas queria ter uma pessoa realmente especial ao meu lado.

— Arranja uma, ué. – disse ela se jogando na cama do amigo.

— Eu já arranjei... – suspirou ele desligando a musica – Só nunca tomei coragem para me declarar... Prefiro sonhar que tenho meu amor retribuído do que ouvir um redondo não.

— Sei bem como é isso.

— Sabe, é? – ele ergueu a sobrancelha. – Desde quando está apaixonada?

— Desde que percebi que sinto a falta dele até quando estou dormindo.

— Estamos por acaso nos referindo ao seu beijo acidental com o Dani?

— Claro que não. – ela mentiu. – Já falei que aquilo foi uma confusão! Nunca beijaria aquela boca fedorenta...

— Ótimo! Que tal aproveitarmos sua presença aqui para eu te mostrar minha coreografia?

— Está tentando me seduzir?! – Edgar corou sem graça.

— Claro que não!

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— Caramba, você é muito melhor do que eu imaginei! – disse Daniel rindo enquanto via sua namorada jogar playstation. – Morri de novo!

— Você não quer fazer alguma coisa mais interessante? – perguntou Amanda acariciando levemente o cabelo do rapaz.

— Não podemos, o Tripé está em casa! – Ele sabia que Amanda sempre tentava dar um passo adiante no relacionamento, mas ele ainda se sentia muito inseguro e não confiava nela o bastante para contar sobre sua virgindade.  – Mas podemos ver um filme. O que você acha?

— Tanto faz. 

— Qual quer ver? Tenho uma coleção bem interessante!

— Peppa Pig? Galinha Pintadinha? Sério? – Amanda pegava os DVDs com desprezo.

— São do Tripé. – explicou-se o menino. – Que tal A Era do Gelo?

— Você por acaso tem doze anos?

— A Gabi que me deu... É o nosso filme, sacou?

— E você quer ver um filme que sua “amiguinha” te deu comigo?!

— Sim... Quer dizer, sei lá.

— Você é realmente idiota assim mesmo ou se finge?!

— Não sou idiota!

— Tem razão, é estúpido! Afinal, você quer transar comigo ou não?

— Claro que quero... – Daniel ficou vermelho. – Mas não é tão simples...

— Por que não? É por causa da Gabriela, não é?

— Gabriela? O que ela tem a ver?

— Ela é apaixonada por você! E é obvio que você acha ela especial...

— Você fumou maconha?

— Deixa de ser idiota! Não viu como sua amiga ficou incomodada quando nos viu juntos?!

— Ela não ficou incomodada, é que a Gabi está sempre de mau humor!

— Eu não sou trouxa, Daniel. Está explicito que ela é apaixonada por você!

— A Gabi? Sério? – Daniel estava mais surpreso do que chateado. – Ela nunca daria em cima de mim... – ele parecia pensativo. – Deve ter apostado com o Ed... Pensando bem, eu não seria tão idiota para cair naquela historia, e não vejo motivo para ela se interessar por mim.

— Então quer dizer que você a quer?!

— Quando foi que eu disse isso?! Além de anoréxica e maconheira, agora é surda?

— Você é um idiota mesmo!

— Não sou idiota, Amanda!

— E eu achando que poderia casar com você!

— Casar?! A gente nem começou a namorar...

— Porque você é muito lerdo!

— Ou talvez seja porque o Tripé não gosta de você!

— Dane-se aquele vira lata manco!

— Ei! Não fale assim do meu filho! Não confio em ninguém que o Tripé não confia também!

— O que você tem de bonito e rico, tem de estupido!

— Uau, o que você tem de bonita, tem de lunática!

— Você é um retardado e seu cachorro aleijado deveria ser sacrificado!

— Saia da minha casa!

— Está terminando comigo?!

— A gente nem começou!

— Mas todos acham que já estamos namorando!  O que vou fazer agora? Todos esperam nós dois juntos! Somos bons nisso! Somos bonitos, ricos e sensuais... As pessoas querem ser como nós! O que vou fazer agora?!

— Ah, problema seu!

— Sem mim, sua carreira não vai para lugar nenhum!

— Dane-se! Agora saia logo, antes que você seja sacrificada!

— Quer saber?! Não quero minha imagem atrelada a sua! Estou indo embora, mas antes, quero que saiba que nunca vai achar ninguém melhor do que eu!

— Até o Tripé é mais verdadeiro e engraçado que você! E leve essa torta com você! – ele entregou o presente que Gabriela tinha dado. Não podia correr o risco de Tripé procurar alguma guloseima no lixo e encontrar aquela porcaria.

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Eram três da manhã quando o telefone de Anderson tocou. Sonolento, o médico pegou o aparelho e atendeu a ligação.

— Daniel? O que foi?! – perguntou ainda sonolento. Ele esperou alguma resposta, mas o rapaz não respondeu. – Daniel? Você está bem?

— Não. – o garoto respondeu com a voz tremula e chorosa. – Na verdade, eu estou muito mal.

— Aconteceu alguma coisa? – Anderson não queria saber realmente, mas achou melhor perguntar.

— Eu briguei com a Amanda, mas não é por isso que estou triste.

— Podemos ter essa conversa no consultório? Está de madrugada e...

— Você não entende... Eu não posso esperar mais! – ele gritou fazendo Anderson se assustar. “Nunca o vi tão desesperado...”, pensou Anderson enquanto sentava na cama.

— Tudo bem, estou te ouvindo. O que está te deixando triste?

— Estou revivendo tudo.

— Como assim?

— O dia que tudo aconteceu... – um choro estridente tomou conta da voz tremula do rapaz.

— Daniel, onde seus pais estão?

— Acho que em Barcelona, sei lá...

— Você está sozinho em casa?! – Anderson perguntou preocupado, mas a linha ficou muda.


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