Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 20
Selinho Acidental.




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— Você é muito diferente, Daniel. – Amanda falou enquanto bebia um gole de suco. Depois que a seção de fotos tinha acabado, os dois decidiram ir até uma lanchonete próxima para baterem um papo. – O garoto mais estranho que já conheci.

— E isso é bom? – ele perguntou.

— Não. Já tentou ir a um psiquiatra?

— Não preciso disso, tenho um Smurff. – Amanda ergueu a sobrancelha sem entender. – Você gosta de torta?

— Sim, mas o que seria um Smurff?

— Aqui tem uma torta deliciosa de maçã. - o rapaz continuou ignorando-a completamente. - Vamos pedir?

— Obrigada, mas não poderei aceitar.

— Sério? Por que você não quer? Recusar a melhor torta de maçã da cidade é praticamente um pecado!

— Daniel... - ela riu. - Eu sou uma das modelos mais requisitadas nacionalmente. Preciso controlar a minha alimentação, manter meu corpo dentro dos padrões, entende? – ela deu de ombros, fazendo a alça de sua blusa cair pelos ombros, deixando toda aquela região a mostra.

— Sério? Que chato, por que não pede demissão?

— Porque eu amo meu trabalho.

— Acho que isso justifica. - ele sorriu para Amanda. Era difícil desviar os olhos do corpo dela.

— Então... Por que está sorrindo tanto?

— Nada. – ele respondeu quando na verdade pensava em como ela é linda. - Você está com os dentes sujos, já experimentou usar uma nova pasta de dente? – Amanda fez uma careta. “Droga, por que eu disse isso?!”, Daniel pensou chateado consigo mesmo. - Estou brincando! – ele falou imediatamente. – Na verdade, estou sorrindo porque sua boca é a coisa mais gostosa que já vi.

— Tudo bem... – Ela corou e sorriu sem jeito. – Você também é muito bonito. Na verdade, hoje quando te vi tive certeza que você é o cara mais bonito que conheço.

— Vamos, não minta!

— Não estou mentindo. – ela inclinou o corpo para mais perto dele. – Eu trabalho com vários modelos famosos, mas nenhum é tão gato quanto você.

— Você uma garota espetacular, Amanda. É uma pena que não goste de esportes.

— Eu só acho que futebol não tem tanta importância.

— Futebol não é o meu esporte favorito, embora eu goste muito.

 - Sério? E qual é?

— Corrida. Eu adoro escalar também, mas aqui não tem nenhuma montanha, então não se surpreenda se eu escalar sua janela! – ela riu.

— Isso é verdade ou apenas mais uma piadinha?

— É a mais pura verdade. – ele pegou na mão dela. – Adorei suas unhas!

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— Não acredito! – Gabriela gritou quando viu uma foto de seu amigo na revista. – Você é um ótimo modelo!

— Muito obrigado. – Daniel respondeu. – Mas estou preocupado com uma coisa... E se alguém da máfia coreana me sequestrar querendo que meu pai pague um resgate?

— Acho que a máfia tem coisas mais importantes para fazer...  Quem é essa? – ela apontou para uma morena que estava ao lado de Daniel na foto. Ele usava apenas uma cueca e estava segurando a coxa dela enquanto ela agarrava sua nuca.

— É Amanda Forbes. Ela é uma modelo super famosa.

— Entendi. – Gabriela analisou a foto de Amanda com uma careta.

— Ela é incrível! A gente foi tomar um suco depois do ensaio e nossa... Pense numa garota espetacular! Elegante, simpática e ainda por cima é muito mais bonita pessoalmente!

— Ela não é tão bonita. – Gabriela murmurou passando a pagina, mas as fotos seguintes eram todas de Amanda.

— Você enlouqueceu?! Sabia que ela foi eleita a mais sexy das agencias mais famosas? E você não sabe da melhor parte!

— Qual?

— A gente tem um encontro hoje a noite! – Gabriela fechou a revista bruscamente.

— Como assim?! Encontro como colegas de trabalho, não é? Reunião de modelos? - ela estava com a voz tremula.

— Claro que não. - Daniel riu. - Vamos sair para jantar e vermos a possibilidade de sermos um casal. – Gabriela revirou os olhos. - Mas não é nada sério ainda, entende? Pode ser que a gente não combine.

— Olá! – Edgar gritou entrando no quarto. – Quem quer ir ao cinema?!

— O Daniel tem um encontro. – Gabriela respondeu de forma seca.

— Serio?! Com quem?!

— Amanda Forbes. – Daniel falou empolgado. – Da para acreditar?!

— Aquela modelo?! – Edgar arregalou os olhos. – Como isso aconteceu?!

— Ela me deu um pedaço de torta. – o rapaz deu de ombros. – Gabriela, você ficou maluca?! Por que está rasgando minha revista?!

— Será que não percebe que você e essa tal de Amanda não são um casal compatível?! – respondeu ela fazendo Daniel dar um muxoxo e Edgar arquear as sobrancelhas.

— Deixa de ser pessimista, Gabriela! O menino finalmente vai perder a virgindade! – Edgar falou enquanto batia no ombro do amigo.

 - Calma, não é para tanto! - Daniel riu. - Galera, eu só vou jantar com ela, ok? Não vou transar nem casar e ter sete filhos! Só é um encontro normal.

— Ótimo! – Gabriela resmungou se aproximando de Edgar. – Tenha um ótimo jantar com aquela falsificada! Eu e o Ed vamos ao cinema sozinhos!

— Ah, não! – disparou Edgar se afastando dela. – Sem o Daniel não tem graça!

— Como assim? Esqueceu que antes do Daniel, eramos apenas eu e você? A gente só conheceu esse idiota no incio do ano! Antes dele, nossa amizade era maravilhosa e você não se importava de sair sozinho comigo!

— Eu lembro, mas isso era antes... - Edgar deu de ombros. - Você está mais chata do que de costume.

Irritada, Gabriela pegou a primeira coisa que encontrou em sua frente e arremessou em Edgar. Por sorte, ele conseguiu desviar, fazendo com que o objeto batesse na parede e partisse em vários pedaços.

— O que você fez?! – gritou Daniel. - Esse vaso custou mais de cinquenta mil reais e mamãe o comprou na China!

— Sua mãe tem problemas!

— Depois que eu catar tudo isso, irei lhe matar, Gabriela! – Daniel berrou olhando para a amiga, que permanecia indiferente.

— Você está realmente maluca! - Edgar gritou. - Se essa bosta pegasse em mim...

— Cala a boca! - ela cruzou os braços. - Você merecia.

— Da para vocês me ajudarem a catar os cacos de vidro, pelo menos? - Daniel falou extremamente irritado.

— Vou pegar uma vassoura. - Edgar respondeu se retirando do quarto.

— Olha... - Gabriela começou enquanto se abaixava para ajudar o amigo a limpar toda aquela sujeira. - Eu não sabia que esse vaso era tão importante.

— Agora não adianta. - Daniel resmungou. - Provavelmente minha mãe irá me esquartejar.

— Posso juntar uma grana e te pagar pelo prejuízo.

— Pelo amor de Deus, esse vaso custava mais do que sua casa! - Gabriela fez uma careta. - Desculpa... Fui um pouco rude, não foi?

— Um pouco?

— Tudo bem... - ele suspirou. - Fica tranquila, não precisa pagar por nada. Se você me der um beijo, já estará perdoada. – Gabi sorriu e se aproximou de Daniel. Como de costume, ela o daria um beijo estralado na bochecha, mas sem querer Daniel virou o rosto fazendo com que o beijo pegasse na boca.

— Jesus, Maria, José... – murmurou Edgar aparecendo na porta do quarto com a vassoura e apanhador nas mãos. Dani e Gabi se separaram na mesma hora, ambos assustados. - Eu saio por um minuto e vocês se agarram?!

— Foi sem querer... – Daniel começou sem graça. – Foi apenas um selinho, relaxa. – ele forçou um sorriso.

— Sim... – Gabriela sentia seu rosto queimar de tanta vergonha.

— Sim. – Daniel falou desviando o olhar dela pela primeira vez.


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