Tarja Preta escrita por Maya
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem!
— Você está de castigo! - Ana gritou, mas Gabriela a ignorou. Ela tinha acabado de voltar da escola, mas isso não impediu o descontrole de Ana. – Vou ligar para seu pai agora mesmo!
— Mãe, francamente... – suspirou. – Hoje foi meu primeiro dia de aula, acabei de voltar! Você pode deixar toda essa discussão para outra hora?
— Eu não sei o que fiz para merecer uma filha como você!
— Ótimo. – Gabriela murmurou chateada. Estava cansada de sempre ouvir Ana reclamando da existência dela. – Mas eu não pedi para nascer.
— Em pensar que aquele bebê que eu amava tanto se tornou isso... – Ana resmungou. Gabriela cerrou os punhos controlando sua raiva e frustração naquele momento. Magoada, foi para seu quarto e trancou a porta, deixando a mãe gritando sozinha na sala.
Depois que percebeu que a filha a estava ignorando, Ana pegou o telefone e discou o numero de João, pai de Gabriela. Há 10 anos, João saiu de casa para viver um novo romance, deixando Ana e a filha de lado. Desde então, os dois adultos evitam ter contato um com o outro.
— João? – perguntou Ana quando o pai de Gabriela finalmente atendeu as inúmeras ligações.
— Por que está me ligando? Algum problema?
— Preciso que você converse com a Gabriela!
— Estou ocupado agora.
— O que é mais importante que sua filha? – esbravejou.
— Ana... – João deu um longo suspiro. – Ok, mas seja breve.
— Sua filha é uma marginal! – começou Ana. - Depois de todos os problemas que ela já arranjou, depois de todas as notas baixas e expulsões, agora ela apareceu com uma tatuagem!
— Poupe-me Ana! É só uma tatuagem, não tem nada de mais nisso! E não chame a nossa filha de marginal, se a Gabriela é problemática é porque você não tem liderança! Você sempre mimou essa garota!
— Ah, então nossa filha ser quase uma criminosa é culpa minha?
— Você nunca impôs limites para a Gabriela, não adianta ficar se lamentando agora! E deixe de exagero, ela não é criminosa, é apenas uma adolescente mimada.
— A filha também é sua, João! Não jogue a culpa toda em mim, se você fosse um pai mais presente, talvez ela não fosse tão rebelde assim!
— Ana, eu estou ocupado, não irei ficar ouvindo suas reclamações sem sentido. Se me ligou querendo que eu dê uma bronca nela, sinto muito, mas não irei brigar com a Gabriela só por causa de uma tatuagem.
— Você não entende! Ela fez escondida... Já tem dias! Eu só descobri hoje porque vi quando ela levantou a manga da camisa!
— O que ela tatuou?
— Uma âncora!
— Francamente, deixe de ser boba! Do jeito que você fala parece que ela tatuou um símbolo de uma gang...
— A questão não é o desenho! O problema é ela ter feito escondida!
— Claro, do jeito que você é chata, se ela tivesse pedido permissão você iria acabar com a vida dela antes mesmo dela fazer algo!
— Você é um péssimo pai!
— E você é paranoica! – então o homem desligou.
— Droga! – disse ela sozinha e colocando o telefone de volta no gancho. Depois de pensar um pouco, Ana suspirou e foi até o quarto da filha. – Gabriela, precisamos conversar melhor... Gabriela? – a mulher bateu na porta constatando que a filha não falaria com ela tão cedo.
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— Cara, você pesca muito mal. – Daniel riu. Ele estava há algum tempo tentando ensinar Edgar a pescar.
— Você é um professor chato e tagarela. – Respondeu Edgar irritado. - Eu perdi o peixe porque você ficou falando sem parar!
— Se você me desse ouvidos, já teria conseguido pelo menos um.
— Acha que você é superior? Eu pesco desde criança! – mentiu olhando para os baldes cheios de peixes que pertenciam a Daniel. – Ok, talvez você realmente seja um pouco melhor.
— Cheguei! – gritou Gabriela aparecendo no píer do lago. – Estou muito atrasada?
— Não, imagina... – respondeu Edgar sendo irônico. Os garotos remaram o pequeno barquinho que tinham alugado até chegar à margem. – Vem, sobe aqui. – Gabriela desceu do píer e se juntou aos garotos.
— Então você que é a Gabriela? – perguntou Daniel. – O Edgar falou de você sem parar.
— É porque ele me ama muito. – ela riu. – Você é o Daniel, não é? Ele também me falou de você.
— Detesto atrapalhar esse momento emocionante, mas vocês estão afastando os peixes. – Edgar disse irritado jogando novamente o anzol.
— Já estão aqui há muito tempo? – perguntou Gabriela carrancuda ignorando o melhor amigo.
— Sim... – Daniel suspirou. - Estamos aqui há um milênio e até agora ele não pescou nada...
— E esses baldes? – Gabriela perguntou apontando para os peixes que Daniel conseguiu pescar.
— Fui eu. – respondeu Daniel.
— Obviamente. – Gabriela sorriu. – O Edgar nunca conseguiria pescar tudo isso.
— Obrigado pelo apoio. – Edgar murmurou. – Mas por que se atrasou tanto assim?
— Longa história... Você lembra da tatuagem que fiz há um tempo atrás? Pois bem, hoje acabei dando mole e dona Ana descobriu.
— Dona Ana? – perguntou Daniel.
— Sim, minha mãe. Tivemos uma briga chata...
— Que milagre ela não te colocou de castigo? – perguntou Edgar.
— Ela colocou, mas entrei no meu quarto e tranquei a porta, assim ela pensará que estou fazendo um drama e que não quero falar com ela, quando na verdade, fugi pela janela e estou aqui.
— Já gostei de você! – disse Daniel.
— Já é um bom começo. – Gabriela sorriu dando um tapinha no ombro do garoto unicórnio. – Agora tenho que perguntar uma coisa para vocês. O que vão fazer com esses peixes?
— A principio, iríamos devolvê-los ao mar. – Daniel começou. – Mas o Edgar não colocou água no balde, agora todos estão mortos.
— Eu esqueci. – Edgar deu de ombros. – Mas podemos devolvê-los ao mar mesmo assim.
— Como? Estão mortos! – Daniel ergueu a sobrancelha.
— Eu sei, mas eles podem virar comida para tubarões... – Edgar respondeu, fazendo Gabriela bater na cabeça dele.
— Estamos em um lago, seu imbecil! – gritou ela.
— Tenho uma ideia. – disse Daniel. – Meus pais viajaram e estou ficando sozinho lá em casa. Se quiserem, podemos dar uma festa, tenho churrasqueira...
— Tem certeza, cara? Acabamos de nos conhecer! – disse Edgar.
— Além do mais, se você é novo no CAP, como vamos fazer uma festa se não conhece ninguém? – perguntou Gabriela.
— Escute. – Daniel falou. – Tenho contato com um pessoal da minha antiga escola. Sei que nos conhecemos hoje, mas não tem problema, tenho seguranças em casa, se tiver algum problema mando prender vocês. – os outros dois amigos se entreolharam preocupados. – É brincadeirinha.
— Nossa, você me assuntou! – disse Edgar. – Ok, acho uma boa ideia. Peixes mortos... Uma casa só para nós... Churrasco? – perguntou.
— De peixe? – Gabriela riu. - Ok, isso vai ser muito esquisito.
— Então, o que me dizem? – perguntou Daniel.
— Por mim tudo bem, não tenho nada para fazer mesmo... – respondeu Gabriela dando de ombros.
— Sua mãe vai deixar? – perguntou Edgar para a amiga. – Dona Ana não gosta que você frequente festas.
— Ela não precisa saber.
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