Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 1
Garoto Unicórnio.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! ♥



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— Gabriela! Você está atrasada! – gritou Ana pela decima vez enquanto batia na porta do quarto de sua filha. – Gabriela!

— Já ouvi - respondeu a garota destrancando a porta, ainda de pijama e com os cabelos bagunçados. – Estou pronta.

— O quê? Você vai assim? Cadê a sua farda?

— Mãe, hoje é o primeiro dia de aula... Ninguém vai de farda.

— Muito menos de pijama! Você vai ser barrada na portaria!

— Acredite em mim, o Centro para Adolescentes Problemáticos não liga para essas besteiras... – disse pegando a mochila. – Vamos? – Ana revirou os olhos e pegou as chaves do carro.

— Não sei onde errei com você. – resmungou.

— Também te amo, mãe.

Após quase meia hora de atraso, Gabriela finalmente chegou ao CAP, uma escola exclusiva para alunos do ensino médio com problemas comportamentais. O perfil dos estudantes são os mais diversos, porém todos possuem algo em comum: foram expulsos ou rejeitados por quaisquer outras instituições.

— Até que enfim! – Disse Edgar ao ver a melhor amiga se aproximando.

— O que é isso em seu cabelo? – A menina perguntou vendo o novo corte do amigo. Edgar é sempre o mais velho das turmas, já que repetiu o ano três vezes no ensino fundamental.  Agora, com 20 anos, parece ter uns vinte cinco, principalmente pela barba que faz questão de deixar crescer. 

— Eu planejava raspar a cabeça, mas depois vi um cara com esse corte e gostei. – respondeu.

— Ainda bem, você até que fica bonitinho com o cabelo assim.

— Obrigado, senhorita. Mas desde quando você liga para estilo? Falando nisso, por que está de pijama?

 - É a nova tendência do verão.

— Ah, fala sério! Você acordou atrasada de novo, não foi?

— Foram apenas problemas técnicos...

— Dona Ana te deixou sair assim? – Ele perguntou apontando para o traje de Gabriela, que o ignorou. – Você pelo menos acha que vai conseguir passar pela recepção vestida desse jeito?

— Depois desses anos de amizade, você ainda duvida da minha capacidade? – Gabriela perguntou, deixando o melhor amigo para trás.

— Essa eu quero ver... – murmurou Edgar observando-a se afastar. Ele pôde assistir de longe Gabriela ser barrada pelo auxiliar da instituição, porém, após algumas palavras, a garota foi liberada. Com um sorriso de vitória, ela olhou para Edgar e mostrou o dedo do meio. – E não é que ela conseguiu? – perguntou para si mesmo enquanto corria para alcança-la.

— Surpreso? – Gabriela perguntou quando ele finalmente a alcançou.

 - Eu não sei como você consegue ser tão cara de pau. – respondeu. – Como conseguiu ser liberada?

— Só precisei dizer a verdade... Estou muito doente, o médico disse que estou sofrendo de um grande problema chamado Priguicite Aguda.

— Meu Deus! – riu Edgar. – Sério que ele caiu nessa conversa?

— Eu e meus dons. – ela deu de ombros. – Pronto para o primeiro dia de aula do nosso ultimo ano?

— Mal posso acreditar que finalmente iremos concluir essa bosta.

Como de costume, no primeiro dia de aula todos os alunos se dirigem ao auditório do CAP, onde a diretora da uma palestra de boas vindas. Os primeiros 50 minutos sempre são direcionados para os calouros, que em sua maioria são do primeiro ano. Depois, a palestra é voltada para os veteranos, dizendo quais mudanças foram feitas na gestão e por ultimo, os alunos são direcionados para suas novas salas.

— Conseguimos! – gritou Gabriela quando viu que ela e Edgar ficaram novamente na mesma turma. – Isso é algo memorável! Deveríamos receber um Osca!

E é claro que deveriam, afinal, uma das politicas de “segurança” da instituição é sempre separar os “grupinhos” em salas diferentes. É muito raro amigos ficarem juntos durante todos os anos, afinal, o CAP sabe que quando se trata de adolescentes problemáticos, a melhor solução é dividi-los antes que comece uma rebelião. Depois de todo colégio já estar devidamente organizado, as aulas começaram. Normalmente, o primeiro dia tem uma rotina mais leve, para que os estudantes voltem a se acostumar com o dia a dia no CAP.

“Ok, até agora tudo ótimo...”, pensou Gabriela ao analisar sua nova sala de aula. “Ambiente bom, confortável, um pouco escuro talvez, mas pelo menos consegui ficar mais um ano na mesma turma do Ed”. Até aquele momento, todos os rostos eram familiares, pessoas que ela conhecia apenas de vista. Entretanto, um rosto diferente chamou sua atenção.

Era um rapaz moreno, com o cabelo bagunçado, roupas de marca e barba por fazer. Um rosto impecável de modelo, se não fosse por uma espinha gigante na testa.

— Ei. – Edgar sussurrou sentando-se ao lado de Gabriela, no fundo da sala. – Sabe quem é aquele? – ele apontou em direção do “modelo” que estava sentado na cadeira da frente.

— Não, mas presumo que seja parente de um unicórnio. Aquela espinha parece mais um chifre!

— Ele tem cara de sofrimento e abandono. Será que está com dor de barriga?

— Por que não tenta se aproximar dele?

— Boa ideia, sempre quis um unicórnio de estimação!

— Você não presta! – Edgar se levantou e foi em direção ao novo aluno.

Gabriela pensou em ir também, porém a professora de biologia chegou bem na hora. Edgar se sentou ao lado do garoto misterioso e começou a puxar conversa, enquanto Gabriela apenas observava curiosa para ter mais detalhes.

— Consegui informações valiosas. – Disse Edgar se aproximando de Gabriela quando a primeira aula acabou. – O nome dele é Daniel Vasconcelos, tem 18 anos, é rico e foi expulso da escola antiga por ter um surto de raiva e bater em um daqueles filhinhos de papai.

— Uau, descobriu tudo isso só nesses minutos?

— Claro, eu sou tipo um agente do FBI. – ele riu. – Ah, ele me convidou para pescar no lago perto de sua casa depois da aula. Você quer ir também?

— Claro. – respondeu. – Será legal fazer amizade com alguém novo... Já cansei de você.

— Engraçadinha. Estaremos lá as 16.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Ficarei feliz em ler seus comentários e suas opiniões. Beijos!



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