Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 15
Bingo!




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— Quem são vocês? – uma idosa pequenininha e adorável perguntou quando os garotos se aproximaram. Ela tinha sido contratada para cuidar da lista de convidados e assegurar que apenas as pessoas com o nome na lista entrassem na festa.

— Somos amigos da Gabriela Bittencourt. – respondeu Edgar mal humorado.

— E quem é essa?

— Não sabe quem é a Gabriela? – Daniel perguntou franzindo a testa.

— Não fui informada sobre. – ela conferiu a lista.

— Arlete! – o pai de Gabi apareceu, abraçando a velha. – O que está... Ah! – ele fez uma careta quando notou a presença dos garotos. – Quem é esse? – perguntou apontando para Edney.

— Meu irmão, senhor. – resmungou Edgar. – Espero que não tenha problemas... Só o trouxe porque meu pai me forçou.

— Claro... Arlete pode deixá-los entrar! São amigos de minha filha!

Os rapazes acompanharam João até uma sala estranha, com cor bege, mesas decoradas com branco e uma mesa com cinco calculadoras.

— Que merda é essa? – Daniel sussurrou para Ed.

— BINGO! – uma velha gritou, recebendo uma calculadora como prêmio.

— Fala sério... – os três meninos suspiraram.

— Fiquem aqui jogando, rapazes! – João falou sorrindo falsamente.

— Cadê a Gabi? – Edney perguntou.

— Está ocupada de mais para falar com vocês! – mentiu o homem saindo de perto deles. João só havia deixado a filha chamar os amigos para que ela fosse à festa, mas ele não tinha a intenção de deixar a garota perto dos amigos.

— Impressão minha ou isso aqui não é uma festa de arromba? – Edney perguntou para Edgar. – Você mentiu...

— Não menti! – defendeu-se Ed. – Pensei que seria legal!

— Eu já sabia que iria ser um saco... – Daniel murmurou se jogando em uma cadeira.

— NÚMERO TRÊS! – a mulher do bingo anunciou o número.

Depois de quase vinte minutos de puro tédio, Edgar começou a trançar os cabelos de Daniel, que estava quase pegando no sono. Aparentemente, Edney era o único que realmente estava jogando.

— Isso está um saco! – sussurrou Daniel quebrando o silencio e levantando a cabeça. – Para de fazer trancinha em mim, idiota!

— Você é muito chato! – resmungou Edgar.– Está reclamando desde que saímos do carro! Eu tive que trazer essa miséria e você me vem reclamando?! Claro que não! Se eu não posso ter vida social, não significa dizer que você precisa ouvir minhas lamurias... Nem meus gritos silenciosos de desespero!

— Deixe de drama! – disse Daniel – Como se Edney fosse alguma aberração de seis olhos e duas patas!

— Ei, eu estou aqui! – esbravejou Edney.

— Não por minha vontade! – berrou Edgar fazendo com que todos olhassem para a mesa.

— Podíamos jogá-lo no aterro. – sugeriu Daniel - Bingo! – todos olharam realmente furiosos para o rapaz.

— Não sabe que não pode gritar bingo sem ter preenchido toda a cartela?! – perguntou Edney nervoso.

— Oh, o que seria de nossas vidas sem essa enciclopédia de binga?! – rebateu Edgar revirando os olhos.

— É bingo, não binga! – resmungou Edney.

— Tanto faz! Onde será que a Gabriela se meteu?! Ela me deve um bolo de chocolate por ter de aturar esses velhos!

— Alguém me chamou? - perguntou Gabriela se aproximando dos amigos. – Eu sei, eu sei... Essa é a pior festa do mundo! O que isso está fazendo aqui?! – ela apontou para Edney.

 - Fui obrigado! – rosnou Edgar se explicando enquanto seu irmão se encolhia na cadeira.

— Eu queria comer maçãs. – suspirou Daniel – Que tal sairmos para esticar as pernas?!

— E o bingo?! – perguntou Edney.

— Se eu quisesse uma calculadora, eu compraria! – respondeu Daniel – E eu não vejo nenhuma maçã entre os prêmios!

— Estou com o Dan, eu não fico nesse troço nem mais um minuto! – Gabriela falou cruzando os braços.

— Coloque a coleira de seu cão, Edgar! – disse Daniel se referindo a Edney. – Vamos passear!

Como a festa estava acontecendo em um espaço dentro de um shopping pequeno e sem cinema, os quatro garotos começaram a visitar varias lojas, apenas porque não tinha mais nada para fazer. Entediados de ver vitrines, decidiram apostar uma corrida de quem chegava mais rápido no topo da escada rolante.

— É impossível... – murmurou Edney quando ficou para trás na competição. – Não tem como subir em uma escada que está descendo!

— Droga! – gritou Edgar tropeçando no próprio cadarço. Para evitar uma queda, ele se apoiou em Gabriela, fazendo com que Daniel ficasse em vantagem.

— Eu vou entrar para o livro dos recordes! – falou ele quando chegou ao topo e viu que foi o único que havia conseguido. – Estou esperando vocês aqui, perdedores!

— Isso não valeu! – Gabriela falou. – Só perdi porque o Edgar me puxou!

— Quanto mimimi... – ele riu quando um segurança passou comendo uma fruta roliça, pequena e vermelha. – Maçã... – ele suspirou indo atrás do homem.

— Como ele sempre ganha?! – queixou-se Edgar.

— Ele come muito cereal? – perguntou Edney, que foi novamente ignorado.

— Isso aí é uma maçã?! – Daniel perguntou se aproximando do segurança.

— Sim. – respondeu o homem.

— Dai-me este fruto?

— Por que eu faria isso?

— Dai-me para que eu possa contempla-lo!

— Você é muito estranho, garoto. – o homem franziu a testa.

— Dar-te-ei uma oferta. – ele pegou algumas notas na carteira e entregou ao segurança. – Entregue-me essa dádiva vermelha e obtenha riquezas!

— Eu... – Impaciente, o garoto tomou a maçã da mão do guarda, fazendo-o ficar perplexo olhando para as notas de cinquenta reais que Daniel havia trocado pela fruta.

Feliz por conseguir a maçã tão preciosa, Daniel apareceu novamente na escada rolante apenas para anunciar a existência inacreditável de uma piscina de plástico perto da loja de esportes radicais. 

— Será que está cheia?! - perguntou Gabriela.

— O que mais uma piscina faria no pátio do shopping?! – perguntou Daniel – Será que não percebem que isso é a solução de nossos problemas?!

— O que?! Vamos roubar a piscina?! – perguntou Ed – Não vamos consegui carregá-la se ela estiver cheia!

— Não diga! – Gabriela revirou os olhos.

— Quem mergulhar primeiro, pega nos peitos da Gabi! – gritou Edney correndo com todos em seu encalço.

Edgar deu o máximo de si, não porque queria tocar nos peitos da amiga, mas para que seu irmão pentelho e chato não ganhasse já que Daniel não parecia muito empenhado em ganhar.

— Consegui! – gritou Edgar quando tirou a cabeça de dentro d’água.

— Merda! – disse Edney. – Eu queria tocar nos peitos dela!

— Só por cima de meu cadáver, tampinha! 

— SAIAM JÁ DAÍ! – disse um dos seguranças se aproximando da piscina.

— Onde está sua educação? Meus amigos merecem respeito! Peça por favor! – rebateu Daniel.

— Se esses dois moleques não saírem agora, chamarei a policia!

— E eu meu advogado! 

— Você nem tem advogado! – disse Gabriela – Saiam logo daí que meu pai já me ligou quatrocentas vezes! E ninguém vai tocar em meus peitos!

— Nem o guarda?! – perguntou Daniel fazendo o homem analisar a garota, como se pretendesse transar com ela. Em troca, Gabi fez cara de nojo e se afastou do segurança.

— Sai para lá, pedófilo! – gritou Edgar saindo da piscina e se esbarrando no guarda.

Depois de tudo, os amigos foram ao banheiro infantil, que estava vazio, e trancaram a porta. Edgar tirou as meias e colocou no secador de mãos, Edney pegou papel higiênico e tentou se secar. Gabriela e Daniel, únicos que estavam secos, tentaram ajudar os amigos, mas não adiantou muita coisa.

— Acho que a ideia da piscina não foi legal... – Edney suspirou.

— Podemos comprar roupas secas para vocês dois. – sugeriu Daniel.

— Não tenho dinheiro. – Gabriela disse.

— A gente também não tem. – Ed falou, apontando para si mesmo e para o irmão.

— Meu pai vai me matar se demorarmos de mais... – Gabi lamentou.

— Não queremos voltar para o bingo! – Edgar protestou. Nesse momento, Edney saiu da cabine do banheiro e olhou para os amigos.

— E aí? Está muito ruim? – ele perguntou.

— Você fica uma desgraça de qualquer jeito. – murmurou Gabriela. – Ed, você morreu aí dentro?

— É difícil secar as regiões intimas com apenas um pedacinho de papel, sabia? – ele respondeu.

— Você que é lerdo! – Edney gritou.

— Não perguntei nada a você! – Edgar berrou como resposta. — Pronto. – Ele saiu da cabine e deu um longo suspiro. - Ótimo, vamos ter de voltar assim para o aniversário...


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