Tarja Preta escrita por Maya
Edney saiu do quarto depois de uma noite agitada entre ele e as prostitutas dos vídeos pornográficos que estava assistindo. Ainda sonolento, andou até a cozinha e colocou um pouco de leite num copo.
— Onde é mesmo o banheiro? – uma voz feminina surgiu atrás dele, fazendo-o se virar instantaneamente. O menino arregalou os olhos e derramou todo o leite quando viu que Gabriela estava parada na sua frente com apenas calcinha e sutiã.
— Você... Você... Nossa! – ele gaguejou sem conseguir tirar os olhos do corpo dela. – Quem é você, minha deusa? Deixe-me ser seu servo!
— Ah... – disse ela tentando assimilar as coisas. – Não entendi.
— Só posso estar sonhando! – ele gritou correndo para abraçar a garota, que se afastou bruscamente.
— Ok, você é estranho... Finja que eu não estou aqui! – Disse ela, saindo correndo logo em seguida. Na tentativa de escapar de Edney, Gabriela acabou tropeçando em uma lata de cerveja que estava jogada no chão, o que a fez cair de quatro.
— Você está bem?! – o menino correu até ela e tentou levantá-la, mas a garota acabou escorregando de novo. – De onde você surgiu, deusa?
— De Nárnia é que não foi... – resmungou. – Pare de me chamar assim!
— Desculpa, eu só queria...
— Cala a boca! Minha cabeça está doendo muito, você tem remédio?
— Tenho, mas...
— Socorro! – Daniel gritou jogando-se da escada. Edney e Gabriela gritaram e arregalaram os olhos enquanto assistiam o rapaz descer embolando degrau por degrau.
— Você está bem?! – Edney correu até Daniel e começou a sacudi-lo, já que ele parecia estar desmaiado.
— Sai daí! – Edgar desceu as escadas correndo, pulando por cima de Daniel e do irmão.
— Quer me explicar por que tem uma garota andando só de calcinha e sutiã pela casa, por que um cara caiu da escada do nada e por que você está com uma tanguinha?! – Edney berrou.
— Eu estou sem roupa? – Gabriela se perguntou, olhando para os próprios peitos. – OH MEU DEUS! – ela pegou uma almofada e tentou se cobrir com ela. – Quem é esse menino?! – berrou apontando para Edney.
— É meu irmão caçula... – Edgar respondeu. – Onde está o Daniel?
— Você está pisando nele! – Edney gritou apontando para o rapaz aparentemente desmaiado.
— Oh! – Edgar se afastou do corpo imóvel do amigo. – Ele morreu?! O que você fez com meu amigo, seu pirralho?!
— Ele surgiu do nada! Querem me explicar o que aconteceu?
— Ai. Meu. Deus. – soletrou Jéssica entrando em casa. – Edgar... – disse ela respirando fundo. – Edney... – ela olhou para Gabi e depois para Dani, que ainda estava no chão. – Jesus, Maria, José! – gritou ela indo até o rapaz. – Vocês mataram esse menino?!
— Não! Ele se jogou da escada! – respondeu Edney. – Não tive culpa mãe, quando levantei...
— Cala a boca! – Jéssica berrou olhando o pulso de Daniel. – Graças a Deus, ele só está desmaiado. Levem ele lá para cima! – Ed e Edney carregaram Daniel e foram em direção ao quarto. Gabriela se levantou na intenção de seguir os garotos, mas foi interrompida por um puxão de cabelo. – Você não, piranha! – a mãe de Edgar gritou empurrando a menina no sofá. – Quem você pensa que é?
— Sou a Gabriela, amiga do Ed! Eu ajudo ele na escola...
— Se isso é verdade, por que está pelada na minha casa?!
— Senhora, juro que não sei como isso aconteceu! Confia em mim! Seu marido me conhece, ele pode provar!
— Como assim meu marido te conhece?!
— Mãe, o que você está fazendo?! – Edney e Edgar chegaram na mesma hora que a mulher começou a estapear Gabriela.
— Vocês tiveram a coragem te trazer uma prostituta para cá?! Um ambiente de família?! – ela gritava enquanto batia na garota.
— Mãe, ela não é prostituta, é a minha melhor amiga! – Edgar puxou a mulher, separando-a de Gabriela. – Acho que você não a conhece porque quando ela vem me ajudar a estudar, você está trabalhando no hospital... Mas o papai sabe quem ela é, ele sempre está aqui quando estudamos! – a mulher se acalmou e olhou para Gabi, que estava perplexa.
— Oh... – Jéssica colocou a mão na boca. – Desculpe! Perdão, eu... Por Deus, vá colocar uma blusa... – disse, tentando se manter calma.
— Vem! – Edgar puxou a amiga, deixando Edney consolando a mãe. – Foi mal, perdoa a mamãe... – ele pegou uma blusa dele e entregou a ela.
— Como isso chegou até esse estado? – Gabriela perguntou olhando os arranhões no braço deixados por Jéssica. – O que aconteceu ontem?
— A gente bebeu muito...
— Por que você está de tanguinha? – a menina colocou a mão na cabeça. – Não, não, não! Ed...
— O que foi?
— E se ontem aconteceu coisas que não eram para acontecer? Digo... E se a gente... A gente...
— Calma! – ele riu. – Não transamos, se é o que quer saber! Você tirou a roupa porque o Daniel vomitou em você...
— Que nojo! – Gabi se cheirou. - ECA!
— Acho melhor você tomar um banho quando chegar em casa... – Edgar foi interrompido por um grito. Instantaneamente, todos subiram correndo para o quarto onde Daniel estava.
— O que aconteceu? – Gabi perguntou se aproximando do amigo, que se debatia na cama.
— Eu resolvo isso! – Jéssica segurou o rapaz, na mesma hora em que ele despertou desesperado.
— Socorro! – gritou. – Ai! – ele pegou no próprio braço. – O que aconteceu comigo? Por que estou tão dolorido?!
— Você caiu da escada... – Edney começou.
— Hã?! – Daniel gritou.
— Dani, calma... – Gabriela falou segurando o menino. – Calma, está tudo bem, já resolvemos tudo, fique quieto...
— Alguém quer me explicar o que está acontecendo?
— Depois! – Edgar falou.
— Deixe-me ver o seu braço! – Jéssica falou. – Não está quebrado, apenas está roxo.
— Não importa... Eu tive um pesadelo horrível! – berrou ele. – Você estava lá! – ele apontou para Ed. – E você também! – disse apontando para Edney.
— E eu? – Gabi perguntou sentindo-se excluída.
— Você não...
— Como pode ter um pesadelo com eles dois e não comigo?! – perguntou ela irritada. – Você sempre me deixa de fora!
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— O que aconteceu com você?! – perguntou Sérgio quando entrou no quarto do filho. Daniel gritava e chorava enquanto se debatia na cama. Seu corpo atlético estava com vários hematomas e parecia mais frágil. – Filho... – Sérgio sentou-se ao lado dele e tentou segura-lo. – Calma, respira... Paola, preciso de você aqui!
— Ele morreu... – Daniel murmurou com a voz embolada. – Ele morreu!
— Paola! – o homem gritou mais uma vez desesperado para que a mulher viesse ajuda-lo a conter Daniel.
— O que... – a mulher apareceu na porta do quarto do filho e ficou perplexa. Na tentativa de ajudar o marido, segurou a cabeça de Daniel enquanto Sérgio tentava segurar o resto do corpo. – Calma, querido... – ela sussurrou no ouvido dele, começando a cantar uma canção que sempre cantarolava quando o filho era pequeno.
À medida que a mãe cantava, Daniel se acalmava mais, de forma que o choro sessou. Os pais do garoto se entreolharam com uma expressão triste e aos poucos, foram soltando o filho.
— Está melhor, querido? – Paola perguntou acariciando a cabeça dele.
— Sim. – ele murmurou.
— O que aconteceu? – Sérgio perguntou preocupado.
— Nada... Eu só tive um pesadelo. – mentiu forçando um sorriso.
— Você não nos engana. – a mulher disse firmemente.
— Sério, mamãe. – ele a olhou nos olhos. – Juro que foi apenas um sonho ruim. – ele se sentou na cama e depois se levantou.
— Aonde você vai? – Sergio e Paola perguntaram ao mesmo tempo.
— Eu preciso me arrumar, vou sair com meus amigos. – a voz dele ainda estava fraca e sua expressão cansada. – Eu comentei com vocês, lembram? A festa da madrasta da Gabi...
— Você não vai! – Paola gritou. – Você acabou de...
— Mãe, por favor, já disse que não foi nada! – a mulher suspirou e encarou o filho por alguns segundos.
— Tem certeza disso, filho? – Sérgio perguntou franzindo a testa.
— Sim. – ele respondeu colocando uma camisa social. – Estou ótimo! – então ele saiu do quarto deixando os pais sozinhos.
— Precisamos ligar para o doutor Anderson. – Sérgio suspirou pegando na mão da esposa. – Ele piorou novamente.
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— Aonde você vai? – berrou Edson quando o filho apareceu na sala todo arrumado – Encontrar com o bastardo dos Vasconcelos?!
— Ah... Quem?! – Ed abriu a boca – Tá, não tem importância! Eu vou a uma festa de arromba!
— Nem pensar! Não depois de ter tomado toda a minha cerveja importada!
— Ah, deixa de ser pão duro! – rebateu o menino – O que são vinte e sete garrafas de cerveja?!
— Mas do que sua mesada pode comprar! – disse Edney – Eu avisei a ele papai...
— CALADO! – berrou Edgar – E eu não bebi sozinho...
— Isso é verdade! – disse Edney – Ele estava com uma menina muito gostosa e com um cara louco que se jogou da escada atrapalhando meu lance com...
— Como assim?! Ele estava com um cara?! E uma garota?! Sexo a três em minha casa?! Com um cara?! – Edgar queria responder as perguntas, mas ficou extremamente confuso com o acumulo delas.
— Só relaxa, pai! – disse por fim. – Foi maneiro, e eu juro que vou pagar sua cerveja...
— Foi maneiro... – murmurou Edson – O que foi que eu fiz de errado meu deus?!
— Boa noite! – disse alguém entrando pela janela da casa. Daniel sorria, e como sempre, entrou sem ser anunciado e sem ter permissão.
— Como? Como? – Balbuciou Edney quando se deparou com menino suicida, que estava com uma calça marrom e uma blusa vermelha estranha.
— Poxa, você ta arrumadão! Tá muito lindo, cara! – disse Edgar ajudando o amigo entrar pela janela.
— Você também não está mal...
— Sua cara está um pouco zoada, mas tudo bem. – Edgar riu. – Vamos?
— Você não vai! – berrou Edson.
— Pai, se eu não for a Gabriela vai me matar!
— Gabriela... – disse Edney com uma voz sonhadora.
— Tudo bem... – o homem rosnou. – Mas somente porque é um pedido da Gabriela!
— Legal! – berrou Edgar beijando a careca do pai.
— Mas tem uma condição... Você só vai se levar Edney junto! – decretou.
— Que desgraça! O que vou fazer com essa peste?! E além disso, ele vai demorar para se arrumar!
— Não... Eu já estou pronto! – disse Edney apressado se perguntando se teria alguma chance com Gabriela, a primeira mulher “sem roupa” que ele viu além de sua mãe, irmã e amantes pornográficas.
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