Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 13
Virgindade.




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— Eu não posso contar essas coisas para ninguém... – Daniel suspirou.

— Isso é totalmente compreensível. – o medico psiquiatra sorriu. – Mas diga-me sobre seus amigos.

— Não tenho muitos, para ser sincero.

— Como não? Você é um rapaz bonito, deve ser popular!

— O senhor sabe que sou menor de idade? – Dani olhou para o médico de um jeito engraçado.

— Não estou dando em cima de você, se é o que está insinuando. - o homem fez uma careta e ajeitou os óculos com a ponta do dedo. - Só disse que era muito atraente comparado aos rapazes de sua idade!

— Ok... – respondeu desconfiado. – Bem, não sou popular nem nada do tipo. Tenho apenas dois amigos.

— Namoradas?

— Não.

— Não pensa em sair com garotas?

— Penso, mas geralmente não sou bom nisso.

— Por quê?

— Isso aqui é por acaso algum interrogatório?!

— Não, mas preciso saber. Por que acha que não é bom com as garotas, Daniel?

 

— Não, sei. Sabe, Paulo... Posso te chamar de Paulo, não posso?

— Meu nome é Anderson.

— Paulo, acho que não nasci com o dom de conquistador. – falou ignorando o médico. - As garotas costumam a fugir de mim, já troquei até o meu desodorante!

— Você me disse que tem uma amiga mulher, não foi?

— Sim, o nome dela é Gabriela.

— Por que não fala com ela? Ela pode te ajudar.

— Mas eu não quero ajuda! Só não aguento mais ser virgem!

— Então por que simplesmente não transa?

— Eu não quero qualquer uma... Na verdade, estou apaixonado, Paulo.

— Isso é bom! – Anderson sorriu. - Por quem, exatamente?

— Ela é do meu colégio. - ele sorriu sem graça.

— Isso é bom. – o médico disse novamente.

— Não sou surdo, Paulo! Você já disse isso antes! – Daniel se espreguiçou. – Sabe, ela é bem bonita...

— Como é o nome dela?

— Sônia. Ela é minha professora de Educação Artística! – falou fazendo o médico suspirar.

— Isso é normal na adolescência... Mas você irá superar!

— Então quer dizer que nunca irei ter a Sônia?

— Eu espero que não... – Anderson olhou para o relógio. – Nossa consulta acabou, te vejo na próxima semana.

— Mas ainda não terminei.

— Guarde suas duvidas para depois. – respondeu ele sorrindo.

Quando saiu do consultório, Daniel ligou para Edgar.

— Alô? – perguntou o amigo.

— Ed? Não estou mais no médico, vamos sair?

— Cara, venha para minha casa! Gabi e eu estamos acabando com todas as bebidas de meu pai!

— O Edson vai ter um ataque do coração quando abrir a geladeira e não ver as cervejas dele lá...

— É bom que morre logo!

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— Residência dos Espínola. – disse Edgar atendendo ao telefone enquanto pausava o filme que estava assistindo com os amigos.

— Edgar?

— Quem gostaria?

— É a Márcia... - a garota falou com a voz tremula. – A gente saiu algumas vezes, lembra?

— Márcia... Você não soube? O nosso Edgar morreu há três meses por infecção nas amídalas. – mentiu imitando uma voz feminina.

— Oh meu deus... – ela soltou um gritinho.

— Um acidente trágico. Sinto muito ser o porta voz dessa noticia.

— Onde ele foi enterrado? – a menina estava chorando.

— Não o enterramos... O Ed era uma alma livre por isso jogamos seu corpo em um descampado e queimamos o lugar banhado com a lua cheia, como manda a tradição indígena. Eu adoraria conversar com você, mas tenho outros filhos para criar... Adeus.

— Que merda foi essa? – perguntou Gabriela com a boca cheia de pipoca. – Desde quando você morreu?

— Seja mais simpática, eu acabo de cometer suicídio!

— Foi impressão minha ou você acabou de dispensar a Mayara? – perguntou Daniel.

— Márcia. – corrigiu Edgar. - Ela não ligava para mim, vivia me humilhando e só me procurava quando queria que eu matasse a carência dela!

— Fala sério! – Gabriela revirou os olhos. – Vai contando o verdadeiro motivo para esse papo de ritual indígena.

— O dedo médio do pé dela é maior do que o dedão! – murmurou Edgar. – Isso faz qualquer um perder o tesão, não é mesmo Dani?

— Não... Isso é frescura! – respondeu Daniel.

— Frescura? – Edgar riu. – Você não entende nada sobre mulheres! É um virgem e mal beijou na boca... – Gabriela olhou para Daniel surpresa, afinal ele nunca tinha contado isso a ela.

— Muito obrigado por contar meu segredo. – resmungou Daniel se levantando e pegando as suas coisas.

— Aonde você vai? – Edgar perguntou. – Desculpa, cara... Achei que a Gabi sabia!

— Por que nunca me contou isso? – a garota perguntou olhando para Daniel.

— Você é uma garota! – ele respondeu irritado. – Por que eu te diria algo assim? Para ser zoado por você também?

— Eu não acho isso um problema. – Gabriela deu de ombros. – Não te zoaria por causa disso.

— Viu? – Edgar falou. – Deixa de drama, vem terminar de ver o filme.

— É Dani. – Gabriela falou puxando-o para a cama. – Eu gostaria que você me contasse as coisas... Você só se abre para o Edgar!

— É porque ele me ama mais. – Edgar falou rindo, fazendo Gabriela revirar os olhos.

— Vai se ferrar. – rosnou ela.

— Não é questão de amar mais... – começou Daniel. – É que tem coisas que não me sinto confortável em dizer para você pois você é uma garota...

— Deixa de ser idiota. – Gabriela riu. – Eu sou sua amiga, ou não sou?

— É...

— Então pronto. – ela deu um tapinha no ombro dele. – Pode se abrir comigo, certo?

— Tudo bem. – ele riu abraçando-a.


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