Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 10
Declarações.




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Dois meses haviam se passado e as provas finais da segunda unidade estavam cada vez mais perto, fazendo com que os alunos enfiassem as caras em seus livros. Ninguém mais estava filando as aulas, tendo conversas paralelas enquanto os professores passavam revisões, e nem faziam brincadeiras fora de hora, menos Daniel, que não estava nem um pouco concentrado.

Cláudio havia viajado para o exterior há cinco semanas, mas prometeu ligar para Gabriela sempre que fosse possível. No inicio, ele até que cumpriu sua promessa, mas as ligações foram se perdendo até que parassem de vez, fazendo Gabriela se entristecer, mesmo que não quisesse admitir.

Observando o telefone celular, Gabriela viu que a ultima chamada dele foi há treze dias, o que a fez suspirar. Ela não o amava, mas gostava realmente dele como velhos amigos que possuíam uma grande amizade colorida. Ao perceber que estava pensando de mais em Cláudio, a garota guardou o celular, pois não queria perder a concentração na revisão de química que estava fazendo. Foi aí que o aparelho começou a tocar.

— Alô? – perguntou ela esperançosa em relação a Cláudio.

— Filha? – João perguntou do outro lado da linha, fazendo-a ficar decepcionada. – Como você está?

— Ah... Oi pai. Algo de ruim aconteceu? Você nunca me liga então alguém deve ter morrido.

— Bem, eu só queria te chamar para vir passar esse final de semana comigo aqui em casa... O que você acha? – perguntou ignorando as ofensas da filha.

— Estou perto das provas, pode ser uma má ideia, sinto muito. Mas mande lembranças minhas para a Lúcia! – falou sendo falsa.

— Poxa Gabi, você não me engana! – falou o homem irritado. – Nesse final de semana você não irá nem tocar nos livros, provavelmente vai sair com seus amigos, fazer coisas indecentes, então pare de usar as provas como desculpa para não visitar seu velho e pobre pai! – ele parou para respirar. – E então?

— Irei pensar! – respondeu Gabi. – Mas o lance de estudar é sério, eu tenho de ajudar o Edgar com a maioria das matérias porque não quero que ele repita o ano novamente e tenhamos de nos separar! – disse sendo sincera. – Queremos entrar para a mesma faculdade.

— Sei. – disse o velho desconfiado. – Filha... Não gosto desse seu relacionamento com o Edgar e o Daniel, eles não me parecem bons rapazes. Estão usando você, querida... Precisa dá um basta nisso, sabe?

— Pai... – Gabriela riu. – Ainda acha que transei com eles? – João corou.

— Prefiro não pensar nisso. Mas você disse que...

— Eu menti, pai. Eu só falei aquilo tudo para irritar vocês, mas não quero fazer nada daquilo.

— Então você ainda é virgem?!

— Bem, isso não posso te garantir.

— Está usando preservativos, pelo menos?!

— Sim... Mas não se preocupe, minha vida sexual anda parada ultimamente. – ela suspirou lembrando-se novamente de Cláudio.

— Se guarde um pouco mais, querida. – o homem disse enquanto secretamente comemorava. - De qualquer forma, a casa sempre será sua!

— Então saia dela com sua mulher e me deixe morar sozinha. – resmungou baixinho.

— O que? – João perguntou sem escutar.

— Nada, eu não falei nada. – mentiu. - Eu ficarei feliz em lhe ver, mas infelizmente não vai dar!

— Entendo. Preciso desligar agora, querida...

— Ok, tchau. – respondeu ela desligando o aparelho antes que o pai dissesse alguma resposta.

Quando a noite chegou, Ana entrou no quarto da filha pretendendo não acordá-la, o que de certa forma teria dado certo, a não ser pelo tropeção que a mulher levou.

— Que diabos! – gritou Gabriela assustada quando acordou com um barulho. Ela se sentou na cama para analisar a cena e concluiu que Ana havia tropeçado em uma calcinha sua que estava no chão, tentado se apoiar na mesinha, mas acabou a derrubando também e levou junto o abajur, que agora estava todo quebrado. – Mas o que você está fazendo a essa hora da noite?! – Ana levantou a cabeça lentamente.

— Você deveria estar me ajudando a levantar... – murmurou.

— Você me acordou e quebrou meu abajur, não devo fazer nada.

— Ok. – rosnou a mulher erguendo-se e sentando-se a cama. – Você é uma filha muito ingrata, sabia?

— Chega de perguntas, diz logo o que você quer! – Gabriela disse.

— Só queria lhe observar dormindo. – disse a mulher. – Eu fazia isso quando você era bem pequenininha... Quando você não era ingrata.

— Não lembro, posso dormir agora? – Ana riu.

— Me sinto tão realizada ao saber que você está tão perto de se formar... Estou orgulhosa, mesmo que você tenha feito uma tatuagem sem que eu permitisse... Eu te amo. – a mulher beijou a testa da garota, fazendo Gabriela ficar sem graça e surpresa.

— Desde quando você me ama? Quer dizer... Ultimamente você só fala coisas ruins em relação a mim. – respondeu.

— Sei disso. – a mulher suspirou deitando-se ao lado da filha. – As coisas não estão sendo fáceis para mim, sabe? Não estou justificando nada, é só que... Eu tenho problemas para conseguir entender você.

— Você nem tenta. – Gabriela murmurou.

— Tento sim. Mas filha, você é tão diferente de mim quando eu tinha sua idade. Eu não sei como lidar com seus dilemas e comportamentos. – ela acariciou a cabeça da filha. – Desculpa. Vou tentar ser uma mãe melhor. 

— E por que esse arrependimento repentino?

— É a minha tpm. – Ana respondeu fazendo as duas gargalharem. – Eu te amo, querida. E tenho orgulho de você.

— Eu também te amo, mamãe. – respondeu Gabi abraçando-a. – É só isso que você quer falar? – Ana acenou que sim, então a garota se virou e voltou a dormir, deixando sua mãe deitada ao seu lado.

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— Sou uma pessoa horrível! - disse Daniel se jogando  na cama de Edgar. - Acabei raspando a cabeça de meu pai...

— E como alguém deixa outra pessoa careca “sem querer”? – Gabriela perguntou dando risada.

— Ele me pediu para ajuda-lo a aparar. – Daniel lamentou-se.

— Seu pai não é rico? – Edgar perguntou prendendo o riso. – Por que ele não foi a um barbeiro?

— Ele é casquinha... – suspirou Daniel. – Enfim, ele me expulsou de casa.

— Tenho pena dele. – disse Gabriela ainda dando risada. - O que faremos agora que não temos nada para fazer?

— Que tal jogarmos ovo na porta das pessoas?! – sugeriu Daniel, sorrindo ao se imaginar jogando ovos na casa de seus pais como forma de vingança.

— E porque faríamos isso? – perguntou Edgar.

— Que tal um filme? – Gabriela sugeriu enquanto fazia cafuné nos cabelos escuros de Daniel.

— Ótimo, muito melhor do que a ideia dos ovos. – disse Edgar – Eu comprei um filme indicado ao Oscar, querem ver?

— RIO? – perguntou Daniel confuso enquanto lia a capa do filme. – Não estou no clima para animaçōes. Minha vida anda conturbada de mais.

— Esqueci que sua avó morreu... – murmurou Edgar. – Desculpa.

— Obrigado. – ele suspirou e depois olhou para Gabriela, que ainda fazia carinho no cabelo dele. – E você? Não irá me consolar?

— Irei lhe consolar durante a noite. – Gabi brincou, mas Daniel não riu. – Desculpe... Sei que você amava sua avó. Estou com você para qualquer coisa, ok? – falou abraçando o amigo.

— Vocês formam um belo casal. – Edgar resmungou. 

No final, Gabi e Edgar convenceram Daniel a assistir ao filme para que ele se sentisse um pouco melhor. E assim ficaram os três, um ao lado do outro comendo pipoca e dando risadas.


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