Quantas dúvidas escrita por DiHen Gomes


Capítulo 85
85 - Felipe




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753890/chapter/85

Vamos aproveitar hoje para evangelizar até onde conseguirmos ir pela cidade. Amanhã o Conexão tem que arrasar para semana que vem arrasar ainda mais no evento lá na capital. Ah, moleque!

— Olha só, a Bia, tá felizona hoje!

— Você não faz ideia o quanto, Felipe. Ei, mas onde tá o Paulinho? — Bia me pergunta a caminho da praça.

— Sei lá — respondo sem tirar os olhos do grupinho de skatistas adiante. Volto-me a ela depois do que faz. — Ô, obreira, tô zoando! O garoto tá com a tia Gi. Sussa. Tá tendo uma festa na casa dela e o moleque ficou lá.

Seguimos até os skatistas e é claro que eu vou até eles primeiro.

— Aôo, rapaziada, firmeza?

Meu telefone toca, mas apenas o silencio e continuo chamando a molecada para o Conexão. Bia chega perto e foca na única menina do grupo, engajando uma conversa que faz a menina chorar. Essa obreira sabe mesmo dos sentimentos das pessoas. Com certeza saberá das crianças também; entender o que elas esperam dos pais. Ela é perfeita.

Seguimos pela praça e pela marina e chamamos todo mundo, até os velhos. Idade não importa, o evento tem que encher!

Duas vezes o telefone toca na mesma hora, mas ignoro. Bruninho me puxa pela manga da camisa.

— Felipe, vai que o Paulinho tá passando mal?

— Relaxa, parceiro. A moça cuida dele pra mim.

— Tá vendo, obreira — ele se vira para Bia —, o Felipe é tão responsável...

— E depois ainda quer a... — Kawane começa e não termina depois do olhar matador da Bia. E eu apenas rio delas.

À tarde o Conexão enche. Não falei que a gente ia arrasar?

*

Na volta para casa, abro as mensagens que Karla deixou. O Paulinho está pior, tossindo e com muita febre.

— Que foi, Felipe? — Bia pergunta da porta da igreja, com voz de gente preocupada. Não sei como ela pode saber que não estou cem por cento. Ela não viu meu semblante, pois estou de costas e é noite.

— Nada não, obreira. Tchau.

Ô, Deus, o que é isso? Essa doença tem que sair do garoto. Quando eu chegar em casa ele estará curado, em nome de Jesus.

Apesar da determinação, caminho pisando forte. A vontade é chutar os pobres animais de rua, mas peço forças e consigo me controlar. Graças a Deus! Cansei de maltratar os coitadinhos por impulso.

Karla está na calçada me esperando com Paulinho no colo.

— Felipe, ele está bem melhor, mas ainda recomendo que você o leve ao hospital assim que possível. Infelizmente não posso ajudar, pois não sei o que se passa com ele. Ainda assim, se quiser, posso ficar em sua casa essa noite, o que acha?

Ela se aproxima de mim lentamente, chega pertinho. Até sinto o calor da sua respiração. Levanto os braços e os estico contra ela, abrindo espaço entre nós.

— Não, pode ir. O Paulinho tá na mão de Deus agora.

— Tudo bem. Quem sabe outro dia? Tchauzinho.

Karla vai embora rindo alto. Cara, ela é muito gata, mas é pura aparência. Deus tem alguém muito melhor para mim, da mesma fé.

Aí sim! Juntos vamos arrebentar!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quantas dúvidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.