From Me To You, With Love escrita por Haruyuki


Capítulo 3
02 ~ Ren


Notas iniciais do capítulo

Nota: cena de Bullying no final do capítulo.



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Yuuri, Victor e Ren chegam a Washington e logo se estabelecem no hotel onde outros patinadores e técnicos estão hospedados. Entre eles está Yuri Plisetsky, que vai participar da categoria sênior do campeonato americano, enquanto Ren participa da categoria Júnior. Era de tarde e os quatro decidem ir para o ringue onde o campeonato será realizado. Naquela noite, Ren irá patinar seu programa curto, uma música de autoria própria usando apenas sua voz e violão.

“Ei, pirralho, compra uma garrafa de água para mim.” Yuri diz em russo, dando uma cédula de 5 dólares para ele.

“Ok, Yousei-san.” Ren responde, fazendo Yuuri, que estava perto deles, se engasgar com a água que ele estava bebendo.

Yuri olha para o japonês, e então para o garoto, que já havia dado as costas e se afastado deles.

“Do que você me chamou, moleque?” Ele pergunta, o seguindo.

“Você está legal, Yuuri?” Victor pergunta, massageando as costas dele.

“Sim.” Yuuri responde, e acaba sorrindo. “Apenas preocupado. Ren pode querer imitar Yura e começar a xingar.”

“Verdade.” Victor dá risada, imaginando o combate de xingamentos entre Yuri e Ren.

Chegando na lanchonete, Ren vê uma garota pálida de cabelos castanhos claros recebendo o dinheiro e entregando latas de refrigerante e lanches para uma família. Uma garota com um olhar profundo.

“Posso ajudar?” Ela pergunta, e ele nota que ela está falando com ele.

“Uma água por favor.” Ele responde, entregando o dinheiro para ela, que o recebe com mãos enluvadas.

“Aqui está seu troco e sua água.” Ela fala, estendendo as moedas e uma garrafa de água.

“Muito obrigada.” Ele diz, pegando os itens e se afastando.

Ele para e olha para a garota, que agora atende um grupo de 4 garotos e ele vê pavor no rosto dela. Eles se afastam e ele decide voltar a falar com ela, mas é interrompido por Yuri.

“Minha água.” O louro russo diz, mal-humorado.

“Aqui.” Ren joga a garrafa na direção dele, e ele a pega.

“Katsudon e o velhote me pediram para te avisar que querem repassar o seu programa de hoje.” Yuri fala, bebendo água.

“Merda. Falta pouco para começar.” Ren dá a volta e se afasta dele, saindo da área de lanches.

Yuri olha para a garota, pálida, e dá de ombros.

“Não é da minha conta.” Ele diz, também saindo.

~x~

De olhos fechados fico a sonhar

Como deve ser um amor verdadeiro

Um amor com confiança, carinho

Com alegrias e tristezas compartilhadas

Fico a sonhar como seria

Se meus pais fossem verdadeiros

Se eles compartilhassem o amor

Se eles conseguissem ser compreensíveis

Fico a sonhar como deveria ser

Uma família unida, calorosa

Mais presente na minha vida

E que não fosse uma mentira

Fico a sonhar, a entender

O que se passa na mente deles

Não posso forçar meus desejos

Por isso que eu fico a sonhar

...

E Ren patina por último, uma música tocada e cantada por ele mesmo. Ele termina em terceiro, com uma diferença de 4.5 pontos para o líder. Victor, Yuri, Yuuri e seu avô o parabenizam e quando se prepara para deixar o ringue, ele vê algo que o faz arregalar os olhos.

“Ren?” Yuuri é o primeiro que nota que algo está errado.

Quando o avô percebe o quê fez seu neto se assustar, ele nota a presença dos pais do garoto na arquibancada, com uma fileira de acenos os separando.

“Eles são?” Victor pergunta, friamente, olhando para a criança ao seu lado.

“Sasha Ivanov e Naoyuki Sato. Pais de Ren.” O avô deles responde.

Yuuri e Victor levam os dois para a área interna do ginásio, e Yuri os segue, fitando o casal. Ele encontra Ren abraçado ao seu avô e Yuuri do seu outro lado, massageando as costas dele.

“Por que eles estão aqui?” Ren pergunta para o avô.

“Eu não sei, meu filho. Eu não sei.” O idoso responde, chateado.

Victor se aproxima deles com duas garrafas de água gelada e as entrega, se ajoelha para eles.

“Se importa de nos contar o que está havendo?” Ele pergunta, olhando do menino para o avô seriamente.

Eles se entreolham e Ren afirma com a cabeça.

“Eles deixaram Ren quando criança comigo e se separaram. Sasha se mudou para Moscou e Naoyuki, para Quioto. Pelo que eu soube, Naoyuki se casou e teve outro filho. Sasha… eu nao sei o que aconteceu com ela durante esse tempo. O que eu não entendo é porque eles apareceram agora?”

Yuuri, que continua a massagear o garoto, olha para Victor. Este o olha também e logo percebe algo..

“Será que… é por causa da gente?”

“É o que eu acho.” Yuuri responde, e então olha para Yuri, que estava ali quieto. “Yura, você pode ficar com Ren e o avô dele?”

“Por quê?” Plisetsky pergunta, cruzando os braços. “Preocupado que eu avance em cima deles? Só porque eu também fui abandonado pelos meus pais?”

Ren e o avô dele se assustam com o que escutam. Victor franze a testa para ele, mas Yuuri nega com a cabeça.

“Não. Minha preocupação é que eles tentem fazer algo com Ren. Eu irei falar com o senhor Sato e Victor com a senhora Ivanov e ver o que eles querem.” Ele responde, abraçando o menino de lado. “Não se preocupe, Ren. Você pode contar conosco.”

Arigatô, Sensei.”

~x~

“Posso ajudar?” Yuuri Katsuki pergunta ao homem, pai de Ren, quando vê observando a arquibancada.

Ele nota uma mulher e um garoto ao lado dele, e franze a testa.

“Katsuki Yuuri? Técnico de Ren?” Sr. Sato pergunta, com um largo sorriso e um brilho peculiar nos olhos. “Muito obrigado por cuidar de meu filho. Eu estou tão orgulhoso dele.”

Yuuri se assusta com o que escuta, e respira fundo.

“Orgulhoso? Queira me perdoar a indelicadeza, Sato-san. Mas não acho que o senhor tem direito nenhum de se sentir orgulhoso dele. O senhor e sua esposa o abandonaram.” Ele diz, rispidamente e observa o sorriso dele se desfazer. “Por que o senhor está aqui?”

Katsuki-san, eu sei que eu errei com ele e não quero pedir o perdão dele. Eu tive minhas circunstâncias e quero que respeite isso. Mas entenda que eu nunca tive a intenção de abandonar ele. Quando nos separamos, Sasha ficou com a guarda dele. Ela abandonou ele com o pai dela.” Ele se explica. “Ela me impediu de manter contato com ele. Eu não tive escolha a não ser voltar para o Japão, e recomeçar minha vida. E graças à isso, eu encontrei Mikoto, minha atual esposa. O menino é Yuki, nosso filho.”

Naoyuki Sato apresenta a mulher e o garoto, e Yuuri os cumprimenta.

Katsuki-san, você é meu ídolo e inspiração.” O menino diz, sorrindo. “Pode me dar um abraço?”

Yuuri sorri para ele também e se agacha, abrindo os braços. O menino corre até ele e o abraça, para alegria dos pais.

“Se não for problema, gostaria de possuir um telefone para entrar em contato. Eu estou decidido a acreditar no senhor. Mas preciso conversar com Ren primeiro para saber o que ele quer. “ Ele diz, olhando de volta para o pai dos garotos.

“Claro, claro.” O homem estende para ele um cartão de visitas. “Muito obrigado, Katsuki-san.”

“Não me agradeça ainda.” O garoto se afasta e Yuuri se ergue, no que ele guarda o cartão no bolso da jaqueta e se curva para eles. “Se me derem licença, eu preciso ir.”

Se despedindo deles, Yuuri se afasta. Ele decide esperar por Victor, antes de decidir conversar com Ren.

~x~

Victor Nikiforov não precisa procurar muito para achar Sasha Ivanov. Ela o encontrou primeiro.

“Ai meu deus!” Ele escuta, e olha na direção da voz. “Lenda Viva da Patinação, Victor Nikiforov em pessoa!”

“Olá! Em que posso ajudá-la?” Victor abre seu famoso sorriso forçado.

“Uau! Como você é forte. Um homem de verdade.” Ela lambe os lábios e ele desfaz o sorriso. “Por que não vem no meu quarto de hotel? Aposto que podemos ter uma noite inesquecível juntos.”

“Me desculpe, Madame, mas eu sou casado.” Ele recusa educadamente.

“Aposto que eu consigo te deixar mais excitado que aquele porco oriental nojento.” Ela diz, e Victor dá risada, a surpreendendo.

“Sério?” Ele pergunta, se aproximando dela e inclinando o rosto. “Porque meu Yuuri é incrível na cama, sabia? Ele sabe como me satisfazer, e faz isso muito bem. Você conhece pole dance? Eu adoro quando ele se apresenta para mim. Só. Para. Mim. Melhor noite da minha vida foi quando ele dançou usando a coreografia de Eros. E ele tem o corpo bastante flexível…”

A mulher empalidece cada vez mais à medida que Victor continua a falar de Yuuri e começa a ficar com ódio.

“Ah, cala a boca!” Ela exclama, o fazendo se calar. “Eu não estou aqui para escutar papo de viado!

“Sério? Então o que está fazendo aqui?” Victor cruza os braços, a observando friamente.

“Eu quero levar meu filho para casa.” Ela responde, recomeçando a andar e passando por ele. “Onde ele está?”

“Queira me perdoar, mas já providenciei que Ren e o avô fossem para o hotel.” Victor responde, sem se virar e olhar para ela.

“Você o quê?!” Ela pergunta, o agarrando no braço e o forçando a olhar para ela.

“Você é surda?” Ele pergunta, levando a mão na boca fingindo preocupação. “Deveria checar no hospital isso.”

“Cala a porra da boca!” Ela grita, o esbofeteando. “Eu quero meu filho, agora!”

“Algum problema, Vitya?” Yuuri surge, se aproximando dele. “Seu rosto está vermelho.”

“Yuuri~~~!!” Victor se joga nos braços do marido, fazendo drama. “Ela me deu um tapa, acredita?!”

“Sério? Mais tarde vou encher de beijos, ok?” Ele pergunta, olhando para a mulher. “Algo mais?”

“Ela me chamou de viado, o que não tem problema porque eu aceito minha sexualidade e tenho orgulho de dizer que amo o homem mais perfeito do mundo.” Victor responde, e Yuuri fica vermelho com o elogio. “Mas ela te chamou de porco oriental imundo.”

Victor se afasta de Yuuri, olhando para Sasha Ivanov com puro ódio.

“E isso eu jamais irei perdoar.” Ele diz, a fazendo se arrepiar com o seu tom de voz. “Parabéns, vadia. Não permitirei que se aproxime de Ren a partir desse exato momento. Agora suma da minha frente antes que eu quebre seu pescoço pelo xingamento ao meu amado marido.”

Ela os deixa sozinhos. Yuuri, apesar de estar chocado, olha para o marido e abre um largo sorriso.

“Parece que alguém merece uma recompensa.” Ele diz, sussurrando no ouvido do russo, que se arrrepia de excitação. “Não concorda, Vit’enka meu querido?”

Hai, meu Yuuri.” Victor diz, e ambos retornam para o hotel.

~x~

Quando Ren, Yuri e o avô saem pela entrada lateral da arena, usada apenas  pelos funcionários do local, esperavam poder ir para o hotel tranquilamente. Mas acabam presenciando uma cena horrível. Quatro rapazes chutam r pisam em cima de uma pessoa que está caída no chão, a xingando e dando altas gargalhadas.

Ele não reconhece as roupas, mas os cabelos são estranhamente familiares e antes que percebesse, ele já está gritando.

“Ei, seus malditos! Vão brigar com alguém do seu tamanho!”

“Huh?! Quer dizer que o patinadorzinho quer se meter na briga dos mais velhos? Claro, claro. Podemos muito bem brigar com você.” Um dos valentões diz, e os quatro se aproximam dele.

“Legal.” Yura diz, estalando os dedos ao lado de Ren. “Eu estou puto nesse momento e como 4 versus 1 é uma grande desvantagem, que tal deixar as coisas mais equilibradas.”

“Não. Me desculpe. Já estamos indo.” Os valentões, que não passam de covardes, se afastam correndo.

“Você está bem?” Ren pergunta, e se assusta ao ver a garota de antes deitada no chão, machucada. “Você não é…?”

“Gabriel. Meu nome é Gabriel.” Ela responde, tentando se levantar.

Mas ela acaba caindo no chão, desacordada.

“Melhor ligar para Yuuri e Victor. Eles saberão o que fazer com ‘ele.” Yuri diz, pegando o celular e discando.

“‘Ele'?” Ren pergunta, confuso.

“Sim. ‘Ele' é o que chamamos atualmente de alguém do gênero Transexual, onde o corpo é de um gênero, mas dentro de si sabe que é do outro.” Yuri explica, e Ren observa com curiosidade a pessoa à sua frente.

Gabriel.


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