Naruko escrita por Monna Belle


Capítulo 9
Capítulo IX




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— Acho que é perigoso deixar uma mulher com fome esperando, Naruto. – Comecei a rir e liberei todo o chakra tentando disfarçar essa situação toda. Naruto me olhava desconfiado, mas sorriu para todos, desculpou-se e voltamos a andar.

— Sabe que eu não caí na sua desculpa, né? – Imaginei, não dava pra você ser assim tãããão burro também.

          – É, eu imaginei que não... Podemos comer em algum lugar mais afastado, por favor? – Ele fechou a cara, mudou a rota e comprou dois obentôs numa loja antes de se voltar pra mim novamente... Saiu na minha frente, então entendi que deveria segui-lo e assim o fiz.

          Paramos ao chegar na frente do que parecia uma escola... Havia uma árvore com um balanço... De alguma forma isso me é familiar. Ele me indicou para sentar no balanço, sentei e ele me entregou a comida. Permanecemos alguns minutos em silêncio.

          Acabei de me arrepender de todos os momentos que eu desejei que o Naruto ficasse em silêncio, isso é muito desconfortável! Parece antinatural vê-lo quieto... Parece alguma espécie de castigo e o pior é que funcionou! AI QUE ÓDIO!

          – Desculpe por ter me exaltado... – Não gostei desse papo de ter família. Eu fico toda hora pedindo desculpas.

          – Eu só não entendi o motivo disso. – E lá vamos nós ter uma conversa que eu odeio ter... Só queria almoçar em paz!

          – Eu... Talvez estivesse tendo alguns pensamentos assassinos sobre o pessoal ao seu redor ser hipócrita... Já que te trataram tão mal ao longo da sua vida... – Sorri pra ele, na esperança de rolar uma compreensão mútua.

          – Eu não te contei tudo da minha vida para que você odiasse Konoha... – Devia ter dito isso antes. – Eu só queria que você entendesse os meus sonhos e respeitasse as minhas escolhas... – Eu realmente tenho certeza de que quem deixa todo mundo mole nessa Vila é o Naruto... E eu estou começando a cair nessa também, reconheço minha derrota.

          – Mas... Nós somos irmãos, não é? – Senti meu rosto queimar, o que significa que eu provavelmente estou bem corada ao repetir a frase que ele me disse essa manhã. – Então acho que é natural querer... Te proteger um pouco.

          – Mas o Orochimaru te tratou tão mal quanto e você o defende. – Que?

          – Só que é uma situação diferente... – É diferente, né?

          – Mas eu não entendo a diferença... Na verdade, a diferença que eu vejo é que conquistei meu espaço e agora a Vila me reconhece... Já o Orochimaru não parece te reconhecer... – Ele olhava para a porta da tal escola, mas não havia ninguém ali. – Você se diz fiel a uma vila que não existe mais, Naruko e nem o próprio Orochimaru parece se importar... Eu vou estar sempre ao seu lado, você é minha irmã, minha única família e eu te amo! Mas eu quero que te entender melhor, quero que você se abra mais comigo e me conte mais sobre você, o que você gosta, quais são seus planos, o que você pensa... – Porra, quando foi que isso virou uma bronca? Na minha cabeça eu estava certa até cinco minutos atrás!

          – Eu... Vou tentar... – Como eu vou responder coisas que nem eu sei a resposta? – Acho que preciso ficar um pouco sozinha e pensar sobre.

Ele sorriu pra mim e colocou a mão em meu ombro.

— Estou aqui pra tudo que você precisar. – Eu sei Naruto, por isso que eu tô ficando molenga. Logo ele foi embora, respeitando meu desejo.

— Que merda... – Se eu cheguei ao ponto de tomar sermão do Naruto acho que não tô muito bem, né? Comi todo o obentô antes de me levantar do balanço e, ao me virar, vi o obentô dele lacrado no chão atrás de mim... Aquele desgraçado foi comer lamen!

Peguei a embalagem intacta do chão e decidi ir àquele que conseguiria me indicar onde está o velho. Cruzei metade de Konoha até chegar ao bairro abandonado do clã Uchiha... Após virar algumas esquinas, cheguei à casa principal no centro do clã e entrei direto.

O último Uchiha estava sentado à mesa tomando um chá e arqueou uma das sobrancelhas quando entrei.

— Oi... – Joguei o obentô lacrado sobre a mesa. – Te trouxe almoço.

— O que você quer? – Não dá pra pensar que eu o traria comida sem querer algo em troca, não? É, eu sei que não.

— Quero que você me leve até o Orochimaru.... E.... Tava a fim de me tornar sua vizinha, sabe? Tem bastante casa vazia por aqui.

— Tudo isso por apenas um almoço? – Lá vem aquele sorriso de babaca que me deixa irritada.

— Pelo estado das casas aqui, você deveria estar pagando para alguém se mudar. – Ele suspirou irritado e se levantou.

— Eu te levo até o Orochimaru, mas você não vai morar aqui no bairro. – Amanhã to me mudando.

Caminhamos pelo que pareceu uma eternidade, até chegar em uma floresta e parar frente a uma árvore gigantesca... Aquele cara esquisito que tem olhar de psicopata apareceu e sorriu para nós.

— Naruko! Sasuke! Há que devo a presença dos dois? – Tenho agonia dele me olhando.

— Ela queria dar uma palavra com o Orochimaru! – O Uchiha respondeu por mim, que raiva quando ele faz isso.

— A hokage sabe disso? – Precisa saber? – Como somos todos aliados, é importante nos comunicarmos, certo?

— Eu ainda não a informei... Não estou adaptada a essa burocracia, sinto muito. – Geralmente quando falava com Orochimaru, era só ir até o final do corredor.

— Tudo bem, eu a informarei agora. Sobre o que você quer tratar? – Isso não é invasão de privacidade não?

— Então... Eu queria saber um pouco mais sobre o meu passado. – O Uchiha me deu uma breve encarada suspeita antes de se voltar pro cara dos olhos de doido.

— Claro, pode entrar. – Só isso? Jura? Comecei a caminhar desconfiada até aquela raiz sob a arvore envolta em névoa. Virei-me para o Uchiha antes de entrar e ele apenas levantou o braço e se virou, indo embora.

Sentia o ar cada vez mais difícil de respirar, as mãos suadas e o coração palpitando... Se eu contasse para a Haruno ou a Yamanaka, elas diriam que é amor, mas eu acho que se fosse isso eu me sentiria um pouco melhor. Comecei a descer os degraus lentamente na esperança de que quanto mais tempo eu demore, mais calma e estável eu estarei frente a ele.

Não o vejo desde que ele morreu, então não sei o que ele dirá ou fará agora... Eu não matei o Sasuke por tê-lo matado, não o impedi de libertar os laboratórios, não matei os traidores, fui morar em Konoha... Respira, calma. Estagnei no meio da escada, minhas mãos tremem.

Fechei os olhos, respirei fundo e tentei recobrar minha postura. Com certeza ele já sabe que estou aqui na escada, quanto mais tempo eu demorar, maior será a punição... Não, ele não pode mais me punir... Eu sou uma ninja! Ajudei a terminar uma guerra! Se consigo lutar com Uchiha Sasuke que o matou, consigo encará-lo!

Voltei a descer os degraus, um pouco mais estável dessa vez... Preciso manter em mente que ele não tem mais poder sobre mim e nem pode mais me fazer mal...

Logo que cheguei ao fim da escadaria pude vê-lo sentado de frente a uma mesa com duas canecas... Será que eu demorei tempo suficiente na escada para ele ter colocado uma caneca para mim também? Fui me aproximando cautelosamente... Eu não posso hesitar e nem fraquejar agora!!

Logo que me aproximei ele levantou o rosto e seus olhos encontraram os meus... Tive tempo apenas para sentir um arrepio percorrer minha espinha.

— Orochimaru-sama! – Que merda... Por que eu me ajoelhei?

— Sente-se. – Ele me indicou o lugar a sua frente e, desta forma, obedeci. Ele me estendeu uma das canecas que acredito ter chá... Ele realmente fez esse chá agora? – A que devo sua visita... Naruko, certo? – Agora ele quer me chamar pelo nome?

— Eu.... – Tentei encará-lo, mas acho que ainda não estou me sentindo confiante a esse ponto, desta forma, permaneci encarando a caneca a minha frente. – Gostaria de saber o que será de Otogakure agora. – Não é exatamente o que eu queria perguntar... Mas é um bom começo.

— Não existe mais... Como sabe, os laboratórios foram esvaziados e serão anexados pelas vilas nas quais pertencem. – Ele pegou a caneca e bebeu um pouco do líquido que ainda não tenho certeza se é chá. – Sasuke-kun quem a trouxe? – Sempre perguntando do Uchiha.

— Sim, ele mesmo. - E agora... O que eu falo? Ficamos em silêncio por alguns momentos bem desconfortáveis. – O que eu devo fazer agora?? – Acho que não era exatamente esse o tipo de pergunta que eu deveria fazer agora, mas como ele sempre me disse o que fazer, por que não perguntar?

— Não sei... Deve fazer o que achar melhor... Ter uma vida normal ou algo assim... O que desejar. – Como ele pode me dizer pra fazer o que eu quiser, sendo que passei a minha vida inteira seguindo as ordens dele? Vida normal? Ele nunca me ensinou nada disso...

Se eu não sentisse tanto peso com o olhar dele sobre mim, riria da situação agora... Mas certamente ele deve saber o que eu penso, ou pelo menos parece saber...

Ao buscar me acalmar, peguei a caneca e tomei um gole do líquido... Realmente é chá... Fiquei em silêncio por mais alguns momentos, provavelmente reunindo coragem... Eu vim aqui para obter respostas, ele me deve isso! É o mínimo que pode fazer... E se não puder nem isso, ele tem que ouvir o que eu penso ao invés de eu apenas ficar imaginando que ele já ouve.

— Como espera que eu faça isso? – Apertei os dedos contra meu joelho e subi o rosto, encarando-o.

Minha respiração está um pouco mais pesada que o normal e eu sinto tanta coisa ao mesmo tempo que nem sei listar tudo... Raiva? Frustração?... Mas ele me encara e parece ter tão sereno... Como se fosse um alguém completamente diferente.

— Você tem que descobrir seu próprio caminho sozinha. – Há uma paz na voz dele enquanto ele fala que talvez devesse fazer eu me sentir melhor, mas só aumenta a minha raiva...

— Meu próprio caminho? – Dessa vez eu realmente ri. – E como você espera que eu descubra meu próprio caminho se não sei nem como ele cruzou com o seu?... Por que eu não cresci aqui em Konoha com o Naruto? – Finalmente perguntei o que realmente quero saber...

— Isso é simples! Você foi selada primeiro! – Oi? Explica isso melhor. – Eu queria o Jinchuuriki da Kyuubi e foi uma surpresa muito agradável ter sido dois... Porque ninguém deu falta do outro. – É isso? Mas não faz sentido.... Ninguém sabia que eram dois? Mas e nossos pais? Eles morreram selando os dois, não é? E não tinha mais ninguém por perto?

E aquele velho do terceiro hokage? Será que ele sabia e deixou passar? Não seria o primeiro crime dele, né.... Considerando os Uchihas... E como tratou o Naruto quando criança... Eu preciso de mais respostas! Mas acho que não é aqui que vou conseguir... Quem poderia me passar as informações que eu quero? Será que tem alguém vivo ou vou ter que aprender o Edo Tensei?

Levantei-me, um pouco confusa com as informações, mas especialmente a falta delas... Já saía sem me despedir, mas estagnei e me virei para ele novamente... Eu não devia perguntar isso...

— Eu correspondi às suas expectativas? - .... Mas infelizmente eu quero a resposta.

— Você é uma excelente ninja. – Deixei escapar uma breve risada e balancei a cabeça... Realmente eu não vou ter merda nenhuma de resposta? É sério mesmo?

— Como uma excelente ninja faz para ter uma vida normal, então?

— Eu não sei... Vai ter que descobrir sozinha e criar o seu próprio caminho, assim como Sasuke-kun está fazendo... E eu também. – QUE? Ele também não sabe... Mas....

PERA! Ele está tentando?

Estagnei e o encarei por alguns momentos, mas logo sorri e entendi que não há nenhum proveito para tirar daqui... Voltei-me para a escadaria em que cheguei e acenei, de costas para ele, antes de me pronunciar uma última vez.

— Boa sorte... – Para todos nós,

Saí e logo parecia que tinha tirado um peso dos ombros... Não porque obtive alguma resposta, mas sim porque a presença dele parecia me sufocar.... Dei de cara com o cara do olhar de psicopata... Eu preciso aprender o nome dele.

Me despedi brevemente e passei a caminhar na floresta, afinal, para que ter pressa? Todo lugar que eu já chamei de casa antes hoje não existe mais... Não estou exatamente com energia social nesse momento para lidar com outras pessoas... Se eu for para a casa do Naruto ele vai ficar falando no meu ouvido... Se eu for para a mansão do Uchiha, vou ficar irritada só de olhar pra cara dele...

No fim... Acho que não tenho exatamente um lugar para voltar... Ri de mim mesma por um momento, tentando ignorar o nó que se formava em minha garganta... Devia ter pedido dinheiro ao Orochimaru pelas missões que fiz pra ele a vida toda... Pelo menos pagaria um aluguel.

Girei nos calcanhares e mudei minha direção... Ao invés de ir para o centro de Konoha lidar com gente que eu não tô a fim de olhar nem na cara, vou para alguma floresta nos arredores da Vila... Está me parecendo um belo dia para acampar!


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Notas finais do capítulo

Vejam só quem voltou!

Pulando toda a explicação sobre a minha vida nos últimos três anos, minhas amigas me convenceram a voltar a escrever e postar... Se alguém ainda acompanha, espero que goste...
Ainda não sei a frequência na qual irei postar... Mas consigo prometer que irei concluir!

Até breve. ♥



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