Naruko escrita por Monna Belle


Capítulo 8
Capítulo VIII




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— O que? Eu não-

— Eu ouvi a conversa ontem. – Ela pareceu surpresa e desviou o olhar, constrangida, mas logo retomou sua coragem e prosseguiu.

— É que a Karin parece ser sua amiga e eu não queria que você ficasse magoada ao ouvir falarem dela daquela forma. – Magoada? Por que eu ficaria? Ela não está fazendo sentido. – Como já sabe... A verdade é que não a chamaram porque a acham esquisita demais pra ter por perto.

— E o que esse “esquisita” quer dizer? – Pelo que entendi, ela mentiu para eu não pegar raiva das garotas, ou não ficar triste, mas agora entendeu que isso não se aplica a mim e decidiu ser honesta. Estranho, mas interessante.

— Eu não sei muito bem como explicar, mas é como se não gostassem dela mesmo antes de conhecer pelo que ela parece ser, não pelo que é. – Agora fez um pouco mais de sentido.

— E o que ela parece ser?

— Não sei bem. A Ino não me deu detalhes e mal vi a Karin pra poder imaginar, mas parece ter relação com o Uchiha.

— Acho que entendi já. Obrigada pela explicação. – Ela apenas acenou e se manteve séria. Comecei a andar e fiz sinal para que me acompanhasse.

Estava desconfortável de ficar parada no meio da vila conversando e eu sei que ela não ficaria muito feliz quando eu contasse o motivo da festa, então fui atrás de um local mais reservado. Ao chegarmos em um banco me sentei e ela fez o mesmo logo em seguida.

— Agora sobre o motivo da festa. – Será que eu devo fazer como ela? Eu acho que ela acredita que ninguém notou o interesse dos dois, talvez se eu contar isso os atrapalhe. E agora Naruko? Quando é o momento de mentir para não magoar alguém? Não, esquece isso de mentir desnecessariamente. Isso foi uma aliança.

— Espera. – Antes que eu começasse a falar, a própria Temari me interrompeu. – Eu prefiro que você não me conte. – Pera, que?

— Como assim? Por quê?

— Digamos que será o preço que pagarei por ter mentido. – Pelo menos ela tem honra.

— Tem certeza? – Ela apenas acenou positivamente mostrando total confiança em sua decisão e sorri em retorno para ela, respeitando sua vontade e tirando o peso dos meus ombros já que não queria contar mesmo.

Naquele momento sentimos algumas pessoas se aproximando e logo pudemos reconhecer a imagem dos irmãos de Temari. Todos se cumprimentaram com uma breve reverência.

O irmão que esqueci o nome se aproximou e olhava da irmã para mim, enquanto o kazekage mantinha o olhar fixo na Temari, porém, vez ou outra percebia-o me olhando de soslaio.

Foram alguns segundos em silêncio, trocas de olhares e breves reverências antes do ruivo bonito, vulgo kazekage, se pronunciar.

— Desculpe interromper a conversa de vocês, mas estamos voltando à Suna, Temari.

— Certo. Já os alcanço. – Ambos fizeram uma breve reverência e saíram na mesma velocidade em que chegaram.... Estraaaanhooos! Tá, não que o Naruto seja normal, né... Enfim... Temari me estendeu a mão e sorriu. Apertei-a com a correspondente. – Não se esqueça que você está convidada para ir à Suna, pode aparecer quando quiser.

— Obrigada. Vou me estabilizar primeiro, mas logo irei. – Dessa forma, ela saiu rapidamente para encontrar os irmãos.

Legal, agora não tenho o que fazer e estou com fome. Onde posso comer? Bem... Tá quase tudo destruído, Naruto cozinha mal e é pobre. Melhor ir pro Sasuke, ele deve ter uma herança gigante do clã inteiro e pode comprar comida, além de cozinhar bem. Mas o Naruto é o herói da vida, deve poder comer de graça. E ninguém gosta do Sasuke, o dinheiro dele pode nem valer, além de que é arriscado confiar que ele ainda cozinhe bem já que só tem um braço. Mas o Naruto vai querer me levar pra comer lámen logo de manhã. E agora?

Enquanto eu pensava, acabei percebendo que havia um homem me encarando. Ele tinha uma cicatriz no nariz que passava abaixo da linha dos olhos e seu rosto não me era estranho, mas também não era familiar. Era só aquela sensação de “já o vi em algum lugar um dia”.

O homem me encarava e parecia querer se aproximar, mas estava inseguro demais pra isso, porém, ao perceber que eu já o havia visto, ele sorriu e acenou enquanto vinha na minha direção. E agora? Eu finjo que lembro dele? Ou o trato como se não o conhecesse?

— Bom dia! – Ele sorria animado e eu só fui ficando sem graça, mas ele logo prosseguiu. – Acho que não se lembra de mim... Meu nome é Iruka, eu fui sensei do Naruto na academia e somos amigos próximos. Eu poderia te levar pra comer algo? – Que? Você é amigo do Naruto e quer me levar pra comer? Será que está dando em cima de mim? E por que eu ainda estou pensando nisso se estou morrendo de fome?

Não soube como responder, então apenas sorri sem graça e acenei positivamente. Desta forma, ele me pediu para acompanhá-lo e rapidamente chegamos a uma espécie de tenda com diversos tipos de bolinhos e chás. Ele me mostrou a vitrine e disse que eu poderia escolher o que quisesse, mas nada ali me era familiar, além de chá.

— Eu... Nunca provei nada disso.... Que tal você escolher? – Ele pareceu surpreso e me chamou para sentar em uma das mesas enquanto ele fazia o pedido. Pouco tempo depois ele se sentou à minha frente entregando-me um prato com várias bolinhas cobertas de um molho bem cheiroso acompanhados de chá. – O que é isso?

— Isto são takoyakis... São bolinhos com polvo bem populares. – Eu olhei dele para os bolinhos e peguei meus hashi, provando o primeiro bolinho.

ISSO. É. MUITO. BOM!

Mesmo eu tendo queimado um pouco a boca com o primeiro, eu logo peguei o segundo e o terceiro e quando dei por mim já havia acabado, peguei o prato e estendi para o tal Iruka, mostrando que queria mais e ele apenas riu, fazendo com que eu ficasse constrangida.

— O que foi? – Perguntei meio sem graça. Ele se levantou e saiu, retornando com outro prato antes de se sentar novamente e então me responder.

— É que você teve exatamente a mesma expressão e a mesma atitude que o Naruto tem ao comer lámen. Como cresceram em ambientes completamente opostos, eu imaginava que não teriam nada em comum. – Sério mesmo?

— Mas.... Não temos nada em comum.

— É aí que se engana. Eu vejo muito dele em você. – Ele sorriu, me deixando em dúvida, mas antes que eu pudesse perguntar, ele prosseguiu. – Mas então... O que está achando de Konoha? Como foi descobrir que tinha um irmão? Você e o Naruto se dão bem?

Enquanto ele falava eu terminei de comer outro prato e pedi mais. Será que eu devo responder? Afinal ele está me alimentando e me fez provar a melhor comida do mundo. Refleti sobre isso enquanto ele buscava outro prato e acho que posso responder essas perguntas bobas. Logo que ele retornou, eu comecei a falar enquanto comia.

— Então, sobre as suas perguntas.... Eu ainda não tenho uma opinião formada sobre Konoha, todas as vezes que vim aqui estava com algum foco diferente, então só irei conhecê-la de verdade agora após a guerra – Que bom que não me perguntou o que acho do povo de Konoha. – Sobre eu descobrir que tenho um irmão foi... Estranho. Principalmente no começo que não sabia o que ele era, mas acho que nos damos bem sim. O Naruto é... Único, mas ainda não sei muito dele. Você o conhece desde a academia, né? Ele sempre foi assim?

— Sim. O Naruto sempre foi desta forma... Claro que amadureceu muito e ficou mais forte desde que o conheci, mas o sonho dele não mudou, na verdade, só lhe deu mais força. Ele sempre gritava que um dia seria hokage e que todos iriam reconhecê-lo e agora ele é o grande herói da vila, não.... O grande herói do mundo shinobi. – Ele fala como um pai orgulhoso. É engraçado.

Logo que comi uns 7 pratos de takoyaki e tomei umas 3 canecas de chá, Iruka pagou e me pediu para acompanhá-lo. Passamos por uma área comercial de Konoha. Havia lojas, barracas e até mesmo pessoas vendendo coisas no chão enquanto várias pessoas, shinobis ou não, ajudavam a reconstruir os locais.

— Uma das coisas mais marcantes em nossa vila é nossa resiliência. Passamos pelo ataque da Kyuubi, da Akatsuki, e agora por uma grande guerra, mas nosso povo ainda ama, valoriza, acredita e luta por Konoha... Essa é a vontade de fogo passada por gerações que o Naruto herdou e que o torna o que é.

— Vontade... De fogo?

— Você não precisa entender isso agora. – Ele riu e me levou para conhecer algumas lojas.

Passamos por lojas de roupas, brinquedos, vários restaurantes e, ao longe, reparei em uma loja de brinquedos. Parei para ver a vitrine e reparei em uma cobra branca de pelucia que logo assimilei ao velho e ao aleijado, mas ignorei e passei para a próxima loja. Após alguns minutos paramos em algumas tendas de frutas, onde o Iruka me pediu para ajudá-lo a escolher algumas para o Naruto.

— Você pode escolher um melão enquanto vou buscar algumas peras, por favor? – Antes de eu falar que não sabia escolher fruta ele saiu.

Fiquei uns dez minutos conversando com o dono da quitanda e aprendendo sobre melões até que Iruka voltou com uma cesta com as peras com espaço suficiente para o melão e uma sacola. Após ele pagar, arrumamos o melão na cesta e fomos embora.

— Aqui. Este é para você. – Ao sairmos da loja, ele me entregou a outra sacola que segurava, um pouco sem graça.

Peguei-a, não disfarçando minha dúvida e, ao abrir estava a pelúcia de cobra que havia visto mais cedo. Então... Ele estava reparando. Apesar de que eu fiquei tanto tempo falando de melões que eu já nem lembrava mais dela.

— Hm, obrigada. – Eu acho. Não sei muito bem como devo reagir.

— Eu sei que isso é uma coisa meio infantil, mas... Não acho justo pensar que você foi uma criança que provavelmente nunca teve coisas assim. – Ele sorriu sem graça e acho que eu também.

Após isso ele ficou para ajudar com a reconstrução da vila e eu fui em direção a casa do Naruto para lhe deixar a cesta de frutas, mas esbarrei com outro conhecido no caminho.

— Chouji! – Acenei ao longe para que ele me visse e logo o mesmo veio em minha direção.

— Bom dia. – Ele me cumprimentou e logo respondi ao cumprimento.

— Provei takoyaki hoje. É muito bom!

— Ué, você nunca havia comido nem takoyaki? É comida de rua! O que como quando viaja em missão?

— Arroz com alguma fonte de proteína. – Sorri sem graça ao perceber que era algo realmente bem simples.

— Eu estou indo almoçar agora antes do almoço em casa ficar pronto. – Pera, que? – Quer ir comigo?

— Ah, eu gostaria, mas ainda estou bem cheia e preciso levar essas frutas para o Naruto. Quer deixar agendado para amanhã? Aí dá tempo de roubar a carteira do Sasuke para o almoço ser por minha conta.

— Fechado. – Sorrimos e nos despedimos rapidamente antes que eu retomasse meu caminho.

Logo que avistei o condomínio, subi e entrei pela janela do quarto e, para minha surpresa, Naruto não estava dormindo.

Entrei no apartamento que, até onde sei, é o mesmo que ele morou a vida inteira e que parece que nunca trocou os móveis na vida. Na verdade, a única diferença desde que cheguei foi o acréscimo de um colchão e uma limpeza mais constante. Enfim.... Joguei a pelúcia na cama e fui até a cozinha, onde encontrei meu irmão sentado à mesa.... Escolhendo um lámen, claro.

— Bom dia, Naruto... Você precisa focar em alimentos mais saudáveis e

— Quando chega em casa, você precisa dizer tadaima*, ‘ttebayo. – Ele me interrompeu pra isso?

— Pra que eu preciso falar isso?

— Pra eu saber que você chegou.

— Mas eu estou na sua frente. Você já sabe que eu cheguei. Deve ter até escutado eu entrando, nós somos ninjas, afinal.

— Mas é isso que as famílias fazem. – Sério? Quer brincar de casinha? Suspirei e coloquei a cesta de frutas na mesa.

— Quem sabe eu lembre na próxima. Um cara chamado Iruka me pediu para te entregar isso. – Ele olhou animado para a cesta antes de comentar.

— Iruka-sensei é o melhor!

— Que tal irmos almoçar comida de verdade e depois aproveitamos as frutas como sobremesa? – Ele olhou sério para o lámen mostrando DÚVIDA se deveria ir ou não. Era só o que faltava na minha lista de vezes que fui humilhada, ser trocada por um lámen instantâneo. – E então? – Após mais alguns segundos ponderando, ele finalmente se decidiu.

— Está bem. – Ele se levantou e começou a tirar a roupa para se trocar.

— Ah Naruto, tenha respeito. – Eu virei de costas, mas ele passou por mim apenas de cueca para ir em direção ao quarto.

— Mas nós somos família, ‘ttebayo! – Toda hora esse papo de “nós somos família”, puta merda.

— Mas eu não quero te ver pelado por isso. – Ele, como sempre, simplesmente ignorou o que eu disse, terminou de se trocar e saímos pela janela. Tá aí um hábito comum que temos, não gostamos muito de usar as portas.

Mal demos dez passos pra fora de casa e já começavam a se aproximar algumas pessoas do Naruto e, em questão de minutos já havia uma pequena multidão em sua volta enquanto eu fui ficando pra fora do “círculo”, cada vez sendo deixada mais pra trás.

Não que eu tenha alguma espécie de ciúme de irmão, longe disso, mas meu sangue ferve toda vez que vejo esse bando de hipócritas o adorando. Raiva essa que poderia ter sido evitada se o ninja hiperativo aí não tivesse tirado um dia para me fazer ouvir tooooda sua história de vida, em detalhes, para podermos nos sentirmos mais "irmãos".

Só de lembrar a naturalidade irritante na qual ele contava sobre como foi rejeitado, humilhado e cresceu sozinho já me dá vontade de.... Argh que ódio! E agora esse mesmo povinho vem aqui adorá-lo, e até mesmo se oferecer.

Era a chance perfeita pra ele fazê-los provarem do próprio remédio ou mesmo....

Merda. Se o idiota não fosse tão coração mole...

Eu mataria cada um dessa vila por ele. Um a um eu os faria sofrer pior do que tudo que fizeram ao meu irmão... Começando por aquele antigo hokage maldito que o deixava sozinho num apartamento, achando que fazia demais por levar uns trocados pra criança que só queria saber quem eram seus pais...

Mas, pelo menos, esse favor o velho Orochimaru já me fez... Só que o bonito quer ser hokage e proteger esses desgraçados.

— Naruko? – Hm? Que? Acho que me perdi em pensamentos porque nem percebi que a roda havia se dissipado e estavam todos me encarando.

Será que o Naruto estava me procurando ou havia me chamado muitas vezes?

Conforme eu tornei a me aproximar de meu irmão, os desgraçados davam espaço para que eu passasse e logo que parei a frente dele, seus olhos me encaravam preocupados.

— Você está bem? – Apesar de toda a raiva que sinto desse povinho, ele me olhava tão preocupado que fiquei sem graça.

Algo aconteceu?

— Estou sim, por quê? – Ele está fazendo menos sentido que o normal.

— Você está com o chakra da Kyuubi “vazando e já tem duas caudas se formando. – Disse ele, agora fazendo sentido a preocupação.

Acho que devíamos ter ficado em casa comendo lámen instantâneo.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas! ♥
Por favor, não atirem pedras em mim por sumir de novo. Eu explicarei tudo.
Vamos lá, não sei se já perceberam, mas eu sou "casada" (eu e meu namorado moramos juntos), trabalho, faço faculdade, estudo inglês e japonês, então meu tempo é beeem reduzido mesmo... Recentemente (final do ano passado) eu tive uma recaída na depressão e estava passando por muitos problemas no trabalho que me trouxeram problemas na faculdade e, com isso, algumas DPs.... Como bolsista, o desespero aumentou e o risco de perder a bolsa era grande.
Resultado: saí do meu emprego no mês passado e eu havia prometido em um comentário postar o capítulo seguinte pouco depois e de fato o capítulo estava 85% concluído, mas eu travei total. Não conseguia pensar numa continuação e quando pensei nela, não conseguia imaginar como faria.
Depois disso vieram as provas, foquei pesado na faculdade e passei (Amém), daí veio um trabalho interno pra não deixar a depressão me dominar e recentemente estou me sentindo melhor.
Ufa! Muita coisa, né?
Agora o cenário atual:
Estou com um emprego em vista já, então o tempo livre talvez não dure muito e por isso estou atrás de uma Betta. Alguém que possa revisar meus capítulos (especialmente se não deixei nenhum furo ou erros de português) e com quem eu possa discutir possíveis ideias para a trama, então se tiver interesse, podem me mandar uma mensagem que conversamos sobre.

Enfim, é isso, espero que gostem do capítulo e não deixem de falar o que acharam.
A quem quiser me conhecer pessoalmente, neste sábado e domingo estarei trabalhando no festival do Japão no quiosque do distrito de Mie.

Não me abandonem. ♥♥♥



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