Naruko escrita por Monna Belle


Capítulo 10
Capítulo XI




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Tentei ajeitar o corpo para ficar mais confortável porque os ombros dele são muito altos então, precisaria ficar mais perto para..... Pera...... Os... Ombros... Dele.... Sentei ereta, me afastando do Uchiha... Eu dormi no ombro dele?? Por que?... E ele deixou?? . . . Ele ficou acordado e não se moveu a noite toda? Mas por que? De pouco em pouco as lembranças do dia anterior foram voltando... "Amigo", "lindo, forte", "pau pequeno".... "Que bom que eu tenho você".

— AAAAAHHHHH – Levei as mãos para o rosto, querendo cavar um buraco no chão e ficar por ali.

— Já vi que lembra de tudo que fez ontem. – Eu sequer tinha coragem de olhar para ele agora, mas só pelo tom de voz eu já imaginava a expressão desse idiota, como se fosse superior a mim.

— Ainda estou tentando assimilar tudo, então cala a boca.

— Isso é jeito de falar com seu grande amigo? – Mesmo sentindo meu rosto queimar, encarei o Uchiha com a maior expressão de desprezo que eu poderia ter no momento.

— Eu não disse "grande". – Acho que eu falei exatamente o que ele queria ouvir, pois nesse momento ele sorriu sarcástico.

— É verdade, acho que você disse "pequeno", né? –  Eu não consigo sequer imaginar a expressão que eu tinha no rosto ao ouvir a resposta dele, mas tenho certeza que fiquei vermelha… A dúvida é: foi de vergonha ou de raiva?

— Morra. – Eu levantei e me afastei alguns passos dele pra tirar o casaco, na verdade, buscando mais me estabilizar do que outra coisa, já que, por algum motivo, desde que eu cheguei em Konoha atento contra minha própria honra.

— Vai ficar aí parada encarando o nada, ou vamos voltar?? É capaz do Naruto ter acampado na porta da vila. – Sempre impaciente, esse insuportável… Resmunguei e revirei os olhos antes de me virar pra ele novamente.

— Vamos. – Sorri, tentando fingir costume. Pelo menos o Naruto agora será uma companhia melhor do que esse aí…

Alonguei brevemente o corpo e, em questão de segundos, já fomos embora. Por sorte, ele ficou em silêncio até chegarmos.

Logo que nos aproximamos dos portões de Konoha, avistei Naruto e a Haruno nos aguardando e suspirei, cansada. Por que será que eu acho que terei um interrogatório?? Paramos em frente aos dois e eu provavelmente já estou com cara de poucos amigos, acho que vou virar aqueles velhos que enlouquecem e moram no meio do mato sem falar com ninguém. Naruto foi o primeiro a se aproximar e... Me abraçou! Eu estagnei, como de costume.

— Bom dia pra você também, Naruto. – Respondi um pouco rabugenta e ele me soltou, sorrindo e levando a mão para trás da cabeça, então dessa vez eu sorri de volta, afinal, realmente não o mereço. – Obrigada pelo casaco. – Tentei entregar, mas por algum motivo ele pareceu chocado e olhou para o Uchiha.

— Teme*.... Eu disse que não era para contar que fui eu que mandei! – Ah, ele deveria ter me avisado, né? Virei para encarar o Uchiha e ele sorria vitorioso e irônico encarando o Naruto.

— É assim que me agradece por te fazer um favor, usuratonkachi*? – Ata, ele fez de propósito.

— Não vê a cara que ele tem? É nitidamente um fofoqueiro. – O Uchiha me encarou de canto de olho e mandou um sorriso irônico que fez meu corpo gelar.

— Fofoqueiro?

— Não se atreva a contar, eu inicio outra guerra.

— Mas um fofoqueiro contaria, não é? - Filho da puta.

— Do que estão falando? – A Haruno nos encarava, desconfiada. – E já aproveitando, por que passaram a noite fora? – Então intrometida, a gente tava transando, transamos muito, em posições inimagináveis, dei até de ponta cabeça. Respirei fundo para que essa não fosse minha resposta.

— Quando eu dever satisfação a você, pode deixar que eu vou correndo te contar. – Sorri simpática, apesar da resposta desaforada que, nitidamente, a deixou irritada.

Naruto precisou segurar a Haruno para acalmá-la, enquanto eu encarei o Uchiha e sorri, contendo o riso diante da situação. Ele levantou uma das sobrancelhas e apertou os lábios, como se quisesse me repreender, mas no fundo, eu sei que ele também achou engraçado.

Logo que a Haruno se acalmou, ela e o Naruto tornaram-se a se aproximar e aceitei almoçar com o trio maravilha... Até porque, não tenho dinheiro nem casa, então se não almoçar com eles, eu não almoço... Suspirei diante dessa realidade difícil: Preciso me mudar e arrumar dinheiro.

Conforme começamos a caminhar, Naruto e a Haruno discutiam sobre aonde iríamos comer... E, de coração, eu queria discordar dela só por prazer, mas eu não aguento mais comer lamen. Enquanto isso, eu e Sasuke ficamos um pouco para trás dos dois, apenas os seguindo e assistindo a discussão em silêncio, mas foi só chegar no centro da cidade que a paz acabou!

Era muita gente parando o Naruto, cumprimentando, abraçando, entregando envelopes ou pequenos pacotes… Eu olhava de um lado para o outro, sem entender o motivo de tudo aquilo e logo desviei o olhar para o Uchiha, buscando uma resposta, mas ele parecia tão confuso quanto eu… Até que uma moça abraçou meu irmão e soltou a frase "Feliz Aniversário"... Puta.Merda!

Hoje é aniversário do Naruto? E eu não sabia? Passei as mãos pelo cabelo, desconfortável com a notícia súbita, mas logo busquei me acalmar e racionalizar a situação. OK, é aniversário do Naruto, e eu preciso dar um presente, certo? Isso é fácil, só sair e comprar alguma coisa que as pessoas achem bonitinho, né? Mas pera… Será que é esperado que eu dê o melhor presente?? O que eu deveria dar para alguém que a vila inteira já está presenteando, não vão me sobrar alternativas!! E como eu vou comprar algo sem dinheiro?

— Uchiha... – Cutuquei ele, sussurrando seu nome para não chamar atenção, enquanto ele se dignou apenas a me olhar de canto. Odeio quando ele me olha por cima. – Me arruma um dinheiro aí... Acho que eu preciso comprar algo pro Naruto.

— Não está se esquecendo de nada? – Como assim esquecendo algo? Será que ele acha que eu devo dinheiro a ele, ou…

— Quer que eu peça por favor? – Ele revirou os olhos.

— Se vira. - Arrogante do caralho.

— Vai se foder... Você é rico!

No momento em que íamos iniciar uma discussão, vi a Haruno acenando de longe... Quando foi que ela saiu daqui? Ela gritou pelo Naruto, enquanto eu e o Uchiha nos aproximávamos e, após alguns minutos tentando fugir daquela multidão, meu irmão finalmente veio até nós e ela nos levou a um restaurante.

— Eu consegui uma reserva de última hora em um ótimo restaurante, já estão separando nossa mesa. – Ela sorria animada enquanto nos guiava até o local.

Assim que entramos, um rapaz veio nos indicar a nossa mesa e, nesse meio tempo, percebi a Haruno conversando com o Naruto logo a frente, pude ouvir ela falando discretamente "Tente se sentar ao lado da Naruko, vocês precisam de mais tempo juntos". Suspirei, cansada dos jogos dela e, por um momento, tive a impressão de que o Uchiha suspirou também, mas ao olhar pra ele, estava com a cara de cu do dia-a-dia.

Naruto acelerou o passo e se sentou, nitidamente animado, enquanto me convidava para que eu me sentasse ao lado dele e, podem me chamar de idiota, mas eu jamais diria não a esse sorriso tão genuíno. Ele não só é bom demais pra mim, como é bom demais pra esse mundo. Já do outro lado da mesa, o Uchiha parou um passo antes de tomar seu lugar para se sentar e apenas estendeu sua (única) mão, indicando que a Haruno deveria se sentar primeiro, o que a deixou com um sorriso bobo e apaixonado nos lábios, mas no fim, a simples atitude dele frustrou os planos dela, de certa forma, pois mesmo ela sentando ao lado dele, o Uchiha ficou de frente a mim e, não sei se foi impressão, mas achei ter visto um sorrisinho nos lábios dele por um momento. 

Logo que nos trouxeram os cardápios, eu fiquei um pouco desconfortável. Às vezes me sinto meio incapaz por não saber escolher um prato de comida decente, já que vivi de comer apenas a comida horrível do Kabuto e as poucas coisas que o Uchiha já me trouxe ou me fez… Tentei até dar uma olhada, mas não conhecia reconhecer aqueles tipos de peixes, ou cortes de carnes, ou tipos de molho, então tão rápido quanto peguei o cardápio, já o larguei e, como sempre, estendi ao Uchiha.

— Escolhe algo gostoso pra mim.

— Já tem coisa no cardápio que você conhece. – Ele analisava o cardápio com calma e nem me olhava enquanto respondia. – Tem karê. – Eu torci a boca com a menção do prato.

— Mas a última vez que pedi karê na rua eu não gostei tanto, não fica igual o que você faz. 

— HÃÃÃ?? O TEME COZINHA??? - Naruto se levantou ao meu lado e apontou para o Uchiha, gritando, no que eu apenas o puxei pela blusa para ele se sentar novamente.

— Não precisa gritar, Naruto. - No que o repreendi, ele me respondeu apenas com uma expressão cabisbaixa, fazendo eu me sentir a pior das irmãs. –... Se bem que é seu aniversário e... Acho que pode gritar hoje. – Eu desviei meu olhar do dele, sentindo meu rosto queimar um pouco. Preciso aprender a ser mais legal e compreensível com o Naruto, mas sempre que tento, fico desconfortável e constrangida, é uma merda.

Voltei a encarar o Uchiha e, por alguns segundos, esqueci que acabei de explanar na mesa que ele sabe cozinhar… Ele me encarava com uma cara mais azeda que o normal, enquanto a Haruno segurava no kimono dele e sugeria, timidamente, a ideia de provar a comida dele e ele provaria a dela… Eu acho que ela quer que ele prove o chá dela, isso sim.

— Quem sabe um dia, Sakura. – Ele respondia a ela e soltava a mão de seu kimono sem tirar os olhos de mim... Merda... Ele tá muito puto comigo, justo num dia em que ele tem muitos podres meus na manga. – Que bom que você tem a mim pra te ajudar, né? – Ele me lançou um sorriso desafiador e voltou o olhar para o cardápio em seguida.

Eu o encarei incrédula e puta, por um momento... Tanta coisa pra usar contra mim e ele escolhe justo essa frase? Chutei a perna dele por baixo da mesa, mas um chute fraco sequer o abalou.

Um rapaz logo veio retirar nosso pedido e eu achei que ele ia desmaiar quando viu o Naruto... As mãos até tremiam para segurar a caneta… Naruto pediu um Katsudon, Haruno pediu um Yakisoba e o Uchiha...

— Vou querer um Teishoku com tomate e atum... E um Sukiyaki para minha amiga – O rapaz anotou o pedido e saiu rapidamente.

— Eu ainda vou te matar. – Sussurrei, mas foi o suficiente pra ele me encarar e sorrir... Esse desgraçado têm uma mania de me olhar por cima, como se fosse superior… Mas sabe… Que esse jogo dá pra dois. – E a sua namorada, Uchiha? Devíamos ter chamado a Karin pra almoçar.

Nesse momento, tanto o Uchiha, quanto a Haruno, me encararam com um desprezo tão grande que eu senti que cumpri minha missão neste mundo.

— A Karin não é minha namorada. – Levei uma das mãos aos lábios, abafando minha risada.

— Então acho que está na hora de contar a ela, porque não é isso que tá sendo dito por Konoha.

— Pode deixar que eu trato de resolver minha vida pessoal. – Ele me encarava com uma raiva que… Se eu forçar um pouco deve ativar o sharingan e… Não Naruko, não cobice o homem da Karin. Ela é quase sua amiga… Ou parente.

— É pra isso que servem os amigos. – Sorri para ele e logo o rapaz que tirou nossos pedidos nos trouxe chá enquanto aguardávamos a comida, e pediu ao Naruto para autografar um papel lá.

— Vocês eram assim o dia todo enquanto moravam juntos? – Naruto chamou nossa atenção com a pergunta que de alguma forma conseguimos entender, já que ele falava de boca cheia. Quem deu comida pra ele?

— Ah não… Era pior… O Uchiha mal falava com ninguém, só pensava em treinar e matar… Tínhamos sessão de treinamento duas vezes ao dia… Até a exaustão. – Suspirei por um momento. – Dá até saudades dos treinos… Mas desde que chegou em Konoha ele tá mansinho, mansinho. – Afastei meu chá para o lado do Naruto e me debrucei na mesa apenas para alisar brevemente o cabelo do Uchiha e provar meu ponto. Logo que me afastei, ri da cara de bunda que ele me lançou.

— Mas você também não fica atrás, Naruko! – A Haruno se pronunciou, atraindo a atenção de todos. - Eu ainda lembro da primeira vez que a vi, achei que fosse morrer!! Você era completamente diferente do que é hoje. – Eu sorri constrangida, pois realmente ela está certa. Eu ia matá-la e, talvez, matasse até o próprio Naruto.

Eu lembro de cada detalhe daquele dia… Treinei com o Uchiha até o nosso limite e, enquanto ele tomou um banho e foi dormir, ajudei o Kabuto com algumas tarefas, só então tomei meu banho… Quando estava me trocando, percebi uma movimentação estranha no quarto ao lado e, por instinto, já liberei o chakra da 9 caudas. No fim, essa foi minha sorte, pois o desgraçado parece ter esquecido que eu dormia no quarto ao lado e explodiu tudo. Precisei utilizar da transformação parcial da Kyuubi para não ser soterrada.

Logo que atravessei a parede, dei de cara com o Sai e a Haruno pela primeira vez… Eles deram um passo para trás diante a minha presença e a Haruno foi quem se pronunciou.

— Naruto?? – Eu estava com o corpo revestido no manto de chakra da Kyuubi e manifestando partes da aparência física dela, como as nove caudas e a cabeça da raposa demoníaca. Concentrei o chakra nas pontas dos dedos e corri na direção da mulher primeiro, na época não entendia porque ela estava estagnada e parecia tão em choque. A sorte dela foi o grito do Uchiha antes que eu alcançasse seu pescoço.

— EI! Eles são meus! – Parei a poucos centímetros dos dois e liberei todo o chakra da kyuubi de uma vez. Ela ainda parecia em choque, enquanto Sai apontava a espada em minha direção. Dei de ombro e virei as costas para ambos, já que nem me representavam uma ameaça significativa, mas naquele instante mais duas pessoas atravessaram o corredor. E foi ali que eu vi o Naruto pela primeira vez.

Como aquele cara podia ser tão parecido comigo? Logo que ele me viu estagnou, confuso com o que estava acontecendo, mas no que tentou se aproximar, eu saltei e fui para o lado do Uchiha, perdendo todas as atenções antes dirigidas a mim.

A partir daí eu lembro por cima que rolou toda uma conversa e discurso sentimental sobre amizade e laços, só que eu já não me importava com mais ninguém ali, além do Naruto, pois só a presença dele já me trouxe várias dúvidas e para piorar a situação, logo em seguida esse até então desconhecido luta com Orochimaru-sama e também libera o chakra da Kyuubi.

Desde esse dia, a vida que eu conhecia deixou de existir.

Despertei de meus devaneios ao ver os pratos chegando e só então percebi o quanto estou com fome, afinal, minha última refeição foi aquele teishoku meia-boca e umas duas garrafas de sake, eu acho…

Sorri logo que vi aquela porção gigante de comida na minha frente, peguei os hashi e já fui provando e puta merda! Esse idiota sempre sabia o que escolher, mesmo. Provei o prato do Naruto e era bem gostoso, mas dei uma bronca nele sobre comer mais vegetais e parar de exagerar na fritura.

Após isso, parece que soltou a língua dele, pois de alguma forma o Naruto conseguiu falar durante o almoço inteiro e ainda comer, tudo bem que a essa altura do campeonato eu já me acostumei, né… Acho até que faz parte do charme dele. Dá vontade de proteger ele do mundo, mas infelizmente quem protege o mundo é ele. Suspirei, cansada de mim mesma, já to com pensamento de gente velha pouco depois de descobrir que ele é meu irmão mais novo.

Ao finalizarmos a refeição, os dois pagaram a conta e antes mesmo de conseguirmos sair, o bando de pessoas já estava aglomerado na porta, esperando pelo Naruto. Nesse meio tempo, já me aproveitei para pegar um dinheiro com o Uchiha e o larguei lá com a Haruno, ele que se vire e ela ainda fica me devendo uma.

Vou andar pela cidade, buscando algo que me chame  a atenção… Como tenho bastante dinheiro, acho que não será difícil escolher algo.

Retiro o que disse!! É difícil sim!!

Já se passaram quatro horas desde que comecei a procurar. Parei no local mais vazio que eu encontrei - na frente da academia ninja-, e agora estou deitada no chão, empurrando o balanço com um dos pés. Naruko, a ninja que foi derrotada por um presente de aniversário.

Percebo alguém se aproximando, mas pouco me importa saber quem é… Então só ignorei para quem quer que fosse ir embora logo, mas os passos pararam ao meu lado… Merda.

— Essa é uma maneira bem estranha de brincar no balanço. – Inclinei levemente o rosto apenas para reconhecer aquele antigo sensei do Naruto, o Iruka... Mas apesar do meu nítido mau humor, ele sorria de uma forma tão acolhedora, que eu quase me senti mal ao pensar em ser grossa com ele.

— Por algum motivo, achei que fazer algo de um jeito diferente me ajudaria a pensar. – Forcei um sorriso e logo me sentei, parando o balanço com a mão antes que batesse em mim. – Não funcionou.

— E o que poderia estar te afligindo tanto a ponto de não estar comemorando seu primeiro aniversário com o Naruto? – Ele se agachou até ficar na minha altura e isso fez eu me sentir como se tivesse cinco anos… Não que eu tenha sido tratada assim aos cinco anos, mas vou fingir que sim.

Ele está me encarando com uma expressão tão serena, enquanto eu tava abstraindo e sequer sei se devo pedir a ajuda dele ou fingir que não tem nada me incomodando… Mas afinal, o que eu tenho a perder, né?

— É que… Essa coisa de aniversário me deixou confusa… E eu não sei o que devo dar de presente ao Naruto. – Desviei o olhar por um momento, pois, por algum motivo, esse tipo de assunto me deixa desconfortável.

— Mas por que você acha que um presente é tão importante? – Oxe, que pergunta besta.

— Tá todo mundo presenteando o Naruto hoje, eu não posso ficar pra trás, é óbvio! – Ele suspirou brevemente, parecendo cansado… Acho que o decepcionei, não que eu me importe, claro… Mas logo em seguida, ele começou a rir… Ele tá me tirando?

— Eu não sei como é possível, já que não cresceram juntos, mas você e o Naruto realmente têm muitas coisas em comum. – Eu não tô entendo aonde ele quer chegar com isso, então apenas cruzei os braços e arqueei uma das sobrancelhas. – Você não precisa competir com ninguém, Naruko. Você é a irmã dele!

— Mas é justamente por ser a irmã dele, que eu tenho que dar o melhor presente, não é óbvio? – Eu achando que ia ter ajuda, agora estou tendo que explicar até o que está na cara dele.

— Mas você não acha que a sua chegada na vila já não trouxe isso? – Inclinei o rosto, como se isso fosse me ajudar a pensar melhor, mas realmente não me lembro de ter trazido nada pro Naruto quando vim pra Konoha… Então apenas permaneci em silêncio o encarando. E após alguns minutos, ele pareceu ficar desconfortável e prosseguiu. – Você trouxe aquilo que o Naruto sempre quis.

— Ah é? – Eu devo ser boa mesmo, porque nem me lembro de ter dado algo a Naruto em todo esse tempo. – E o que foi? – Ele respirou fundo, acho que tá perdendo a paciência já, mas porra! Não tô aqui pedindo ajuda pra brincar de charada, né!

— Uma família! – Acho que torci a boca com a resposta dele, mas tentei me recompor o mais rápido possível para não soar grossa... Afinal… Que caralho de resposta foi essa?

— Isso não faz sentido. – Após eu me pronunciar, ele apenas se levantou... Será que eu fui grossa?

— Estou apenas te contando o que o Naruto sempre quis… Agora, o que você vai fazer com essa informação, é decisão sua. – Com isso, ele apenas se despediu e foi embora… Me dando um total de zero ajuda e me deixando com um enigma pra resolver. Ou seja… Perdi meu tempo.

Cogitei tornar a minha tarefa inicial, deitada no chão e empurrando o balanço, mas logo suspirei e me levantei. Vai que aparece mais alguém pra dar pitaco sobre como eu faço as coisas… Dessa forma, eu decidi me sentar no balanço e me balançar por alguns minutos, como alguém relativamente normal, mas as palavras do Iruka ficavam martelando na minha cabeça.

O que é óbvio para ele, que não é pra mim?

Eu não convivi com o Naruto na infância, mas graças ao Uchiha, há muito que eu sei, então não deveria ser algo tão difícil de compreender, já que mesmo o Naruto não sabendo quase nada da minha vida antes de Konoha, ele consegue saber o que deve dizer ou fazer… Parei de me balançar um momento, ao fazer uma contestação.

Será que eu sou burra?

Não… Não deve ser isso… Eu só estou na linha de pensamento errado… A primeira coisa que eu devo fazer é parar de pensar no que comprar e pensar pra quem eu vou comprar… Então, eu devo pensar apenas no Naruto agora, ir juntando tudo que eu sei dele até hoje, seja por nossa convivência ou através de outras pessoas e com isso… Levantei de súbito, acho que finalmente entendi o que devo fazer!

Estagnei frente à casa do Naruto e, ao invés de entrar pela janela, como de costume, fui até a porta... Logo que parei para tirar os sapatos, o próprio dono da casa abriu a porta e me encarou, confuso, afinal eu nunca havia usado essa porta e aparentemente nem ele porque está com uma entrada bem suja... Que merda, meu rosto já está queimando e eu ainda não falei nada.

— Eu... Estava tentando te achar um presente de aniversário. – Sorri brevemente, só que tava com muita vergonha, então passei a encarar os pés dele. – Mas não consegui, todo mundo estava te dando algo e eu... Não sabia o que fazer para "competir" com tudo isso. – Eu devia ter bebido um pouco antes de vir falar sobre isso, mas se eu enrolar pra falar, ele não vai me deixar concluir. – Encontrei seu antigo professor e tivemos uma conversa essa tarde... Sobre você, claro. – Suspirei, eu estou me enrolando nas palavras já. Melhor ir direto ao ponto. – Eu não acho que sou a família que você merece... Mas não podemos mudar que eu sou a família que você tem.

Ele tenciona falar algo, mas levantei a mão o interrompendo e respirei um pouco tentando ver se essa vergonha se dissipava. 

— Eu quero que esse seja seu primeiro aniversário em família... E quero que se lembre que, a partir de hoje, eu vou me esforçar pra ser a irmã que eu acredito que você merece... Então, começando agora. – Não consigo nem olhar pra cara dele de tanta vergonha… Puta merda... Dei um passo à frente, entrando no apartamento e parando bem próxima a ele. - Tadaima*! Eu trouxe o jantar e um bolo para comermos juntos. – Finalmente tentei superar essa vergonha e levantei o olhar para olhá-lo e... Caralho, ele tá chorando? Eu fiz algo errado? Eu disse algo de errado? Será que ele não queria isso? Eu fui muito estranha, né? Sabia, foi uma péssima ideia. – Naruto, eu...

— Okaeri*. – Ele chorava igual uma criança e entre as lágrimas sorriu e me abraçou com força, me deixando completamente sem reação.

— Precisa abraçar?

— Precisa!

— Só porque é seu aniversário então! – Levei a mão livre para as costas dele e deitei meu rosto na curva de seu pescoço, permitindo-me sorrir por um momento... Até que não é tão ruim assim, o Naruto sempre consegue passar essa sensação acolhedora e aconchegante. Separei do abraço e o encarei. – Vamos comer antes que esfrie. 

— O que você trouxe?

— Lamen e bolo!

 

 

 

*teme: uma forma insultuosa de dizer “você” que pode ser interpretada como “bastardo”

* usuratonkachi: inútil.

* Tadaima: Cheguei.

* Okaeri: Seja bem-vindo.


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Notas finais do capítulo

Ufa!! Mais um tempão sem postar, mas consegui postar o capítulo pro aniversário do Naruto!!
Eu to me sentindo o Togashi, volto a postar e fico doente. kkkkkkrying
Mas como prometido, eu não vou desistir, seguirei postando sempre que a vida adulta me permitir.



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