Good Enough escrita por Celedrin


Capítulo 4
Permissão Concedida


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Amélia 

 

— Meu pai, ele é teu...? - Meus olhos voltaram aos dele e questionei por pensamentos: "Esta francamente fazendo a corte a ele?"

 

— "Nós ainda devemos conversar sobre, porém não a quero ver troçar de Claus." - Esclareceu, havia percebido meu humor. Não seria atrevida a ripostar, ainda que minha fúria deriva unicamente de não poder mutilar aquele humano. - "Pude compreender seus joguinhos e juro, Amélia, que assustou-me, não brinque assim novamente." - Um sorriso cruzou meus lábios e assenti. - "Ainda devemos conversar sobre seu castigo, mas, por hora, devo falar com Claus."

 

Assenti, desesperada. Nestes últimos séculos, seu autocontrole vem sendo testado, sua resistência comprova o quão forte meu pai é.

 

— Peço permissão para me retirar.

 

— Lhe foi concedida. - Meus olhos foram até Claus, ele estava corado e creio que não seja normal a um vampiro, por vezes me esqueço que sua mãe é humana, e que estas reações são perfeitamente normais àqueles que não tem sangue puro. Fizera menção de levantar, portanto balancei a cabeça em negação, ele sento-se novamente. - Nos veremos mais tarde. Com licença. - Pedi e retirei-me.

 

 

Mikhail

 

Eu deveria parecer todo poderoso, mas sequer tenho coragem de encará-lo. Passei a mão em meu cabelo, jogando-o pelo ombro e tentando mentalizar que somos almas gêmeas.

Estive super contente em finalmente poder fazer-lhe a corte mas, depois de minhas declarações sem verdadeiro fundamento, certamente se sentirá ofendido. Virando em direção a ele, caminhei super consciênte de minhas vestes. Eu estava adequadamente vestido?

 

— Claus. - Chamei, hesitante. Os olhos dele não haviam voltado aos meus mas levantou-se. - Olhe para mim.

 

— Fui instruido a não... - Levei uma mão a seu queixo, subindo sua face, até seus olhos encontrarem os meus.

 

— O fez há pouco, não pode mais usar essa desculpa. - Recolhi minha mão que formigava com o calor de sua pele. Desejei poder mantê-la. - Podemos falar agora?

 

— Sua majestade, eu... O senhor acolheu-me e permitiu que o servisse, imagine quão grandioso é para alguém que cresceu no campo, mas tem limetes dos quais não me atrevo passar.

 

— Posso questionar que limite é esse?

 

— O senhor é meu rei, também é pai de A... - Claus parou, como se houvesse dito algo errado. Talvez por sua proximidade com Amélia? Talvez por chamá-la pelo nome?

 

— Por tanto...?

 

— Não é adequado.

 

— Como rei, eu decido o que é adequado. 

 

— Como seu Conselheiro, devo alerta-lo de que não sou certo para esta posição nem para consorte, ou mesmo... Vossa majestade, lhe respeito de todo o coração, no entanto, não estamos noivos.

 

Respirei fundo, havia finalmente entendido o significado por detrás de sua perplexidade.

 

— Esta dizendo que não quer minha mão. - Assenti. Meu peito que sempre mantivera-se vazio, agora martelava dolorido. - Está dispensado.

 

— Perdão? - Sua expressão denunciava o quanto o havia ofendido por romper nossa conversa.

 

— Pode retornar aos seus afazeres. Não, pegue o dia de folga... - Que dor era aquela? Eu a senti subir aos meus olhos. Minha visão embaçou, não era normal. - Está dispensado...

 

— Meu senhor, lhe imploro, não entenda-me errado. - Meus olhos embaçaram. 

 

— Claus, por favor, saia.

 

Claus

 

Curvando-me, preparava-me para sair, porém senti o cheiro de sangue que provinha do rei. Havia algo perfeitamente errado.

 

— Senhor...? O que há de errado? -  Dando um passo à frente, pretendi ajudá-lo, meu rei assemelhava-se a um ancião ferido, pouco antes de tocá-lo, o rei caiu de joelhos e sangue escorreu por seus lábios. Corri à porta, gritando aos guardas que trouxessem o Mestre Mago, e voltei, pois sua majestade, agora, inclinava-se para frente, com a destra no colo, mais sangue caia no chão.

 

Busquei em todas as direções se havia alguém ali que houvesse sido ferido ao rei, porém não havia nenhuma presença.

 

— Meu senhor, está ferido? - Questionei, ajoelhando-me ao lado dele, no entanto, percebi que escondia-se de mim com seus cabelos que caiam como uma cortina, tapando a visão de seu rosto. - Majestade...?

 

— Por favor, Claus, saia...

 

— Não vou deixá-lo sozinho, meu rei. - Vi que deu um pequeno sorriso mas ainda assim, negou-se a encarar-me. - Senhor. Está bravo comigo?

 

— Não. - Havia franqueza, mas também havia certo incômodo que mantia-se implicito.

 

— Eu o ofendi?

 

— Não...

 

— Porém se nega a falar comigo apropriadamente? - Suspirei. Não deveria falar com o rei assim, tenho noção de quão desrespeitoso estou sendo, mas desde que vi seus olhos, sinto-me francamente estranho.

 

— Não estou me negando... - A mão dele veio muito perto da minha, ambas no chão, onde seus fios loiros contrastavam com a madeira escura do piso.

 

— Porém não olha para mim.

 

— O tenho respondido, não é o bastante?

 

— Não quando o senhor está ferido... - Tomei coragem e levei uma das mãos até os fios loiros de seu cabelo. Desejava ver seu rosto novamente, porém minha ânsia era por identificar o que o fizera mal. Quando afastei os fios, pude ver que havia sangue em seu rosto e vinha de seus olhos. Lágrimas de sangue. Significa que o coração do rei está chorando. 

 

— Vou levá-lo aos vossos aposentos, majestade. - Sua mão foi à minha e, segurando-a, negou. Sua majestade não a retirou mais. - Por favor, senhor. Está ferido, entenda o coração de seu servo.

 

— Não é justo o que está fazendo comigo, Claus. Rejeitar-me e depois pedir para cuidar de mim?

 

— Puna-me depois. Receberei uma punição divina se lhe aprouver, meu rei, mas dê-me permissão. Não me atreveria a aceitar vosso não, mesmo agora.

 

— Vai ir contra minha ordem?

 

— Sim, meu senhor. - Os olhos dele foram aos meus mas logo deixaram-nos. - Tem milhares de vampiros que necessitam de seus cuidados, meu rei.

 

— O faz por eles?

 

— Eu sou um deles, majestade. - Notei que pareceu mais aberto à idéia de ajudá-lo, por tanto, pus minhas mãos em seu tronco.

 

— Vai arcar com as consequências depois? Todas elas?

 

— Agradeço sua compreensão, meu rei, arcarei com todas as consequências e tudo aquilo que o senhor considerar adequado ou merecido.

 

— E se uma das consequências for me apaixonar mais, vai arcar com ela?

 

— Perfeitamente. - Quando o vi tencionar os músculos, soube que pretendia levantar e o ergui, pondo seu braço em meus ombros e minha mão em sua cintura. - Vamos pelo quadro? Vossa alteza não deve ser visto. - Ele assentiu. Seus passos eram fracos e estou certo de que deveria estar fazendo demasiado esforço, pois podia sentir que apoiava todo seu corpo em mim.

 

— Vou cobrar cada uma das tuas palavras...

 

— Ficarei honrado se me der a oportunidade de cumprir com minha palavra, meu senhor. - Chegamos ao quadro e empurrei-o, abrindo a passagem.

 

O rei, repentinamente, afastou-se de mim, quase caindo.

 

— Meu senhor?

 

— Estou desconfortável.

 

— Fiz algo?

 

— Suas mãos...

 

— Eu o machuquei?

 

— Você não me machucaria - ele riu? - Não estou acostumado a ser tocado.

 

— Meu senhor, todas as servas do castelo vão aos seus aposentos e meu toque lhe deixa desconfortável? - Fiquei francamente enfurecido.

 

— Nenhuma delas encosta em mim, Claus. - Assenti. - Dou-lhe minha palavra.

 

— O senhor não tem de se explicar a mim, és meu rei, aceitarei tudo o que disser.

 

— Claramente há um mal-entendido, do contrário tua resposta não seria essa. - Meus olhos foram aos do rei e entendi que havia realmente estado bravo, enfurecido. Mas não havia um motivo. - Venha cá. - O rei estendeu seu braço em minha direção, estive certo que me ordenaria receber toda a punição por minhas rebeldias repentinas, mas acatei, dando dois passos e ficando à frente de seu braço. - Vou-te mostrar nos últimos 8.000 anos, todos que estraram em meus aposentos e o que fizeram lá.

 

— Meu rei... - Tentei, mas fui interrompido.

 

— Gosto de você, Claus, não há nada que preciso esconder. Não quero forçá-lo aceitar meus sentimentos mas de minhha sinceridade não posso deixar que duvide. - Tocou minha testa e, meus olhos ficaram em branco, porém pude ver tudo, desde a fundação do castelo à sua coroação, o nascimento de Amélia, a rainha, tudo. E o assunto que levava todos os criados ao rei, era eu. Quando tomei consciência novamente, entendi tudo o que o rei me havia dito.

 

— Imagino que agora compreende. - Murmurou, encostado à parede.

 

— Não fazia idéia de que sabia tudo o que ocorre no castelo, meu rei. Meus pais realmente cederam minha mão tão jovem?

 

— Tinhas idade suficiente. Além disso, teus pais não tinham preferência sobre quando eu deveria iniciar o cortejo, mas exigiram que esperasse até completares 200 anos.

 

— Fui trazido ainda criança.

 

— Sempre deixei à tua disposição uma carruagem para que os fosse ver, tivesses disponibilidade para tal, assim como para deixar o castelo se assim desejasse. 

 

— Posso ir embora?

 

— Se assim desejar.

 

— Me dará permissão?

 

— Já não precisas mais de permissão.

 

— Sua alteza parece melhor.

 

— Estou, tua companhia faz-me bem. Mas é deprimente, ainda que me dirija palavras tão suaves, o fato de que agora considera deixar-me. Posso... ao menos visitá-lo, Claus?

 


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Notas finais do capítulo

Preview:

"- Mikhail, pensei que houvessem conversado. Ao menos foi o que escreveu-me e fez com que estivesse pronto para vir.
Os olhos do rei vieram aos meus e deu um leve sorriso ao voltar-se aí mago.
— Talvez não tenha ido tão bem.
Os olhos do mago vieram a mim."

Obrigada por ter lido até aqui! Até o próximo capítulo! ;)



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