Good Enough escrita por Celedrin


Capítulo 5
Devo lhe contar uma história? - Parte Um


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753582/chapter/5

Amélia

Saindo da sala de meu pai, desejando infinitamente que sua conversa trouxesse bons frutos, fui de encontro ao caminho que levaria à meus aposentos. Deveria dar uma volta pelo castelo e ver meus soldados, e então uma ronda pela cidade... mas parecia exaustivo. Decidi efetuar uma ação por vez.
Dois soldados aguardavam-me às portas de meu quarto, por isso, convidei-os a entrar. Enquanto abria meus armários em busca de algo útil, notei que ambos pareciam nervosos, apesar de terem sentado e retirado os respectivos capacetes.
— Digam...
— Minha senhora... - disseram juntos. Virei-me, impressionada e curiosa. Um deles, Gael, que tinha os cabelos escuros assim como Claus, continuou. - Nós gostaríamos de vossa autorização para casarmos, majestade. Gostaríamos de vossa presença e também... permissão. 
— Se eu estiver livre, certamente que sim. Por que parecem tão nervosos? - Eu não tomaria proveito de minha capacidade psíquica em uma conversação, por isso precisava que fossem claros.
Receoso, o outro jovem, falou:
— Precisamos de vossa permissão, senhora.
Os olhos dele deixaram os meus rapidamente, o que, se levando em consideração que sempre tratei meus soldados com igualdade, era curioso. Caminhei colocando-me entre eles, demasiado séria.
— Qual, especificamente?
— Elas são humanas, senhora.
Ponderei por breves segundos. Por que meus soldados sempre tem problemas em encontrar vampiras predestinadas? Casá-los é tão trabalhoso, ainda mais com humanos.
— Não posso permitir. Não antes de ver onde estão e se lhes será seguro.
Gael ergueu-se imediatamente, quase apavorado.
— Eles são bons naquela área. - Infelizmente, ele não entendia que este era o problema, os humanos talvez fossem conscientes ali, o que evidenciava que os outros não eram.
Caminhei até ele, tocando sua face com um pequeno sorriso.
— Por isso devemos estar certificados de que, humanos, que não os daquela área, são civilizados. - Ambos assentiram e afastei-me novamente. - Por que essas humanas não podem vir?
— Elas não... tem certeza de que nosso povo as aceitaria. Tem medo.
Caminhei alguns poucos passos, considerando quão cansativos os próximos dias seriam.
— Verei amanhã tal assunto. - Corri a mão por meus fios enredados, certa do trabalho que daria a mim. - Esta noite tenho compromissos. - Direcionanso meu corpo para eles, afirmei:
— Ambos devem acompanhar-me, estejam prontos pela manhã. Há mais qualquer assunto que devamos tratar?
— Sim. - informou o moreno. - Se autorizar-nos, precisaremos de dispensa...
Sem tanta delicadeza, o interrompi, já sabia o que ele desejava e o cansaço vencia-me, estive certa de que adormeceria em breve.
— Lhes darei se as condições lhes forem adequadas. Não tem autorização para irem até lá sozinhos, estou sendo suficientemente clara?
— Sim, senhora! - Ambos agora erguidos e muito nervosos, curvaram-se.
— Não fiquem tão apreensivos. Espero poder casar todo o meu exército, não lhes negaria a chance de serem felizes, no entanto também não lhes negarei cuidado ou proteção. Por tanto, espero que entendam toda a atenção que devo dar a este caso.
— Agradecemos vossa atenção, princesa.
— Agradeço por confiarem tal assunto a mim.

Claus

Após demasiada resistência por parte do rei, enfim pude ajudá-lo a seguir para seus aposentos. Evitei prestar atenção aos suspiros e arrepios que ouvi e senti em contato com sua pele, arrepios estes que o fizeram estremecer. Infelizmente, vi-me incapaz de evitar notar os olhares ou o cheiro de seus cabelos que era extremamente atraente. Estive super consciente da presença do rei.
Quando lhe deixei sobre a cama e pedi para que esperasse-me voltar, busquei o papel das cartas e a tinta, para que escrevesse ao Mestre Mago; tive de insistir, novamente, para que o fizesse e, contrariado, o fez.
Após toda a dificuldade de ajudá-lo na troca de suas vestes, como as palavras doces e sorrisos tímidos que lançava-me, consegui com êxito concluir minhas tarefas, incluindo alimentá-lo.
Com a chegada do Mestre Mago, acerquei-me ao rei. Temi a represália que certamente viria, porém havia certo medo pela súbita queda do rei. Tinha certeza de que sua majestade fazia todas as refeições pois comíamos juntos, cada uma delas. Sabia também que não lhe faltavam caminhadas nem os treinos de espada, portanto havia algo desconhecido ferindo ao rei.

— Mikhail, pensei que houvessem conversado. Ao menos foi o que escreveu-me e fez com que estivesse pronto para vir.

Os olhos do rei vieram aos meus e deu um leve sorriso ao voltar-se ao mago.

— Talvez não tenha ido tão bem.
Os olhos daquele senhor de idade avançada vieram a mim. Não sabendo como agir, questionei:
— O senhor necessita de algo?
— Quantos anos tem?
— Trezentos e dois anos, senhor.
— E tem vivido aqui com seus pais? Os moradores do castelo pareceram-me próximos.
— Não os tenho visto desde... Desde minha vinda. Sirvo ao rei diretamente, não deixaria de fazer meu trabalho.

— Mikhail lhe mantém muito ocupado?

— Vossa Majestade tem sido muito bom comigo, creio que diminui meu trabalho.

— Ele facilita suas tarefas?

— Muito. Sinto que não há realmente a necessidade de um conselheiro quando o rei sabe tão bem tudo o que deve fazer. - Meus olhos foram aos do rei, ele tinha os seus em mim e mordia os lábios de modo insinuante, preferi crer que as palavras do rei me haviam afetado de algum modo.

— Eu lhe dou todas as tarefas que deve fazer, não exigiria mais que isso, Claus... - Notei que meu rosto aquecia enquando, nos lábios do rei, um sorriso nascia, igualmente insinuante. Minha raiz humana não ajudaria em tais situações.

— Sou grato por isso, senhor.

— Mikhail, haverá tempo para isso. - Advertiu, Gandalf. - Terá de monopolizar as atenções de Claus até estar melhor. - Seus olhos vieram aos meus. - Estaria aproveitando-me de ti, se lhe pedisse para cuidar pessoalmente de vosso rei? Sei que não é sua tarefa, no entanto, de todos os servos com os quais tive o prazer de falar, és o único que parece ter afinidade suficiente.

— Estarei honrado em auxiliar meu senhor, independente do que precisar. - Sorri ao mago.

— Não faça mais promessas, Claus, posso acabar aproveitando-me delas. - Insinuou e forcei-me a não responder ou encará-lo. Senhor Gandalf aclarou a garganta.

— Me farias o favor de trazer algumas frutas? Minha viagem foi breve, no entanto a carta foi recebida quando faria a refeição.

— Por favor, perdoe-me, deveria ter me apercebido. - Fiz mensão de curvar-me, quando a voz do rei chegou até mim:
— "Não se curve, Claus. És, depois de mim, aquele que tem mais autoridade, não deve se curvar à ninguém."
— "Majestade, por favor."
— "Se é assim, curvo-me em teu lugar, já que não devo tê-lo instruído corretamente e, por isso, tal erro aconteceu."
Virei-me ao rei, pedindo para que não o fizesse.
— Voltarei logo, senhor.
— Mikhail. - corrigiu, o loiro.
E deixei o cômodo.

Gandalf

— Mikhail, vejo perfeitamente que vosso relacionamento se encaminha bem.
— As reações dele são repentinas e imagino que breves. Preciso que ajude-me a suportar isso. - Vi sua expressão alterar muito levemente.
— Não precisas, o rapaz sequer disfarça seu afeto, porque precisarias de ajuda?
— O motivo estava na carta, Claus não se sente como eu. Não está interessado e ouso dizer que sequer atraído por mim. Não preciso ouvir um não dos lábios dele para entender - os olhos dele embaçaram.
— Meu amigo, não vê que o jovem precisa ter conhecimento do que sente para correpondê-lo? Olhe para toda aquela inocência, julgo que apenas algumas horas atrás fostes contar ao menino o que sentes, sem dar-lhe tempo para pensar e estou certo de que sequer fosses paciente quando à resposta dele.
— Eu não precisava ouvir mais do que foi dito...
— Ele disse?
— Não... - Então como tem uma resposta? Ergueu uma mão, chamando minha atenção. - Gandalf, sei o que está pensando, não esqueça nunca disso.
— Enganei-me com meus julgamentos, Mikhail?
— Não é fácil como presume. - Fez mensão de levantar e impedi. - Já tenho 8.000 anos, sou incapaz de ter tanta paciência. Ele é jovem e apesar de nunca tê-lo dado liberdade para sair com outros, nunca mostrou-se contra... Anseio que compreenda meus sentimentos e todas estas incertezas mas é jovem de mais. Estou assustado... Não é adequado mostrar-me nervoso ou ansioso, tenho conhecimento, porém é difícil...

— Devo lhe contar uma história?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Good Enough" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.