Good Enough escrita por Celedrin


Capítulo 2
A Caçada - Parte Dois


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Olhava ao redor, impaciente. Não havia muito o que pensar ou fazer, só a ânsia de findar a vida daquilo que deveria ser um homem. Sua natureza falha era o suficiente para que errasse, mas vender-se a um demônio era um pouco de mais. E ainda arrastar a vida de uma amiga querida para que perdesse a alma...
Acabaria com ele, e quando nada mais restasse, sua alma queimaria nas chamas da tortura lancinante do inferno.
Homem tolo, como pôde encostar nela? Como se atreveu a tocar aquela que lhe era como irmã? Não o pouparia... ainda que parcialmente sentisse que a culpa também era sua.
Deveria ter ido atrás de Daëala antes, deveria tê-la acompanhado! Mas hesitou, obedeceu ao pedido dela, foi inutil de modo que deveria redimir-se.
Talvez, se pudesse ressuscitá-la, a sentença dele fosse menos cruel; porém não podia, ela era humana e só renasceria uma vez por século; encararia épocas sombrias sem Daëala, mas ele sofreria mais, merecia todo o sofrimento que lhe pudesse ser feito.

E o faria.

Reino de Eódwin - Casa da Casta Dourada - Vampiros

Admirando o som de passos específicos, animou-se. O jovem chegaria antes do que imaginava. Havia coragem por querer encará-lo diretamente tão cedo. Rompendo o silêncio de sua sala, as portas foram abertas e o vampiro fora anunciado. Os olhos negros do rapaz eram, talvez, seu ponto fraco.
— Saúdo ao rei!
Levantando-se do trono, o rei questionou, talvez, até  mesmo sabendo a resposta:
— Onde é que está minha filha?
Vampiro Inferior, Claus, temeroso, respondeu, sem saber das reais intenções de seu lorde:
— Estamos procurando, senhor.
Erguendo uma sobrancelha, posicionou-se frente ao servo.
— Procurando? - Indagou-lhe, indignado. -  Já tem três noites! Traga-me a princesa imediatamente!
— Senhor, seja paciente, eu lhe imploro  - O pedido dele fora ouvido, ainda que não em completa concordância. - Nossas habilidades não se podem comparar às de sua senhoria.
Descrente das palavras dele, indagou:
— Crê que isso basta? Sua princesa... Minha filha está por aí, sem instruções, sem saber o que fazer, perdida dentre humanos! E devo contentar-me com vossas incapacidades? - Tendo noção de onde suas palavras poderiam levar, decidiu que Claus não tinha culpa por não ter dado segurança suficiente a  Conselheira da filha, ele não merecia ouvir todas as tolices que deveria dizer para si mesmo quando estivesse só. 
— A perda de Conselheira Daëala transtornou-a, meu senhor.
— Eu sei.
— Dê-nos tempo... Dê tempo à senhorita. Nossa senhorita não estava pronta para lidar com tal perda. Os humanos naturalmente vivem pouco mas a senhorita teve de abrir mão de uma amiga amada, tal coisa é difícil de suportar... para qualquer um de nós.
A frase de duplo sentido fez-lhe mal. De todos, não desejava ouvir isso dele.
— Ficar isolada não vai ajudar!
O Conselheiro ponderou. Isolar-se... Ficar só não traria alívio. Faria apenas com que a dor falasse mais rápido, mais forte, mais dura. Então porque a princesa fugira?

Ah, sim, Amélia não buscava redenção, buscava vingança!

— Meu senhor, foi encontrado o homem que matou Daëala - murmurou Claus, como se não quisesse dizer nada menos que óbvio.

— ... Ela tem apresso por humanos.
— Principalmente os seus.
Suspirando, de acordo com as palavras do moreno, o rei afirmou:
— Se eu mataria o humano sem pensar, creio que minha filha nem ao menos precisaria de chegar a tal conclusão. - Engoliu um "por favor" antes de dar a sentença. - Vá atrás dela.
— Senhor, precisarei de um contingente adequado - pediu, porém, repentinamente o  tom e a pauta mudaram.
— As suas falhas são o que me deixam a desejar, Claus.
— Perdoe-me.
— Gosto de você, não crítico seus erros por diversão. Não o quero perder por um deslize.
— Peço desculpas.
Suspirando, hesitava bravamente em dizer palavras mais leves. Não podia ceder tão facilmente.
— Vá preparar-se. 
Assentindo, preparava-se para falar, porém o rei o Interrompeu antes mesmo de abrir os lábios:
— Como estão teus pais? Tua mãe não me escreve há algum tempo. 
O ar surpreso do outro não passou-lhe despercebido.
— Se eu não estiver sendo atrevido, senhor, posso questionar quando começaram a trocar cartas?
Exibindo um meio sorriso, o qual não fora visto por Claus que comumente não o encarava, adicionou:
— Tenho ciência de que ela lhe dirá se perguntares. Seu pai ainda me escreve, portanto mande minhas saudações a eles.
— Como ordenar, rei.
Fitando-o severamente. num silêncio repetindo, murmurou:
— Está dispensado.
Virando suas costas, Claus caminhou rapidamente na direção oposta do rei. Conversar com ele daixava-o com uma sensação estranha. O porquê era um mistério. Por outro lado, para o rei, a situação era um pouco mais compreensível, apenas não sabia como ir até Claus.
O que faria para falar com ele? Para que os olhos dele fossem até si? Deveria ponderar, questionar, tomar as melhores decisões para que a mudança de posição dele ocorresse sem tumultos ou falhas.
Deveria pensar sobre como fazê-lo.
Suas desculpas já não eram aceitáveis.

Reino de Edéo - Campos de Guerra - Humanos

Segurava firmemente no tronco da árvore o crânio de sua captura. Aquela situação não lhe era difícil, em seu rosto jazia um sorriso que certamente aumentaria com o final daquele assassinato.

— Você machucou uma amiga minha... - Murmurou. - Cheguei tarde demais. Por isso, agora, devo matá-lo, para que ela seja vingada...

Os olhos do homem, entreabertos, estavam manchados com o sangue que escorria de sua cabeça. Amélia possuía uma expressão assombrosa, composta de ódio, objetividade, determinação e estava louca de vontade de matá-lo, um fato. Enquanto subia e descia sua mão pelo pescoço do homem, deu continuidade ao monólogo:

— Ela era uma boa moça, sabe... Completamente inocente, sem segundas intenções, a menos que estivesse lhe ajudando com a intenção de concluir algo bom que planejava-lhe. - Os olhos foram aos dele e sorriu. - Eu vou torturá-lo, muito, não pretendo ser rápida e vai doer demais, não o farei apenas uma vez, vai desejar nunca tê-la tocado. Entenda que serei teu pior pesadelo, desde que nasceste. - Os olhos do homem lacrimejaram, estendeu a outra mão, secando as lágrimas. - Não se preocupe, vai morrer em ao menos uma semana, o manterei vivo e torturado até lá.

Com um último sorriso, Amélia acertou fortemente sua nuca, jogando o corpo inconsciente no chão e arrastando-o por uma das pernas pelo chão ensanguenta, onde um dos amigos do homem jazia sem vida, afinal, ele não estava só.

Sentia a presença de Claus há pelo menos 15 minutos, ele e os soldados observavam à tudo das sombras.

— Pretendo retornar em uma semana, Claus, pode voltar. - Lendo a mente dele, compreendeu que seu pai a queria no castelo: "O rei espera que possa chegar antes de seus convidados."  - Também tenho vontades e a de matá-lo - gesticulou ao homem - prevalece! - Novamente, o moreno menor afirmou que deveria voltar: "Compreendo completamente sua vontade, também quero juntar-me a ti e trucidá-lo mas vosso rei não deu-me escolha, devo levá-la. Te imploro, venha." - Esse é o ser que matou Daëala! Não voltarei sem ao menos ter a cabeça dele! - "Minha senhora, apenas arranque-a!" - O farei sofrer, Claus.

Materializando-se ao lado da dama, Claus murmurou:

— Minha senhora, podemos trancá-lo e buscar autorização de teu pai para que fiques quantos dias lhe aprouver para sacrificá-lo, mas lhe peço, vem comigo. Vosso pai parecia à ponto de pôr-me ao calabouço.

Suspirando, arrastou o corpo do homem até o chalé, jogando-o dentro. Trancando a porta por fora, teve certeza de que sozinho aquele homem não sairia, apenas esperava que não houvessem outros.

— Guardas. Preparem-se, vamos partir! - Anunciou  o moreno. Amélia apenas sorriu de lado, suas roupas estavam manchadas de sangue, não era ruim à uma princesa vampira, ainda que não fosse apropriado estar daquela forma, seu pai ficaria decepcionado.

Claus trouxe para si uma bolsa de couro e murmurou em seu ouvido:

— Há um lago próximo daqui, passe por lá antes de irmos.

Claus era exatemente igual a seu pai.


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Notas finais do capítulo

Preview:
"Erguendo a destra, levou-a ao rosto de Claus, acariciando-o. Sorriu, como alguém tão bom e puro podia trazer-lhe lembranças tão sombrias?
— O que eu faria sem você?
— Certamente o mesmo, Amélia. - Mantivemos o contato visual até virem chamar-me. - Deve ir se apresentar ao rei, logo estarei lá."

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