Lelouch estava em sua cama, com uma das mãos sobre o peito e a outra por baixo da cabeça. O som de chuveiro ligado atiçava seus pensamentos. C.C. estava tomando banho. Ele imaginava poder estar lá também, nu, colado ao corpo dela.

– Não, eu prometi que não iria mais… – Lelouch disse com a boca entreaberta, virando o rosto para o colchão e colocando o travesseiro sobre sua cabeça. Ele bufava e gritava como alguém que passava por uma crise de abstinência.

– De repente, o som do chuveiro cessou. Ele tirou o travesseiro e virou o rosto para a entrada do banheiro, preparado para mais uma visão do paraíso: C.C. saindo do banho, somente com uma toalha branca em volta do corpo.

– Ah, como eu queria que essa toalha fosse de rosto… – ele disse. C.C. o olhou com expressão confusa. Era essa carinha de inocente que acabava com a lucidez de Lelouch.

Ele ainda não havia se tocado: aquele não foi um pensamento, C.C. ouvira. No entanto, parecia que as barreiras do rapaz estavam caindo aos poucos. Essa é a noite perfeita, pensou, enquanto se levantava da cama e ia vagarosamente ao encontro de sua musa de cabelos verdes. Olhou fixamente nos olhos dela, ativou seu Geass e ordenou:

– Entregue-me o que você tem de mais precioso.

Instantaneamente, C.C. arregalou os olhos, e, de forma bem suave, soltou-se da toalha que segurava sobre os seios. Lelouch, absorto por aquele momento, acompanhou cada instante da queda daquele grande e pesado tecido branco. Quando seus olhares alcançaram o chão, ele foi “subindo” por todo o percurso de volta. Apreciou suas belas formas, suas curvas perfeitas, sua pele salpicada pelas gotas d’água que resistiam à ação da gravidade, até chegar na região de seus seios. Com as duas mãos, C.C. parecia massagear o mamilo esquerdo. Ela soltou um pequeno gemido de dor, acompanhado de uma expressão sofrida, e, ao mesmo tempo, prazerosa. Como nos hentais, ele diria.

Ela ia estendendo sua mão fechada na direção dele. O rapaz tinha a impressão de que ela o pegaria pelo braço e o lançaria na cama, dando-lhe a prova final de que ainda era “pura”. Mas, subitamente, ela parou a mão bem à frente do rosto de Lelouch, abrindo vagarosamente. Ele viu, entre os dedos de C.C., um pequeno objeto reluzente. Aquilo parecia um piercing de pressão.

– Ouro 42 quilates, cravejado de diamantes. Pode tomar, é seu! – C.C. disse, com uma expressão simpática e infantil.

Lelouch olhou para ela, desacreditado. Ela abriu os olhos e o encarou, vitoriosa, com um sorrisinho sarcástico no rosto. Ele gaguejou, até dizer:

– Vadia.

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– Disse alguma coisa, Lulu? – C.C. perguntou, em pé, de frente ao jovem que parecia acordar de um sono perturbado. Estava vestida com seu habitual macacão branco de mangas bufantes, e nem mesmo estava com os cabelos molhados.

– O quê? Como você conseguiu... – se vestir tão rápido?, ele completaria, se não tivesse percebido o que estava acontecendo. Droga, mais um sonho.

– Andou pensando em mim de novo, não foi? – C.C. disse, mudando de expressão rapidamente, agora com um sorriso largo.

– Po-por que você tá dizendo isso? E que história é essa de pensar em você “de novo”? – ele inquiriu, confuso.

– Eu moro com você há tempo suficiente para conhecer algumas peculiaridades suas. Inclusive, algumas mudanças que acontecem no seu corpo quando você sonha... – ele a encarava, aterrorizado. Seu rosto estava deformado pelo susto.

– Não se acanhe, rapaz, – ela dizia carinhosamente, enquanto andava pelo quarto – eu já me acostumei. Você não é o único a sofrer disso.

– Tá dizendo que você também... – disse, procurando entender aquela história. Durante seus sonhos, pelo menos, ele não via nada nela que a caracterizasse como homem.

– Não, criatura, eu não – dizia ela, impaciente. Andou mais um pouco, e, até ficar de costas para ele, falou:

– Estou falando dos outros. – Ela estava se divertindo, queria saber no que aquilo ia dar. Como previa, Lelouch estava cada vez mais apavorado.