Pais e Filhos escrita por KL, Juh11


Capítulo 2
Capitulo 2




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Seus olhos estavam focados nos portões, mas era como se ele não os visse. Seu estômago se revirou terrivelmente e ele começou a suar frio. Como, por tudo que era mais sagrado, ele tinha se esquecido do tratado?

O Tratado InoShikaChou, como era chamado, foi firmado a muitas décadas atrás quando os clãs Yamanaka, Nara e Akimichi perceberam o quão poderosa era a combinação de seus jutsus. Sendo muito mais fácil o entrosamento entre as equipes quando os membros eram criados juntos e tendo idades próximas, estabelecendo além de laços de batalha, laços de amizade, o tratado foi selado para que os líderes de cada clã tivessem filhos com idades próximas para que a combinação Ino-Shika-Cho não acabasse.  Na prática, isso queria dizer que, se um dos três tivesse um filho, os outros dois tinham que ter seus próprios em menos de um ano.

Chouji nunca comentara com Karui sobre o tratado. Não fazia sentido ele falar sobre filhos se até então ela fugia do assunto casamento. Além disso, tinha toda a questão de Shikamaru e Temari e Ino e Sai não estarem cogitando a possibilidade ainda, então não havia problema esperar o desenrolar do relacionamento do amigo com a ruiva para decidirem quando isso aconteceria. Os planos eram os seis sentarem e conversarem assim que Chouji se casasse, definindo um prazo de acordo com o planejamento de vida de cada casal e assim decidindo qual era o melhor momento para darem continuidade aos clãs e serem pais.

Porém, Karui estava grávida. Era uma gravidez não planejada, mas não por isso menos querida por Chouji e por ela também, pelo que eles conversaram enquanto ele estava em sua vila. Um bebê naquele momento não era um empecilho para nada na vida deles, até facilitava um pouco as coisas. Mas Chouji sabia que não era bem assim que as coisas seriam para seus amigos e, quanto mais ele pensava nisso, mas apavorado ficava.

—Olá, Chouji... –uma voz feminina e um tanto grave o tirou de seus pensamentos. Seu cérebro processou a informação de quem era aquela voz antes de seus olhos a encontrarem e, quando aconteceu, ele já tinha-os arregalados. Se tinha alguém que ele tinha mais medo que Ino e Shikamaru juntos, era dessa pessoa –Está tudo bem?

Ela o encarava com o cenho franzido em preocupação. Ele piscou algumas vezes seguidas, sem compreender o que ela tinha perguntado por um momento, cedendo ao pânico. Tentou se acalmar enquanto ela ainda o encarava, o leque preso as costas, a roupa denunciava facilmente que ela estava saindo em missão, os cabelos divididos em dois rabos. Chouji não sabia porque estava reparando em tudo isso, mas pelo menos serviu para ele conseguir processar o que ela perguntara e responder:

—Está. –ele quase comemorou por conseguir não gaguejar, apesar de ter exprimido um pouco de seu nervoso. Aprendeu com a convivência que Temari era uma pessoa tão observadora quanto Shikamaru e agora que ela o conhecia melhor, conseguia lê-lo facilmente e ele torcia para que ela não percebesse que ele estava mentindo, nem perguntasse mais nada.

—E por que está parado no portão da vila sem entrar? - ela questionou, ela sempre questionava, era por isso que Shikamaru a chamava tanto de problemática.

—Estou um pouco cansado da viagem de volta de Kumo. –ele pensou rápido em uma resposta convincente e que não deixasse de ser verdade em partes, assim sabia que sua voz sairia menos tremida.

Temari abriu um sorriso zombeteiro.

—Que bonitinho, ele estava namorando. –ela tirou sarro fazendo Chouji corar intensamente –E como está Karui? Faz tempo que não a vejo.

Chouji gelou e engoliu em seco a resposta “grávida”.

—Bem. –ele respondeu sucintamente, mas Temari notou o desconforto do rapaz.

—Vocês brigaram? –Temari perguntou, franzindo o cenho novamente.

—Não! –ele apressou-se em responder, abanando as mãos em negação.

Chouji não considerava que Temari estava sendo intrometida. Ele gostava dela e sabia que era reciproco e, com Shikamaru, a loira tinha aprendido a se importar e expressar essa preocupação melhor com as pessoas. Ele, como uma pessoa calorosa, gostava dessas pequenas preocupações de seus amigos, mesmo que em momentos com aquele onde tudo que ele queria era sair correndo dali.

—Ela ainda não aceitou vir para cá, não é? - ela perguntou, sabia das dificuldades da garota em largar sua vila natal. Chouji concordou rápido com a cabeça. – Eu a entendo. É difícil... –ela suspirou, parecendo pensar nas próprias decisões. –Mas se quiser posso conversar com ela.

—Seria de grande ajuda. –ele concordou e sorriu. Temari deu um sorrisinho de volta. Ele sabia que ela já havia passado por tudo aquilo, porém também sabia que para ela fora mais fácil do que seria para Karui. Temari passou anos de sua vida indo e vindo de Konoha, estabelecendo laços com mais do que apenas Shikamaru e criando vínculos com a própria vila, mas de alguma forma, ele sabia que aquilo podia ajudar sua namorada a se sentir mais confortável –Está saindo em missão?

—Ah, é.... Só uma ida à Suna... Gaara me solicitou lá de novo –ela revirou os olhos, não parecia que falava em uma missão para o Kage e Chouji se impressionava com isso, por mais que soubesse que era o irmão mais novo dela e não apenas o Kazekage - Parece que ele não consegue resolver nada sem mim, Kankuro também não ajuda. Volto em uma semana.

—Boa viagem. –ele desejou e Temari agradeceu com um aceno, se despendido.

Assim que a kunoichi sumiu de suas vistas, ele suspirou aliviado, voltando a encarar o portão da vila. Ele precisava dormir, precisava comer e precisava pensar em um jeito de não ser morto por nenhum de seus amigos. A vida estava mesmo complicada para ele, que só queria estar feliz porque seria pai.

~x~

Despertou depois de um bom cochilo, mas não sentiu vontade de deixar sua cama naquele momento, mesmo que o cheiro da comida de sua mãe já adentrasse o ambiente. Seu pai não estava em casa quando ele chegou e ele tinha passado rapidamente por sua mãe, usando a desculpa do cansaço da viagem. Escutou a voz de Chouza no andar de baixo e sabia que tinha que levantar e ir contar para eles que seriam avós, mas o receio em relação à reação dos dois, por mais que ele achasse que seria positiva, o paralisava.

Escutou a voz de sua mãe o chamando para almoçar. Respondeu que estava sem fome, no automático. Dois minutos depois, seu pai bateu na porta do seu quarto antes de entrar.

—Sem fome? –Chouza perguntou rindo, ele sabia que Chouji jamais recusava comida sem um bom motivo. –Menino, você é meu filho, acha mesmo que essa desculpa colaria? O que está acontecendo?

Chouji suspirou e sentou na cama. Seu pai se aproximou, sentando-se a beira dessa. Não havia como fugir de seus pais: Recusando comida, algum dos dois viria atrás de si, ele já sabia. Se tivesse ido almoçar, eles saberiam que algo estava errado, ele tinha ciência que era uma pessoa fácil de ler. Pelo menos, fora seu pai que viera falar com ele e ele podia falar primeiro com ele sobre aquele assunto um tanto vergonhoso.

—Pai... –ele começou e respirou fundo e anunciou sem fazer rodeios: -Karui está grávida.

Chouza inclinou a cabeça para o lado e piscou algumas vezes, tentando assimilar a noticia, Chouji sentiu-se suar frio. Mas não demorou para que ele abrisse um sorriso e os braços para abraçá-lo, trazendo-o para um aperto firme.

—Parabéns, filho! –Chouza riu ainda em meio ao abraço –Quer dizer então que vou ser avô, que notícia maravilhosa, Chouji!

—O-obrigada, pai. –Chouji respondeu enquanto Chouza o soltava

O sorriso do mais velho se desfez quando ele notou por fim que a expressão preocupada do filho não havia desaparecido.

—Qual o problema? –ele tornou a perguntar. –Karui não quer se mudar para cá?

—Não.... –ele negou e depois apressou-se em corrigir –Quer dizer, ela concordou em passar a gravidez em Konoha, mas não é como se ela se sentisse confortável ainda em vir morar aqui em definitivo. –ele suspirou e completou apreensivo –Minha preocupação está no tratado e na reação da Ino, Shikamaru, Temari e Sai, pai. Eles vão querer me matar.

Chouza riu e Chouji fez uma careta sofrida.

—Não acho que Shikamaru, Ino ou Sai vão querer te matar, filho. -Chouja consolou –Eles podem ficar irritados e assustados no início, mas depois vão compreender que você não fez por mal. –Chouji abriu um mínimo sorriso com aquilo, se sentindo um pouco melhor. –Mas eu teria medo de Temari, Shikamaru arrumou uma mulher assustadora. –Chouji soltou uma risada nervosa e Chouza completou - Ela não parece ser do tipo de pessoa que aceite fácil as coisas não planejadas.

—Temari saiu em missão pra Suna hoje, a encontrei no portão, quase me deixei levar pelo nervosismo. –ele suspirou mais uma vez, Chouza pousou a mão em seu braço em um consolo mudo –Mas não acho também que Ino e Shikamaru vão aceitar com facilidade... Principalmente a Ino.

Chouza apertou o braço do filho de leve e o soltou.

—O único conselho que posso te dar nesse momento é pra você escolher bem o local em que vai contar. –e o Akimichi mais velho gargalhou, parecendo de repente nostálgico. - Shikaku quase me jogou de cima do Monte Hokage. Inoichi ficou branco igual papel e mal conseguia falar.

—Espera... –Chouji franziu o cenho –Você e mamãe passaram por isso?

Chouza riu ainda mais com a expressão de perplexidade do filho.

—Só agora que você percebeu que é mais velho e que Shikamaru e Ino tem pouquíssimo tempo de diferença de idade? –Chouza questionou e Chouji concordou. Sempre achou engraçado Shikamaru e Ino fazerem aniversário em dias seguidos, só agora percebia que ele era mais velho. Se tivessem sido gravidezes programadas, teriam nascido todos na mesma época e não com meses de diferença. –Vai ver isso é herança do clã Akimichi. –Chouza deu um soquinho no braço do filho e Chouji riu, divertido pela primeira vez naquela conversa, concordando. –Agora vamos lá comer e contar pra sua mãe que ela vai ser avó. Ela está preocupada, mas tenho certeza que ela ficará feliz com a notícia.

~x~


Geralmente, só de parar na frente do restaurante Q, Chouji já salivava pensando no quanto de carne comeria, mas naquele dia ele suava frio e seu estômago se agitava sim, mas de nervosismo. Ele só conseguia pensar na reação de seus amigos a notícia que trazia.

Shikamaru chegou primeiro, com cara de sono, o que não era bem uma novidade. Perguntou entre um bocejo e outro como tinha sido a viagem até Kumo e se Karui estava bem e ele se conteve em responder sucintamente com um “Tudo bem.”. Chouji não sabia como agradecer aos céus pelo estado sonolento de seu amigo que, em estado normal, concluiria no mesmo instante que havia algo errado.

Ino chegou poucos minutos depois, sorridente e deslumbrante como sempre, Cumprimentou cada um com um abraço e segurou os dois amigos pelo braço e os puxou para dentro. Pediram uma mesa mais afastada, querendo se distanciar da falação típica da hora do jantar no restaurante, para poderem conversar em paz. Shikamaru também não estava com o melhor dos humores. Shikamaru sentou-se ao lado de Chouji e Ino de frente para ele e já começou a desatar a falar. Os dois rapazes apenas concordavam e faziam um comentário vez ou outra, o sono de Shikamaru e o nervosismo de Chouji com a situação apenas contribuindo para o que já era de praxe.

—Sai está fora tem três semanas. –Ino lamentou chateada, ela e Sai haviam se casado a seis meses e até agora nenhum dos dois tinha pego uma missão mais longa. - É tão ruim não ter ele por perto! E a previsão é que ele volte apenas semana que vem e isso se não houver nenhum contratempo.

—Isso é um saco! –Shikamaru concordou, virando o sakê que tinha em seu copo –Temari saiu em missão hoje. Gaara requisitou que ela passasse dez dias em Suna. –ele falou mal humorado e bocejou em seguida –Isso quer dizer que ela ficará fora mais de quinze dias.

—Imaginei que tivesse passado a noite acordado para estar assim –Ino começou risonha –Mas não tinha ideia que foi para aproveitar bem a noite antes dela ir. –Shikamaru arregalou os olhos e corou dos pés à cabeça, coçando a nuca e desviando o olhar. – Eu sabia, você não está negando! - Ela riu mais fazendo-o ficar ainda mais corado.

—Você tem que parar com esses comentários problemáticos, Ino. –Shikamaru reclamou fazendo a loira dar a língua para ele. Ino simplesmente adorava constranger Shikamaru e Chouji sobre o assunto sexo, ela se divertia, nunca iria parar.

—Falando em garotas... –Ino interrompeu a fala para pegar um pedaço de carne na grelha –Olha! Uma carne bem passada! –ela colocou a carne na boa e mastigou com gosto, era tão raro conseguir comer um pedaço de carne bem passada quando estava com os garotos. -Então, Chouji, como vai Karui?

Chouji arregalou os olhos pequenos por uns segundos, sentindo o suor frio e o nervosismo uma vez esquecidos pelo diálogo engraçado dos amigos voltar de uma vez. Ele estava ainda pensando em como responder aquilo, mas Ino estreitou os olhos e respondeu por ele:

—Óbvio que tem alguma coisa errada! –ela levantou da cadeira e apontou para o amigo gordinho –Eu nunca como carne bem passada com você por perto, essa sua expressão desde que chegamos e sua cara agora que eu perguntei da Karui... –ela deu uma pausa dramática onde Chouji engoliu em seco - Desembucha logo o que está acontecendo para você estar comendo tão pouco e com cara de quem viu um fantasma. –Chouji não respondeu de imediato, mas antes de continuar brigando com ele, ela virou-se para Shikamaru e continuou como uma mãe dando bronca - Shikamaru, como você não percebeu?!

—Tsc, que saco. –Shikamaru bufou irritado, pensando porque era sempre ele que tinha que resolver as coisas. É claro que ele notou que Chouji estava estranho! Mas ele podia esperar para saber do que se tratava até o momento que o Akimichi resolvesse falar. Além do que, ele só queria dormir.

Ino revirou os olhos e voltou sua atenção para Chouji. O rapaz suspirou pesadamente.

—Eu e Karui... –ele começou a falar, mas Ino o interrompeu de novo:

—Ah, não, não! –ela exclamou, pegando mais um pedaço de carne, tinha que aproveitar a oportunidade de comer enquanto Chouji não comia. –Não me diga que vocês terminaram?!

—Não, não é isso...

—Ela aceitou vir pra cá, então? –Ino voltou a interrompê-lo –Diz que sim! Já pensei até na decoração do casamento de vocês e...

—Também não... –Chouji discordou, Shikamaru pareceu se interessar na conversa e Ino olhou para Chouji pensativa por um momento. Ela chegou a abrir a boca para palpitar de novo, mas Shikamaru se intrometeu:

—Não é melhor deixar ele falar em vez de ficar tentando adivinhar? –ele perguntou –Que problemáticos! –exclamou e, quando percebeu que Ino o fuzilava com o olhar, mas não parecia inclinada a voltar a falar, ele fez um gesto com a mão indicando que o momento de fala era do amigo –Chouji.

O rapaz respirou fundos e os dois amigos encararam-no com curiosidade. Chouji podia sentir seu coração acelerado no peito e engoliu em seco. Estava morrendo de medo da reação dos dois a notícia, mas pelo menos Temari e Sai não estavam ali tornando a pressão ainda pior e ninguém podia jogá-lo de lugar nenhum. Ele pensou alguns segundos a melhor maneira de falar, porém chegou à conclusão que não havia melhor forma do que ser direto:

—Karui está grávida. –ele anunciou.

O par de hashis caiu da mão de Ino e a boca de Shikamaru se abriu em espanto. O ar pareceu congelar por dois ou três segundos.

—Então ela vai se mudar para vila? Nada de festa de casamento? - Ino perguntou mais impressionada do que qualquer outra coisa.

—Durante a gravidez sim. –Chouji começou a falar. –Mas ainda não decidimos...

—Temari vai me matar. –a voz de Shikamaru interrompeu a sua, mais aguda que o normal e, ao olhar para o amigo, Chouji viu seus olhos arregalados e como ele estava nervoso - Ou te matar... –ele apontou para Chouji - Ou matar nós três.

—Do que você está falando, Shikamaru? –Ino perguntou desentendida –É uma boa notícia, Chouji vai poder ficar mais perto de Karui. –ela disse genuinamente feliz com isso –O que Temari teria haver com isso?

—O tratado entre os clãs, Ino! –Shikamaru exclamou, sua mente parecia estar pensando em mil e uma situações –Esqueceu do tratado? –Ino arregalou os olhos de repente, parecendo entender enfim a gravidade da situação – Se Karui está grávida, isso significa...

—Que... –Ino engoliu em seco com o choque –Eu e Temari... - Shikamaru amparou a amiga pelo ombro e Chouji lhe estendeu um copo d’Água. –Vamos ter que engravidar também.

—Desculpem. –Chouji pediu tristonho. Ele estava feliz de verdade com a notícia que seria pai, mas não queria jogar toda essa responsabilidade nos ombros de seus amigos.

Shikamaru e Ino olharam para ele, mas não disseram nada. Ele encolheu um pouco os ombros, chateado que algo que o fizesse tão feliz pudesse fazer seus amigos se colocarem em situações, no mínimo, desconfortáveis.

—Eu não ‘to preparada pra ser mãe. –Ino choramingou, apertando com força o guardanapo em sua mão. –Céus, eu.... Eu... Não estou ainda disposta a fazer os sacrifícios que isso implica!

Shikamaru suspirou de forma pesada e passou a mão no rosto, parecendo desperto pela primeira vez na noite.

—Primeiro –ele disse, e Ino e Chouji prestaram atenção. Sempre que Shikamaru falava, eles aprenderam que o melhor era escutar. –Vamos manter isso entre a gente por enquanto, ok? –ele pediu. -Não quero Temari sabendo disso por terceiros, prefiro contar pessoalmente quando ela voltar de Suna.

—Contei pros meus pais já. –Chouji respondeu com uma careta.

—Isso só fica mais problemático. –Shikamaru exclamou –Peça pra eles segurarem a informação um pouco, Chouji. Não posso deixar Temari saber isso por outra pessoa, ela já vai querer matar alguém sabendo isso por mim. –ele respirou fundo – Quando comentei com ela do tratado, ela achou ridículo que obrigassem duas mulheres a engravidarem por conta de uma terceira.

—Mas é absurdo! –Ino exclamou, parecia levemente transtornada. - Uma gravidez não afeta tanto vocês como afeta eu ou ela! –ela respirou fundo –Não podemos fazer missões fora da vila grávidas. Não faria nem sentido podermos. A essa altura, isso vai atrapalhar totalmente meu trabalho com as clínicas em outras vilas e de Temari com a União! Não poderemos viajar por um longo tempo e isso eu estou falando apenas da gravidez em si e não de tudo que um bebê implica depois que nasce!

—Nós sabemos... –Shikamaru suspirou de novo, pesaroso.

— Precisávamos arrumar outra maneira! –ela exclamou - Revogar esse tratado, sei lá!

Chouji olhou os outros dois com a expressão presa em uma careta. Os três se olharam tentando pensar em alguma coisa. Já haviam passado por tanta coisa juntos, que poderiam até mesmo saber o que eles estavam pensando.

—O conselho já não gosta de nós. –Shikamaru disse, jogando a cabeça para trás e olhando para o alto –Já foi um sacrifício conseguir que eles passassem o posto de liderança pra você, Ino, por você ser mulher. –Ino revirou os olhos, Shikamaru se sentia inclinado a concordar que aquilo era machista, tanto que havia lutado ao lado da amiga para que, com a morte de Inoichi, ela pudesse assumir o lugar. Shikamaru bufou, Chouji continuou em silêncio, se martirizando, ele não havia pensado como que uma gravidez seria tão complicada para as meninas. –Podemos até tentar encontrar uma brecha, ou revogar o tratado, afinal, os tempos são outros, mas isso acabaria com a tradição do time InoShikaChou.

Ino ficou pensativa, os olhos cheios de lágrimas. Não queria uma mudança tão drástica na sua vida, mas pensou em todos esses anos crescendo ao lado de Shikamaru e Chouji. Os três foram criados juntos, como três irmãos, e seus pais tinham essa relação de irmandade. Quando foi para academia ninja, não teve que se preocupar quanto a amigos porque sabia que esses dois garotos preguiçosos estariam sempre por perto. Quando virou genin, por mais que quisesse ir para mesma equipe de Sasuke na época, sabia que era melhor ter Chouji e Shikamaru por perto do que qualquer outra pessoa. Lembrou do exame chunin, do quanto ficou orgulhosa de Shikamaru ter sido promovido mesmo desistindo da luta. Lembrou de quando ela mesma virou chunin e Chouji estava ao seu lado. Pensou nos tempos sombrios da guerra e como soube que poderia ter conforto com aqueles dois, por pior que a situação estivesse.

Uma lágrima escorreu do seu rosto, ela queria que seus filhos tivessem uma amizade tão sincera como a deles. Olhou para eles mais uma vez, vendo que ambos estariam dispostos a brigar com o conselho dos clãs se essa fosse a vontade dela, e de Temari, Ino sabia como seu amigo amava aquela mulher. Pensou mais uma vez em como amava aqueles garotos e como a amizade deles lhe era importante.

—Nós não somos os únicos afetados por isso. –ela disse por fim –E precisamos pensar com calma, apesar de injusta, é uma tradição que nos permitiu termos uns aos outros e eu... Eu quero isso para nossos filhos... Eu só não queria isso agora.

—Desculpem –Chouji disse de novo, mas dessa vez foi acolhido por sorrisos, mesmo que nervosos.

—Não se culpe, Chouji. –Ino disse –Isso poderia ter acontecido com qualquer um de nós três.

Shikamaru assentiu e Chouji sorriu um pouco também.

—Precisamos esperar Sai e Temari voltarem e conversar nós seis. –Shikamaru disse, coçando a nuca –Eu queria estar longe quando Temari reagir a isso, mas infelizmente terei eu que dar a notícia.

—Ela vai querer me engolir vivo. - Chouji comentou engolindo em seco.

—Temos o que? –Ino questionou olhando para Chouji –Em torno de seis meses para tomarmos uma decisão? –o Akimichi assentiu – Vamos fazer com calma, falar com Temari e Sai primeiro, ver o que eles pensam a respeito. Depois decidimos.

—Seja para planejarmos duas gravidezes ou para enfrentarmos os clãs. –Shikamaru determinou e sorriu. Chouji sorriu para o amigo, sabendo que, por mais que fosse inoportuno no momento, Shikamaru compartilhava de seu desejo de ser pai.

Ino sorriu para eles também e os três trocaram um olhar cúmplice. Chouji se sentiu aliviado. Seu pai tinha razão sobre seus amigos o compreenderem. Ainda estava preocupado com a reação de Temari e até mesmo de Sai, mas se Shikamaru e Ino estavam a seu lado, então estava tudo bem.

Pegou um pedaço de carne o qual Ino estava a meio caminho de pegar, ouviu a exclamação revoltada da loira e uma risada leve de Shikamaru. O clima pareceu amenizar e a conversa voltou a fluir, ele até mesmo deixou sua comilança um pouco de lado para falar sobre Karui e o bebê. Talvez ele tivesse achado um outro assunto favorito que não comida, afinal

Ino prometeu que ajudaria na adaptação de sua namora a vila, além da assistência no hospital. Shikamaru comentou que Temari provavelmente também ajudaria e ele se sentiu mais acolhido ainda pelos amigos.

Eles tinham mais quinze dias até que Temari e Sai estivessem de volta a vila. Até lá, Chouji ia deixar um pouco a preocupação com o tratado de lado e focaria exclusivamente em preparar as coisas para a chegada de sua namorada grávida.


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Notas finais do capítulo

Juh: Primeiramente quero agradecer a todo mundo que tirou um tempinho para comentar no capítulo anterior. Vocês não fazem ideia de como fazem o meu dia.
Esse capítulo 2 é de longe o meu favorito, muita coisa acontecendo: Chouji encontrando Temari na porta da Vila, os três discutindo e explicando melhor o Tratado e tentando pensar no que vão fazer. Espero, de coração, que vocês tenham gostado tanto quanto eu.
Agora, queremos saber, quais são as apostas de vocês sobre as reações do Sai e da Temari?

KL: AAAAAAAAAAAH! Eu amo esse capitulo! Amo o Chouji quase tendo um ataque ao encontrar com a Temari, amo ele com os pais e depois a reunião InoSHikaChou! Acho, que assim como da Juh, esse é meu capitulo preferido *O*
Eu estou muito curiosa para saber o que vocês acharam do tratado! Tava me coçando de ansiedade de postar logo pra saber hauhauha' Muito obrigada a todos que comentaram no capitulo passado e por favor, continuem mandando comentarios ♥



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