Pais e Filhos escrita por KL, Juh11


Capítulo 3
Capitulo 3




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Quando Sai chegou antes do previsto da missão, ele se sentiu feliz. Nos últimos anos, ele aprendera muito sobre sentimentos e emoções e agora conseguia identificar com mais facilidade elas, mesmo ainda se atrapalhando em demonstrar algumas.

Informou ao Hokage os detalhes da missão e deixou o prédio com a notícia que sua esposa estava de folga. Se o sentimento que batia em seu peito não era felicidade, ele realmente não tinha aprendido nada sobre sentimentos.

Abriu a porta de casa na esperança de encontrar Ino, ela tinha se tornado o sol em sua vida e o motivo dele tentar ao máximo terminar as missões antes. Entrou na sala encontrando o cômodo silencioso, mesmo anunciando sua chegada. Se sentiu um pouquinho desanimado, afinal, se ela estivesse em casa, ele sabia que ela viria correndo ao seu encontro. Subiu as escadas em direção ao quarto se perguntando onde ela estaria e se demoraria. Talvez ele pudesse fazer uma surpresa preparando o jantar, sabia que Ino adorava ser paparicada. Estava pensando nas tantas coisas que poderia fazer para agradá-la, aquele devia ser um dia feliz para ambos, quando abriu a porta do quarto e estacou.

Ino estava em casa afinal, deitada de bruços na cama, o rosto enfiado em um travesseiro e o cabelo cobrindo seu rosto e a maior parte de suas costas. Ele gostava daqueles cabelos loiros e enormes, mesmo parecendo que eles se multiplicavam pela casa. Aproximou-se dando um beijo no topo da cabeça e acariciando os fios até onde sua não alcançava, desceu o rosto e deu um beijo na bochecha recebendo como resposta um pequeno sorriso.

Sai estranhou. Normalmente, depois de uma missão longa, Ino o recebia calorosamente e com um grande sorriso nos lábios. A falta um do outro era tão grande que sempre acabavam transando no cômodo que se encontrassem. Contudo, hoje Ino estava diferente e, mesmo não sendo bom com sentimentos, ele pode perceber que ela estava chateada.

—O que foi, minha linda? - ele perguntou deitando ao lado dela na cama e a puxando para um abraço. Ela se encolheu em seu peito e o encarou, os grandes olhos azuis lacrimejando.

—Sai. - ela começou com a voz trêmula, o que só tornava a situação ainda mais esquisita, Ino não era assim. -Nós vamos ter um bebê. - e desatou a chorar em cima dele.

Ele piscou umas cinco vezes tentando assimilar a ideia enquanto acariciava os cabelos da esposa. Um bebê? Ino estava… grávida? Um misto de felicidade com medo o afundou, ele não fazia ideia do que era ser pai, nunca teve uma referência parecida, contudo a ideia de ter um filho com Ino o agradava e ele sabia que ela o ajudaria. Sai abriu um dos sorrisos mais sinceros que Ino já havia visto.

—Não é o fim do mundo, ainda tenho tempo para pesquisar e ler uns livros sobre paternidade. - ele disse ainda sorrindo para ela, mas Ino apenas arregalou os olhos.

—Sai, eu não estou grávida! - ela exclamou, parecendo entender que ele fizera uma confusão com o que ela estava falando. Sai fez uma cara confusa.

—Não? –perguntou e Ino negou com a cabeça –Então como vamos ter um bebê? -Sua confusão se mostrou ainda maior. Será que ele tinha deixado escapar algum detalhe do livro sobre reprodução humana?

—Não, quer dizer, ainda não. –ela suspirou fundo, percebendo que tinha mesmo deixado as coisas confusas e achou melhor explicar. -Você lembra quando te contei que existe um tratado entre o meu clã, o de Shikamaru e o de Chouji? –ela perguntou e Sai confirmou em um aceno, haviam passado dias conversando sobre o clã Yamanaka e tudo o que vinha com a responsabilidade de carregar o nome de um clã. –Karui está grávida de Chouji... Isso significa...

—Que temos que providenciar o nosso. - ele disse beijando-a na bochecha novamente, o que fez Ino corar fortemente. –Entendi isso. Mas qual o problema?

—Eu não estou pronta, Sai! –ela voltou a chorar –Não quero ter que parar minha vida por conta de uma criança agora. Tenho meu projeto das clínicas, a floricultura, missões... Nós nos casamos há tão pouco tempo, uma criança vai mudar tudo!

—Vem cá, Lindinha. –ele a puxou mais para si, a deitando em seu colo e continuando o cafuné. –Você está insegura... Você acha que seremos pais ruins? –ele perguntou em expectativa, pensando que o medo dela podia ter algo haver com ele não ser bom o suficiente.

—Não! –ela exclamou alto, olhando para ele –Não, Sai! Não quero que você ache que eu acho que você não daria conta ou algo assim! Isso é mais um... Um problema meu comigo... Eu....

—Mudanças assustam, não é? –ele perguntou, sentindo que começava a entender.

—Bastante. –ela suspirou –Ainda mais algo tão definitivo e que envolve não só duas pessoas adultas, como foi nosso casamento, mas uma pessoa que vai depender de nós para tudo.

Sai sentiu um frio correndo sua espinha. Ele não tinha pensado naquilo daquela forma até aquele momento e ele podia mesmo entender com mais clareza como aquilo era assustador.

—Mas não é justo.... –Sai murmurou e suspirou logo em seguida, ele mais do que ninguém sabia como a vida de um ninja não era justa.

—Eu sei. –Ino choramingou –Shikamaru e Chouji falaram de encarar os clãs e tentar desfazer ou alterar o acordo, mas isso daria tanta dor de cabeça para todos...

—É mais simples aceitar. –Sai concordou –Mas, se não é algo fácil para você... Não é algo que você quer agora...

—Mas já arrumamos tantos problemas com os clãs, Sai... –ela fungou e afundou a cabeça em seu colo.

Sai continuou com o carinho. Ele encararia os clãs por ela, porém, ele também sabia a importância das regras e tratados ninjas.

—Mas nós vamos fazer juntos, não é? –ele perguntou –Não é algo que vamos encarar sozinhos.

Ino sorriu de leve.

—Eu sei que posso contar com você. –ela declarou –Mas, ainda assim, as coisas mudam bem mais para mim do que pra você, consegue entender?

Ele assentiu devagar, pensando em como ela tinha razão. Quem carregaria o bebê era ela por todo o tempo da gestação e, após isso, mesmo que ele ajudasse, era ela quem faria a maior parte dos sacrifícios. Pensar nisso fez seu estômago se contorcer, chegando à conclusão que não gostava dessa imposição dos clãs.

—Temari está de acordo com isso? –ele perguntou de repente, se lembrando da outra kunoichi que também seria afetada pelo acordo.

Ino suspirou cansada.

—Ela está em missão em Suna. –respondeu –Não acho que ela vai aceitar isso bem, até pior do que eu, provavelmente.

Sai ficou quieto novamente por um momento.

—Você... –ele começou e Ino voltou a olhar para ele –Hinata está gravida, você podia conversar com ela. –ele tentou, não sabia como lidar com aquela angústia de sua esposa. –Ela também tem problemas com o clã por conta disso.

—É diferente. –Ino disse e suspirou, se virando mais no colo dele, esticou a mão e acariciou sua face –Hinata abriu mão de tudo: Da herança, do clã, da vida como kunoichi... Foi uma escolha dela, é isso que ela quer para a vida dela e eu não a julgo, mas não é o que eu quero. - ela voltou a chorar e ele continuou as carícias tentando pensar em como poderia ajudar sua esposa. -Às vezes eu queria tanto que a Sakura ainda estivesse na vila.

—--x---

Kakashi observava calado já a algumas horas a completa falta de atenção de Shikamaru com o trabalho. Ele tinha contado o shinobi bufar dezessete vezes nos últimos cinco minutos, além estar voltando as páginas em vez de avançar. O Hokage havia perguntado algumas coisas ao decorrer do dia, e teve que repetir a pergunta todas as vezes.  Não era comum ter seu braço direito, sempre tão centrado, desatento dessa forma, e Kakashi começou a se perguntar se Shikamaru estaria sentindo falta da esposa, estando ela longe a alguns dias. Contudo, missões de Temari para Suna eram comuns, e em nenhuma delas Shikamaru estivera assim tão aéreo e irritado. Um pouco mal-humorado e saudoso sim, e Kakashi podia bem entender o porquê, mas não da forma que ele se apresentava até aquele momento.

—Shikamaru. –ele chamou o rapaz enfim, precisava saber o que o tornara tão improdutivo. -Está tudo bem?

—Sim, Hokage-sama. - ele respondeu e Kakashi abanou a mão com reprovação, não gostava quando se referiam a ele com o sufixo sama.

—Você não parece muito concentrado hoje. - o Rokudaime observou com sua expressão neutra por baixo da máscara. -Devo me preocupar com algo?

Shikamaru suspirou derrotado. Kakashi era um homem observador, e, mesmo que ele não fosse, o Nara não estava fazendo questão de esconder seu desconforto.

—Chouji deve ter trazido os documentos referentes a estadia de Karui. –ele começou e Kakashi franziu o cenho, concordando com a cabeça, tentando entender o que isso poderia influenciar na vida de Shikamaru - Naturalmente, ele justificou o motivo. - o Hokage concordou novamente e Shikamaru parou por um momento, tentando saber pela expressão do líder da vila se ele já tinha entendido. Como a expressão de Kakashi não se clareou, ele suspirou e questionou: -Você já ouviu falar do Tratado dos Clãs Nara, Akimichi e Yamanaka?

Kakashi refletiu por um momento. Um tratado entre os clãs de Shikamaru, Ino e Chouji não era algo que lhe era estranho, mas que ele se lembrasse, tinha haver com o fato de os trios de genins dos respectivos clãs formarem um time. Novamente, não conseguiu ligar a informação à situação apresentada e deu de ombros, negando. Shikamaru suspirou novamente.

—Há onze gerações atrás, os três clãs fizeram um acordo para que o trio InoShikaChou fosse uma tradição forte e duradoura: As três crianças deveriam nascer com, no máximo, onze meses de diferença entre si. Isso, na prática, significa que se uma das mulheres dos líderes engravida...

—Oh! –Kakashi exclamou, entendendo a situação por fim. –Agora eu entendo. –confirmou juntando as duas mãos sobre a mesa. –Se Karui está grávida... Ino e Temari... –Shikamaru confirmou com a cabeça –Elas já sabem?

—Ino sim... Temari eu estou esperando voltar de Suna para contar. –Shikamaru respondeu, se explicando logo em seguida: -Não é o tipo de notícia para se dar por carta ou e-mail...

—Quer que eu a convoque mais cedo para Konoha? - Kakashi perguntou.

—Não quero fazer uma intervenção tão grande. - Shikamaru começou, sabia o quanto a mulher prezava por seu trabalho e se a chamasse mais cedo para Konoha, aí sim ela o mataria. -Me desculpe estar tão desfocado hoje, mas é muita coisa para assimilar de uma vez.

—Imagino... –Kakashi murmurou. –Vocês... Não tinham intenção de terem um filho agora?

Shikamaru levantou as sobrancelhas em surpresa para o Hokage. Não esperava que ele o questionasse dessa forma, parecendo realmente preocupado.

—Não. –ele respondeu. –Apesar de saber que é uma necessidade visto que sou líder do clã, Temari nunca se mostrou à vontade com a ideia de ser mãe. É uma coisa que decidimos adiar, por conta também de toda a nossa situação profissional e manutenção da paz no mundo ninja... Ela vai querer me matar, com certeza...

Kakashi ia dizer algo, mas uma presença na janela o fez ficar quieto enquanto ele e Shikamaru se viraram para o ANBU parado ali;

—Peço licença e sua permissão para falar, Hokage-sama. –a voz conhecida falou por baixo da máscara com muita formalidade –Este assunto também me diz respeito.

—Permissão concedida, Sai. –Kakashi afirmou.

Sai desceu da janela para dentro, retirando a máscara de seu rosto. Ele trocou um olhar longo com Shikamaru, os dois não tinham se encontrado depois de Sai voltar de missão.

—Estou preocupado com a reação de Temari-san à notícia. –ele afirmou –Mas Ino também me preocupa.

Novamente, Shikamaru suspirou.

—Ela não a recebeu muito bem quando Chouji contou. –Shikamaru concordou. –Acho que você deve saber, Kakashi-sensei, que estamos pensando em enfrentar os clãs sobre essa decisão. –ele continuou –Não podemos anular a tradição, não seria viável nem vantajoso aos clãs, mas talvez negociar para quando Chouji tiver um segundo filho...

—Você vê que isso não mudaria muito a situação, não? –Kakashi perguntou –Não forçar as esposas de vocês a terem um filho agora, mas empurrar a responsabilidade de ter mais um para a esposa de seu amigo.

Shikamaru se calou. Ele obviamente tinha pensado nisso e se sentiu um tanto egoísta agora que tinha colocado seu pensamento em palavras.

— Vocês estão em uma situação delicada. –Kakashi observou. –Mas enfrentar uma tradição tão fortes dos clãs é complicado. Não é algo como o que vocês enfrentaram para Ino assumir a liderança, é muito mais profundo e enraizado que isso.

—Entendo isso, Kakashi-sama. –Sai afirmou -Mas eu já tentei conversar com Ino e, apesar de ela saber que é uma obrigação sua como líder do clã... Eu nunca a vi dessa forma, eu não sei lidar com isso.

—Nossos pais passaram por isso. –Shikamaru suspirou e Kakashi observou pra si mesmo que seu assistente estava mesmo preocupado, não conseguindo achar uma solução mesmo com seu cérebro genial. O próprio Hatake admitia também que não havia muito o que fazer nessa situação –Falei com minha mãe, Chouji é o mais velho e as gravidezes não foram programadas, mas meus velhos já estavam pensando na possibilidade quando aconteceu... Temari e Ino são um caso à parte disso.

—Ino tem chorado à toa. – Sai relatava com uma careta -E fala que queria ter uma amiga para conversar. A mãe dela não era kunoichi e não teve que largar sua vida por conta de um filho, Hinata já deixou claro que vai abandonar a vida ninja, Temari em Suna e Sakura…

O silêncio se instalou no local e os três homens se encararam, pensativos. Kakashi, como Hokage, achava que era sua obrigação instruir a nova geração de alguma forma e levá-los para um bom caminho. Sentia-se responsável por aqueles jovens que cada vez mais se transformavam em frente de seus olhos. Ao mesmo tempo que ele não achava certo irem contra as leis e tratados dos clãs, ele também não achava certo os jovens irem contra sua felicidade, colocando os clãs acima disso. Em sua vida, ele já tinha tido vários exemplos de como isso não era algo que dava certo na maioria das vezes.

—Shikamaru. –ele chamou e o Nara o olhou, curioso –Vamos lidar com Temari quando ela voltar -ele instruiu, percebendo pelo olhar do ninja das sombras que ele entendia que Kakashi estava ali para ajudá-los –Ino é uma questão mais próxima.

—O que vai fazer, Kakashi-sensei? –Shikamaru perguntou.

—Sasuke me mandou notícias informando que está por perto. –ele relatou –Se ele não me avisa e Naruto o sente de alguma forma, o idiota vai atrás dele, seja para contar que ele ouviu o coração do bebê dele e da Hinata ou sei lá o que....

Shikamaru riu e Sai riu um segundo mais tarde, demorando um momento para entender.

—Você acha que Sasuke vai aceitar Sakura se encontrar com Ino? –Sai perguntou esperançoso.

— Já viu Sakura fazer algo além do que ela quer? –Kakashi perguntou risonho.

—--x---

Quando Sai voltou para casa dizendo que Kakashi a havia solicitado para uma missão no dia seguinte, ela não pensava que seria algo tão simples. Sentiu vontade de revirar os olhos enquanto o Hokage explicava que devia entregar um documento a uma pessoa num local a meia hora de distancia da vila. Ela suspirou, tomando o pergaminho em suas mãos e seguindo seu caminho. Onde estava a hierarquia ninja? Aquilo era uma missão para um gennin, não para uma jounin líder de um clã poderoso como ela!

Foi o caminho todo pensando nisso com indignação, ao mesmo tempo que se aliviava de ter algo para fazer. Ficar em casa, pensando na situação dos clãs não estava a fazendo bem, Sai tinha razão em querer que ela saísse mais e até mesmo fizesse algumas missões a mais.

Ao se aproximar do local, viu uma figura encapuzada vestindo uma larga capa preta, ela se sentiu burra por não ter pedido ao Hokage algum código de segurança ou algo assim para identificar. Se perguntou se estava passando por algum tipo de teste. Aproximou-se mais um pouco temerosa sobre quem seria aquela pessoa, pelo menos agora entendia o motivo de não terem mandado um chunnin em seu lugar.

—BU! – gritou a pessoa retirando o capuz num rápido movimento, fazendo Ino dar um grito e dois passos para trás com o susto. A loira ouviu uma risada e demorou alguns minutos para identificar a cabeleira rosa e comprida a sua frente. –Você precisava ver a sua cara, porquinha. – Sakura comentou rindo.

—Vai se ferrar, testa de marquise! – a rosada ria ainda mais e ela tinha certeza que aquela era mesmo Sakura. –Você não tem mais o que fazer?

—Na verdade, não. –Sakura riu-se mais uma vez –Mas é bom te ver também.

Ino revirou os olhos. Ela realmente queria abraçar a amiga bem apertado, mas se conteve, fingindo ainda estar brava.

—O que é todo esse mistério que o Rokudaime fez e porque ele não disse de uma vez que era pra você os documentos? –ela questionou, cruzando os braços.

—AH, isso é do Sasuke-kun. –Sakura respondeu –Kakashi-sensei usou de desculpa para que eu pudesse encontrar com você. Claro que ele reclamou, fez bico e não queria deixar mesmo assim, mas é igualmente claro que não adiantou de nada, não é? –ela riu e Ino levantou as duas sobrancelhas, entregando o pergaminho selado que estava sob seus cuidados e Sakura o guardou em sua mochila. –Mas isso não vem ao caso, me entendo com o meu marido depois. Agora me diz, o que está acontecendo porquinha?

Ino parou por um segundo, franzindo o cenho e se questionando do que Sakura estava falando. Quando se deu conta de que armaram para ela e o que isso significava, corou dos pés a cabeça. Quem tinha contado seu drama para o Hokage e como ele sabia que Sakura era a pessoa com quem mais queria falar naquele momento? Era um assunto particular dos clãs, isso não deveria chegar até ele! Pensou que com certeza mataria Shikamaru ou Sai assim que chegasse na vila, mas o pensamento foi posto de lado, junto com a vergonha, sendo invadida pela gratidão de poder conversar com sua melhor amiga.

—Vamos sentar. – disse Sakura vendo que a conversa seria mais longa do que esperava e que Ino estava com os olhos cheios d’água. –Estou cansada da viagem.

As duas se sentaram num banco ali próximo e Ino desabou a chorar mais uma vez, contou a amiga tudo que estava passando: a gravidez de Karui, o tratado dos clãs, a ideia de irem contra o conselho, a indecisão sobre isso, o medo das mudanças que um filho causaria... Sakura deixou que a amiga terminasse o relato antes de falar qualquer coisa, apenas secava as lágrimas que rolavam no rosto da amiga.

—Ino... – Sakura começou dizendo enxugando uma lágrima que escorria da bochecha da amiga. – Agora entendo porque Kakashi-sensei achou tão importante que viéssemos conversar. – ela fez uma pausa suspirando. – Eu não sei se sou a melhor pessoa para falar sobre clãs e responsabilidade para com eles, estou aprendendo a lidar com isso agora que sou uma Uchiha. Mas sei que você já estava disposta a passar por isso. – Ino abriu a boca para falar algo, porém Sakura levantou a mão num gesto de entendimento. – Eu sei, não era agora que você esperava, mas reflita um pouco, quando que você se sentiria à vontade com a ideia de ter um filho?

Ino parou para pensar um pouco, era fato que ela sempre esteve disposta a engravidar pelo clã, cresceu ouvindo isso e concordando com isso, porém, na adolescência, acreditou que eles se programariam e ela teria tempo para aceitar melhor a ideia. Mas quando ela se sentiria à vontade em realmente ter um filho? O projeto do hospital das duas já estava pronto, era até por isso que Sakura se permitiu sair da vila e seguir Sasuke. Ela estava em um casamento com um homem que amava e mesmo que fosse por pouco tempo, ela sabia que tempo não significava muita coisa em relacionamentos. Pensando friamente, nada de fato a impedia de ter um filho naquele momento, apenas seu medo em ter que largar a sua vida profissional.

—Eu não tenho nenhum exemplo de uma kunoichi que seguiu com a vida ninja depois de ter filho e eu gosto das minhas missões. – Ino desabafou. – Até mesmo Kurenai-sensei parou tudo por conta da Mirai, eu não quero e não sei se vou conseguir lidar com isso.

—Eu te entendo. – Sakura suspirou apoiando a mão em cima do abdômen alisando a capa. – Eu tenho todas essas dúvidas e não sei como vou lidar... – e então Ino percebeu o volume proveniente da barriga de Sakura escondido antes pela capa larga.

—Testuda. – Ino falou com os olhos arregalados. – Você está grávida?

Sakura riu.

—Eu acho que é um tanto obvio, porquinha. –ela respondeu, se mexendo de leve e deixando a capa escorregar, mostrando a barriga agora só coberta por sua blusa vermelha.

—Eu não acredito que você não me avisou... Eu... eu...!!

—Não fique brava comigo! –Sakura exclamou prontamente, vendo a expressão de Ino se enfezar –É uma informação confidencial! Somente Kakashi-sensei sabe, além de mim e Sasuke-kun. Não teria como continuarmos essa viagem juntos se a notícia se espalhasse, Sasuke-kun tem alguns inimigos por aí ainda. Desculpe não te contar, eu realmente queria, mas não contamos nem para Naruto. Sasuke teve que se segurar para não contar ao Naruto quando ele foi se gabar que Hinata estava grávida. – ela riu. – “Eu vou reestabelecer meu clã antes de você”. – falou numa imitação infantil da voz de Naruto.

Ino deixou a carranca de lado e riu também, achando graça da situação ao mesmo tempo que se sentia importante por Sakura ter lhe contado mesmo ninguém mais sabendo.

— Então vocês estão mesmo reestabelecendo os Uchihas... –Ino murmurou depois do silêncio que se estabeleceu após a risada. Sakura sorriu, assentindo.

—Eu te falei que estava aprendendo a lidar com o peso de um clã. – a rosada falou e estendeu a mão para pegar a de Ino. Ino estendeu a mão e Sakura a apoiou em um local próximo ao meio da barriga, Ino pode sentir o bebê se movimentando.

—Uau! –a loira exclamou, arregalando os olhos, maravilhada.

—Estou de vinte e três semanas... –Sakura começou a relatar enquanto Ino sentia os movimentos do feto na barriga da amiga –Descobrimos em um exame numa cidadezinha perto da nuvem que é uma menina. – Ino sorriu com a informação – Acho que ela gostou de você. Ela não costuma mexer tanto assim... Será que ela está chamando por um amiguinho? –Sakura brincou.

Ino sorriu de novo, ficando sem graça dessa vez. Os movimentos pararam e ela tirou a mão da barriga de Sakura.

—Você não se sente apreensiva em viajar assim? -Ino perguntou preocupada, como Sakura estava andando por aí nessas condições.

—Sasuke queria interromper e voltarmos direto para Konoha. –Sakura respondeu - Mas eu estou me sentindo bem. –ela deu de ombros. -Estar grávida não é estar doente, claro que não tenho a mesma disposição de antes, mas por enquanto, ainda consigo fazer as mesmas coisas de sempre, com alguns ajustes de rotina e um pouco mais de cansaço no fim do dia... Essa garotinha está ficando pesada. –Sakura sorriu e colou as duas mãos na barriga e a encarou ternamente.

Ino sorriu com ternura também, era uma cena bonita de se ver o amor que Sakura já tinha pela filha não nascida.

—E depois que ela nascer? O que você pretende fazer? – Ino questionou curiosa, como Sakura podia estar tão tranquila andando por ai com uma barriga do tamanho de um melão.

—Estou tentando não fazer planos tão longos para não ficar desesperada, vou ver até quando consigo manter a viagem. – Ino riu do comentário da amiga. –Mas pretendemos voltar para vila e voltar a trabalhar no hospital. – e os olhos verdes da rosada brilharam por um instante. – Se você engravidar por agora, eu vou estar lá para fazer seu parto! Vamos criar nossos filhos juntas, porquinha, junto com nossos amigos também, assim como fomos criadas, eles vão crescer juntos e ter laços como os nossos.

Ino abraçou a amiga sabendo que logo as duas teriam que se separar, contudo, seu coração estava mais calmo. Saber que logo Sakura estaria na vila e poderia dividir com ela todas as suas dúvidas e responsabilidades, pensar que o filho delas, de Chouji e de Hinata, e possivelmente de Shikamaru e Temari, cresceriam juntos, a fazia pensar que talvez não fosse a hora mais certa, mas com toda certeza, era uma hora boa.


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Notas finais do capítulo

Juh: E aqui temos a reação do Sai. Quem apostou, apostou que ele ficaria desesperado ou então seria sarcástico. Bom, imagino até que ele ficasse desesperado, mas não nesse primeiro momento, ele é calmo o suficiente para não entrar em desespero junto com Ino, e acredito que o equilíbrio desse casal seja justamente isso.
Quanto a reação da Temari... Bem, esperem o próximo capítulo haha
Eu acho que já falei no capítulo anterior, mas eu amo as amizades de Naruto e adoro trabalhar com elas. Sakura e Ino possuem uma amizade muito antiga e eu sempre acreditei que Sakura deu um jeito de contar de sua gravidez para a amiga.
Espero que vocês tenham gostado desse capítulo.

KL: Enquanto o capitulo passado foi ChouRui, esse foi SaIno, esse shipp amorzin que a gente aprendeu a gostar ♥ A amizade da Sakura e da Ino é algo bem gostoso de trabalhar também e, apesar de não curtir SasuSaku, estamos seguindo o cannon, e eu adorei a cena das duas curtindo a Sarada ainda na barriga da mamãe!
Espero que vocês tenham gostado de ler esse capitulo tanto quando eu gostei de escrever e pfv deixem comentarios!



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