Sanatório para crianças especiais escrita por Buraco


Capítulo 3
Hello my friend




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Fui jogada na grama verde brilhante com brutalidade e imediatamente gritei alto sentindo a dor insuportável que me fazia contorcer dolorosamente.

As imagens que meu cérebro captava pareciam mais como borrões insignificantes, meu corpo inteiro ardia em chamas de maneira excruciante.

Enquanto eu me virava de forma constante, notava outras pessoas caminhando normalmente ali perto e ignorando, não olhavam nem na minha direção.

Claro que isso se dava à regra que continha meu nome, mas no momento não me importei com nada disso, minha mente estava completamente inibida de pensamentos.

Não aguentando muito tempo, olhei o céu esperando desmaiar ou acontecer algo semelhante, mas não.

Pouco a pouco, as dores passaram completamente, o que foi um ocorrido muito estranho, afinal podia jurar que café quente jogado na pele provocava bolhas imensas de imediato.

 Levantei-me com dificuldade e toquei parte da região que supostamente foi afetada mas nada aconteceu, estava indene.

Como poderia? A hipótese de algo semelhante faria qualquer um gargalhar e dizer “Boa piada!”.

—Com licença! –Alguém gritou ao longe, sua voz parecia ofegante como se estivesse correndo, mas como eu saberia? Estava de costas.

Como já esperava que não era comigo, andei calmamente pelo caminho do dormitório, perdida em meus próprios pensamentos confusos.

Andava olhando para baixo, como se estivesse procurando algo que perdi, murmurava xingamentos a mim mesma.

Chegando perto da estátua do diretor demônio, alguém segurou meu braço com força.

Com o susto, me virei e soquei o nariz dessa pessoa a fazendo cair pra trás zonza.

Então, olhando melhor, percebi ser o novato de mais cedo, se não me engano escutei que seu nome era Tobby, um nome de cachorro.

—Você está bem?? Parece que estou sempre batendo em você –Comentei enquanto o ajudava a levantar preocupada.

—Sim... Mas desculpe te assustar –Respondeu com a voz falha tentando recompor a normalidade de sua respiração.

—Sabe, eu queria muito te agradecer por ter me defendido e... perguntar seu nome –Falou olhando-me de um modo levemente curioso.

—Eu sou Andelyne, mas pode me chamar de Andy –Respondi com um leve sorriso. Claramente não era para tentar esconder a vergonha por ter fracassado ao tentar salvar ele.

Porém devo dizer que fiquei um tanto decepcionada, a reação do garoto foi muito comum ao saber quem eu era; Seus olhos se arregalaram e a boca delicadamente abriu-se ficando entreaberta.

—De qualquer forma, foi muito legal conversar com você Tobby –Declarei com um breve sorriso e uma rápida bagunçada em seu cabelo moreno.

O que realmente me surpreendeu foi sua mão que segurou meu pulso, uma atitude que deu início a uma conversa de mais ou menos 10 ou 15 minutos, que se encerrou com alguém que desconheço chamando-o, então nos despedimos e cada um seguiu um caminho.

Depois de me separar do Tobby, caminhei até o meu quarto em busca da minha alma gêmea –como se isso fosse verdade.

Entrando na caixa de concreto gigante, encontrei Mary cuidando do Lysandre.

O sangue dentro de mim ferveu e eu pulei em seu corpo minimamente maior que o meu e com poucas curvas.

Todavia, minha inimiga mortal, a gravidade, nos jogou para baixo fazendo com que soltássemos um grito estridente de doer os ouvidos e espatifar o corpo nos buracos duros, que machucam muito por sinal.

Comecei a erguer seu tronco e o empurrar contra o chão repetidamente gritando descontrolada.

Como resposta, ela também usufruiu de suas cordas vocais tentando ganhar espaço para que fosse ouvida entre berros e gemidos de dor.

Minhas costas por sua vez ardiam de forma surpreendente fazendo meus braços perderem a força aos poucos, dando chance para minha amiga me tirar de cima de seu corpo.

—Qual é a sua?! –Exclamou comigo enquanto acariciava as costas provavelmente muito doloridas.

—Não toque no meu homem! –Briguei formando um “bico” com meus lábios, eu estava realmente muito brava!

—Andy, evite falar este tipo de frase, se nos ouvirem entenderão mal –Reclamou o ruivo que adorava estragar minhas birras.

—Ta... –Aceitei parando um instante para fingir chateação, então lembrei de meu novo conhecido –Alias, lembrei de algo nada coerente com o assunto –Para tornar minha fala mais dramática, parei na melhor parte onde os dois se entreolharam curiosos.

—Eu conheci um garoto chamado Tobby, ele é novo aqui então não conhece as regras, o que significa... –Completei gerando ainda suspense para que tivessem chance de adivinhar.

—Que podemos raptar ele e torturar até virar nosso servo que vai me ajudar com meus planos de destruição e anarquia global? –Perguntou Mary totalmente animada com a hipótese.

Sinceramente, eu não entendo, a garota diz esse tipo de assunto e depois odeia quando a chamo de anarquista.

—Você quer que nos tornemos amigos dele, certo? –Lysandre assim deu sua resposta como se lesse minha mente.

—Exatamente! Não tem nada a ver com destruir a humanidade –Disse olhando feio para Mary enquanto ela por sua vez apenas mostrava um sorriso sem vergonha.

—Podemos encontra-la depois do almoço, quando temos um tempo livre –Sugeriu meu irmão com sua voz calma, que relaxa muito os meus nervos ansiosos.

Vou explicar como nós dois almoçamos e jantamos:

Sozinhos no quarto, recebemos duas bandejas da pior comida do mundo e água de pia, e ainda com 15 minutos para comer.

Mas por que fazer isso no dormitório e não no luxuoso refeitório? É simples, eles proibiram nossa entrada na hora do almoço e jantar por “questões de segurança”, entretanto podemos nos deliciar de um bom café da manhã e da tarde.

Por mais que minhas refeições principais pareçam estragadas ou envenenadas para matar os “irmãos de ouro”, mas não é tão ruim assim.

O esquema é fácil de se entender, a gororoba permanece intocada e depois de alguns 20 minutos Luana vem nos trazer alimentos tão gostosos que da água na boca só de pensar nesse apetitoso crime.

Mary retirou-se dos aposentos quando deu o sinal e ficamos apenas Lys e eu sozinhos em silêncio.

Depois de almoçar, Luana nem ficou para conversar conosco, já saiu muito apressada um pouco antes da nossa amiga psicopata chegar querendo conhecer o lindo e interessante Tobby.

—Luana está parecendo muito ocupada ultimamente, será que aconteceu algo? –Perguntou meu mano enquanto arrumava minha blusa que estava caída do lado esquerdo.

—Não sei, talvez devêssemos perguntar na próxima oportunidade de encontrar com ela –Comentei tentando encontrar um comportamento suspeito da loira em minhas lembranças, mas nada mostrava-se anormal.

—Vamos logo! Estamos perdendo tempo! –Reclamou a teimosa evidentemente impaciente atrapalhando nossa linha de raciocínio.

Caminhamos pelo caminho de pedra reluzente –por causa a luz do sol refletido pelo chão- até acharmos nosso fugitivo.

O encontramos conversando com Francis, que estava com uma expressão séria como sempre.

Após esperarmos o “bate-papo” do mal acabar, pulamos em seu corpo alto o desequilibrando parcialmente.

—E aí, por que o diretor estava conversando com você?  -Perguntou Mary curiosa.

—Er... Vocês não vão gostar de saber –Respondeu constrangido gerando vários olhares entre nós três.

Depois de conhecer Tobby, devo dizer que não é muito o tipo de cara que gosto de namorar, mas é gostoso conversar sobre vários assuntos com ele.

Suas características me parecem misteriosas, mas ao mesmo tempo consistem em um certo tipo de lealdade com pessoas que tem afinidade ou lhe salvaram, o que é curioso.

Estou realmente interessada em saber o que me espera na companhia de um garoto tão diferente dos outros robôs.

Infelizmente não creio que há muito a ser dito sobre esta parte do dia, então contentem-se em este pequeno resumo.

 

 


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