Além de uma vida escrita por Ania Lupin


Capítulo 36
Lizzie


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é para a Ana Paula Souza, que pegou a história quase no final e teve paciência de comentar capítulo por capítulo - obrigada, Ana! s2

e quem quiser acompanhar/acompanha minha outra fic, postei mais um capítulo de toda a luz que perdemos essa semana ;) passa lá, deixa tua opinião! vou adorar ler!

agora, sem mais demoras, o capítulo! ;*



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Ponto de vista de Isabella

Ainda não era hora de acordar - não, definitivamente não era, estava tudo tão escuro e o sonho que tinha era tão bom! Odiava aquela mão gelada que me sacudia, qual deles estava me perturbando agora, eu só queria mais cinco minutos, cinco minutos sonhando que meu marido-

"Edward?" Que meu marido estava ao meu lado. Colocando um copo térmico em cima do criado mudo, enquanto me ajudava a sentar na cama - e eu não mais reclamei. Estava sonhando ainda? A pequena pontada na barriga me fez ver que não, e me curvei um pouco com a dor - por mais que a sensação já fizesse parte do meu dia-a-dia. No instante seguinte o copo estava na minha mão. "O que é isso?"

"Beba." Só não bufei porque era ele, quem eu tanto queria ao meu lado nos últimos dias, que me dava mais algum líquido para tentar me nutrir. Seria inútil, eu sabia que seria inútil, mas valia o esforço se fosse para tê-lo por mais alguns minutos comigo. "Não, não olhe." Ele colocou a mão na tampa, me impedindo de abrir. "Beba pelo canudo." Eu iria vomitar tudo em minutos, mas a presença fazia meu futuro desconforto valer.

Não sabia identificar direito o gosto daquela bebida - mas tinha certeza que era a melhor coisa que já havia tomado na vida. Eu realmente não queria enjoar outra vez. Se acabasse com aquele copo muito rápido iria correr para o banheiro, como sempre? Mas aquilo estava tão bom, era quase impossível beber devagar! Foram segundos antes de ouvir o canudo fazendo barulho no recipiente vazio, mas meu estômago não deu sinais negativos - pelo contrário, apenas pediu mais.

"É bom?" Fiz que sim com a cabeça, o copo sendo retirado de minha mão no instante seguinte. "O gosto não te incomoda?"

"Você está brincando? Isso foi a melhor coisa que tomei na última semana!" sorri, e pela primeira vez em dias o vi sorrir de volta - eu realmente estava acordada? "Tem mais?"

Me dei um pequeno beliscão quando vi meu vampiro saindo com o copo pela porta - sim, eu estava mesmo acordada. Ele havia mesmo sorrido para mim - para nós, me atrevi a pensar. Passei a mão na minha barriga, já preparada para sentir um desconforto como todas as vezes que acordava, mas a dor de um chute não veio.

"Estamos mais calmas hoje?" perguntei, me levantando - e eu não estava tonta. Nem enjoada. Estava me sentindo tão melhor do que ontem!

Quando Edward voltou com mais um copo daquela vitamina - por Deus, o que tinha naquilo? - acompanhado de um pedaço da torta de ontem, meu sorriso aumentou ainda mais, assim como o dele quando me olhou - estava eu em alguma realidade alternativa? Ou pior, eu tinha morrido? Ele estava feliz, eu conhecia aquele sorriso, era o que chegava até seus olhos, era o sorriso que eu mais amava. Eu mesma estava verdadeiramente feliz, a primeira vez desde que pisei naquela casa. Só quando me aproximei dois passos que me vi nua em frente aquele espelho, e parei ali.

O espelho me fez entender a ausência dele pela primeira vez, fazia tempo que não parava na frente de um sem alguma peça de roupa. Eu me sentiria bem ao olhar para esse corpo, estivesse o dele assim? O que sentiria sabendo que metade da culpa era minha? E por Deus, como isso poderia ser de alguma forma, desejável? Com certeza a noite passada fora um sacrifício para tentar amenizar a situação que vivíamos. Peguei o lençol corando, apressada para tentar esconder tudo aquilo, mas parar minha surpresa uma mão me impediu.

"Não se cubra, Bella." O lençol acabou no chão, na minha mão novamente um copo cheio. "Não se esconda de mim nunca mais. Você não precisa se esconder de mim, você não deve precisar esconder nada nunca de mim. Me perdoe por fazer você se sentir tão mal." E então, eu senti sua mão pela primeira vez na minha barriga - e a felicidade que tomou conta de mim foi indescritível. Tinha medo de fazer qualquer coisa, falar qualquer coisa, que acabasse com aquele momento. Voltei a tomar a vitamina, tentando segurar ao máximo as lágrimas que faziam de tudo para cair, enquanto sentia a outra mão gelada no meu pulso - e então o vampiro respirou aliviado. "Graças a Deus está mais forte. Tome tudo, ok?" Ele não precisou pedir duas vezes.

Voltamos para a cama, o copo novamente vazio em cima do criado mudo, as duas mãos do vampiro ainda na minha barriga, e uma felicidade que transbordava. Novamente aquele sorriso verdadeiro, novamente aqueles olhos brilhando ao olharem para os meus, e eu queria beija-lo mais do que tudo naquele momento, mas como ontem, ele virou o rosto - só que agora a rejeição não fazia sentido, pelo menos para mim.

"Bella," ele começou, se afastando um pouco mais, mas nunca parando de sorrir. "Isso é sangue." Por um instante me perguntei 'onde?', onde havia sangue? O que eu tinha feito agora, onde havia me machucado, onde eu estava sangrando? "A sua boca está cheia de sangue." Tinha sangue na minha boca?

Tinha. E era tão bom!

"Como nós não pensamos nisso antes?" Ela estava com sede! Por isso a anemia? Por isso que nada parava no meu estômago? "Ela é metade você, isso é tão óbvio, é tão óbvio que-"

"Shh." ele disse, me calando com um dedo.

"O que foi?"

"Tem alguém-" Procurou ao redor por um momento, e de repente parou, como se algo enfim fizesse sentido - para mim não fazia, assim como não fazia o menor sentido ele abaixar e beijar minha barriga. Não era por não fazer sentido que tudo aquilo que quis desde o primeiro dia me deixava menos feliz, e as lágrimas finalmente começaram.

"Meu amor," passei uma mão por aqueles cabelos cor de bronze. "Alguém onde?" Meu coração não iria aguentar muitos daqueles sorrisos naquele dia, muito menos todo aquele carinho nunca dado ao nosso pequeno milagre. O que havia mudado? O que mudou para ele finalmente aceitar daquela forma?

"Fale mais." Edward pediu, as mãos frias eram tão grandes que cobriam uma boa parte de todos aqueles hematomas - que ele ignorava naquele momento. "Fale qualquer coisa, Bella. Cante." Cantar? "Você canta pra ela." Sim, todo dia! Todos os dias pela manhã, porque isso a faz ficar mais calma- "Ela gosta muito quando você canta." Como ele sabia disso?

"O que?" Como ele poderia saber desse detalhe, do que nossa filha gosta, como se-

"Ela gosta quando você canta, e gosta quando descansa as mãos na barriga." meu marido falava emocionado, e minhas mãos se juntaram as dele no mesmo instante. "Ela prefere o frio, porque o calor lhe dá fome. Mas agora com o sangue-"

"Você consegue ouvir o bebê?" Edward fez que sim, colocando minhas mãos por baixo das dele.

"São sensações, palavras soltas." ele começou a tentar explicar. "Eu não sei como, mas eu sei." Edward voltou a sentar-se ao meu lado, seus lábios achando minha bochecha. "Ela gosta da minha voz porque te deixa calma. Ela sente muito pelos machucados, e promete tentar ficar mais quieta. Ela te ama." o vampiro quase perdeu a voz ao falar as próximas palavras. "Ela me ama também. Não meu amor, eu só estava com medo," e eu perdi completamente a minha com o fim da frase. "Eu amo você tanto quanto amo sua mãe."

Ponto de vista de Alice

"Eu ainda não consigo vê-la." disse aborrecida para todos os vampiros naquela sala, Jasper apertando minha mão para tentar me passar algum conforto.

Eu não conseguia vê-la, e não conseguia ver praticamente nada de ninguém naquele cômodo, visto que todos não saiam de perto da minha irmã grávida. Há, grávida! Queria rir daquilo algumas vezes - grávida, ela estava morrendo, como conseguiam deixar ela continuar daquele jeito, como não simplesmente tiravam aquilo que a estava matando? Era minha irmã, e ela morreria, e eu realmente queria ver como Edward lidaria com o fato que agora ele mesmo estava incentivando.

"Ela está muito melhor com o sangue, Alice." Carlisle começou a falar, relendo os exames que tinha nas mãos. "Não está mais desnutrida, ganhou quase quatro quilos de volta nos últimos quatro dias, a situação da anemia normalizou-"

"E ela está com uma costela trincada e outra quebrada. E sua barriga é uma enorme hematoma. E a cada movimento que o feto faz dentro dela, existe o risco de quebrar mais alguma coisa!"

Não, eu não estava lidando bem com a situação. Há dois dias atrás Edward havia tido a ideia que provavelmente salvou a vida de minha irmã por mais alguns dias: sangue, ela precisava de sangue. E então Isabella começou a conseguir fazer a comida parar no estômago, e ganhou peso, e seu pulso estava mais forte, e seu coração não tinha mais risco de parar a qualquer momento. E todos estavam felizes novamente, e Edward passava o dia ao seu lado acariciando seus cabelos e sua barriga, e Rose a ajudava a montar um enxoval, e eu não conseguia ver nada.

"Um bebê, Alice!" Rosalie insistia em corrigir. "É um bebê! Não um feto, ou uma coisa, ou aquilo—"

"Um bebê que está matando a minha irmã!" Não fazia questão de esconder mais meu descontentamento quando Izzy não estava presente. "Como você vai se sentir ao perde-la pela terceira vez, Edward? Como você vai se sentir em relação a esse bebê, quando ele tirar a vida de Isabella?"

Eu estava certa de que aquilo não terminaria bem, estava certa de que eram os últimos dias que passava com minha irmã antes de algo finalmente quebrar dentro dela e não haver como reparar a tempo. E o coração dela parar. E o veneno não fazer efeito. E ela morrer.

De novo.

"Nunca ninguém falou para vocês que sábado é um dia sagrado para o descanso?" Fechei os olhos quando escutei aquela voz, mas não consegui não ver de relance minha irmã parada no final da escada me olhando de um jeito quase triste, a mão nunca saindo da barriga. Maldição.

"O dia do descanso é domingo." a corrigi, sem jeito pelas minhas últimas palavras que ela provavelmente ouvira. Senti Jasper apertar ainda mais minha mão direita, e me deixei ser invadida pela calma que ele tanto queria me passar nos últimos dias.

"Então sábado é o dia do pré-descanso." Senti o sofá afundar ao meu lado, e uma mão quente demais segurar a minha livre. "Aí quando chegar o domingo, você já vai ter descansado o suficiente, para então aproveitar seu descanso." Abri os olhos e a primeira coisa que vi foram os castanhos cansados de Isabella. Me segurei para não dar um pequeno sorriso quando ao invés de achar naqueles olhos reprovação, ou até mesmo decepção, encontrei apenas preocupação - comigo.

"Isso não fez sentido nenhum." confessei, e ela sabia que eu não falava sobre sua última frase, mas de toda aquela situação.

"Talvez porque ainda são seis da manhã. Acho que preciso tomar meu café." Isabella disse, olhando para seu marido. Um último aperto em minha mão e Izzy se levantou, Edward a seguindo após um olhar não muito agradável para mim.

Só voltei a falar horas depois, quando éramos apenas eu e Jasper no meio da floresta chuvosa.

"Eu escolheria viver no lugar dela, Jazz." admiti quase com vergonha, dessa vez não pesquisando no futuro as prováveis reações para aquela conversa. "Eu não iria querer te deixar. Eu não iria querer deixar ninguém. Você me acha um monstro por isso?"

"Não, Al." A resposta era sincera. "Mas você deveria tentar entender a escolha de Isabella."

"De morrer?" respondi sem nem pensar, acabando com a conversa.

Não conseguia entender como alguém poderia escolher a morte. E não estava com a menor vontade de presenciar a morte de minha irmã chegar.

Ponto de vista de Edward

"E o que vocês acham de Edward Jr.?" Minha esposa só revirou os olhos, comendo mais um biscoito de chocolate. "Não?"

Tirando o descontentamento de Alice, estava tudo mais calmo naquela casa - tudo estranhamente mais calmo. Era como se, fora todas as bolsas de sangue consumidas por Isabella durante o dia, estivéssemos em uma gravidez normal, em uma família quase normal. Olhei para minha esposa sentada no sofá ao meu lado, sorrindo enquanto passava uma das mãos pela barriga enorme: ela estava bem, tudo havia normalizado e sua saúde estava tão boa quanto poderíamos querer. Eu mesmo não conseguia deixar de sorrir, eu mesmo não conseguia afastar minhas mãos dela.

Não fosse pela conversa daquela madrugada, não haveria preocupação alguma em minha mente.

"Emmett, quantas vezes vamos ter que repetir o quão confuso isso seria?" A voz era de Jasper.

"Mas imagine um mini-Edward correndo pela casa, eu vou querer o chamar de mini-Edward, não de mini-alguma-outra-coisa!"

Edward, me ajude um pouco!

Edward, ponha juízo na cabeça de seu irmão!

Ao menos Emmett conseguia fazer um bom trabalho em me deixar um vigésimo mais calmo com todas as besteiras que falava. Apesar da melhora incrível na condição de Bella ter me tranquilizado, a discussão das cinco da manhã com Carlisle havia me tirado um pouco da calma alcançada com tanto esforço. E a última coisa que gostaria de fazer era encher Isabella com ainda mais medos e incertezas - por mais que meu maior desejo fosse lhe contar tudo naquele instante, para que ela de algum jeito me acalmasse, para que de alguma forma me fizesse ver que tudo correria bem no final. Isabella era a parte forte daquele relacionamento, não tinha dúvidas.

"Emmett, não!"

"Mas-"

"Emmett, vai ser uma menina." Bella enfim falou sobre a certeza que tinha. Mal senti o aperto mais forte na minha mão - apesar dela com certeza estar apertando com toda sua força -, e ela se virou para mim mostrando uma felicidade que me aquecia só de ver. "Você também acha que vai ser uma menina, não acha?" Imaginei no mesmo instante uma pequenina com os olhos chocolate de Isabella, e não consegui não sorrir. "Mas temos que pensar em dois nomes, afinal, é só um palpite."

"Bernadete? Ou Bernard."

"Michele, ou Michael."

"Antoniette, ou Anthony?"

Era quase engraçado como Bella era a única a não dar opinião, apenas ouvindo com atenção a sugestão dos três ali presentes na sala além de nós. Bella, e sua eterna vontade de agradar a todos - parecia não mudar aquele detalhe em nenhuma de suas vidas. Minha mão que antes segurava a da mulher que eu amava a envolveu pela cintura, a puxando para mais perto de mim com todo cuidado que possuía, enquanto as palavras de mais cedo de Carlisle voltavam a minha mente.

Eu me preocuparia sim a partir da próxima semana, Edward. Isabella está bem, mas eu realmente não tenho ideia de como seria uma contração dessa gravidez, ou o que poderia acontecer se a bolsa estourasse. Talvez seja um parto normal, e talvez ela seja- e talvez não. E semana que vem já começa a ficar perto do final, pelos cálculos que fizemos.

"O quanto o bebê pode ser forte, no fim?"

Eu arriscaria dizer metade da sua força, no máximo.

"Isso é muito!"

No máximo, filho.

"Eu não quero que ela se machuque mais."

E o que você pretende fazer? A obrigar a tirar o bebê? O tiraria a força, agora, se em alguma hora confirmasse nossas suspeitas? Você faria uma coisa dessas?

"Não. Não pai, nunca. E isso só me faz ser mais egoísta."

Filho, você seria egoísta se sua única preocupação fosse com a vida de Bella. Se algo der errado - se de algum modo, ela for muito frágil para resistir até o final - nós vamos dar um jeito, Edward. Vamos rezar para que não, mas Bella pode acabar sendo um caso que nem o seu.

"Como?"

Vampirização de emergência.

"Emily, ou talvez Emil?"

"Carla ou Carlo?"

"Edward!" Senti que alguma coisa quente puxava minha camisa. Bella.

"Sim, esse é um nome bonito!" E todos riram quando Esme deu um tapa na cabeça de Emmett, que achava que venceria pela insistência. "Ele não vai gostar de um nome de menina!"

"E como você pode ter tanta certeza que é ele?" Foi a vez de Bella falar. Não perdi o sorriso que ela carregava nos lábios, devia estar se divertindo muito com a situação: frustrar Emmett, que sempre pegou tanto no seu pé, uma vez na vida.

"E como você pode ter tanta certeza que é ela?"

"Instinto materno."

"Tios não podem ter esses instintos?"

"Não Emmett, não podem!" Jasper se exaltou um pouco, se levantando do sofá. "Sua ansiedade está me deixando louco, pare!" Já é ruim o suficiente ter vontade de comer pão com picles e torta de morango!

Foi aquele pensamento me fez perder o controle, e eu sabia que se o divulgasse em voz alta, em minutos todos estariam tendo a mesma crise de riso que eu estava tendo.

"Edward, não é engraçado." Mas apesar de toda a frustração vinda de meu irmão, eu simplesmente não conseguia parar de rir - sabia agora qual tinha sido o destino dos morangos, sumidos da geladeira.

"No que Jasper estava pensando?" A pergunta veio pela terceira vez naquela noite, antes de Isabella sair de dentro do banheiro, o roupão que usava já mal fechando ao redor da enorme barriga.

"Já disse como o azul cai bem em você?" desconversei enquanto pegava mais um cobertor - a noite estava alguns graus mais fria, e minha temperatura com certeza não a aqueceria sem aquela trapaça. Mais alguns segundos e ela estava quente nos meus braços. "Cai muito bem." reafirmei, a puxando para mais perto. Coloquei uma das mãos em sua barriga e não senti nada, nossa filha parecia dormir - ela dormia, era tão humana que dormia. Bella sorriu aquele sorriso tímido que eu adorava, antes de começar a falar.

"Então, eu passei a manhã inteira pensando."

"Em?" Aproximei minha boca da dela, meus olhos nunca deixando os seus chocolate. Era tão bom ver que ainda tinha aquele efeito sobre ela, depois de tanto tempo, ainda a deixava desorientada. Sabia que o efeito que Bella tinha sobre mim não iria embora nunca - nem mesmo quando nossas temperaturas se igualassem.

"Outros nomes." Ela conseguiu falar antes de minha boca cobrir a dela, indo então para seu queixo, seu pescoço, sua clavícula - eu não a machuquei antes, e eu nunca iria, com certeza. E seu cheiro andava tão maravilhosamente tentador - era assim que seria quando ela se tornasse uma de nós? "Edward, assim eu não consigo falar. Nem pensar."

"Desculpe, meu amor." Afastei minha boca com certa dificuldade, voltando a deitar a cabeça ao seu lado, meus braços nunca deixando sua cintura. "Seus olhos estão tão contentes." não consegui deixar de observar.

"Achei que você nunca mais fosse me beijar desse jeito. Me querer desse jeito." A confissão me fez quase voltar a beija-la - e não mais parar. "Mas então, como vai ser uma menina, eu pensei em," a vi hesitar, me olhando nos olhos como se tentasse ver algo ali para ter certeza do que falar. "Mary."

"Era o primeiro nome de Alice quando humana." E ela sabia daquilo - lembrava daquilo -, com certeza, o olhar confessando tudo. "Quando humana daquela outra vez."

"Eu pensei até mesmo em Alice." continuou, mostrando agora um pouco de tristeza. "Ela está tão chateada com tudo isso. Eu também estou, por ela estar assim."

"Bella, ela vai entender. Só precisa de-"

"Um tempo." A resposta veio num tom aborrecido. "É, todos precisam de um tempo." ela continuou, só depois percebendo o que falara. "Eu não quis dizer-"

"Eu precisei de um tempo. E eu estou muito, mas muito arrependido de ter precisado, meu amor - porque eu nunca deveria ter saído de seu lado, nem por um minuto, durante toda essa situação." disse, afagando seus cabelos. "E nunca mais vou sair, eu prometo. Vou ficar para todo o meu sempre com você e com a nossa filha, que pode se chamar Mary, Alice, Esme, por Deus pode se chamar Jane, que eu vou ama-la do jeito que te amo. E protege-la. Para sempre." Mais um beijo. "E se eu sugerir um nome, baseado na pessoa mais importante, mais perfeita do mundo?" Bella pareceu não entender. "Você, meu amor."

"Eu não sou nada disso." minha esposa desviou o olhar para o teto. "Eu não sou a pessoa mais perfeita, disso eu tenho certeza."

"Para mim, você é isso e muito, muito mais." A puxei para mais perto. "Para esse bebê, então," Coloquei delicadamente uma mão sobre a barriga. "Você já é a pessoa mais importante e especial de todo esse mundo." Sorri ao me concentrar no som daqueles dois corações batendo - lindo, tão lindo. "Nossa filha nem precisou te ver uma vez para ter certeza disso."

"Edward-"

"O que você acha de Marie? Ou Isabella? Ou simplesmente Belle?" Ri ao ver a expressão desgostosa de Bella. Tão linda. "Vai ficar brava se eu insistir em dar Belle como segundo nome, meu amor?"

"Talvez eu chore." ela ameaçou, me dando um soco brincalhão no ombro. Mas eu só ri outra vez, me divertindo com a situação. Quando em cem anos eu imaginaria que escolheria o nome do meu filho - meu filho! - ao lado da pessoa mais maravilhosa desse mundo? "Algum outro nome além de Belle?"

"Pensei em muitos nomes." confessei, meus lábios alcançando os dela mais uma vez. "Mas é tão difícil nomear uma criatura tão única. Nenhum nome parece certo o suficiente."

"Na verdade, eu pensei em um nome." ela disse, se sentando após alguns segundos me olhando, um sorriso nos lábios - e algo me disse, vendo sua expressão, que não haveria como mudar aquela ideia. "Eu pensei em Elizabeth."

"Era o nome da minha mãe." observei, não querendo a deixar esquecer de tal detalhe.

"Era o nome de minha mãe, também." ela me lembrou - era o nome de minha antiga mãe que a odiava, e o nome de sua falecida mãe, que tanto a amou. "Eu gosto de Elizabeth. Elizabeth Belle Masen Cullen." disse, voltando a se deitar, encostando a cabeça no meu peito. "Lizzie." falou, testando o apelido. Lizzie. "O que acha?"

Lizzie.

"Eu acho perfeito."


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Notas finais do capítulo

Gente to super apressada respondendo tudo aqui pra postar então sorry se fui mto breve! Mas amo todos os comentários de vcs! É o que me dá gás pra terminar isso ;)

Beijo enorme e até semana que vem,

Ania.



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