Além de uma vida escrita por Ania Lupin


Capítulo 27
Abraços impossíveis


Notas iniciais do capítulo

Gente, quantos comentários, fiquei tão contente s2
Até me esforcei pra postar hoje! Espero que gostem ;)



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Ponto de vista de Isabella

"Edward, eu estou entrando em casa," disse ao atender o celular, fechando a porta atrás de mim. Dali conseguia ver a luz acesa na cozinha - e o cheiro maravilhoso de comida sendo feita, que já tomara conta da casa. Alice, com certeza Alice, ela estava bem, quem mais poderia estar fazendo aquilo? Mas então, Alice não conseguia cozinhar bem nem para salvar sua vida. "Você não ouviu a porta da frente-" Edward. Com certeza era Edward.

"Você disse que avisaria quando estivesse chegando!" Era estranho como a resposta veio num tom irritado, que não combinava em nada com o que ele usava comigo. Ele não estava junto com Al?

"Seu carro está aqui na calçada, não é você-"

Ele não estava em casa, mas Alice também não parecia estar. Na cozinha, vi James se levantando de uma cadeira quando entrei, olheiras tão grandes quanto as minhas embaixo dos olhos azuis. Onde estava a minha irmã? Por Deus, onde estava a minha irmã?

"Bella, chego em-"

"Preciso desligar, ok?" Finalizei a ligação sem esperar por qualquer resposta. "Jamie?" James. James, que havia um dia tentado me matar - uma vida atrás, era ele aquele mesmo vampiro? Ele se aproximou alguns passos, e senti orgulho de mim quando não recuei nenhum - era James, afinal. Jamie. Meu amigo de anos, meu confidente, meu quase irmão.

"Izzy." A cozinha cheirava a bolonhesa - eu amava bolonhesa. Era a especialidade de James, e tinha sido eu quem o ensinara.

Macarrão com molho bolonhesa era meu prato favorito. Simples, eu sei, mas aquela simplicidade era a melhor coisa para alegrar meu paladar. Ainda estava longe da hora do almoço, e desjejuar com massa não era bem meu maior desejo - mas então notei o brownie e os scones. Ok, aquilo combinava com um café da manhã. Mas não combinava em nada com meu dia-a-dia, longe disso. Toda aquela comida e meu amigo parado na minha frente apenas gritavam que havia algo de muito, mas muito errado.

"Jamie, o que é tudo isso?" perguntei, indo em direção ao loiro. Conseguia ver o quão desconfortável ele parecia estar de longe, uma mão no bolso, a outra passando pelos cabelos soltos do coque habitual. "O que houve?"

"Você está sozinha?"

"É claro que eu estou sozinha, por acaso tem mais alguém atrás de mim?" Me virei para provar meu ponto - por um segundo imaginando se não acharia meu namorado. "Eu acabei de voltar de viagem James, estou quase morta," literalmente, e quase ri com aquele pensamento - a quase morte estava me dando um senso de humor um tanto quanto mórbido. "De cansaço, então sério, me explica o que é toda essa comida ao meu redor. E sério, me responde onde está a minha irmã, porque eu estou procurando aquela anã já faz mais de um dia."

Foi o cenho franzido ao me ouvir perguntando de Alice que o denunciou, mas antes que pudesse falar qualquer coisa James tornou a situação ainda mais estranha com sua pergunta.

Alice.

Meu Deus, onde estava Alice?

"Você não estava com o seu namorado?" Mas que diabo de pergunta era aquela?

"Eu acabei de chegar de viagem-" E meu telefone estava tocando novamente. Edward. "Por que eu estaria com Edward?" Ele havia falado com James? Ignorei a ligação, colocando a chamada no silencioso enquanto esperava receber alguma resposta. "James."

"Merda, Isabella." Novamente o toque de meu celular - havia esquecido o quanto o vampiro era insistente. "Você não vai atender?"

"Não, eu quero saber o que está acontecendo." Acabei colocando o aparelho por completo no silencioso, largando-o em cima do balcão e ficando frente ao meu amigo de infância. "James, o que está acontecendo?" Mas ele não me respondia, não falava nada, e uma agonia crescente se instalava no meu peito. "Cadê a Alice, James?" O toque de sua mão no meu ombro não me confortava, mas me contava o pior em silêncio: algo acontecera, algo que não era bom, nem um pouco bom. "James, cadê a minha irmã?" perguntei outra vez, minha voz falhando no final da frase, as lágrimas já caindo.

"Aconteceu um acidente, Izzy." ele só voltou a falar após me envolver num abraço, do qual eu tentava escapar. Aconteceu um acidente. Não, eu não queria ouvir aquilo. "Eu estava na cafeteria quando escutei o barulho, e pela janela achei o carro tão familiar-" Um acidente de carro. Com Alice. Alice não estava em casa, e Jamie estava fazendo comida. Como as pessoas fazem para alguém que sofre esse tipo de perda.

Alice estava morta.

"Eu não quero ouvir." Lutei com mais força para me livrar daqueles braços, mas James era muito mais forte do que eu - e eu estava muito mais fraca do que a Isabella de meses atrás.

Alice estava morta.

"Ela me pediu para cozinhar pra você." Escutava um zumbido no ouvido, a voz dele ficando cada vez mais difícil de ouvir.

Alice estava morta.

"Eu não quero ouvir James-"

"Ela pediu para te dizer que te amava muito, e que você foi a melhor irmã do mundo." Já não conseguia mais segurar o choro: soluçava alto enquanto minhas mãos o socavam no peito, como se aquilo fosse me fazer sentir melhor, como se aquilo pudesse traze-la de volta. "Ela pediu pra te fazer o jantar." Como aquilo havia acontecido? Como, como ela estava morta e ninguém ligara, ninguém falara nada? Como ela poderia estar morta, e Jasper- "Eu achei que você soubesse Izzy, achei que tivessem te falado, você não era o contato de emergência dela?" Como ele deixou isso acontecer? Como ele deixou ela morrer? "Quando levaram ela embora, eu não consegui ver como Alice estava Izzy, mas tinha muito sangue-"

"Quem levou ela embora?" Respirei fundo, tentando recobrar alguma calma. Como ele deixou ela morrer de novo?

"Edward, o namorado da sua irmã e um médico."

Então meu cérebro começou a ligar as informações, e minhas lágrimas pararam no mesmo segundo. Me senti idiota por não ter considerado aquela possibilidade antes de me desesperar. Limpei os olhos com as mãos, aqueles três haviam levado minha irmã. Jasper não a deixaria partir, deixaria? Não. Talvez nem mesmo se ela assim quisesse.

"Alice não está morta, James?" enfim perguntei, muito mais calma do que há segundos atrás.

"Me disseram que ela estava muito instável." Maldição James, quem dava esse tipo de notícia assim? "E que quando você chegasse do hospital, não queriam que você ficasse sozinha em casa." Era só falar Alice está no hospital Izzy, porra! "Eu não entendi porque seu namorado não poderia ficar, mas-"

"Edward achou que eu fosse terminar com ele."

Porque Edward ia me contar tudo. Porque agora não haveria escolha, porque agora, por causa de Alice, ele iria me contar o que ele e toda sua família eram.

Ele sendo tão insistente em avisar quando eu estivesse chegando fazia todo o sentido agora. O ônibus previsto para às onze da manhã havia adiantado algumas horas, e sinceramente queria tanto chegar em casa que nem mesmo lembrei de avisa-lo - apenas quando chamei o Uber pensei em mandar uma mensagem, mas os pensamentos em Alice me distraíram até o telefone tocar minutos atrás. Telefone que tocava outra vez, via pela luz que acendia na tela.

"Vocês brigaram?" Me afastei de James, pegando o celular. "Por isso que você foi viajar?"

"Foi quase isso, Jamie." falei, antes de atender. "Oi Edward."

"Eu estou chegando."

—__

Ponto de vista de Edward

Agradeci James mais uma vez - era tão estranho agradecer justo aquela pessoa - e fechei a porta da frente, uma de minhas mãos encostada nas costas de Bella enquanto a guiava para meu carro. O dia estava nublado, e por aquilo eu agradecia: tinha sido muito mais fácil conseguir pegar um táxi para vir sem a probabilidade de sol.

"Eu sei abrir uma porta." A ouvi reclamar quando destranquei o lado do passageiro e segurei a porta para ela entrar.

Fui para o banco do motorista e dei a partida no carro, ligando o rádio numa estação qualquer. Daria tudo para ouvir aqueles pensamentos agora, para ter pelo menos uma ideia do que havia acontecido na viagem, e sobre o que poderia falar, o que deveria falar. Quem ela poderia ter encontrado em Forks? Alguém havia se recordado dela? Ela lembrava quem era, o que eu era? Ela estava com medo? A olhei de canto: Isabella não parecia estar com medo algum, mas parecia-

"Você está brava." disse, parando no sinal vermelho.

"Sim, eu estou brava. Eu estou brava porque a minha irmã sofreu um acidente e você escondeu isso de mim por mais de um dia, Edward! Quem te deu esse direito, sério?"

Eu ainda não havia falado nada além do necessário. Alice sofreu um acidente, nós a levamos para um hospital. O estado dela é delicado, instável. Não sabemos se ela vai sobreviver. Mas, apesar dos olhos inchados, ela não estava mostrando o desespero que eu havia me preparado para ver - longe disso. Mas apesar de estar mais calma do que deveria em relação à Alice, Isabella estava irritada em relação à mim, a atitude fora perceptível desde o primeiro segundo que a vira naquele dia.

Muito irritada.

"A Isabella do passado não era brava?" Respirei fundo - hábito nunca perdido - e voltei a acelerar quando o sinal ficou verde. O desespero ausente finalmente fez sentido: se sabia do passado, sabia - ou ao menos supunha - o que estava acontecendo com a irmã. O que tínhamos feito, o inevitável para a situação. Explicada a preocupação quase nula.

"Bella-"

"Eu me chamava Isabella Swan." Ela não tirava os olhos da janela. "Alice era sua irmã." E eu não conseguia tirar os meus dela. "E nós definitivamente não estamos indo para o hospital onde seu paitrabalha. Esse é o caminho da sua casa. Vocês a transformaram."

"Não havia escolha-"

"Edward, sim ou não." Quando seus olhos castanhos encontraram os meus, voltei o olhar para a avenida, covarde demais para suporta-los.

Eu deveria ter contado antes, com certeza deveria. O que estaria ela pensando, sentindo? Se sentia traída? Usada? Estava brava por eu não ter contado que havia uma esperança para sair viva da doença que tinha? Brava por imaginar que eu não considerava lhe dar aquela opção, como no passado?

"Não é uma resposta difícil." Era sim, ela não fazia ideia do quanto.

"Sim." Minha vontade era de parar o carro naquele momento e coloca-la em meus braços, mas pela primeira vez eu não a via receptiva - e doía. "Sim, nós injetamos nosso veneno em Alice, para transforma-la."

"Então ela não morreu?"

Fechei os olhos - há uma semana atrás Isabella haveria surtado se eu fizesse tal coisa no meio do trânsito. A Isabella de agora pareceu ignorar - sabia que eu nunca bateria -, ansiando apenas minhas respostas.

"Não. Achamos que não." Não tinha coragem de olha-la, mas a escutei abrir a boca, provavelmente para reclamar da continuação de minha réplica, e continuei antes que fosse interrompido. "Demos morfina para a dor, então ela não está se mexendo, não está gritando. Alice deve estar se transformando."

"Então ela pode estar morta?"

"É altamente improvável-" Mas sim, era um medo que todos sentíamos: Alice estava deitada, imóvel, sem emitir som algum. Fria. Dura. Pálida. "Sim."

"Quando eu entrar na sua casa, eu quero vê-la." ela disse, não me deixando explicar o quanto aquilo poderia ser considerado um quase suicídio. "Não é negociável."

Resolvi não discutir mais, pensando que o melhor a fazer seria dizer para todos os vampiros da casa segurarem Alice enquanto Bella estivesse presente. Se é que Alice-

Dirigimos em silêncio até minha casa, eu estacionando o carro em frente a porta de entrada, me preparando para sair atrás de uma Isabella que talvez - provavelmente - saísse correndo porta adentro. Mas ela não se mexeu por minutos, os olhos castanhos olhando com tristeza para fora do carro. Pude ver Esme pela janela do andar de cima, que sacudiu a cabeça negativamente quando notou que eu a olhava - nada ainda. E então, eu vi uma lágrima, seguida de outra, e outra.

"Me desculpe por não ter falado nada, Bella." Eu queria toca-la, mas meu receio de receber uma reação negativa falou mais alto, minhas mãos permanecendo no volante. "Me desculpe-"

"Me desculpe por ter te deixado." ela me respondeu com uma voz quebrada - não precisava pedir desculpas Bella, não precisava pedir desculpas por ir viajar, pode Deus! Naquele carro, eu era o único ser que precisava me desculpar. Desculpe por ir embora há tantos anos, desculpe por te deixar morrer, desculpe por te enganar por meses. Minhas ações nunca quiseram te ferir, por mais que tivessem o feito.

"Você está com medo de mim?" Quis mais do que nunca ouvir não - tão diferente de anos atrás, que achava impossível vir qualquer coisa além de um sim. "Você está com medo do que somos?" Era irônico quase, como agora eu conseguia a resposta que gostaria de ter ouvido no passado.

"Eu estou apavorada."

—__

Ponto de vista de Isabella

Não sabia o quanto estava com raiva até vê-lo - e eu não era uma pessoa que ficava com aqueles sentimentos facilmente. Colocando meus olhos nos amarelos dele, soube que poderia passar dias com tal irritação. Alguma vez já sentira tanto ódio por causa de Edward?

Lembro da época que passei triste. Triste, triste era suavizar muito minha situação: eu estava numa depressão profunda antes de morrer - e teria recebido a morte de braços abertos não fosse a esperança de voltar a vê-lo. Eu não comia direito, não dormia direito, eu não vivia direito. Mas em momento algum senti raiva dele. Tinha raiva da situação, de ser uma simples humana, de não tê-lo ao meu lado, de mim.

Agora era do vampiro sentado ao meu lado, e eu soube no segundo que ele passou porta adentro, sem convite, sem sequer uma desculpa pelas lágrimas que eu havia derramado. Sabia que, se eu fosse levar em conta toda a história, eu havia começado a ser a errada, eu havia partido - mas tinha necessidade do carma me ferrar já há duas vidas? E tinha necessidade de ser justamente ele a pessoa a ficar me machucando? Estava irritada - e eu estava no meu direito de estar. Ao vê-lo abrindo a porta do carro, só conseguia lembrar de todos os segundos que pensei que iria morrer nos últimos meses. Em todas as vezes que achei que estivesse louca, que o tumor estivesse brincando comigo, quando na verdade por algum erro cósmico eu estava lembrando de tudo de minhas últimas vidas.

Toda a vontade que tinha de me jogar contra ele e nunca mais parar de abraça-lo havia, definitivamente, sumido. Talvez por isso minha resposta quanto a ele ser o que era tivesse sido tão cruel - e com certeza por isso a mesma me dera tanto prazer.

Era mentira, claro: eu não tinha medo dele, nem de ninguém de sua família. Mas não podia negar que me apavorava pensar no que eu poderia me tornar, tudo que eu poderia fazer no começo - todos os erros -, sendo uma vampira recém nascida. Quantas pessoas poderia acidentalmente matar? Qual seria o tamanho da minha sede? O quanto aguentaria me alimentar apenas de animais, eu não sendo - e não fazendo a menor questão de ser - vegetariana como humana.

Foi o barulho de algo quebrando que me fez sair do carro e girar a maçaneta da porta principal, minha primeira visão dentro da casa sendo dois irmãos de Edward e Esme no hall de entrada. Meu vampiro lançou um olhar pouco amigável para Rosalie - ela continuava tão linda quanto da última vez -, mas Emmet ignorou qualquer ameaça por completo, indo em minha direção preparado para um abraço.

"Bella!" Mas o sorriso foi embora no momento em que não o retribuí e continuei andando, passando por ele com certo incômodo.

"Não agora, Emmet." Será que eles não conseguiam ver que eu simplesmente não estava no humor para uma reunião familiar? Minto, eu estava apenas com vontade de uma reunião familiar, com minha irmã.

Carlisle apareceu, fechando a porta atrás dele, e no segundo seguinte Edward estava na minha frente.

"Ela acabou de acordar." contou, numa mistura de medo e alívio. Alice estava viva, viva. O que eu mais queria era correr até ela e abraça-la, nunca mais a soltando, nunca mais a deixando sair de perto de mim. "Bella, talvez não seja o melhor momento-"

"Eu quero ver a minha irmã agora." Mas eu não poderia abraça-la tão cedo, se é que algum dia poderia novamente. Não, eu poderia, eles estavam perto de mim! Por Deus, Edward me beijava, e eu não poderia dar um simples abraço na pessoa mais importante da minha vida? "Não é negociável, já disse."

Mas eles eram assim há anos. Eles sabiam se controlar há anos. E Alice era novamente nova naquilo. E talvez, muito provavelmente, eu não tivesse tanto tempo para esperar ela recuperar seu autocontrole.

Merda.

"Bella?"

No instante seguinte, estavam todos entre eu e Alice. A primeira coisa que notei era que Jasper a segurava pelos braços, como se quisesse para-la de se aproximar mais de mim - mas Alice não objetava em nenhum momento. Seu cabelo nunca esteve tão lindo, sua pele nunca esteve tão aveludada, sua voz - a voz de Alice, mas com algo diferente - era sem dúvida mais afinada do que a minha, e seus olhos nunca estiveram mais vermelhos. Eram da cor de sangue, e uma memória me disse que todos que se alimentavam de pessoas tinham aquela mesma cor. Como nossos assassinos de anos atrás.

"Al." Era tão bom vê-la, era tão horrível não poder toca-la. "Você está viva. Você está bem?" Edward copiava o gesto do irmão, e por um momento aquilo me irritou mais - mas ele estava certo no que fazia. Eu queria sim sair correndo até ela. Eu não podia fazer aquilo, e eu tentava não sentir raiva dele por ter tal cuidado.

"Só um pouco diferente. Tudo é tão mais nítido agora." ela disse, sorrindo.

"Você diz sua visão, ou suas visões?" E o sorriso só aumentou.

"Você lembra." Sim, eu lembrava de tudo - e as habilidades de Al desde pequena finalmente faziam sentido.

Eram tantas as coisas que eu queria perguntar. Como era agora sua visão? O que sentia de diferente? O mundo era mais quente, mais frio? O que você conseguia ouvir? Conseguia ouvir o quanto meu coração batia, conseguia distinguir os batimentos? Ouvia o sangue que corria em minhas veias? Você tinha sede? Me atacaria? Poderia ouviu o que eu estava pensando? Poderia ver você me atacando em suas visões?

Poderia ver o quão avançado meu tumor estava?

"Eu estou doente." admiti, fechando os olhos. Era a primeira vez que confessava aquilo na frente daquela família, e por um momento achei que veria surpresa naqueles olhos vermelhos - mas não, eu não havia escondido tão bem de Alice. Pelo que vi ao meu redor, não havia escondido bem meus sintomas de ninguém.

"Eu sei." Sabia que ela estaria chorando se pudesse. "Queria poder te abraçar agora, Bella."

"Já não é mais Izzy?"

Aconteceu tão rápido quanto no passado, porém o motivo do sangue era por algo muito menos prazeroso do que um corte de papel - corte de papel Isabella, francamente. Na minha ânsia em vê-la, nem mesmo considerei que aquilo pudesse acontecer a qualquer momento de minha visita. Não considerei os problemas que poderia causar, muito menos o quanto eu poderia ter problemas por causa de um sangramento nasal repentino.

Quem empurrou Alice para longe foi Rosalie, e quem a pinçava contra o chão era Jasper. Emmet e Esme estavam imediatamente ao lado da nova vampira, e algo me dizia que apenas continuava naquele cômodo para não parecerem indelicados. Carlisle como sempre estava indiferente ao cheiro de sangue, enquanto Edward o limpava com um lenço, mas eu via que ele não respirava - como se precisasse.

Era isso, então. Era isso que era um vampiro recém transformado. Era nisso que eu me tornaria - caso me fosse dada a oportunidade, claro.

"Você quer-"

"É melhor eu ir embora." Terminei de limpar o sangue ao mesmo tempo em que pegava o celular, desbloqueando a tela. Coloquei o lenço sujo em um dos meus bolsos e chamei um carro, ignorando tudo que Edward falava, todas as vezes que ele tentava me impedir. Eu nem mesmo conseguia escutar o que era dito, mal ouvi o motorista parar o carro no grande portão de entrada - mal vi que já estava ali.

"Bella, por favor-"

Fechei a porta, não cedendo ao pedido do vampiro de deixa-lo me levar até minha casa - e por tudo que era sagrado, eu esperava que não me seguisse.

"Tudo bem, moça?"

De olhos fechados a vida era mais fácil, de olhos fechados eu conseguia esconder melhor as lágrimas que já não aguentava mais derramar. Mas de olhos fechados, era muito mais fácil me lembrar da feição nova de minha irmã. A fome que vi naqueles olhos, o contorcer de seu rosto, o desespero de alguém que me queria tanto e sabia que aquilo acabaria comigo.

Alice nunca mais conseguiria ver nossos avós, nunca mais poderia trabalhar onde tanto gostava, não terminaria a escola, muito menos continuaria a ter contato com seus amigos. Eu nunca mais conseguiria abraçar minha irmã enquanto viva. Alice poderia muito bem estar morta. E era tão injusto, não haver uma escolha quanto àquela vida justo para a irmã que poderia ter se dado o luxo de escolher.

"Não." Após alguns minutos, achei forças para responder. "Não está tudo bem."


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Notas finais do capítulo

Oi genten! Primeiro: eu juro que teremos um final feliz na medida do possível aqui, ok? Então firme no draminha rs

Segundo: muito, muito obrigada e um beijo gigante pra todo mundo que está acompanhando!

Um beijão gente, e todos os comentários são sempre muito bem vindos ;)

Ps: Quem quiser passar e ver minha nova fic em andamento - Toda a luz que perdemos ;)

Ania.



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