Physalis escrita por Evelie Belinky


Capítulo 3
Utopia


Notas iniciais do capítulo

Depois de quase uma eternidade aí está o terceiro capitulo, boa leitura à todos.



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Havia me esquecido do quão bom era está na floresta. Estou deitada em uma pequena campina, não muito distante da cerca que demarca o distrito, sentindo as flores que crescem embaixo de mim. A bolsa de caça e meu arco jazem em algum lugar, não há necessidade deles agora.

Fecho meus olhos, despreocupada de qualquer perigo, e permito-me divagar em meus pensamentos. Haviam muitas lembranças enraizadas naquele lugar, apesar de tudo, em sua maioria, eram boas lembranças.

Lembro-me das vezes em que estive aqui com meu pai, de tudo que ele me ensinou e da ligação que tínhamos. A floresta nos proporcionou muitos momentos de alegria, mesmo com todo caos.

Lembro-me também das vezes em que precisava fugir de tudo. Com a morte do meu pai, passando-se o luto, surgiram todos os problemas que não existiam quando criança, mas sua morte exigiu meu amadurecimento precoce e quando a vida parecia pesada demais para carregar sozinha, eu fugia para a floresta e tudo voltava a ser como antes.

Em nosso distrito não havia o costume de enterrar os mortos, eram muitas mortes diariamente, então cremavam-se os corpos coletivamente e as cinzas eram depositadas nas minas de carvão. Quando soube da explosão na mina e que meu pai e outros mineiros explodiram junto, corri para a floresta e fiz um túmulo para ele em uma velha árvore, com seu nome, data de nascimento e morte e uma frase “Pai querido e esposo amável”, aquele seria nosso lugar de reencontro. Eu levava flores para ele na primavera e o visitava sempre que me sentia sozinha.

Lembro-me de quando conheci Gale e quando ele passou a fazer parte da minha vida, os dias tornaram-se pequenos e a nossa necessidade de manter nossas famílias nos uniu. Era uma luta constante contra a fome e a vasta floresta nos proporcionava tudo que precisávamos.

Estando aqui novamente percebo que aquele era definidamente meu lugar, tudo ali me conforta e depois de um longo tormento, sinto algo que se aproxima da paz.

Após um tempo levanto-me decidida a fazer algo, colho algumas das flores que crescem na campina, recolho a bolsa e o arco do chão e adentro mais profundamente na floresta. Com algum esforço encontro novamente o túmulo do meu pai, que há muito tempo não visitava. Com exceção de algumas ervas daninha que cresciam ao redor do tronco e de plantas trepadeiras, tudo estava em seu devido lugar. Ajoelho-me e começo a limpar o terreno, logo se vê com clareza os dizeres escritos no tronco da velha árvore. Deposito as flores e por alguns segundos é como se pudesse senti-lo de novo.

Isso me dá uma ideia, olho ao redor em busca da árvore perfeita e encontro uma não distante dessa, nela existem ninhos de pássaros que os sobrevoam, eram tordos. Ajoelho-me em frente ao seu tronco e busco o canivete dentro da bolsa. Escrevo Primrose Everdeen seguido de sua data de nascimento e morte. Também escrevo uma frase em sua homenagem “Querida irmã e amada filha”.

Olho o trabalho concluído e lágrimas caem de minha face, agora teria onde trazer as flores que Peeta plantava.

~Peeta~

A tela continua em branco, não há mais inspiração que não seja ela, por mais que tente pintar algo diferente é ela que me vem à mente. Olho ao redor e vejo seus olhos me encarando de diferentes ângulos, então desisto, pintar se tornou uma tarefa difícil ultimamente.

Subo as escadas que da acesso ao porão barra estúdio de pintura e  vou  para a cozinha. Aquele era meu segundo lugar preferido na casa, lavo minhas mãos e procuro por ingredientes nas prateleiras, quando fico frustrado costumo assar pães. Sovar a massa me acalma.

Percebo que meu estoque está bem baixo e não tenho fermento para os pães, talvez minha vizinha de porta tenha o que preciso. Fico inseguro com o pensamento de ir a sua casa, pela hora Greasy Sae já deve ter ido embora e provavelmente teria que falar diretamente com ela, eu não estava preparado para um reencontro depois de tanto tempo. Opto por fazer outra coisa.

Subo as escadas para o andar de cima e me preparo para o banho, talvez me deixasse mais calmo. A água quente encanada, por hora, era um privilégio para poucos, então faria bom uso dela. Tomo um banho relaxante e tento me concentrar em outras coisas, mas no fim tudo se resumi a ela.

De nada adianta, preciso ao menos saber como ela está, Greasy me disse que ela teve uma súbita melhora e que hoje saiu do quarto, isso era uma boa noticia. Mas será que estávamos prontos para um reencontro? A resposta em minha mente era Não, mas eu sei que nunca estarei preparado para isso.

Decido que nada disso importa, rumo em direção a sua casa, as luzes da sala estão acesas. Um frio percorre todo meu corpo e minhas mãos soam, no entanto continuo mesmo assim e quando bato em sua porta, depois de semanas, não é ela quem abre e eu não esperava por isso.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, mil desculpas por ter descontinuado a historia por tanto tempo. Por motivos de saúde fiquei impossibilitada de continuar escrevendo, mas agora estou de volta!!! Vamos que vamos hihihi. comentem aí o que acharam do capitulo e até breve.



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