Crime das Flores escrita por LaviniaCrist


Capítulo 8
Ânimos de Gerânio




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Apesar de receber uma notícia triste e inesperada pela manhã, a tarde de Ino foi como um gerânio cor-de-rosa: alegre e especial.

Choji havia ajudado ela a fazer as listas na parte da manhã: flores e sementes que ela precisava comprar para as encomendas; todo o material que precisaria para a reforma da floricultura; toda a decoração para deixar tudo ao jeito dela; e, claro, onde iriam comer durante a viagem.

Bastou um comentário do Akimichi sobre como “fazer uma lista de comidas o deixava faminto” para que Ino o convidasse para almoçar fazendo companhia a ela e, sem pensar duas vezes o rechonchudo aceitou. Afinal de contas, precisava ser um bom amigo e ficar próximo da loira o quanto ela precisasse.

Agora os dois pareciam crianças risonhas, correndo pelo jardim e molhando um ao outro com o regador. A guerra de água começou quando foram regar algumas plantas e, por acidente, Choji derramou um pouco de água na amiga, bem na saia, dando uma aparência engraçada devido ao local que ficou molhado. Já haviam se passado horas de brincadeira e os dois continuavam tentando molhar um ao outro.

— Choji, eu pai veio buscar você! — a mãe de Ino avisava da varanda, tentando conter o riso; ela nunca pensou que falaria algo deste tipo novamente.

— Já!? — as duas “crianças” falaram em uníssono, rindo e largando as “armas”, ou melhor, regadores.

— Já está escurecendo e vocês dois estão encharcados! — a mais velha coloca as mãos na cintura, como se estivesse repreendendo os dois.

— Eu preciso ir, Ino... — a fala de Choji não saiu desanimada só pelo fim da brincadeira, mas também porque ele se preocupava em deixar ela sozinha e desconfiarem dela de novo.

— Amanhã de manhã nos encontramos no portão! — a resposta da Yamanaka saiu animada — Com toda a certeza eu vou chegar primeiro... — ela dizia implicante, jogando o cabelo para trás.

— Duvido! — o amigo respondeu risonho, enquanto acenava e se dirigia para a saída do clã Yamanaka.

— O único lugar que você vai chegar primeiro é no banheiro, mocinha. — a mãe de Ino a repreende — Você está toda molhada, vai pegar uma gripe!

— Não se pega uma gripe por isso... — a loira resmunga, revirando os olhos. — Gripes e resfriados se pegam com vírus, mãe... — anos estudando e se esforçando para ser uma boa aprendiz para Tsunade eram recompensadores nestes momentos.

— Não discuta comigo! — a mais velha cruza os braços, encarando a filha. — Vai logo tirar essas roupas molhadas, ou não quer comer o pudim que eu fiz? — mesmo tentando ser rígida, ela estava quase se entregando às risadas.

— Pudim!? — os olhos azuis brilharam e, apesar da ameaça, tudo o que Ino fez foi abraçar a mãe com força em agradecimento e depois ir correndo para o banheiro, chegando a saltitar.

Tudo o que a senha Inoichi conseguiu fazer foi se manter séria até que a filha já estivesse longe e, depois, se sentar no sofá da sala e rir. Ela riu por um longo tempo, até que de as lagrimas pela falta de ar causada pelos risos se tornaram lagrimas de preocupação.

Preocupação por deixar Ino sobrecarregada com a floricultura, preocupação pelo término repentino do namoro da filha, preocupação pela aproximação incomum que Shikamaru e Choji tiveram dela. Algo estava acontecendo... E era algo ruim.

— Posso comer tudo, né!? — a voz animada de Ino fez com que a mãe despertasse dos pensamentos.

— Se comer tudo de uma vez depois vai querer e não vai ter! — a mais velha fala firme enquanto limpava as lagrimas.

— Dai você faz mais! — a loira responde implicante, caminhando lentamente até a sala.

— O que pensa que eu sou, Ino? — ela suspira, imaginando quanto tempo ficou ali, chorando. — Sua empregada?

— Claro que não! —  Ino responde risonha, se jogando no sofá e apoiando a cabeça no colo da mãe — Empregadas ganham salário, mães não... — ela sorri implicante.

— Quando você for mãe vai receber essas respostas malcriadas também... — a mais velha avisa, dando um suspiro no final — E aposto que você vai ser ranzinza igualzinha ao seu pai! — ela sorri, mexendo nos cabelos loiros.

— Você acha mesmo? — os olhos azuis encaravam o nada.

— Você já se parece com ele, ainda mais quando fica irritada, então... — antes de continuar, ela é interrompida.

— Não isso! — agora o olhar era direcionado para os olhos castanhos da mãe — Acha mesmo que eu também vou ser mãe um dia?

Alguns segundos de silencio passaram.

Não é como se a senhora Inoichi não quisesse um neto, ou que não acreditasse que a filha teria a própria família algum dia... Mas falar de algo assim só faria com que Ino se lembrasse de Sai e das relações recentemente cortadas.

— Acho. — ela responde com a voz firme — Mas ninguém sabe quando esse dia vai chegar... E é melhor que demore, porque eu não vou ficar dando colo para você quando eu tiver um neto! — ela pega uma das mexas loiras, passando a ponta pelo pescoço da filha, para fazer cócegas.

— Claro que vai! — a fala sai em meio as risadas.

— O meu colo será somente dele! — a mais velha também ria agora, continuando as cócegas.

Depois de muitas risadas e conversas sobre assuntos quaisquer, as duas se recolhem para os próprios quartos. Olhar aquele cômodo escuro, silencioso e sem ninguém fez com que Ino se recordasse de vários momentos que já passou ali.

Noites contentes em que os pais contavam histórias sobre o clã Yamanaka, Nara e Akimichi até ela pegar no sono. Quase sempre ela dormia antes que o pai chegasse até a parte do juramento entre os clãs.

A loira sorriu, fechando a porta.

Ela se lembrava dos dias divertidos em que os amigos iam a visitar, Sakura e ela brincavam ali com bonecas e flores... Poderiam ter passado muito mais tempo juntas, se não fosse o amor platônico que sentiam por Sasuke.

Agora, a Yamanaka perdia o sorriso e ficava um pouco mais séria, enquanto dava passos lentos em direção à cama.

O primeiro amor era realmente inesquecível, mas ela jamais chegaria ao nível da amiga: aceitar uma relação onde nem se sabe aonde o companheiro está ou com quem está! Em todo caso, a relação entre a Haruno e o Uchiha cabia somente aos dois...

A garota suspira, se deitando e escondendo o rosto no travesseiro.

Quem sabe, ela quem teria ido longe demais com seu amor por Sai...  Talvez, desde o começo, tudo não passasse de um mal-entendido por parte de ambos. Ele era um amigo e ela o salvou, ele a convidou para um jantar em agradecimento e poderia ter parado por aí, mas não... Ela se dedicou, ela se deixou sentir e agora pagava pelos momentos felizes com um gosto amargo na boca, desde quando viu a “cena do crime”.

Os pensamentos de Ino eram como um gerânio escuro: uma mistura de nostalgia, saudade e muita tristeza. Ainda assim, a loira não se permitiu derramar uma lagrima sequer durante toda a madrugada, até finalmente cair no sono. Pela manhã, não havia sinal algum da noite mal dormida e de todos os pensares que a cercaram, excerto pela preguiça estampada no rosto de Ino.

Não havia tempo para descansar!

A loira havia acordado praticamente pulando da cama, quando a mãe a alertou que Choji já estava a esperando. Ela não sabia ao certo como conseguiu, mas se aprontou em poucos minutos e agora tentava comer o que sobrou do pudim de uma vez só.

— Ino... Eu também gosto de pudim. — o amigo salivava, olhando-a comer.

— Quando voltarem vai ter pudim esperando por vocês... — a senhora Inoichi sorri — Coma mais devagar ou vai se engasgar! — ela olha séria para Ino.

— Terminado! — a filha responde sorrindo, depois de acabar de comer — Vamos? Você não ia me esperar no portão? O que veio fazer aqui, heim? Roubar meu pudim!?

— Você que se atrasou! — o rechonchudo se defende — Quando voltarmos, você não vai comer o pudim sozinha...

Os dois começam uma discussão sobre pudins, sabores de pudins e quem iria comer mais, enquanto caminhavam pelo caminho de pedras em direção à saída do clã.

— Fiquem bem! — a mais velha acena, olhando os dois se afastarem.

Apesar de querer mais uma tarde onde a filha brincasse como se fosse uma criança, embaixo de seus olhos, onde ela poderia a defender de qualquer coisa, a senhora Inoichi reconhecia que Ino já não era mais uma garotinha, era uma mulher... Uma mulher que se machucava, ficava triste, mas que agora estava dando a volta por cima. Tudo o que ela poderia fazer era ser um gerânio vermelho para a filha: daria a Ino todo o amor que ela precisava, daria consolo até ela superar tudo e a ajudaria a descobrir toda a força que a Yamanaka tinha dentro de si.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
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