Sombras do Passado escrita por Barbi F S Maia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo vai ser mais uma introdução a história, o desenrolar dela mesmo vai começar no próximo. Que já esta quase acabado e logo vai ser postado.

Espero que me deem essa chance e que gostem da leitura.

As vezes vou deixar uma indicação de música pra vocês, se quiserem escutar. A música me inspira a escrever então se eu escutar alguma que me ajudou ao fazer o capítulo eu vou deixar aqui nas notas.

Teve uma música em especial que me inspirou, e foi Hear Me Now, do nosso Alok.
Vou deixar o link caso queiram escutar
https://youtu.be/JVpTp8IHdEg



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POV Bella

 

Faz frio aqui fora. Ajusto a gola do meu agasalho surrado enquanto sinto os primeiros pingos da chuva que estava armando caírem sobre meu rosto.

Ia fazer uma semana que eu fui expulsa da última casa que consegui alugar e desde então tenho dormido na rua. Era inverno em Seattle e o ar estava tão frio que meus pulmões doíam quando eu respirava. Já estava me esquecendo de como é se sentir quente, ou não sentir fome.

Aperto o embrulho que estou carregando e ando rapidamente pelas ruas, tentando achar abrigo contra a chuva. Droga!! Já ia completar 3 meses que estava desempregada, e até agora não consegui nada! E não ter um chuveiro não estava me ajudando. Ir para uma entrevista suja não é exatamente recomendado quando se quer um emprego, mas pelo menos com o frio que estava fazendo era quase impossível ficar suada, então ao menos não ia fedendo. Ri em silêncio, não é que é mesmo possível achar um ponto positivo em qualquer situação!?

Meus pensamentos são interrompidos quando um homem esbarra com força contra mim, quase me derrubando no chão. Murmuro um "Desculpe" enquanto continuo meu caminho. Acho que ele não escutou, já que também estava apressado para fugir da chuva que estava ficando forte, ou simplesmente não se importava.

Estava em uma parte da cidade que era bastante movimentada, era final da tarde e as ruas estavam cheias de pessoas voltando para suas casas depois de um dia de trabalho. Estava perdendo as esperanças de encontrar um lugar antes de ficar encharcada quando noto um pequeno beco bem iluminado e coberto pela lona de uma cafeteria que estava fechada. Graças a Deus!

Assim que chego me encosto na parede e me sento no chão, ele estava seco e a água da chuva não alcançava o lugar onde eu estava.

Poucos segundos depois de sentar um trovão estoura no céu e eu escuto um gritinho baixo e sinto o embrulho que eu estava carregando se mexer.

— Mamãe? - Sussurra Nessie, sonolenta

— Oi meu amor, pode voltar a dormir. Foi só a chuva.

Ela encosta a cabecinha de novo no meu ombro e volta a fechar os olhinhos. Renesmee, meu pequeno pacotinho. Ajeito ela no meu ombro e tiro outra coberta de dentro da bolsa que sempre levava comigo. Enrosquei a coberta ao redor dela de modo que ficasse bem protegida do frio e então voltei meus olhos para o céu, observando a água cair.

Renesmee completou cinco anos há duas semanas, poucos dias antes de sermos expulsas por atrasar o aluguel pelo dono do pequeno quartinho que alugamos em uma zona pobre da cidade. Eu estava juntando dinheiro para pagar o atraso, mas Nessie ficou doente e tive que gastar a maior parte com medicamentos, ia dar o que sobrou para o dono até que vi o olhar triste da minha filha quando disse que não ia poder comprar um bolinho pra ela no seu aniversário. Ela não reclamou, só deu um sorrisinho triste e falou "tudo bem mamãe".

 

Teria sido melhor se ela tivesse chorado. Eu nem pensei direito, quando voltei da ultima entrevista que ia ter no dia passei em uma padaria perto de casa e encomendei o bolo, depois passei em uma loja de brinquedos e comprei uma bonequinha que já havia visto. Era de pano e tinha os cabelos vermelhos, comprei uma igual quando ela nasceu e a medida que crescia não desgrudava dela. Infelizmente, na nossa correria de sempre se mudar, a boneca acabou se perdendo entre uma casa e outra. O olhar no rosto da minha filha quando ela chegou em casa da escolinha e viu o bolo, o abraço que ela me deu quando abriu o presente.. valeu cada centavo que gastei de forma tão impulsiva.

Já estava escurecendo quando voltei meu olhar sobre minha filha, observando seus cachos castanho avermelhado sob a luz dos postes. Enquanto a olhava senti o desespero aumentando. Deus, o que mais eu teria que fazer? Eu tinha conseguido um bico no último final de semana que me deu dinheiro o suficiente pra alimentar Nessie nos últimos dias, mas eu já não comia mais que um pão velho havia dois dias e só teria o suficiente pra alimentar Nessie por mais outros dois. Passou pela minha cabeça deixar Nessie em um lar adotivo, onde teria roupa, água quente e um teto, mas eu sou egoísta demais pra isso. Merda, eu já estava cogitando me prostituir! Calma Bella, calma. Você ainda tem uma última carta na manga, penso. Um último tiro no escuro antes de apelar pra qualquer medida drástica.

Ia procurar o pai da minha filha. Ia procurar Edward Cullen.

Eu prometi a mim mesma que nunca ia buscar por esse homem de novo. Ainda lembro do dia que contei para ele que estava grávida, não sei se um dia conseguirei me esquecer. Me lembro perfeitamente de como  estava nervosa, deitada em sua cama chorando, esperando ele chegar pra contar a grande novidade, de que seriamos pais adolescentes. Me lembro dele abrindo a porta de forma violenta, não entendia o motivo dele estar tão bravo e ainda não entendo. Me lembro dele perguntando sarcasticamente se tinha algo pra lhe contar. Me lembro de falar "estou grávida" e ver seu rosto empalidecer, para logo depois se tingir de vermelho com uma expressão de ódio que entrou nos meus pesadelos todos os dias durante os próximos anos. E me lembro de suas palavras. "Você é uma puta mesmo, uma vagabunda, a gente transou com camisinha uma vez e você quer me dizer que esse filho é meu?! Sua vadia! Como você pôde fazer isso comigo? Eu nunca mais quero ver você na minha vida! Some da minha frente e leve com você esse bastardo nojento antes que eu faça algo de que me arrependa." Me lembro do meu mundo cair e sair assustada quando ele pegou um vaso e o tacou contra a parede gritando para mim sair. Me lembro de descer e encontrar sua família toda lá embaixo, tendo escutado a briga. Me lembro do olhar frio de Carlisle, do ódio no rosto de Emmet, das palavras rudes de Alice e Rosalie, de Esme me mandando ir embora aos gritos. Pois é, eu me lembro muito bem.

Naquele mesmo dia tinha contado a verdade aos meus pais, que estava grávida de dois meses e a reação deles foi ainda pior. Me mandaram ir embora na mesma hora, não me deixaram pegar nem meu telefone. Eu liguei para Edward por um celular que peguei emprestado com uma senhora na rua. Ele tinha me tratado de forma meio distante mas pensei que era coisa da minha cabeça, talvez meus pais já tivessem contado a novidade naquela época, penso agora. Eu falei que tinha algo que contar a ele e marcamos de nos encontrar em sua casa. Quando cheguei, sua mãe me mandou subir, seu olhar era frio e completamente diferente do que estava acostumada, mas não estava prestando realmente atenção. Fui direto para seu quarto e me joguei na sua cama, sentindo seu cheiro e me permitindo finalmente chorar. Não podia ver a hora que Edward ia passar por aquela porta, me abraçar e perguntar qual era o problema, eu ia contar e ia ser difícil, mas ele ia me apoiar e a gente ia passar por isso juntos, porque a gente se amava. Doeria menos se ele tivesse me dado um soco na cara. Depois daquele dia peguei uns trocados que eu carregava no bolso da minha calça jeans, peguei o primeiro ônibus na rodoviária que me levaria para longe e fui. Fui e não olhei para trás.

Desde então somos só eu e Nessie. Foi difícil, teve dias como esse antes, dias que dormíamos na rua, dias que dormíamos com fome. Mas eu sempre dei um jeito, por pior que fosse a situação não houve um dia que eu não conseguisse algo para minha menina comer, mesmo que para isso eu passasse fome. Não houve um dia que ela dormiu com frio, mesmo que tenha sido no meu colo, ao redor de vários cobertores em um beco no meio da noite, enquanto meus dedos estavam roxos de frio ao redor de seu corpinho pequeno. Não, eu suportaria o inferno, mas não suportaria que algo acontecesse com meu pequeno pacotinho. E é por isso que amanhã, assim que o sol nascesse eu ia me levantar, pegar um ônibus e ir para a antiga mansão dos Cullen. Eu ia engolir cada e qualquer grama de orgulho que eu tenho, e ia implorar por ajuda. Sim, eu ia fazer isso. Pela minha filha, eu faria qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado povinho!!

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