Sombras do Passado escrita por Barbi F S Maia


Capítulo 2
Capitulo 2 - A volta


Notas iniciais do capítulo

Agora sim vamos começar!!



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POV Bella

Acordo com a luz do sol sobre meus olhos. Olho ao redor e vejo algumas pessoas na rua, era amanhecer, devia ser umas quase seis da manhã.

— Ei, meu amorzinho - chamo Nessie a balançando suavemente. - Acorda meu bem, ta na hora da gente ir.

Nessie vai acordando aos poucos, levantando os bracinhos e bocejando enquanto eu a tiro dos meus braços e abro nossa bolsa, pegando um pedaço do bolo que tinha guardado para ela comer ontem e uma garrafa de água.

— A gente vai pla casa do seu amigo? - Ela pergunta, se atrapalhando com a pronúncia do r, como sempre fazia.

— Sim, a gente vai meu amor. - respondo enquanto a entrego sua comida.

— Come também mamãe. - Ela diz e me entrega um pedaço do seu bolo.

— Não meu amor, pode comer que eu já comi enquanto você estava dormido. - Era mentira e até minha filha suspeitou, já que me olhou desconfiada. Mas eu insisti e ela por fim comeu todo o bolo.

Assim que ela terminou guardei o cobertor, ajeitei seu cabelinho e fomos andando. O ponto do ônibus que nos levaria a Forks era algumas quadras de onde estávamos. Compramos a passagem com o resto do dinheiro que eu tinha. Se tudo desse errado ia ter que me prostituir em Forks mesmo, pois nem dinheiro pra voltar tínhamos, penso com amargor.

No caminho ate Forks Nessie passou distraída, brincando com sua boneca. Então tive tempo pra pensar no que me aguardaria. Como será que estão? Será que Emmet continua com Rosalie? E Alice, a caçula dos Cullen? Me lembro que ela estava saindo com um garoto, será que fez a faculdade de moda que tanto queria? Esme e Carlisle continuam os mesmos? Eu não tinha ideia do que esperar. Só sei que continuam morando lá pelas revistas. Ah sim, Edward conseguiu o que tanto queria, virou um famoso jogador de basquete. Além de modelo, já vi vários outdoors com seu rosto espalhados pela cidade, me assombrando. E como qualquer boa masoquista, eu sempre acompanhei as maquetes. Depois de seis anos meu coração ainda doía quando via suas fotos em eventos com uma mulher em seu lado. Me lembro de quando conversávamos sobre o futuro. Eu queria ser veterinária e ele jogador, pelo menos um de nós conseguiu o que queria.

Um mês atrás, quando estava passando pela minha rotineira sessão te tortura ao pesquisar sobre sua vida, vi uma entrevista recente na qual ele falava sobre seus pais, e sobre eles morarem em uma cidadezinha que ele cresceu. Que nós crescemos. 

A viagem dura algumas horas e durante a maior parte do tempo fico vendo Renesmee conversando com uma senhora no assento ao lado com um sorriso no rosto. Ela cativa pessoas por onde quer que passe, mas não posso culpa-los. Ela é meio tímida mas sempre acaba fazendo amizades, com seu jeito doce e meigo. E ela é tão bonita! E tão parecida com ele. Tinha a pele branquinha, sempre com um leve rubor nas bochechas, bochechas que inclusive eram gordinhas e que davam vontade de morder! Há quem diz que seu sorriso lembra o meu mas para mim todos seus traços gritam EDWARD, dos dedinhos dos pés até seus lindos cabelos castanho avermelhado que iam até o meio das costas. Menos os olhos. Não, os olhos são meus. De um castanho chocolate que transbordava inocência. Me pergunto se ele ia gostar dela ter meus olhos, ele sempre dizia que os amava. "É, mas ele dizia que te amava também não é? E olha onde paramos" penso, soltando um suspiro triste.

— Aí eu disse plo senhô Tadeu que eu não quelia cacholo quente polque eu amo cacholinhos e não quelo come eles, então o sinhô Tadeu me falo que não ela cacholo de veldade, que ela feito de carninha de porquinho. Então eu lemblei do filme do porquinho filhote e também não quis come polque fiquei com dó. Aí mamãe me explico que toda carninha é feita de animal e eu fiquei uma semana comendo só fluta. Mas a mamãe falo que eu tenho que come carne polque se não fico dodói, mas eu não gosto! -  Renesmee termina de contar a história para a Senhora e cruza os bracinhos, fazendo um bico e uma cara de zangada. Não consigo me impedir e rio junto com a Senhora.

— Eu entendo que você tenha dó dos bichinhos mas a sua mãe tem razão. - Diz ela com o sorriso nos lábios. 

Nessie fica com um olhar decepcionado.

— Todo mundo fala isso. 

Rio ainda mais. De verdade ela tinha ficado uma semana se negando a comer carne depois que descobriu que elas vem dos animais. Na primeira vez que coloquei um bife na frente dela depois do evento com o cachorro quente ela correu pra cama, pegou a vaquinha de brinquedo antiga que ela tinha e começou a chorar. Até pensei que poderia ser birra, mas Nessie nunca foi de fazer isso e depois do terceiro dia eu vi que na verdade ela realmente ficava triste. Mas depois de uma semana tive que dar um basta. Ela precisava de proteínas e não podia deixar ela ficar doente. Conversei com ela e ela entendeu, mas desde então ela entrou em uma busca para encontrar alguém que concorde e defenda o lado dela. 

— Não precisa se preocupar filha. - Falo para ela -  Quando você ficar maior se você quiser não vai precisar mais comer carninha, você vai poder comer outras coisas, mas agora você precisa porque você é criança e ela vai te ajudar a crescer e a ficar forte.

— Pois é, agora vou tê que espela. - Termina ela, olhando pra senhora. 

O resto da viagem passou assim, até que o ônibus anuncia sua parada final. Pego as coisas de Nessie e nós duas e a senhora Marie (descobri o nome dela) descemos. 

Assim que piso no chão meu coração acelera e sinto minhas mãos suarem, apesar do frio. Era a primeira vez que pisava em Forks desde aquele dia. 

— Bella. - Escuto Marie me chamando e e viro.

— Sim?

— Bem, eu gostaria de te passar meu telefone. Eu moro aqui perto, e se você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me liga. 

Ela fala me olhando com um olhar ao mesmo tempo doce e preocupado. E é quando eu percebo que eu devo mesmo estar mesmo parecendo destruída. Por dentro e por fora.

— E- eu.. - fecho os olhos e suspiro - Meu celular foi roubado a poucos dias, não pude comprar outro. - Digo, envergonhada. 

— Ah, tudo bem querida, eu vou escrever meu número aqui.. - Fala enquanto pega um pedaço de folha e anota seu número, seu nome e seu endereço. - Coloquei meu endereço também, caso você não consiga um telefone para ligar. Você tem onde ficar aqui certo?

— E- eu...

Eu não sei, penso.

— Sim

— Tudo bem então, a gente se vê querida, e você mocinha, se comporte e coma toda carne que sua mãe colocar no prato viu? - Diz ela enquanto se abaixa para falar com  Nessie.

— Ta bom Senhola Marie. 

Ela se levanta e me da um sorriso

— Eu nunca pensei que ia ter que falar para uma criança comer a carne e não os vegetais na minha vida. 

Eu dou uma risada e ela me da um abraço.

— Se cuida minha querida. 

A observo enquanto ela se afasta. Graças a Deus existem pessoas como ela no mundo, dispostas a ajudar uma completa estranha. Nessie e eu estaríamos perdidas se elas não existissem. 

— E agora mamãe?

— Agora minha filha, a gente vai ter que andar. 

O ônibus nos deixa na parada mais próxima a casa dos Cullen, mas ainda tivemos que andar por uns 30 minutos para chegar lá. Quando eu começo a ver a mansão meu coração já está batendo tão forte que eu o escuto ressoar pelos meus ouvidos. 

Assim que íamos chegando á casa, ia notando que o portão estava aberto e que havia alguns carros estacionados. Merda, só falta eles estarem dando uma festa. Deus! E se Edward estiver aqui? Eu sei que ele é ocupado e pelo que acompanho raramente na mídia ele raramente vinha, mas estávamos perto do natal e talvez ele tivesse vindo passar com a família. 

O pensamento me assustou e eu quase me virei para ir embora, o plano era enfrentar primeiro a Esme, e não ter que lidar com o Edawrd logo de cara. Parei, mas ao invés de me virar e sair correndo como queria, me aguachei perto de Nessie.

— Olha meu amor, a gente vai encontrar agora os amigos da mamãe, eu quero que você fiquei quietinha pra mim conversar com eles porque faz muito tempo que não os vejo e não sei como vão reagir, tudo bem?

Ela faz que sim com a cabecinha e segura minha mão com força.

Paro em frente a porta e minha mão quase escorrega ao apertar a campainha. Cruzo os dedos e rezo para que não seja ele. Por favor ele não. Por favor ele não. Ele não, ele não ele não..

E a porta se abre.

Não era ele. 

Estava olhando para Esme.

Seu olhar no começo é doce e receptivo, como sempre foi e eu sinto uma pontada no peito. Eu senti tanta falta desse olhar! Mas logo vejo ela adotando uma expressão confusa, até que por fim, lá está. O reconhecimento.

— Isabella? - ela diz em choque.

— Esme, por favor, eu preciso de ajuda. 

Demora um pouco para ela se recuperar.

— A-ajuda? O-o que? Meu Deus, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?!?! Saia, já não basta ter acabado com a vida do meu filho uma vez, agora que ele está começando a superar você volta? Pra que? Destroçar o coração dele de novo? 

— Esme, por favor, só me escuta..

Mas ela não está me escutando. Sinto Nessie se esconder atrás de mim.

— Eu pensei que te conhecia, DEUS! eu vi você crescer!! Você tem noção do que fez com o meu filho?! Comigo? Nós todos te amávamos e você faz uma coisa dessas?? Como pode nos abandonar assim"?

Sinto o sangue começar a ferver nas minhas veias. 

— Abandonar? VOCÊS ME ABANDONARAM!!! Eu fui expulsa de casa e quando eu mais precisava quem me viraram as costas foram vocês!!! - grito para ela e ela da um passo para trás, eu nunca falei alto com ela antes e isso a desconsertou por um momento. Aproveitei a brecha pra tentar outra abordagem, por mais que eu queira esfregar um monte de verdades na cara dela eu sabia que faltava pouco pra ela se recuperar e voltar a me atacar.

— Escuta, Esme, por favor. Eu não tenho pra onde ir. Eu não consigo arrumar um emprego e estou sem dinheiro pra arrumar um lugar. Eu não sei mais a quem recorrer. Por favor, se você já teve um mínimo de consideração por mim, eu só preciso que me empreste uma quantia suficiente pra mim arrumar um apartamento pequeno até conseguir um emprego. Eu te devolvo tudo, eu juro! Eu nunca, durante todos esses anos, corri pela ajuda de vocês, mesmo tendo direito a ela. Por favor, eu não posso deixar minha filha ficar na rua...

—Filha?

Finalmente ela nota Nessie encolhida atrás dos meus pés. Ao escutar isso, Nessie vira o rostinho em direção a Esme e a encara assustada.

Ao ver Renesmee pela primeira vez Esme fica desconcertada, todo ódio de um segundo atrás dá lugar a confusão em seu belo rosto. Até que a confusão se transforma em choque. 

— Ah meu Deus.

Ela murmura quanto leva a mão a boca, com lagrimas caindo pelo seus olhos. 

Eu sei o que ela está vendo, eu vejo isso todos os dias. Ela esta vendo Edward na minha filha. Não era necessário qualquer tipo de exame, só olhar para Renesmee era suficiente para saber quem era seu pai. 

Esme volta seu olhar para mim.

— Eu, eu não entendo. Ela.. você.. como..

Antes de ela terminar a frase uma voz a interrompe.

— O que está acontecendo?

Me viro para a pessoa que entrou na sala e meu coração, que até alguns segundos atrás batia de forma inumana, para.  


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Notas finais do capítulo

UUUh, capitulo novo.
Aguardem que o próximo é do Edward